Insatisfeito com a sétima colocação da Beija-Flor no Carnaval de 2014, o diretor de Carnaval Laíla exigiu mudanças no corpo de jurados para o desfile do ano seguinte. E ameaçou tirar a escola da competição no Rio de Janeiro. Nunca ficou provado se a ameaça surtiu efeito, mas fato é que a Liesa fez profundas alterações na lista de julgadores, e ainda aboliu de novo o quesito Conjunto.

Enquanto isso, a Beija-Flor escolhia um polêmico enredo patrocinado – e muito bem patrocinado diga-se de passagem – sobre a Guiné Equatorial, país africano comandado por uma ditadura. Mas a escola prometia uma abordagem sobre as belezas e riquezas do país.

A campeã Unidos da Tijuca também esteve presente nos noticiários. Isso porque o carnavalesco Paulo Barros sacudiu o mundo das escolas de samba ao se transferir para a Mocidade Independente de Padre Miguel.

Bem ao seu estilo, Barros prometeu um enredo sobre o fim do mundo, e a expectativa era a de muitas surpresas e um desfile que levasse de novo a Mocidade às primeiras colocações.

Sem o carnavalesco, a Tijuca decidiu apostar numa comissão de carnaval e num enredo sobre a Suíça, com uma associação à figura de Clóvis Bornay, que tinha pai suíço. Já o Salgueiro, sem o cantor Quinho (veja mais nas Curiosidades), escolheu uma outra temática, no caso a culinária mineira.

Mordida com a derrota de 2014, a Portela teria como enredo o Rio de Janeiro numa visão surrealista. Quarta em 2014, a União da Ilha depositava as esperanças na história da busca pela beleza. Por outro lado, a Imperatriz Leopoldinense levaria para a Sapucaí um enredo sobre a África com homenagem a Nelson Mandela.

Para voltar aos primeiros lugares, a Acadêmicos do Grande Rio prometia bom-humor e criatividade com um enredo sobre a história do baralho. O enredo tinha o singelo título “A Grande Rio é do baralho!”. Hã, sacaram? Baralho, hein…

Se a Beija-Flor estava bem amparada financeiramente, o mesmo não se podia dizer de duas das mais tradicionais escolas da cidade: a Mangueira escolheu como enredo as mulheres do Brasil e do próprio morro, enquanto a Vila Isabel homenagearia o maestro Isaac Karabtchevsky.

Outra homenagem seria feita pela São Clemente, ao imortal Fernando Pamplona. Por fim, a Unidos do Viradouro voltaria ao Grupo Especial exaltando a importância do negro no Brasil, com uma ousadia: o samba seria uma junção de duas canções do saudoso Luiz Carlos da Vila.

OS DESFILES

Infelizmente uma forte chuva atingiu o Rio de Janeiro na primeira noite de desfiles, afetando as primeiras escolas. Quem pegou a chuva mais forte foi justamente a Unidos do Viradouro, o que a prejudicou irremediavelmente na já complicada tarefa de abrir as apresentações na Sapucaí.

O enredo se chamava “Nas veias do Brasil, é a Viradouro em um dia de graça”, e exaltava a importância da raça negra na formação do povo brasileiro. O bonito samba rendeu bem no começo, com uma bateria tendo bom andamento, mas não tanto no restante do desfile.

Independentemente do temporal, a Viradouro veio aquém do que se esperava. Houve pelo menos dois carros que destoaram do restante do conjunto alegórico, que já era modesto – o que, convenhamos, é normal para uma agremiação que sobe do Acesso.

Em termos de alegorias, o destaque foi justamente o abre-alas, que tinha animais selvagens africanos e mostrava os rituais do continente. Mas gradativamente a qualidade dos elementos foi caindo, provavelmente pela limitação de recursos, sem contar que os danos pela chuva foram visíveis.

No meio do dilúvio, desfilaram os tenistas espanhóis Rafael Nadal e David Ferrer, que disputariam a partir do dia seguinte o Rio Open, e o tricampeão de Roland Garros Gustavo Kuerten. Em resumo, foi um desfile simpático, mas possivelmente fadado ao descenso pelos problemas.

Sem que a chuva desse uma trégua, embora a água tenha caído de forma menos intensa, a Estação Primeira de Mangueira fez um irregular desfile ao exaltar as mulheres brasileiras e do próprio morro.

Até que o enredo foi dividido com clareza pelo carnavalesco Cid Carvalho, mas plasticamente a escola deixou a desejar nas alegorias, algumas afetadas pela chuva. Já outros elementos tiveram nível mediano, até porque a escola vivia grave crise financeira.

As fantasias estavam superiores e respeitando as cores da escola, mas, apesar do excelente samba, houve um canto irregular das alas, sobretudo as patrocinadas, cujos componentes não desfilaram como manda a tradição mangueirense.

Houve ainda dificuldades para a manobra de alegorias, o que emperrou a evolução, e uma delas bateu num poste. Para piorar, a Marron Alcione queimou um pé numa lâmpada ao descer de uma alegoria e foi parar no centro médico da Sapucaí.

Além do já citado samba-enredo, salvou-se no desfile da Verde e Rosa a apresentação do casal formado pela porta-bandeira Squel e pelo mestre-sala Raphael. E foi só.

mocidade2015Apesar de a chuva ter finalmente diminuído, a Mocidade Independente de Padre Miguel fez uma apresentação abaixo do que se esperava na estreia do carnavalesco Paulo Barros. No entanto, a escola não enfrentou grandes problemas e por isso até mesmo se credenciou a voltar no sábado. Mas a briga pelo campeonato ficou distante.

Além de o desenvolvimento do enredo “Se o Mundo Fosse Acabar, Me Diz o que Você Faria se Só Lhe Restasse um Dia?” ter sido criticado, a concepção de algumas alegorias não agradou, até porque as coreografias dos componentes nos elementos já não era mais novidade. Num deles, dezenas de casais (e até trios) em camas faziam movimentos “calientes” embaixo do edredom. O carnavalesco usou como solução colocar placas em forma de balão explicando cada ala do desfile.

Agradou, no entanto, o abre alas com diversos monumentos como Torre de Pisa e Big Ben sendo incendiados. Falando em fogo, teve bom efeito a comissão de frente na qual os componentes incendiavam as mãos e a roupa do casal de mestre-sala e porta-bandeira.

As fantasias, estas sim, estavam bastante criativas e funcionaram muito bem dentro da proposta do enredo. Gostei muito do figurino da bateria, com um relógio em contagem regressiva e instrumentos com luzes.

Mas, quando se fala em Paulo Barros, espera-se pelo menos algo surpreendente. Por isso, apesar de alguns bons momentos, ficou uma sensação de “quero mais”, até porque a promessa era de muito impacto, o que não aconteceu, apesar da empolgação do carnavalesco no fim do desfile.

Por fim, o fraco samba-enredo não empolgou o público, e, como tradicionalmente a bateria da Mocidade vem “pra trás”, o desfile foi um tanto arrastado, apesar do bom canto dos componentes, principalmente no fim. Um desfile de altos e baixos, em resumo.

Quarta escola a desfilar na Sapucaí, já na madrugada de segunda-feira, a Unidos de Vila Isabel se recuperou do terrível desfile de 2014 com uma digna apresentação na homenagem ao maestro Isaac Karabtchevsky, passeando pelas obras de Carlos Gomes, Vivaldi, Villa-Lobos e Wagner.

Aos 80 anos, ele desfilou no bonito abre-alas, todo em dourado. Esteticamente, o desfile foi de razoável concepção, embora sem impacto e com alguns problemas de acabamento, já que a Vila continuava não tendo os mesmos recursos de outrora.

Mesmo assim, o carnavalesco Max Lopes dividiu o enredo com coerência, e tudo o que se viu na pista foi de fácil leitura. Ele fez jus ao apelido de Mago das Cores e fez uma bonita divisão cromática.

Depois do pesado desfile da Mocidade, o que se viu foi uma escola passando com mais leveza visual na pista. O samba-enredo, embora muito bem cantado pelo Gilsinho, teve uma queda na parte final do desfile, e o canto de algumas alas não convenceu.

A escola precisou apressar a evolução no fim, mas mesmo assim foi um desfile para o torcedor da Vila ficar aliviado, depois do descalabro do ano anterior.

salgueiro2015Quem pisou com tudo na avenida foi o Salgueiro, que fez mais uma apresentação de alto nível. Desenvolvido por Renato e Márcia Lage, o enredo “Do fundo do quintal, saberes e sabores da Sapucaí” brindou o público com as origens e a história da culinária mineira.

