A primeira noite de desfiles do Grupo Especial foi marcada por um desfile morno por parte das seis escolas de samba que passaram na Marquês de Sapucaí na noite deste domingo. E também por alguns percalços durante a noite, o que levou a grande atraso.

Antes de falar do desfile propriamente dito, há que se ressaltar a total falta de organização especialmente do pessoal da Riotur. Frisas superlotadas devido ao controle de entrada deficiente, revista zero e total despreparo dos funcionários contratados para ficar no Setor 3, onde eu estava. A única preocupação era manjar as bolsas térmicas das pessoas.

Outro ponto é que a engenharia das frisas precisa ser repensada. A diferença de altura entre as frisas é pequena demais, o que torna praticamente impossível a quem não está na Fila A não somente tirar boas fotos como até mesmo ver certos detalhes dos desfiles. Está muito complicado sob este aspecto.

Feitas as considerações iniciais, um pouco do que eu vi nesta primeira noite.

Paraíso do Tuiuti: o ponto alto foi o desenvolvimento do enredo, claro e com bom gosto. Por outro lado, prejudicada pela forte chuva, a escola teve problemas em seus quesitos de pista, especialmente Evolução. O samba enredo também poderia ter rendido mais, apesar da firme bateria ter sustentado bem.

O ponto triste foi o acidente com o último carro, que bateu duas vezes na grade do Setor 1. De onde eu estava vi o acidente, e na hora ficou claro que havia sido algo sério.

Fui muito criticado por ter escrito em redes sociais, mas uma escola de samba, para fazer carros grandiosos, precisa ter estrutura. E a diferença nesse aspecto entre os grupos de Acesso e Especial é abissal.

Acadêmicos do Grande Rio: após o atraso devido à perícia policial no carro do Tuiuti, a escola entrou avassaladora com a homenageada na comissão de frente e o belo conjunto alegórico inicial.

Entretanto, apesar da bateria extremamente acelerada, o samba não teve predicados para sustentar um bom desfile. O carro dedicado ao “The Voice Brasil” também tinha uma concepção duvidosa. Típico desfile de meio de tabela.

Imperatriz Leopoldinense: ótima comissão de frente, com um tripé bem resolvido somando a oca indígena à coroa, símbolo da escola. Desenvolvimento do enredo bastante repetitivo, com muitas alas representando índios.

Os carros também estavam medianos. O destaque vai para a bateria de Mestre Lolo.

Vila Isabel: lembrou muito o último desfile da Portela sob o presidente Nilo Figueiredo, 2013. Samba espetacular, ótima bateria – apesar da roupa simples demais – e bastante complicada sob o aspecto plástico.

Carros e fantasias não somente simples como com problemas de acabamento. Se tirar o led na fantasia da bateria (acima), não brilharia nem sexta e sábado. Outras fantasias também tinham problemas.

Salgueiro: aquele desfile correto que a escola faz todo ano. Sem nada que salte demais aos olhos, sem nenhum comprometimento que prejudique demais a escola na apuração. O samba funcionou a contento, mesmo após mais um atraso causado por óleo deixado na pista pela Vila Isabel.

Em resumo, não acredito em título, mas ficará muito bem colocada. Apenas ressalvo que Renato Lage já criou carros mais inspirados.

Beija Flor: como é bom ver novamente desfiles à luz do dia! Quanto ao desfile em si, fica até difícil avaliar quesitos como Evolução, Enredo e Fantasias dentro da proposta da escola de vários “blocões” nos setores. Samba e bateria muito bem, mas problemas de evolução.

Faço a ressalva que não vi o desfile ao vivo na íntegra, ainda em decorrência de um incidente ocorrido durante a passagem do Salgueiro. Mas olhando depois o VT, continuo me perguntando de que forma serão julgados os quesitos citados acima.

Resumindo, uma noite onde o ponto alto foram as baterias, mas que deixou bastante a desejar em diversos outros aspectos.

Imagens: Ouro de Tolo

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4 Replies to “Um Domingo Morno em 2017”

  1. Foi uma noite difícil de ver, as 4 primeiras foram muito mal. Gostei bastante do desfile do Salgueiro, visualmente muito bonito. Beija-Flor foi bem, mas acho que há um certo exagero nas avaliações da escola, embora tenho feito um desfile muito bonito.

  2. Pedro, você foi certeiro no que disse sobre a “revista zero”. Em 3 dias de desfiles, sendo sexta e sábado no setor 6, e domingo nas cadeiras do setor 12, não fui revistado uma única vez (nem minha amiga, nem meu namorado). Por outro lado, quem tinha bolsas térmicas sempre eram barrados.
    Sobre desfiles à luz do dia, também amei. Desde 2012 não via uma escola começar e terminar no claro. Em 2014, a própria Beija terminou no claro, mas começou no escuro.

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