Marcelo Freixo apoia black blocs, é amigo de traficantes, sua vice, advogada de alguns dos principais traficantes do Rio, é confidente da arruaceira Sininho, quer aumentar o IPTU, ensinar cartilha homossexual nas escolas, apoia as drogas, seus eleitores são maconheiros e o PSOL desviou parte do dinheiro arrecadado para a viúva do pedreiro Amarildo.

Marcelo Crivella é intolerante. Escreveu em 2002 livro execrando as religiões afro, os católicos, disse que entende os homossexuais, mas que eles são dominados por espíritos imundos. É pau mandado da igreja Universal que dominará a cidade e acabará com os terreiros e as escolas de samba, implodirá o Cristo Redentor. Já foi preso, gravou vídeo rindo ironizando fieis da Universal e embriagou a viúva do Amarildo para que ela gravasse em seu programa eleitoral.

Quem é do Rio já ouviu todas essas afirmações seja dos eleitores de cada parte ou de sua propaganda eleitoral. A maioria das propagandas na TV e no rádio foram com esses assuntos que sabemos de cor e salteado. Se eu perguntar e você leitor e eleitor carioca um “podre” de cada um, rapidamente responderão.

Agora… Se eu perguntar alguma proposta dos candidatos você irá coçar a cabeça e demorar um pouco para responder.

Assim foi a campanha eleitoral carioca em seu segundo turno, uma das mais baixas já vistas. O comportamento dos candidatos e seus eleitores deve fazer bater recorde de abstenções, votos brancos e nulos nessas eleições apesar de eu não concordar com essas atitudes e achar um comportamento covarde de quem quer lavar as mãos e ainda se achar no direito de reclamar depois. Mas pelo nível do que os candidatos apresentaram, é até compreensível.

A primeira vítima foi Freixo. Ainda no primeiro turno, os eleitores dos outros candidatos começaram a lançar atos terroristas contra sua candidatura como dizer que ele liberaria as drogas e obrigaria as crianças a serem homossexuais. Coisas malucas, que só um idiota acreditaria, mas acreditem, temos muitos idiotas nessa cidade. No último debate, Freixo decidiu elevar a voz e partir para o ataque. Deu certo, massacrou Pedro Paulo e se garantiu no segundo turno graças a essa tática no debate da Globo.

Parecia que o segundo turno seria mais leve, já que no primeiro turno os dois candidatos trocavam “juras de amor”. Mas não foi isso que ocorreu. Freixo começou muito atrás na primeira pesquisa e decidiu partir para o ataque, começando a colocar em sua propaganda tudo o que citei no começo da coluna.

De forma surpreendente, mas nem tanto, a grande mídia “comprou o barulho” de Freixo, massacrando Crivella e expondo fatos como a prisão do bispo e possíveis citações na Operação Lava-Jato. Foi a vez de Crivella reagir. Primeiro se fez de vítima, papel que qualquer ser humano se sente confortável, depois partiu para o revide fazendo as acusações também citadas.

A mídia entrou em cena, não por apoiar Freixo, mas por não querer a Record e a Universal no poder. Nesse cenário, Freixo e Crivella começaram uma guerra. Ofensas, troca de insultos, agressões, acusações em que até candidatos fugindo de sabatinas tivemos e quem perdeu foi o eleitor, que não conseguiu conhecer as propostas dos candidatos e terá que ir quase cegamente hoje às urnas.

O que dá pra tirar disso tudo? Se as urnas confirmarem o que tem sido noticiado em pesquisas, Freixo e seus eleitores cometeram “suicídio eleitoral”. O povo não gostou da agressividade deles no segundo turno e acreditou que Crivella realmente era vítima.

O eleitor daqui até gosta de ver o circo pegar fogo, mas não gosta do excesso de agressividade. E os partidários do PSOL foram e até em alguns momentos passaram imagem pedante, não aceitando que não se votasse no outro candidato e partindo para cima até de quem vai anular o voto.

Não é assim que vence uma eleição majoritária, e a esquerda carioca ainda não aprendeu essa lição, apesar das sucessivas derrotas, repetindo erros que o PT cometia nos anos 80. Infelizmente não dá pra vencer com chapa “puro sangue” sem fazer alianças ou com discurso inocente que faremos tudo o que desejarmos no poder, sem alianças porque o povo estará ao nosso lado. O povo tem medo do radicalismo e em todas as eleições mostra isso. Freixo é muito melhor que o Crivella, muito mais preparado e me parece ser um homem íntegro, mas nem ele, nem seu partido ou eleitores ainda aprenderam a disputar eleições majoritárias. Garotearam, como diz a galera mais jovem.

Marcelo Crivella, finalmente, deve vencer uma eleição majoritária no Rio graças aos erros do PSOL e do PMDB. Assusta um pouco até pelo que lhe cerca. Acho perigoso misturar política e religião e no mundo inteiro vemos exemplos disso. Mas não vou bater muito nessa tecla senão caio nos erros cometidos nas citações que abriram a coluna. Só nos resta torcer, até porque o fracasso de um comandante afeta a todos.

E mais do que nunca. A esquerda precisa se reinventar.

Twitter – @aloisiovillar

Facebook – Aloisio Villar

One Reply to “A baixaria no Rio”

  1. Muito bom!
    Mas discordo quanto ao Freixo ser melhor preparado. As ideias dele podem ser mais modernas e democráticas, mas ele demonstrava nítido despreparo (e ausência de propostas concretas) para gerir uma cidade. Digamos que o Crivella demonstra menos despreparo, e é mais objetivo sobre o que fazer.

    E vale reforçar: “Coisas malucas, que só um idiota acreditaria, mas acreditem, temos muitos idiotas nessa cidade.”

    Temos muitos idiotas nesse país!

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