Um dos pontos altos do desfile se deu logo na comissão de frente, chamada “Delírio Ancestral” e formada por índios que ladeavam um pajé – os componentes carregavam um cobertor com centenas de lâmpadas de led que faziam excelente efeito. Havia ainda um tripé do bicho da Taquara, que virava um índio.

O Salgueiro mostrou nos carros as comidas e temperos típicos de Minas, como no elemento do banquete. Mas a alegoria mais imponente foi o abre-alas, que tinha três lagartos e uma escultura de um índio deitado numa rede para simbolizar o começo da influência na culinária do estado. salgueiro2015b

As fantasias mantiveram o nível das alegorias e estavam impecáveis. Agradou muito o simples mas perfeito figurino dos ritmistas, que estavam vestidos de chefs de cozinha. As fantasias das baianas também foram um grande acerto, mostrando as donas dos saberes da cozinha.

A harmonia esteve bem, e o andamento mais “pra frente” adotado pelo Mestre Marcão ajudou o criticado samba a não cansar. Neste caso, vale exaltar ainda os componentes por terem cantado com força durante todo o desfile.

Houve uma ligeira discrepância na evolução, lenta no começo e mais rápida no fim do desfile, mas nada grave. Com isso, o Salgueiro carimbou sua volta no sábado das Campeãs. Título ainda era difícil de prever já que sete escolas ainda passariam.

granderio2015A Acadêmicos do Grande Rio terminou a primeira noite de desfiles com uma simpática apresentação no enredo sobre o baralho. Desta vez, o carnavalesco Fábio Ricardo optou por alegorias não tão grandes, mas que tivessem bom acabamento.

Conseguiu cumprir o objetivo, principalmente no último carro, que representava a cartada final com uma enorme escultura de um curinga e os componentes da Velha Guarda.

Agradaram também o abre-alas, que representou “Alice no País das Maravilhas” e tinha um grande castelo de cartas, e o elemento que representou o baralho cigano de Madame Lenormand, que previu a queda de Napoleão Bonaparte.

Precedia esse carro uma ótima comissão de frente, que tinha casais de Alice e o Chapeleiro, que realizaram interessantes coreografias com mesas que se movimentavam.

O samba-enredo não era considerado dos melhores da safra, e a harmonia não foi brilhante, mas a bateria do Mestre Thiago Diogo esteve muito bem na sustentação. Foi um desfile de bons momentos, mas que não ameaçava o Salgueiro como melhor escola do domingo.

Com uma bela homenagem a Fernando Pamplona, a São Clemente abriu bem a segunda noite de apresentações na Sapucaí. Rosa Magalhães fez um ótimo trabalho tanto na divisão do enredo, como na concepção das alegorias e fantasias.

O enredo se chamava “A Incrível História do Homem que só tinha Medo da Matinta Perera, da Tocandira e da Onça Pé de Boi” e abordava o folclore que fascinava Pamplona, os trabalhos dele nas decorações do Theatro Municipal e das ruas no período do Carnaval, e a fase de carnavalesco, com ênfase à fase áurea do Salgueiro.

De cara, a comissão de frente agradou pois não tinha tripé e seus componentes estavam vestidos como pássaros, em referência à bruxa Matinta Perera, personagem do folclore brasileiro. Em seguida, o espetacular primeiro carro (que infelizmente teve danos) e as alas iniciais mostravam as assombrações e lendas que Pamplona conheceu na infância, no Acre.

A onça pé de boi, outra lenda que fascinava o artista, veio representada na ala das baianas. Também agradaram bastante a alegoria referente às decorações do Theatro Municipal e o último elemento, que simbolizava a ida de Pamplona para a eternidade, já que o carnavalesco, que revolucionou o Carnaval quando estava no Salgueiro, morreu em 2013.

O samba-enredo, se não era primoroso, também estava longe de ser uma “marchinha sem-vergonha” como dizia Pamplona, e funcionou para o desfile, com uma boa atuação da bateria.

Sem problemas graves em harmonia e evolução, a escola de Botafogo estava credenciadíssima a voltar no sábado. Era a São Clemente alcançando o objetivo de se firmar de vez como escola de Grupo Especial.

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Uma das favoritas ao título na fase pré-carnavalesca, a Portela confirmou essa condição na pista, com o enredo “ImaginaRIO, 450 anos de uma cidade surreal”, do carnavalesco Alexandre Louzada. Com a Tabajara do Samba em grande noite, o samba rendeu muito bem e o conjunto visual tinha concepção ousada como o enredo pedia.

O que Louzada quis apresentar foi uma visão diferente do Rio de Janeiro, ou seja, como o pintor Salvador Dalí retrataria a cidade na sua ótica surrealista. Nisso, a proposta da Portela foi apresentada com correção em vários momentos, mas em outros, não. Por exemplo, o túnel inflável que simbolizou o Túnel Rebouças e o tripé dos golfinhos (que foi danificado com a chuva do dia anterior quando saía do barracão) não foram tão felizes.

Além disso, alguns problemas poderiam colocar a tão sonhada vitória a perder. A comissão de frente, que tinha um enorme relógio com um painel de led além de uma águia menor, teve problemas e uma evolução lenta, o que empacou o restante da escola. Houve ainda algumas falhas de iluminação nos carros, sobretudo no elemento do Jardim Botânico, e pequenos problemas de acabamento.20150216_210124

De qualquer forma, a Majestade do Samba nos brindou com a imagem mais impactante do Carnaval-2015. A águia do abre-alas (foto acima) estava caracterizada como Cristo Redentor e um sistema a fazia abaixar e levantar, além de abrir os braços (ou asas, como preferirem). Um momento épico dos desfiles de escolas de samba.

Pena que no momento em que o elemento se aproximou da torre de TV, essas engrenagens demoraram a funcionar, o que fez a escola parar por alguns minutos, já na chegada ao fim da pista.

Devido aos problemas já citados, a evolução foi apressada no fim do desfile, embora a Águia tenha terminado sua apresentação sem estourar os 82 minutos. A Portela deixou a pista sob gritos de “campeã” após uma exibição quente do começo ao fim, mas poderia perder o título porque não passou impecável como em 2014, quando merecia a conquista.

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Depois do fraco desempenho em 2014, a Beija-Flor de Nilópolis reagiu e mostrou força para ser uma das favoritas a mais um campeonato. Um desfile bonito plasticamente e de muita correção nos quesitos, mesmo sem a empolgação da Portela.

O título do enredo era “Um Griô conta a história: um olhar sobre a África e o despontar da Guiné Equatorial. Caminhemos sobre a trilha de nossa felicidade”. No caso, o griô era o fio condutor do desfile, já que tratava-se de um antigo sábio que contava a história aos mais jovens.beijaflor2015l

Um acerto de cara foi apostar numa comissão de frente sem tripé, mas não sem menos impacto, já que os componentes estavam fantasiados de guerreiros e carregavam lanças e escudos com formato de máscaras e que tinham movimentos faciais. Estas máscaras e lanças quando unidas formavam uma árvore na pista.

A escola cumpriu a promessa de exaltar as belezas da região e o fez nos primeiros carros e alas, com o predomínio do verde da ceiba, árvore símbolo da África Ocidental. Na sequência, alas e alegorias multicoloridas representaram os costumes do povo da Guiné Equatorial, e o período da escravidão, sempre com fantasias impecáveis. Por fim, a Beija-Flor celebrou a união entre os povos brasileiro e africano e as riquezas do país.

beijaflor2015mO samba-enredo não era tão popular como o da Portela, mas era muito bem construído e, como de costume, foi cantado a plenos pulmões pelos componentes, ao som da voz do primeiro e único Neguinho da Beija-Flor.

O único pequeno senão da escola aconteceu em evolução, mais lenta no começo do desfile e mais veloz no fim, apesar de não ter apresentado graves problemas. Por isso mesmo, o sonho do 13º campeonato estava mais vivo do que nunca.

Quarta a desfilar na noite, a União da Ilha teve uma apresentação muito bonita nos aspectos plásticos, mas nem tão boa nos quesitos de pista. Mas, justiça seja feita, o enredo “Beleza pura?” foi muito bem desenvolvido pelo carnavalesco Alex de Souza, e tudo era de fácil leitura.

A comissão de frente já mostrou o caráter lúdico e bem-humorado do desfile ao colocar uma Branca de Neve negra, no caso a atriz Cacau Protásio, com os sete anões. O culto à beleza desde os tempos mais antigos foi muito bem retratado, sobretudo no setor dedicado a Cleópatra, cuja alegoria foi a mais bonita do desfile.

A parte mais contemporânea do desfile também agradou, como no carro “A última moda”, que mostrou a realidade das “selfies”, e no setor que mostrou a corrida pelo corpo perfeito nas academias.

