Quem acompanha o Ouro de Tolo sabe que, entre os meus blogs favoritos, há o postado pelo Zé Renato, amigo meu que está no Haiti fazendo pesquisas para sua tese de doutorado sobre religiões de origem africana.

A visão que ele coloca do país e da missão militar brasileira é bem crítica, como resume bem o texto de sua autoria que coloquei aqui tempos atrás.

Entretanto, queria falar sobre uma matéria que, por acaso – estava esperando a Daniele acabar de se arrumar – vi no Esporte Espetacular ontem: uma matéria sobre o poder do futebol e do esporte em geral na difícil pacificação do país caribenho.

A matéria mostra uma partida de futebol entre grupos rivais, que se “reconciliam” após a partida. Também apresenta um grupo de praticantes da capoeira e relembra a partida que a seleção brasileira fez, em 2004, no país.

Impressionante, porém, são as imagens da miséria no país – que, aliás, poderiam ser da periferia aqui do Rio: quem já teve, como eu, a oportunidade de ir ao aterro sanitário de Gramacho sabe o que eu estou falando. Milhares de pessoas cuja única aspiração na vida é ter o comer todos os dias.

Muita sujeira, quase nenhum abastecimento de água potável, saneamento inexistente. Não caio na vala comum de atribuir isso à “natureza do povo”, porque não há nobreza na natureza que resista à pobreza extrema.

Este sórdido quadro é, sim, reflexo de desastrosas administrações e desastrosas intervenções de potências estrangeiras.

Precisamos pensar, também, em como somos privilegiados e não agradecemos por isso. Necessitamos ter gratidão pelo pão de cada dia.