Anteontem choveu bastante aqui no Rio, exatamente na hora de voltar para casa. Resultado: trânsito já caótico se transforma em infernal.

Entretanto, além da culpa dos governos, que não fazem as obras necessárias de dragagem nos rios e não investem em obras de engenharia para mitigar os problemas, a própria geografia da cidade contribui enormemente para o problema.

A geografia da cidade, espremida entre o mar e a montanha, não facilita muito o escoamento da água da chuva. Some-se a isso os pequenos rios de que a cidade dispõe, e a inépcia do poder público; temos aí um quadro catastrófico.

Outra curiosidade da cidade é que o Rio de Janeiro é a única metrópole mundial que não tem uma fonte consistente de água doce próxima. Se acaba buscando água no Rio Guandu ou na represa de Ribeirão das Lajes, ambas a mais de setenta quilômetros do centro do Rio.

Destarte, temos áreas de aterros próximos ao mar que acabam por ampliar o problema. Normalmente, estas áreas e as áreas terrestres “nativas” próximas acabam com uma cota abaixo do nível do mar. Ou seja, ao invés de o Canal do Mangue, por exemplo, escoar a água para a baía, acaba ocorrendo o contrário: com fortes chuvas, o mar se derrama sobre as terras. É um Deus nos acuda.

Um bom exemplo é a Praça da Bandeira. Mesmo que se limpassem os bueiros, desassoreassem o Rio Maracanã e alargassem os cursos dos rios, a área continuaria alagando. A região fica aproximadamente três metros abaixo do nível do mar.

Traduzindo, é desaguadouro de diversos pequenos rios que descem da Floresta da Tijuca para o mar,está abaixo da “cota zero” e ainda tem o descalabro governamental. O resultado é catastrófico.

A única solução seria elevar toda a área uns dez metros, o que, hoje é inviável. Inclusive aqui no Estácio/Cidade Nova, que também fica abaixo do nível do mar. Também enche bastante quando chove, menos que a Praça da Bandeira é verdade.

Todavia isso não tira a responsabilidade dos governos, que precisam fazer a sua parte e minorar a situação.

Como vêem pela foto abaixo, a Praça da Bandeira já alagava em 1940…