Mas o samba-enredo não era dos melhores da safra. O trecho com a expressão “fiu-fiu” não caiu bem no gosto dos puristas e nem a atuação sempre de muita garra do cantor Ito Melodia salvou a obra. Ademais, a evolução também esteve longe de ser perfeita, principalmente por problemas na entrada das alegorias na pista.

Depois do excelente desfile de 2014, ficou a sensação de que a querida escola da Ilha do Governador poderia ter tido uma apresentação um pouco melhor. Nesse caso, sem dúvida, faltou um samba de mais qualidade, mas mesmo assim uma vaguinha no sábado não estava totalmente descartada pela beleza do desfile.

Depois de duas participações consecutivas no Desfile das Campeãs, a Imperatriz Leopoldinense mostrou mais um carnaval com condições de brigar por uma posição na parte de cima da tabela. Pela primeira vez desde 1979, a escola de Ramos fez um enredo eminentemente afro mas teve problemas estéticos depois da passagem do abre-alas.

Este prenunciava um desfile impactante da escola de Ramos com o enredo “Axé, Nkenda! Um ritual de liberdade e que a voz da igualdade seja sempre a nossa voz!”. O elemento trazia uma enorme escultura de um negro africano e ainda tinha como destaques a apresentadora Glória Maria e Zico, enredo do Gresil em 2014.

Foi um enredo bem dividido pelo carnavalesco Cahê Rodrigues, com boas fantasias e divisão cromática, ora multicolorida, ora apostando no contraste entre o preto e o branco. Mas houve problemas de acabamento em algumas alegorias, e o carro que representava um navio negreiro teve fumaça na parte traseira – os bombeiros tentaram retirar os destaques, que, no entanto, ficaram até o fim, já que não houve incêndio.

O excelente samba-enredo foi bem cantado por Nêgo e dizia num dos versos “Uma banana para o preconceito”, numa referência ao caso de racismo sofrido na Espanha pelo jogador brasileiro Daniel Alves, do Barcelona.

Agradou o setor dedicado à África do Sul e a Nelson Mandela, que era considerado o fio condutor do enredo na busca pelo amor entre as raças. Nkenda, vale lembrar, significa amor segundo o Kimbundu, língua falada no Noroeste de Angola.

Pena que a Imperatriz foi atrapalhada por problemas no sistema de som. Desde a entrada na pista, a equipe técnica do carro de som ficou tensa mexendo no cabeamento atrás do veículo – aliás, que absurdo o sistema ser ainda assim na atualidade. De qualquer forma, uma apresentação muito agradável, que deixaria a Verde e Branco nas primeiras colocações.

tijuca2015A Unidos da Tijuca encerrou os desfiles com uma bonita apresentação ao exaltar a Suíça, usando Clóvis Bornay como fio condutor, já que seu pai era suíço. A escola do Borel mostrou que não dependia de Paulo Barros para fazer boas apresentações e se colocou entre as melhores escolas do ano no conjunto, mesmo não tendo empolgado o público.

O samba também não era dos melhores da safra, mas a bateria do Mestre Casagrande teve ótima atuação e conduziu bem a Azul e Amarelo, tanto que a Tijuca foi a mais organizada de todo o Carnaval nos quesitos Harmonia e Evolução.

Mesmo sem o badalado carnavalesco, a escola do Borel lançou mão de diversos recursos consagrados por Barros, como as alegorias com coreografias dos componentes, e fantasias surpreendentes e criativas.

Também eram muito interessantes os elementos que lembraram típicos aspectos da Suíça, como os chocolates (o carro lembrava o famoso filme “A Fantástica Fábrica de Chocolates), os relógios e os canivetes. A Tijuca também “fez nevar” na avenida num elemento que soltava bolhas e proporcionava belo efeito, além de contar com uma pista de gelo.

Homenageado do enredo, Clóvis Bornay veio representado logo na comissão de frente por integrantes muito bem fantasiados, até porque o carnavalesco foi um multicampeão de concursos de fantasias. Mas, convenhamos, talvez tenha ficado um pouco forçada essa associação para “justificar” a ligação entre Suíça e Brasil.

Símbolo da escola, o pavão veio no último elemento alegórico, encerrando com muita beleza um desfile que, pela correção nos quesitos, certamente levaria a Tijuca ao sábado das Campeãs. Título era mais difícil, dado o equilíbrio entre as escolas e pelo fato de o enredo e o samba não terem sido uma unanimidade.

REPERCUSSÃO E APURAÇÃO

A Imperatriz Leopoldinense levou os dois prêmios mais nobres do Estandarte de Ouro de “O Globo”, os de Melhor Escola e Melhor Samba, e a Mangueira foi contemplada em outras quatro categorias: Intérprete (Luizito), Porta-bandeira (Squel), Personalidade (Nelson Sargento) e Ala de Passistas.

Mas o favoritismo ao título se dividia efetivamente entre Beija-Flor e Salgueiro, com Portela, Imperatriz e Tijuca correndo por fora, numa apuração que prometia ser equilibrada.

As duas maiores favoritas, além da Portela, mantiveram-se na primeira posição após a leitura das notas nos três primeiros quesitos (Harmonia, Fantasia e Alegorias).

Mas a escola de Nilópolis tomou a dianteira para não mais largar após as leituras das notas de Mestre-Sala e Porta-Bandeira. Até o oitavo quesito (Enredo), a Azul e Branco mantinha apenas 0,1 de frente para o Salgueiro, mas depois respirou.

No fim, a Beija-Flor somou 269,9 pontos, quatro décimos a mais do que o Salgueiro. A Portela caiu para o quinto lugar, pois foi ultrapassada no desempate por Grande Rio, a surpresa da apuração, e Tijuca, após uma polêmica no quesito Bateria – veja no Cantinho do Editor. A Imperatriz ficou em sexto e também conseguiu vaga no desfile das campeãs.

comemora5No meio da comemoração da Beija-Flor, o mais emocionado era o diretor de Carnaval Laíla.

“A gente está sempre buscando fazer o melhor para a escola de samba. Eu amo a minha escola, mas o enredo foi tão questionado, até mesmo dentro da escola. Me questionaram muito”, disse, aos prantos, na Apoteose.

Presente nos 13 títulos da Beija-Flor, o grande Neguinho também comemorou e não deu importância para a polêmica criada em torno do enredo sobre Guiné Equatorial:

“O enredo, polêmico ou não, foi maravilhoso. Já tivemos outros enredos polêmicos e ganhamos campeonato, já tivemos um Cristo mendigo, jogo do bicho. Mas eu sabia que a escola ia superar tudo”.

Afetada pela chuva, a Mangueira ficou apenas na décima posição, uma à frente da Vila Isabel, que poderia ter acabado mais acima na classificação, mas, dizem, foi “punida” por ter escapado injustamente do rebaixamento em 2014. A Viradouro ficou o tempo todo na última posição na apuração e caiu efetivamente, em último lugar.

RESULTADO FINAL

POS. ESCOLA PONTOS
Beija-Flor de Nilópolis 269,9
Acadêmicos do Salgueiro 269,5
Acadêmicos do Grande Rio 269
Unidos da Tijuca 269
Portela 269
Imperatriz Leopoldinense 268,9
Mocidade Independente de Padre Miguel 268,5
São Clemente 268,4
União da Ilha do Governador 267,2
10º Estação Primeira de Mangueira 267,1
11º Unidos de Vila Isabel 266,2
12º Unidos do Viradouro 263,7 (rebaixada)

estacio2015Na Série A, a favorita Estácio de Sá conquistou um contestado título com um enredo sobre o Rio de Janeiro e um belíssimo samba cantado por Leandro Santos e Dominguinhos, mas com alguns senões nos quesitos plásticos. Foi o que se pode chamar de “no limite do tolerável”.

Na opinião dos críticos, o melhor desfile do ano foi o da Unidos de Padre Miguel, que homenageou Ariano Suassuna e deu um show de visual, além de ter ido muito bem nos quesitos de pista. O Império Serrano também fez uma bela exibição e terminou em terceiro, com enredo sobre o sincretismo religioso e um maravilhoso samba.

O grupo também contou com as excelentes obras apresentadas pelo Império da Tijuca, com enredo sobre Oxum, e pela Renascer de Jacarepaguá, que encomendou o samba para homenagear Candeia a Cláudio Russo, Moacyr Luz e Teresa Cristina. Mas as simpáticas agremiações ficaram na sexta e nona colocações, respectivamente.

Caíram para o Grupo B da Lierj a Unidos de Bangu e a Em Cima da Hora, enquanto subiu de divisão a Acadêmicos da Rocinha.

