Nesse próximo sábado chegaremos ao marco de cinco meses para o início dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro. Como a última atualização das obras olímpicas feita por esta coluna já faz sete meses, no especial de agosto comemorando o marco de 1 ano para a grande festa do esporte, é hora de fazermos mais uma revisão da situação.

Este post não pretende ser um guia completo como foi o Especial de Agosto, então quem quiser informações mais detalhadas de cada instalação, por favor aproveite os links a seguir para ler as tais informações de cada instalação (Barra I, Barra II, Copacabana/MaracanãDeodoro, Transportes).

Nesta coluna apenas iremos atualizar a situação das obras para a Rio 2016: o que já ficou pronto, o que está bem próximo da finalização e onde está havendo complicações. Usarei a mesma sequência usada no último Especial; assim partimos da Zona Barra, onde está a Vila Olímpica e o Parque Olímpico.

A Vila Olímpica está tranquila, com 97% de execução. O ritmo da obra foi reduzido em comum acordo entre a construtora e o Rio 2016, de forma que o Rio 2016 possa economizar com a manutenção dos apartamentos, que passa a ser do Comitê Organizador após a entrega das unidades. A Vila deverá ser entregue em junho sem problemas. O Parque dos Atletas já estava pronto em agosto passado.

No RioCentro, o Pavilhão 6, que seria provisório foi modificado para permanente. Na verdade quando da publicação do Especial Olímpico em agosto a obra, feita pela própria concessionária do local, já havia começado, mas a mudança de planos sequer fora anunciada; tal anúncio só ocorreu no inicio de novembro. As obras ocorrem em ritmo forte e, até por serem relativamente simples, não preocupam, mesmo que tenha previsão de término em junho.

A adaptação da Arena Olímpica, palco das ginásticas, também entrou na mesma negociação do RioCentro, já que a concessionária responsável é a mesma. As reformas são pequenas e a Arena já deverá estar pronta para o evento-teste de abril, que será aberto ao público e decidirá as últimas vagas para os Jogos Olímpicos.

20160221_135238O Maria Lenk, que agora oficialmente também receberá as eliminatórias do polo aquático, já teve sua reforma concluída para o evento-teste da semana retrasada de Saltos Ornamentais (Migão foi e fez uma coluna comentando). O valor final da reforma, segundo a prefeitura, foi de R$ 21,4 milhões de reais. Porém, após o evento teste foi solicitada pela FINA uma piscina extra de aquecimento. Para isso o Governo Federal em conjunto com o Rio 2016 retirará uma das piscinas previstas para o Parque dos Atletas e a colocará ao lado do Maria Lenk. Obra relativamente simples que não preocupa.

O conjunto de 4 arenas está muito tranquilo também. A principal, Arena Carioca 1, já está pronta e recebendo com sucesso inúmeros eventos-teste – com direito ao Grand Prix Feminino e a Liga Masculina de vôlei em junho. As Arenas Carioca 2 e 3 estão respectivamente com 98% e 99% de execução e devem ser entregues nos próximos 60 ou 90 dias. Para a Arena Carioca 3 já está prevista o evento-teste de esgrima. Não há eventos-teste programados para a Arena Carioca 2.

A Arena do Futuro também já está entregue e deverá receber o evento-teste de handebol no fim de abril.

Os dois dramas do Parque Olímpico são o Centro de Tênis, que se complicou de forma desnecessária nos últimos meses e o eternamente problemático Velódromo.

15-Parque-Olimpico-Centro-de-Tenis-Credito-Renato-Sette-Camara-Prefeitura-do-RioO Centro de Tênis já recebeu o evento-teste da modalidade em dezembro, porém um evento de pequeníssimo porte,  feito de forma completamente mambembe pois só havia 80% das obras executadas. Nesse momento a obra já estava atrasada.

Para piorar a situação, houve problemas de execução entre a prefeitura e o consórcio de engenharia da obra. A empresa alegou que a prefeitura não repassou as verbas necessárias e a prefeitura afirmava que estava tudo em ordem. Enquanto isso, trabalhadores foram demitidos e fizeram protesto no Parque Olímpico, queimando inclusive um container.

A prefeitura rescindiu o contrato com o consórcio por falta de cumprimento das obrigações e contratou emergencialmente outra empreiteira para finalizar a obra. Neste momento, a obra tem 90% de conclusão e foi acelerada. Ela será entregue em cima da hora, mas, depois do temporal, parece que ao menos a situação está caminhando para não haver sufocos.