CURIOSIDADES

carnaval-rio-beija-flor-20150217-10-size-598– Segundo “O Globo”, a Beija-Flor recebeu R$ 10 milhões do governo da Guiné Equatorial para preparar o desfile, fato negado pelo presidente Farid Abraão. Ao “Estado de S.Paulo”, o embaixador do país no Brasil, Benigno-Pedro Tang, também negou: “Foram financiadores culturais. O governo não tem nada a ver com isso. Somente pessoas do meio cultural. O que a imprensa divulgou é uma soma muito excessiva. Se quiserem, podemos verificar e fazer a estimativa em detalhes em vez de falar no ar”. Já o diretor artístico Fran-Sérgio decretou ao UOL: “Quem deu os R$ 10 milhões para o Carnaval foram empresas brasileiras que trabalham na construção civil de uma nova Guiné Equatorial”.

– Pela terceira vez em quatro carnavais, a Unidos da Tijuca terminou à frente da escola que teve Paulo Barros como carnavalesco. Isso já havia acontecido em 2007 e 2008, quando Barros estava na Viradouro, enquanto em 2009 a Tijuca ficou atrás da Vila Isabel, que contratou o carnavalesco para dividir o desenvolvimento do enredo sobre o Theatro Municipal com Alex de Souza. Em 2016, a Tijuca seria vice-campeã, uma posição à frente da Portela de Paulo Barros. Mas em 2017, com o desastroso desfile da Tijuca, e o título de Paulo Barros com a Portela, o desfecho seria diferente.

– Ainda falando em Tijuca, o cantor Tinga se envolveu numa áspera discussão com Mestre Casagrande na arrancada da escola no Desfile das Campeãs. Tudo começou depois que Tinga reclamou do andamento imposto pelo rapaz do “pedal”, que não estava de acordo com o que ele desejava. O clima esquentou, e Casagrande entrou na discussão. A turma do deixa-disso teve de intervir antes que houvesse pancadaria. Curiosamente, a própria bateria da Tijuca havia sido agraciada com o Estandarte de Ouro. Depois da confusão, Casagrande colocou panos quentes ao dizer que Tinga “era um sujeito equilibrado” e que haveria reunião sobre o caso. Ainda em 2015, o diretor de bateria recusou proposta da Mocidade e ficou no Borel.

luizito3– Infelizmente foi o último desfile do cantor Luizito, que morreu devido a um ataque cardíaco fulminante no dia 6 de setembro de 2015, logo após deixar a quadra da Mangueira numa das eliminatórias do samba-enredo. Pela Verde e Rosa, Luizito foi duas vezes campeão como apoio de Jamelão, em 1998 e 2002, além de ter conquistado o prêmio do Estandarte de Ouro justamente pela sua última participação na avenida. Luizito tinha 61 anos e de imediato foi substituído por Ciganerey como cantor principal da Mangueira.

– Por outro lado, uma excepcional notícia foi dada por Neguinho da Beija-Flor três meses antes do falecimento de Luizito: ele estava curado do câncer de intestino que o havia acometido em 2008, e que quase o havia impedido de desfilar em 2009.

– A fase pré-carnavalesca foi marcada por polêmicas envolvendo o cantor Quinho. Ele se lançou candidato à presidência do Salgueiro para enfrentar Regina Celi, que tentava a reeleição. Quinho teve a candidatura impugnada, Celi foi reeleita e, claro, o cantor ficou sem espaço na Vermelho e Branco. Quinho chegou a ter a contratação pela Estácio de Sá dada como certa, esteve no carro de som no ensaio técnico, mas acabou mesmo no Império da Tijuca. Confuso, não? O próprio Quinho depois reconheceria que errou ao tentar se candidatar presidente do Salgueiro.

– Com o terceiro lugar em 2015, a Grande Rio completou sua décima participação no Desfile das Campeãs em 11 anos. Se levado em conta que em 2011 a Tricolor não foi julgada por causa do incêndio, a escola era até então a única a conquistar vaga no sábado em todos os desfiles em que concorreu no período. Apenas em 2016, a Grande Rio não conquistaria na pista uma vaga entre as campeãs.

– Após ser demitido da Mangueira, o carnavalesco Cid Carvalho esbravejou nas redes sociais contra o presidente Chiquinho de Carvalho: “Se o Chiquinho da Mangueira e o Júnior Schall (diretor de Carnaval) desmentirem que nós tínhamos um acordo para continuarmos o trabalho para 2016, independente do resultado de 2015, eu é que sou o safado e sem caráter dessa estória! Está lançado o desafio!”. Pela Verde e Rosa, Cid Carvalho assinou três desfiles e, com os problemas financeiros da escola, obteve um sétimo (2012), um oitavo (2013) e um décimo lugares (2015). O carnavalesco se transferiu para a Acadêmicos do Cubango, da Série A.

CANTINHO DO EDITOR (por Pedro Migão)

O enredo da Portela foi definido ainda antes do carnaval de 2014, mas, ao contrário do imaginado pelo senso comum, não houve patrocínio da Prefeitura. Houve alguns patrocínios de empresas privadas, o maior dele da Concessionária Porto Novo.

Além das questões relatadas no texto, a Portela teve um problema no desacoplamento do abre alas, que também retardou a evolução da escola. Eu acabei desfilando na Harmonia de ala e tive trabalho para retirar o prefeito Eduardo Paes do meio de uma das alas, em frente ao último módulo de jurados. Dei uma gravata e o puxei pro canto da pista – quase fui preso…

O pré-Carnaval da Portela foi marcado pela partida de Dona Dodô, ícone da escola, aos 95 anos. E por um ensaio técnico apoteótico debaixo de um dilúvio…

Como dito, desfilei na Portela (roupa de diretoria, mas acabei fazendo harmonia de ala), na ala de compositores da Renascer de Jacarepaguá (vestido de rei africano para homenagear Candeia) e de última hora vim fazendo harmonia no Império Serrano, substituindo um presidente de ala que foi internado – e que viria a falecer na Quarta Feira de Cinzas…

O desfile do Império, aliás, aconteceu na hora. O pré-Carnaval da agremiação foi bastante negativo na imprensa e quando os componentes viram os carros ajeitados e as fantasias arrumadas, foi uma injeção de ânimo imediata.

Além do fato de homenagear uma cleptocracia africana, a parte do enredo da Beija-Flor que fala da exploração de petróleo na Guiné Equatorial é uma peça de ficção. A sinopse da escola era risível sob este aspecto.

O cronômetro da Sapucaí estava visivelmente descalibrado: a cada momento mostrava um número diferente – o que levou à loucura público, imprensa e diretores de Harmonia. Ainda assim, nenhuma agremiação estourou o tempo de desfile.

A apuração do Especial foi marcada pelo erro de um jurado, que esqueceu de conferir nota à Tijuca depois de haver apontado erros. A nota, que seria certamente diferente de 10, acabou sendo essa – o que inverteu a posição da escola com a Portela.

Bela sacada a da União da Ilha em colocar uma Branca de Neve negra e gorda em sua comissão de frente – a atriz Cacau Protásio.

A chuva atrapalhou, é verdade, mas a passagem de Cláudia Leitte como rainha de bateria da Mocidade foi bastante apagada. Minha filha mais velha, que viu pela TV, disse que ela parecia um Pokemón… A escola negou, mas chegou a sair na imprensa que a Mocidade havia pago R$ 1 milhão à cantora para ser rainha de bateria.

Unidos de Bangu e Em Cima da Hora passaram com diversas alas sem fantasias, especialmente a segunda – que ficou com suas roupas presas no ateliê por conta de uma dívida de R$ 80 mil. Obviamente, ambas rebaixadas.

Os grupos da Intendente Magalhães viveram um impasse durante o pré-Carnaval, pois se desfiliaram da Associação das Escolas de Samba e ficaram sem entidade para organizar seus desfiles. A Lierj, responsável pelo Grupo de Acesso A, tomou a organização pra si, mas se afastou após o desfile – o que gerou outra grande briga política.

O belo samba da Estácio é um raro caso de “pombo” assumido: André Diniz, seu autor, não somente assumiu a autoria como desfilou no carro de som da escola. Aliás, um título bem insólito, isso para ser generoso…

Links

O desfile campeão da Beija-Flor sobre Guiné Equatorial

O belo desfile que deu o vice-campeonato ao Salgueiro

A apresentação empolgante da Portela

29 Replies to “2015: Beija-Flor ignora polêmica, exalta Guiné Equatorial e recupera o título”

  1. Boa tarde!

    Prezado Fred Sabino:

    2015, e mais uma vez indo para Sampa ver ao vivo do Anhembi aos desfiles do Grupo Especial paulistano na sexta e no sábado.

    Devido a problemas para “fechar frisa”, só peguei a dita para a segunda-feira de carnaval, novamente no Setor 10. Domingo fui de arquibancada no Setor 5.

    Para pegar o melhor lugar da arquibancada (A “quina” mais próxima aos jurados do Setor 3), mal cheguei de sampa no domingo, tomei um banho, e saí para a Sapucaí. Dei um rolezinho (Sob um sol de mais de 40 graus…), e fui garantir minha noite.
    Dito e feito!
    Infelizmente o sol não me fez bem, e com a chuva, eu fiquei muito doente.
    Ao voltar para casa na manhã seguinte, cheguei a cogitar não ir para o sambódromo na segunda-feira. Após um coquetel de muitos remédios, e horas de sono ininterruptos, estava apto a comparecer à Sapucaí, apesar de um certo enjôo (Provavelmente pelo excesso de remédios).

    Com tudo isso, ainda virei a noite na Intendente na terça-feira gorda, que agora receberia o Acesso B!

    Sobre os desfiles.

    GRUPO ESPECIAL

    – Não vi problemas nos “balõezinhos” da Mocidade. Pareceu-me uma tentativa de resgatar os textos na pista, sumidos desde o início da década de 1990. A integração de MP-PB e CF foi bem realizada, bem melhor do que a frustrada tentativa da Beija-Flor em 2014. Infelizmente a chuva atrapalhou o “incêndio” (Que ironia!). A alegoria “Dinamitava seu carro” era brochante.

    – O Salgueiro usou em larga escala uma técnica de revestimento dos adereços alegóricos que consiste em cobrir tudo com papel de bala (Prateado ou dourado), aplicando betume para dar efeito de envelhecimento. No carnaval de 2016 esta técnica virou a queridinha das Escolas.

    – São Clemente fora do Sábado das campeãs foi mais ultrajante do que em 2012! O desfile foi lindo, em grande momento tanto da Escola quanto da professora Rosa Magalhães. Igor Sorriso estava tão feliz ao final do desfile, que subiu na grade do setor 10 (Onde eu estava na segunda) chamando o público. Demais! Aliás, destaco a ala do Mapinguari, toda feita com tarucelos finos na cor branca, rendendo efeito incrível!

    – Portela usou paraquedistas (Repetidos – mantendo o bom efeito – em 2016), drones, e ainda havia uma história de que mini-drones seriam jogados para o público. Queria um… Falando nisso, estes drones usados pela Escola renderam uma boa discussão com a ANAC sobre seu uso devido ou não (O mesmo com relação ao paraquedistas).

    – A comissão de frente da Imperatriz foi coreografada por Fábio de Melo, que fez história na Escola ao lado de Rosa Magalhães. Ela também levou o Estandarte de Ouro. Novamente acho que Escola errou nos detalhes: iluminações desnecessárias e em cores erradas, adereços fora de lugar, e um certo mau gosto na construção de outros. Havia alas fantásticas, intercaladas com outras nem tanto. O setor da fauna era o mais lindo do desfile! Um bom exemplo dos problemas na cores está no abre-alas, que me pareceu mais bonito em 2016 no Império Serrano utilizando apenas verde, branco e preto.

    – A Tijuca jogou chocolates para a platéia. Àquela hora da manhã, caíram muito bem!

    ACESSO B

    – Apenas digo com muito orgulho que tive o prazer de ver o desfile que levou a Rocinha de volta à Sapucaí.

    Que venha 2016…o ano em que fiz as pazes com o carnaval!
    Muitas emoções (E luto, por causa do fim desta série!) no próximo capítulo.

    Atenciosamente
    Fellipe Barroso

    1. Apenas um adendo, digno do Migão:

      – Os bichos presentes nos abre-alas da Viradouro e Imperatriz começaram longa e próspera carreira nas Escolas de Samba dos outros grupos!

      (No caso da Imperatriz, eu diria o que o próprio abre-alas começou a fazer carreira…)

  2. Ah 2015, meu carnaval inesquecível! Primeiro ano desfilando na Sapucaí, óbviamente pela Viradouro – lembram da tal promessa que falei ontem? Só foi eu botar o pé na concentração que começou a chover, peguei 4h de pé d’água. Durante a concentração deu pra notar a desolação do João Victor que estava vendo o seu trabalho literalmente ir por água abaixo.

    Quanto ao desfile, o revi depois e achei o desfile bem digno, porém abaixo do esperado. Digo sem medo de ser apedrejado: a Viradouro tinha chances de se manter sim, se não fosse o atraso no barracão (peguei minha fantasia no dia do desfile, e meu sapato era dois números maior que o meu pé) e a chuva, dava para se manter.

    Quanto aos outros desfiles: polêmica por polêmica, a Beija-Flor mereceu o título, fez um belo desfile (cheguei a escrever que faria frente a Portela) mas o 269.9 foi exagerado, com boa vontade eu tirava 4 décimos. Salgueiro fez outro belo desfile com uma linda comissão de frente. Portela sem dúvida alguma foi o melhor desfile do ano.

    Esta cena do Tinga dando um pescotapa no cara do pedal é clássica. E até o Bruno Ribas tentou apartar, como se dissesse assim “Eu não deixei meu lugar pra você fazer isso”.

    Me tachem de louco, mas a Mocidade merecia ficar nas campeãs. Grande Rio não fez desfile para 3°lugar. De bom foi a CF e só! A grande surpresa do ano foi a São Clemente, quando não davam nada a Rosa veio e caprichou.

    Com o título da Estácio, a credibilidade da Lierj começava a naufragar. UPM ou Império deviam disputar décimo a décimo o acesso. Bangu foi salva da lanterna graças a Em Cima da Hora.

    Também ia para o espaço a credibilidade da Globo no carnaval carioca, ao realizar uma péssima transmissão, deixando de exibir escola e mantendo aquele mala do Erio Johnson como comentarista – e em 2016 viria a piorar.

    O julgamento de samba-enredo no Especial foi de doer nos olhos. O péssimo samba do Salgueiro gabaritando, o mediano samba da GR gabaritando e o lindo samba da Viradouro tomando 9.9 do filho da puta do Clayton Fabio Oliveira – essa nota está difícil de digerir até hoje.

    Sobre o samba da Viradouro: muita gente criticou a opção da escola por unir as músicas do Luiz Carlos da Vila, o Rodrigo Vilela vai fazer o mesmo, porém saio em defesa da decisão que o Clarão tomou: o carnaval precisava de uma inovação para mostrar que o gênero samba-enredo ainda tinha salvação, o resultado ficou o melhor possível e a comunidade abraçou a ideia. Aí eu pergunto: e se a Viradouro leva para a avenida um samba mediano ao invés da fusão? Os jurados com certeza implicariam com a escola (como fizeram com a Estácio esse ano). Digo sem medo de ser feliz e sem medo de ser apedrejado: a fusão dos sambas de meio de ano foi a melhor opção que a Viradouro pôde fazer.

    Que venha o último texto, 2016!

    1. Não sei se foi a melhor opção, mas ficou muito bom!
      Confesso que fiquei surpreso com a chuva de críticas.

      Bem, a Estácio reeditou enredos por 3 anos consecutivos (2005, 2006 e 2007), o que causava a fúria da ala de compositores.
      Talvez a Viradouro tenha enfrentado episódio semelhante.

      Imaginem a Renascer com seus sambas encomendados (Muito bons, por sinal!).
      Todas estas questões já foram abordadas aqui mesmo no Ouro de Tolo, que apresentou alternativas ao ainda atual (E caro!) método de escolha de sambas.

      Na minha humilde opinião, diante do cenário apresentado na época pela referida matéria, Dragões da Real e Renascer apresentaram as melhores inovações no assunto.

      Enfim!
      Não é o assunto daqui…

      1. Felipe, quanto a Viradouro que acabei esquecendo de citar: o Gustavo fez uma reunião com os compositores da escola e eles aprovaram a ideia da fusão. Quanto a Renascer, a encomenda foi por necessidade, já que eles perderam metade da quadra por causa de obras do metrô (se não me engano) e a ideia acabou vingando e continuando.

  3. Portela teve seus percalços e merecia o terceiro e não o quinto. Esteve melhor do que as outras com quem empatou.

    Alien apareceu na comissão de frente da Tijuca e depois apareceu de novo no tributo ao H.R. Giger. Forçaram a barra com Clóvis Bornay como suposto elo de ligação. Era mais fácil admitir logo que era só pra ser sobre a Suíça.

    Más línguas diziam que a Mocidade tinha resolvido apelar pra safadeza, após a passagem do carro com os casais, o ménage e o quarteto. O melhor foi Cláudia Leitte tentando aparecer demais na entrevista no estúdio da Globo e o Paulo Barros demonstrando não estar com tanta paciência assim pra ela.