20160221_142649Já o Velódromo é uma eterna fonte de preocupações. A obra sempre esteve atrasada e cercada de polêmica e a construção da pista que deveria ter começado em novembro, só começou logo após o carnaval. A pista é feita com madeira da Sibéria e tem uma equipe estrangeira especializada para construí-la.

A obra continua lenta e conta com apenas 83% de execução. De todas as instalações novas, é a mais atrasada com alguma folga. O evento teste que seria em março já foi adiado para Maio, quando a prefeitura promete ter mais de 90% da obra executada. É uma das três obras candidatíssimas a passar sufoco.

A obra do Centro Aquático também é uma que está dando atritos constantes entre a prefeitura e a FINA, mas há um certo componente político envolvido que acaba aumentando o problema muito mais do que sua real dificuldade. O Centro Aquático é uma estrutura temporária e por isso sua obra é acelerada de forma mais fácil. Hoje ele já está com 98% das obras prontas e tudo indica que a obra estará totalmente concluída a tempo do evento-teste no final de abril. O grande problema dessa instalação é que se percebeu que quase 1/3 dos locais para espectadores ficava em pontos cegos, o que diminuiu ainda mais a capacidade da instalação que já não era grande (18 mil lugares).

16-Parque-Olimpico-MPC-e-Hotel-Credito-Renato-Sette-Camara-Prefeitura-do-RioQuanto as estruturas de imprensa no Parque Olímpico, o Centro de Transmissões (IBC) já está entregue e o Centro de Mídia (MPC) está quase pronto, com 95% de andamento. Já o Hotel de Mídia andou muito rápido entre agosto e fevereiro e já está com 93% de execução. Hoje já não é mais uma obra que inspira cuidados.

O último nó da parte de logística, que era a contratação dos geradores para as arenas foi resolvido após muita discussão e disputa entre as partes sobre quem pagaria a conta. No fim, os R$ 260 milhões dos geradores do Parque Olímpico serão arcados pela União, enquanto os outros geradores são divididos entre o Estado do Rio de Janeiro, com R$ 85 milhões, e o Comitê Rio 2016, com R$ 19 milhões.Os geradores já começaram a ser instalados e devem estar prontos até junho.

Finalizando a região da Barra, o Campo de Golfe está pronto e receberá o evento-teste neste final de semana, enquanto o Pontal será uma estrutura provisória montada no mês anterior aos jogos.

evento teste vôlei de praiaIndo para a região de Copacabana, o Forte de Copacabana e a Arena de Vôlei de Praia serão provisórias e estão na mesma situação das instalações do Pontal. Já a Marina da Glória deve ficar pronta em cima da hora, mas a obra anda a contento e não é uma situação preocupante, mesmo que não possa ser esquecida.

A grande preocupação, mais uma vez, é com o Estádio de Remo da Lagoa. A obra parou por 3 meses por falta de pagamento do Estado do Rio de Janeiro (sempre ele…) e voltou “no grito” essa semana após o pagamento das pendências. Porém, segundo o governo ,“a obra não estava no ritmo necessário” e por isso a empresa responsável teve o contrato rescindido pelo Estado e será substituída pela mesma empresa que construiu a Arena do Futuro em contrato de emergência (aqueles perigossímos para a lisura).

A obra está atrasadíssima e é uma a grande candidata a dores de cabeça, sufocos e calafrios. A Prefeitura já assumiu a dragagem da Lagoa para ajudar o Estado, sendo que a Rio 2016 já tinha assumido a colocação da marcação das raias. A arquibancada flutuante planejada já foi devidamente descartada e isso tornou os ingressos da canoagem disputadíssimos.

20150719_084021Já o Maracanã está pronto e será entregue para a administração do Rio 2016 amanhã, dia 1º. O Maracanãnzinho ainda está resolvendo o problema das quadras de aquecimento, além de ter surgido a necessidade de pequenas reformas no interior; especialmente a ar-condicionado, placar eletrônico, iluminação e vestiário. Essas duas obras eram responsabilidade do Governo do Estado e… O que ocorreu? Claro que o estado não conseguiu arcar com isso mais uma vez e o Comitê Rio 2016 teve que assumir mais essas despesas e execuções. A promessa é que tudo seja entregue em julho, em cima da hora. Como são obras apenas de ajuste, não são desesperadoras.