    Beija-Flor usou bem os recursos que recebeu. Pelo apresentado, mereceu o título. Mas pela questão moral, seria melhor o Salgueiro ter vencido. Dar holofote para ditador é o fim. Após isso, choveram memes sobre Hitler e Kim Jong-Un querendo encomendar o enredo do ano seguinte, além do famoso meme sobre a Ala Invisível que representava a alma africana da escola. Para coroar, ainda tentaram se justificar dizendo que as riquezas do país estavam trazendo melhorias para a população, o que está longe da verdade.

    E após o título, chiaram sobre a troca de jurados ter favorecido a Beija-Flor. Se é verdade, nunca vamos saber.

    Colocaria a São Clemente no desfile das campeãs no lugar da Grande Rio. Fernando Pamplona deve ter sambado lá nos céus. Foi uma bela homenagem. E, curiosamente, foi o único samba que grudou na minha mente.

    Também foi o ano em que a Mangueira chegou ao “fundo do poço”. Ninguém dava nada pela verde-e-rosa depois disso.

    E a transmissão da Globo piorou muito em relação à 2014. Thiago Leifert e Eri Johnson foram completamente desnecessários (e piorariam em 2016), além da dupla de apresentadores ter novamente se mostrado fraca. Só salvaram o Milton Cunha e o Pretinho da Serrinha.

    Já no acesso A, uma subida injusta. Não é nenhuma surpresa no fim das contas. Foi a prova de que a Lesga arrumou um disfarce e que este já estava difícil de manter.

  4. Achei 2015 um ano de muita expectaviva mas pouca realidade, apesar de o enredo ser ridículo, a Beija flor mereceu ser campeã, o único senão é a chuva de 10 que a escola tem nos anos que ela é campeã, isso também contribui para uma certa antipatia…
    Queria parabenizar a direção do Salgueiro por transformar esse samba fraquíssimo numa obra bem agradável de se ouvir, igual Tijuca 2014
    Grande Rio merecia no mínimo o nono lugar, desfile fraquíssimo, alegorias simples e samba fraco, lutei bravamente mas não aguentei e fui dormir ( faço uma campanha aqui pra grande rio nunca encerrar desfiles para o bem do público ), grande rio aliás que fudeu meu bolão pq se ela fica em nono como eu imaginei eu acertaria todas as posições finais, pois botei Tijuca em terceiro, Portela em quarto e assim vai…
    Acho esse samba da Tijuca um dos piores da história, tentaram fazer uma fusão que piorou ainda mais, o samba menos ruinzinho era do Daniel kattar que acabou ficando fora da junção, mas vendo pelo lado bom parece que a escola se ligou e agora parece voltar ao caminho de sambas bons, em relação a briga pra mim foi o Tinga (que sou fã) com a sua velha mania de querer acelerar o samba mas pfv né vai querer contrariar a melhor bateria da atualidade?
    Portela pra mim sentiu o peso do favoritismo, imprensa e público já praticamente davam o título a ela, até com uma certa razão principalmente depois do ensaio técnico, mas mesmo assim não achei o conjunto alegórico tão bom assim, exceto o inesquecível abre alas.
    Imperatriz fez um belo porém entediante desfile, só amando a Tijuca mesmo que vinha depois pra não me fazer dormir com aquele desfile.
    Mocidade a grande decepção do ano, o abre alas que dizem ter custado milhões, era bem mais ou menos e outro que explodia então como disse Milton Cunha “achei meio chinfrim”
    Paulo Barros emplacou mais uma briga ( Tereza Cristina 2013 e Milton Cunha 2016 ) na quarta feira de cinzas,dessa vez com o horta sobrando pro casal da comissão de frente que segundo ele eram ” incompetentes ” e que “só fizeram sucesso por causa da ideia dele em 2010”
    Maior desfile da história da São Clemente depois do “samba sambou”, a Rosa é foda demais
    Fiquei com pena dos integrantes da ilha quase morrendo com as fantasias rs
    Pena esse ter sido o último desfile do Luizito, pelo menos ele ganhou o estandarte
    Vila ficou com 11° com um ano de atraso
    E a chuva acabou com os 5% de chances da viradouro de subir…

  5. Vou dividir meus comentários em dois.

    Primeiro, o que eu escrevi em meu blog logo após a apuração (algumas coisas, óbvio, já viraram passado):

    ——————————————————————

    Chegou ao fim mais um Carnaval.

    Como fiz em 2014, postarei um top-10 dos desfiles, focando nas três principais cidades do Brasil em termos de samba-enredo. Em todas elas, vitórias de tradicionais.

    1- Esqueçam esse papo de “só ganhou porque falou de ditador”. Analisem o desfile como ele tem que ser julgado, ou seja, nos quesitos. A Beija-Flor era apontada por muitos, junto com Salgueiro e Portela, como as maiores candidatas ao caneco. Levou com merecimento, assim como seria se alguma outra das duas levasse. Essa história de “protegida da Globo, da LIESA, da putaquepariu” já encheu o saco. Excluam-se os comentários dos torcedores modinhas que não sabem nem o que é Concentração e Dispersão. Então chegamos à conclusão de que eles foram, mais uma vez, competentes e organizados. Laíla, em prantos, soltou um “me desculpem pelo desfile do Boni”. Está desculpado. Neguinho da Beija-Flor disse ser a maior vitória da vida, por toda a pressão após o sétimo lugar de 2014. “Mas foi dinheiro sujo de ditador sanguinário”. E o dinheiro do jogo do bicho é o quê? Sem falsos moralismos.

    2- Agora aos poréns. A Beija-Flor merecia perder mais pontos em harmonia e, especialmente, em evolução. Há pelo menos uns cinco anos a escola de Nilópolis não é julgada com rigor no quesito, especialmente quando chega na nota da jurada Salete Lisboa, que só tirou 1 décimo em 2013 porque o buraco de quase 50 metros no primeiro módulo foi muito visível. Este ano, a referida em questão lascou um absurdo 10, mesmo com um rombo de quase 30 metros à frente da última alegoria – porque a bateria se esqueceu de sair do recuo naquele local. Perderia o título? Provavelmente não, já que o Salgueiro foi muito beneficiado ao levar os 40 pontos em samba-enredo. Foi o ápice da mediocridade.

    3- “E a Portela, Rodrigo”? Foi a única julgada com perfeição em quase todos os quesitos. Digo quase porque em Alegorias, a azul e branco de Madureira deveria ter perdido mais alguns pontinhos, em que pese a alegoria mais linda dos últimos anos. Mas o quinto lugar foi muito pouco; é fato. Assim como é fato que a Imperatriz foi “aliviada” em Bateria, pois a Swing da Leopoldina atravessou por pelo menos sete oportunidades em seu desfile, o que quase acabou com o belo samba.

    4- Mocidade e São Clemente foram esculachadas na apuração. Mesmo com a idiotice da verde e branco de Padre Miguel ter colocado o casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira junto com a Comissão de Frente, algumas notas não condizem com o apresentado. Bateria e Evolução tinham que ter cravados os 30 pontos válidos. Já a aurinegra de Botafogo foi muito prejudicada em Harmonia, Fantasias e Alegorias. Ambas tinham que ter voltado nas Campeãs.

    5- Porém, nenhuma bizarrice foi tão absurda quanto a Grande Rio ter ficado com o bronze. Era desfile para brigar contra o descenso. Porém, as notas em Samba-enredo, Bateria e Evolução foram um acinte, um soco no estômago a quem gosta e entende de Carnaval. Terceiro lugar sem merecer, salvo a ótima Comissão de Frente.

    6- Era quase certo que a Viradouro cairia, tanto pelo visual fraco quanto pela chuva forte. Mas abro um parênteses pra falar do samba, que levou os 30 pontos válidos. Pode ser a pá de cal do gênero. Seu lugar em 2016 será ocupado pela Estácio, que levou a Série A. A boa notícia, no entanto, foi o ressurgimento da Império Serrano na briga para voltar à elite. O terceiro lugar empolgou a todos.

  6. Agora sim, ao Carlos e o motivo de eu abominar a escolha da Viradouro (e se os compositores concordaram, pior ainda).

    Na íntegra, o comentário do João Marcos, na seção de comentários dos sambas do Sambario. Eu concordo 100% com ele:

    ——————————————————

    VIRADOURO – Confesso que pela primeira vez darei nota a um samba em protesto.

    As obras originais são clássicos da MPB, de qualidade indiscutível, mas a utilização delas como samba enredo é uma catástrofe para o gênero. Eu repudio de forma veemente a opção da escola, acho um absurdo e fico estupefato da liga e dos herdeiros do compositor não impedirem essa heresia.