As obras do Engenhão (abaixo) estão em ritmo aceleradíssimo e continuando assim, não haverá problemas. O Engenhão deverá já estar pronto para sediar o evento-teste do atletismo, o importante Campeonato Ibero-Americano de Atletismo, no meio de maio.

engenhão obra celso pupoO Sambódromo foi a primeira obra olímpica a ficar pronta, ainda para o carnaval de 2013, e já pode receber a competição amanhã se necessário.

Em Deodoro, a exceção do Centro de Hipismo, a situação é tranquilíssima, de forma que seria inacreditável dizer há um ano e meio atrás. O Estádio Olímpico de Canoagem Slalom foi construído em tempo recorde e já está pronto e testado. Da mesma forma, já estão testados e aprovados o Estádio de Deodoro, as Arenas de BMX e Mountain Bike e o Centro Olímpico de Hóquei.

O Centro Aquático de Deodoro, que receberá o Pentatlo Moderno, também está sendo reformado sem maiores dilemas. A obra deve ser entregue em maio ou junho.

rio2016_fevereiro_ArenaDeodoro_Deodoro_036_8734_A Arena da Juventude (acima) também andou rápido nesses últimos sete meses e já está com 95% de execução e não deverá dar sustos também. No máximo, no inicio de junho já deverá estar entregue. A reforma no Centro Olímpico de Tiro também está indo a contento e a ideia é entregá-lo já para o evento-teste da modalidade que ocorrerá no meio de abril.

O único nó que resta em Deodoro é a Vila dos Tratadores do Centro Olímpico de Hipismo. A obra que já estava atrasada e fora acelerada, ficou parada mais uma vez por problemas da empreiteira com a Prefeitura – já que a empresa era a mesma que estava fazendo o Centro Olímpico de Tênis. O contrato do Centro de Hipismo também foi quebrado e outra empresa assumiu a obra, porém a obra está muito atrasada e talvez seja a obra mais arriscada de todo projeto olímpico hoje – até mais que o Velódromo e o Estádio de Remo.

A situação não é completamente desesperadora porque não é uma estrutura absolutamente fundamental para as competições em si, mas deixar os cavalos mais caros do mundo (todos eles com valores estipulados na casa dos milhões de dólares) ao relento ou em condições precárias seria vexatório para o Rio de Janeiro e o Brasil. Torçamos para que não haja mais nenhum contratempo.

rio2016_fevereiro_Hipismo_Deodoro_014_8372_Finalizando essa nova revisão, na parte de transportes a situação não é desesperadora, mas está longe de ser tranquila.  O Viário da Barra está indo tranquilamente e deve ser entregue em maio ou junho.

Já o Lote 0 da TransOeste está em estágio avançado de obras, porém reportagem do Bom Dia Brasil de hoje mostra que a obra está parada desde o dia 19 de janeiro. A Prefeitura disse que a obra já seria retomada e o prazo de entrega continua mantido.

A Transolímpica parece que ajeitou o prazo e deve ser entregue também. Talvez ocorra com ela o que ocorreu com a Transcarioca para a Copa do Mundo: ela talvez não tenha estações intermediárias prontas durante os Jogos Olímpicos, fazendo a ligação Barra-Deodoro apenas de forma direta. Mas como é exatamente isso que os Jogos Olímpicos precisam, não haverá problemas.

A linha 1 do VLT já está em fase de testes em vários pontos e é muito provável que já esteja em funcionamento durante a época dos Jogos Olímpicos. Já a linha 2 tem muito serviço ainda a ser feito e é mais provável que só seja entregue no final do ano ou início de 2017.

metrô 4 São ConradoA obra da Linha 4 do Metrô (acima, a estação São Conrado) também vive um dilema. O Estado promete entregar a tempo dos Jogos Olímpicos, a Prefeitura está duvidando disso. Há também a possibilidade de durante os Jogos Olímpicos ela só atender aos portadores de ingresso, mas é uma obra que inspira cuidados e ainda não dá para garantir sua completude a tempo.

A duplicação da Autoestrada Lagoa-Barra também está adiantada, com mais de 90% do andamento já concluído e deverá ser entregue nos próximos dois ou três meses.

A Via Expressa do Porto Maravilha também já terminou o difícil trabalho de escavação dos longos túneis e agora está na fase de urbanização das galerias. Também deve ser entregue em maio ou junho.

Assim, terminamos mais esse boletim de atualização das obras que o Rio de Janeiro está fazendo para receber os Jogos Olímpicos. No próximo sábado atingiremos a marca de 5 meses para o início da grande festa do esporte mundial em terras cariocas!

Imagens: Brasil2016.Gov, Lance, Zero Hora, MetrôLinha4.com.br, Arquivo Ouro de Tolo

[N.do.E.: como comentei semana passada em redes sociais, é impressionante como tudo que depende do Governo Estadual simplesmente não anda. As tarefas das esferas municipal e federal de poder estão a contento. PM]

4 Replies to “Rio 2016 – Atualização das Obras”

  1. Conheci hoje seu blog e quero dar meus parabéns. Estou também muito animado com os jogos, empobrecido com os ingressos e hospedagem, e sinto muita falta de informações mais práticas e precisas do “como fazer”. Seus textos esclarecem muita coisa, obrigado.

    Vi que esteve em eventos teste no Maria Lenk. Mas não creio que tenha visitado Deodoro, e eu tenho dois dias de eventos lá (concentrei as modalidades da região nesses dois dias). No mapa, pelo menos, o parque radical é bem distante mesmo do centro de hipismo, por exemplo. Coisa de uma hora a pé, atravessando a avenida Brasil. Acho que deixar as pessoas circulando a pé dessa maneira é inconcebível em Olimpiadas, nem em jogos escolares isso ocorre. No entanto, não achei nada vezes nada sobre planos de transporte na região. Você teve acesso a algum tipo de material, de esquema para levar as pessoas pelas diversas instalações dentro de Deodoro? Obrigado por qualquer ajuda,

    1. Bom dia, Marcus. Obrigado pelos elogios, eu e o colunista Rafael Rafic – que assina especificamente este texto das obras – agradecemos.

      Sobre Deodoro, o que se sabe até agora é que os detentores de ingressos para a área do basquete, do hóquei e do rugby devem descer dos trens na estação Magalhães Bastos e os que tem para os outros, se não me engano na estação Ricardo de Albuquerque. Isso já deve diminuir a necessidade de deslocamento, embora alguma caminhada se faça necessária. Para você ter uma ideia, da estação do BRT até o Centro Aquático (instalação mais distante no Parque Olímpico) dá cerca de um quilômetro, o que é uma distância caminhável.

      Eu pessoalmente acho que pelo menos nas instalações de Deodoro poderia ter sido pensada alguma forma de se ter um estacionamento ao grande público, porque espaço há.

      Mas temos de aguardar a divulgação do plano definitivo de mobilidade – o que deve ocorrer em junho – para se ter uma ideia mais precisa. Eu só tenho um dia em Deodoro, quando irei acompanhar as preliminares do basquete feminino.

    2. Marcus, inicialmente, obrigado.

      Quanto a transportes em Deodoro, como já dissemos ainda não foi divulgado o plano. mas o centro de Canoagem Slalom é quase a estação de trem de Ricardo de Albuquerque, então a entrada do parque radical (BMX e mountain bike também,, será por lá).

      Quanto a Arena da Juventude e o Centro de Hóquei eles são em frente a estação Vila Militar, logo o normal seria usar tal estação. Porém tal estação é bem acanhada e não sei se suportaria o fluxo. Temos que esperar o plano de transportes. O centro de Tiro e o Estádio de Deodoro ficam a meio caminho entre Magalhães Bastos e Vila Militar, logo provavelmente a 1ª estação deve ser utilizada para essas 2 instalações para desafogar a Vila.

      Por fim, o grande gargalo de Deodoro (e eu não faço a menor ideia de como eles resolverão) é o Centro de Equitação. Ele fica bem afastado das outras instalações, a 1km ou 1,5km da estação de trem Magalhães Bastos.

      Pelas fotos aéreas da região, parece que uma estação do BRT da Transolímpica será instalado em frente ao Centro. Se essa estação funcionar, será o pulo do gato para chegar nas competições de hipismo.

      Estou de olho nisso porque um dos dias eu terei que sair do Centro de Hipismo rumo ao Estádio de Deodoro.

      1. Uma informação a se acrescentar é que no guia de ingressos disponibilizado no site pelo Comitê aparece a estação Magalhães Bastos para Acesso à Arena da Juventude, além da Vila Militar –

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