    Abriu-se um precedente perigoso que pode ser a “pá de cal” num estilo que já vem afastando os compositores não ligados a escritórios e sem dinheiro para competir em disputas caríssimas. Agora, os “últimos moicanos” também vão ter de competir com monumentos consagrados pelo público e que não foram feitos para os desfiles. É uma covardia, uma apelação e acho bizarro que um presidente que também é compositor possa ter uma ideia como esta.

    Luiz Carlos da Vila, que foi um grande defensor das raízes do samba, que sempre se espelhou em Candeia, que disputou na Vila com sambas clássicos e bem trabalhados, não aceitaria facilmente que mutilassem suas obras e mudassem a dinâmica das mesmas para serem submetidas a um julgamento para o qual elas não foram feitas.

    O que falta agora? Músicas de Roberto Carlos tocadas em ritmo de samba para embalar os desfiles?

    Sem levar em consideração toda a minha revolta com os fatos acima expostos, o samba é muito bonito, apesar de exigir uma bateria mais pesada, com mais graves num andamento mais lento. Na versão do CD, a bateria está leve demais. A aceleração faz também com que o “ÔÔÔÔÔÔ” se atropele e seja difícil de cantar em coro (o que é óbvio, já que a obra não foi feita para os desfiles e andamentos atuais). A dinâmica da faixa não valoriza a composição de forma alguma. Mas, sinceramente, para que ouvir isso num CD de carnaval se você pode ter uma versão com arranjos bem trabalhados e a interpretação singular de Beth Carvalho?

    Enfim, ressalto que a minha nota não é para a qualidade do samba, mas para a opção da escola. NOTA: ZERO.

      1. E eu já me acostumei com o jeito “fatality” dele analisar os sambas. Tanto ele tem crédito que o Bruno Chateaubriand copiou o comentário dele do samba da Vila em 2013.

        Aliás, todo ano ele senta o dedo nos sambas da Mocidade, e já era tempo da ala de compositores da escola ter feito uma auto-crítica, se envergonhado e começar a fazer sambas decentes.

        Eu, particularmente, adoro os textos dele!

  7. A Beija-Flor de fato, pelo que fez na pista, mereceu ser campeã. Porém o comportamento de figuras como o Laíla quando a Deusa da Passarela perde é de uma arrogância intragável. Tem paralelo com 1982/1983: ameaçar não desfilar, trocar jurados e enxurradas de 10 no julgamento pra vitória ser assegurada. Bendito seja o acervo digital d’O Globo que confirmou tudo que havia lido há 15 anos no falecido site “O Beija-Flor”. O que mais pesou para a antipatia geral contra a agremiação nilopolitana foi o polêmico patrocínio, em mais um episódio que evidência a indignação seletiva, calha, míope e até hipócrita de grande parte da sociedade brasileira.
    E mais uma vez a favorita antes do desfile não conseguiu ser campeã, neste caso mesmo com desfile apoteótico. Ou seja, Portela 2015 juntou-se ao ‘clube’ composto por Mocidade 1992, Mangueira 1994,Salgueiro 2003, Viradouro 2007, Vila Isabel 2010 e depois entraria o Salgueiro 2016.

    1. A Beija-Flor não tem coragem de largar o Carnaval porque sabe que vai sumir do mapa.

      E eu não achei o desfile da Portela tão apoteótico assim. Depois dos 50 minutos de desfile eu já percebia que o título não viria.

    2. Eu concordo com o Rodrigo. Quando os problemas se tornaram visíveis, ficou claro que a Portela não seria campeã. Uma pena, pois Louzada novamente fez um grande trabalho.

      Quanto à Beija-Flor, é só deixar ela sair. Pouco tempo depois retornaria com o rabo entre as pernas.

  8. Carnaval bastante confuso, bastante equilibrado, lembrou 2011, em que todas as escolas erraram bastante em pelo menos dois quesitos. Confesso que não consigo cravar uma campeã definitiva, ao deixar o sambódromo, tinham me agradado mais Tijuca e Salgueiro, porém é apenas gosto pessoal, analisando os quesitos, elas não sobraram não…

    Logo, não dá pra dizer que o título da Beija-Flor foi injusto. Em que pese uma implicância minha com a atual estética da escola, o desfile foi sim bonito, e bem menos irregular do que em anos anteriores. O samba era muito bonito, e a escola cantou com a habitual competência. Repetindo o que os amigos já comentaram, só a chuva de notas dez foi exagerada, não admito o enredo levar sequer um dez, e a Comissão de Frente também não me agradou. Em relação ao patrocínio, também acho hipocrisia, já tivemos patrocínio de jogo do bicho (ainda temos), Municípios e Estados com histórias bem esquisitas (só lembrar de Coarí na Grande Rio em 2008 e ver todas as acusações levantadas recentemente contra os mandatários da cidade na época) e multinacionais que de santas não tem nada. Só acho que, por já ser uma escola que desperta bastante antipatia, a Beija-Flor não precisava ter chutado o balde desse jeito, ainda mais depois do Boni e da desnecessária e intimidadora exigência de mudanças nos jurados no grito, algo comum na escola, como bem lembrou o Francisco Ramis… Mandou um belo de um f…-se pra todo mundo…

    Tijuca e Salgueiro foram as que apresentaram o melhor visual, e um canto muito bom, porém ou forçaram demais a barra no enredo (Tijuca), ou o apresentaram de forma confusa e fora de prdem (Salgueiro), além de serem sambas muito fracos, o do Salgueiro então considero horroroso, para terem uma ideia, acho o fraco “Tambor” muito superior ao “Sinhá”… Quatro notas dez para esse samba foi o maior absurdo que já vi em samba-enredo.

    Impressionante a expectativa com a Portela, aliás a presença impressionante e empolgada dos torcedores da águia na segunda, bem como a dos simpatizantes da Mocidade no domingo, me fez perguntar onde esse povo estava se escondendo, nos três anos anteriores não sequer 1/4 disso nas arquibancadas, fiquei impressionado e feliz, mostrava o renascimento dessas agremiações históricas! Quanto ao desfile, realmente foi marcado pela empolgação do público e componentes, porém achei muito irregular. Não gostei da Comissão de Frente, excessivamente lenta, tal qual Mocidade esse ano, e achei as alegorias fracas, a exceção da maravilhosa Água Redentora, o carro do ano sem sombra de dúvidas. Linda!

    Depois dessas quatro, completariam minhas campeãs Mocidade e São Clemente. Gostei sim da Mocidade, claro, não foi o que todos esperavam, mas achei um desfile leve e divertido, onde Paulo Barros acabou sendo até pouco notado. Sim, a integração entre Comissão de Frente e casal de MS e PB foi mais uma vez desnecessária e mal executada (insetos? fogo na Lucinha Nobre?), e o nível de algumas alegorias realmente deixou a desejar (a “chinfrim” então…), mas, em tempos de politicamente correto, gostei da ousadia da escola nas alegorias do povo pelado e dos casais na cama, de falar abertamente do sexo sem receios de ser patrulhada por isso. E para quem fala das influências hollywoodianas do Paulo Barros, só notei referências mais fortes na abertura, com filmes catástrofe e elementos de “O Senhor dos Anéis”, de resto, foi muito menor do que na União da Ilha, por exemplo. Já a São Clemente, fez um belo desfile, mais uma aula da Rosa Magalhães, com um samba que “adotei” na reta final das eliminatórias, emocionante, e o enredo belíssimo, uma homenagem mais do que justa ao grande professor do Carnaval Fernando Pamplona! Problemas claro que existiram, mas não foram suficientes para apagar o brilho da escola amarelo e preta da Zona Sul.

    Grande Rio nas campeãs… Apesar de ter sido um desfile simpático com uma excelente Comissão de Frente, não merecia passar do 8º lugar, atrás da superestimada pela imprensa, apesar de agradável, Imperatriz.

    Péssimo desfile da Mangueira, em que pese a chuva, acredito que ela foi o bode expiatório, pois a concepção de algumas alegorias e alas foi claramente de gosto duvidoso (esconder Alcione, Rosemary e Leci Brandão? Pode isso Arnaldo?). Além do fato da escola, apesar do lindo samba, vir murchinha, murchinha… Merecia o 11º lugar sim. Pelo menos, fiquei muitíssimo feliz com o Estandarte de Ouro, merecido, do Luizito, naquela que seria, infelizmente, sua despedida…

    Rebaixamento justo da Viradouro, com a chuva, ficou muito complicada uma missão que já era bem difícil.

    No Acesso, primeiro equívoco da LIERJ (ou seria LESGA 2?). Apesar do belíssimo samba, não dava para a Estácio. Quando a escola entrou na avenida, forte, com garra, e aquele belo Abre-Alas, pensei “pintou a campeã!”, porém depois, o visual caiu absurdamente, e até mesmo o ânimo dos componentes percebia-se que tinha diminuído… Para mim Unidos de Padre Miguel (linda e empolgada!) e o Império Serrano (aula de samba e de como fazer um bom visual sem grandes recursos!) mereciam disputar o título lado a lado, com, talvez, uma ligeira, bem ligeira mesmo, vantagem para a Unidos de Padre Miguel. Mas o pior estava por vir no reino da LIERJ/LESGA…

    1. Luis Fernando, eu ouvi há pouco tempo do presidente da Unidos de Padre Miguel em pessoa que a escola só aceitava perder pro Império

      1. Pedro Migão, acho que ele está coberto de razão, em 2015 foram as duas escolas que fizeram um desfile digno de ascender ao Grupo Especial. Com todo o respeito que a Estácio merece, teria sido bem mais legal ver no Especial esse ano o glorioso Império Serrano ou a Unidos de Padre Miguel num interessante duelo com a Mocidade.

          1. Pra isso o Império Serrano precisa subir primeiro. Se nada der errado e se fatores externos não intercederem, ano que vem eles conseguem retornar. De acordo com Severo Luzardo, a escola terá seus 70 anos de história como enredo. Tem tudo pra subir.

  9. – 2015, Foi o ano da redenção nilopolitana , enredo polemico a parte , A BF mereceu o título, seu desfile lembrou-me a Imperatriz dos anos 90 , muito técnico e não empolgando o público , talvez cansado pela catarze de euforia da Portela , apesar de uma pontuação pra lá de exagerada foi merecido o título.
    – Gostei demais do Salgueiro da trilogia 2014-2016 foi o melhor desfile deste triênio o meu único senão vai ao samba da escola que deveria ser punido com rigor , mas foi um grande trabalho de Renato Lage
    – Superfaturada a posição da GR , Na Ordem ,Portela,Tijuca,Imperatriz,SC,Ilha,Mocidade e Vila superiores , achei um desfile chato tanto que cochilei em diversos momentos e após o fim deixei me contagiar pelo sono , carros sem muita criatividade , enredo bom mas não bem desenvolvido e samba horroroso , apesar de um trabalho superior porém igualmente mediano , a Grande Rio ficaria esse ano de 2016 fora das campeãs
    – Tijuca ,Achei um grande desfile atrás apenas de Salgueiro e BF e superior a Portela , achei um conjunto visual esplendido e o enredo super bem desenvolvido , apesar de eu não ter gostado do samba inicialmente na avenida com um tom diferente cresceu demais , Mestre Casagrande atualmente é o Messi das baterias do RJ
    – Portela , Se não tivesse ocorridos erros graves brigaria palmo a palmo com o título com a BF , foi a harmonia mais empolgante da década(Melhor do que a de 2016 tbm) o samba foi o que melhor rendeu e na minha humilde opinião foi o melhor do ano e Aquela águia redentora até hoje e possivelmente na minha vida inteira fica nas minhas retinas , Portela continuava no caminho
    – Imperatriz , achei um bom desfile porém inferior a SC e (podem até me tachar de louco o da Ilha) achei que faltou um conjunto visual melhor e a bateria foi fraquíssima tirando um pouco do brilho do sambaço da escola ao meu ver inferior apenas ao da Portela
    – Mocidade , Decepção do ano , prometeu e não entregou , agradou apenas o público do setor da dispersão que inacreditavelmente gritou é campeã , pra mim um trabalho pra lá de confuso do Paulo Barros de quem eu sou fã , o samba e a bateria mataram de vez o desfile além da harmonia da escola achei que SC e Ilha superiores
    – São Clemente , era pra voltar no sábado , ponto ,mas os julgadores julgaram a bandeira da escola , excelente trabalho da Rosa Magalhães , meu único grande senão era ao samba em que apenas na parte final a partir do “Meu mestre…” crescia
    – Ilha , outra decepção , mas achei o nono lugar exageradíssimo , foi um simpático e criativo desfile que ficaria na sétima colocação , o que matou a Ilha foi as fantasias que apesar de impecáveis estavam mega pesadas e o samba que alternava bons e maus momentos por conta da melodia confusa. Não ocorrendo os erros a Ilha poderia voltar no Sábado de novo
    – Mangueira , parecia não ter mais solução foi o primeiro desfile da escola que eu vi que o público reagiu de maneira fria sem o mesmo entusiasmo de sempre quando a Mangueira vai a avenida apesar do ótimo samba e do bom enredo que não resultou num bom desfile ,mas ficou numa posição mais ou menos justa
    – Vila , ótimo recomeço da agremiação , um bom desfile que fez a “A Dignidade voltar para o ninho” o samba rendeu bem e o décimo primeiro lugar foi exagerado
    – Viradouro , justíssima queda , o samba ao meu ver não aconteceu e os erros já citado por conta principalmente da chuva
    Até a próximo coluna com a ”Ressureição Mangueirense”

    1. 2015, Foi o ano da redenção nilopolitana , enredo polemico a parte , A BF mereceu o título, seu desfile lembrou-me a Imperatriz dos anos 90 , muito técnico e não empolgando o público , talvez cansado pela catarze de euforia da Portela , apesar de uma pontuação pra lá de exagerada foi merecido o título.
      – Gostei demais do Salgueiro da trilogia 2014-2016 foi o melhor desfile deste triênio o meu único senão vai ao samba da escola que deveria ser punido com rigor , mas foi um grande trabalho de Renato Lage
      – Superfaturada a posição da GR , Na Ordem ,Portela,Tijuca,Imperatriz,SC,Ilha,Mocidade e Vila superiores , achei um desfile chato tanto que cochilei em diversos momentos e após o fim deixei me contagiar pelo sono , carros sem muita criatividade , enredo bom mas não bem desenvolvido e samba horroroso , apesar de um trabalho superior porém igualmente mediano , a Grande Rio ficaria esse ano de 2016 fora das campeãs
      – Tijuca ,Achei um grande desfile atrás apenas de Salgueiro e BF e superior a Portela , achei um conjunto visual esplendido e o enredo super bem desenvolvido , apesar de eu não ter gostado do samba inicialmente na avenida com um tom diferente cresceu demais , Mestre Casagrande atualmente é o Messi das baterias do RJ
      – Portela , Se não tivesse ocorridos erros graves brigaria palmo a palmo com o título com a BF , foi a harmonia mais empolgante da década(Melhor do que a de 2016 tbm) o samba foi o que melhor rendeu e na minha humilde opinião foi o melhor do ano e Aquela águia redentora até hoje e possivelmente na minha vida inteira fica nas minhas retinas , Portela continuava no caminho
      – Imperatriz , achei um bom desfile porém inferior a SC e (podem até me tachar de louco o da Ilha) achei que faltou um conjunto visual melhor e a bateria foi fraquíssima tirando um pouco do brilho do sambaço da escola ao meu ver inferior apenas ao da Portela
      – Mocidade , Decepção do ano , prometeu e não entregou , agradou apenas o público do setor da dispersão que inacreditavelmente gritou é campeã , pra mim um trabalho pra lá de confuso do Paulo Barros de quem eu sou fã , o samba e a bateria mataram de vez o desfile além da harmonia da escola achei que SC e Ilha superiores
      – São Clemente , era pra voltar no sábado , ponto ,mas os julgadores julgaram a bandeira da escola , excelente trabalho da Rosa Magalhães , meu único grande senão era ao samba em que apenas na parte final a partir do “Meu mestre…” crescia
      – Ilha , outra decepção , mas achei o nono lugar exageradíssimo , foi um simpático e criativo desfile que ficaria na sétima colocação , o que matou a Ilha foi as fantasias que apesar de impecáveis estavam mega pesadas e o samba que alternava bons e maus momentos por conta da melodia confusa. Não ocorrendo os erros a Ilha poderia voltar no Sábado de novo
      – Mangueira , foi o primeiro desfile da escola que eu vi que o público reagiu de maneira fria sem o mesmo entusiasmo de sempre quando a Mangueira vai a avenida apesar do ótimo samba e do bom enredo que não resultou num bom desfile ,mas ficou numa posição mais ou menos justa
      – Vila , ótimo recomeço da agremiação , um bom desfile que fez a “A Dignidade voltar para o ninho” o samba rendeu bem e o décimo primeiro lugar foi exagerado
      – Viradouro , justíssima queda , o samba ao meu ver não aconteceu e os erros já citado por conta principalmente da chuva
      Até a próximo coluna com a ”Ressureição Mangueirense”

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