Na sua volta à Seleção Brasileira, o técnico Dunga fez nesta terça-feira sua primeira convocação. Foi uma lista com apenas dez nomes (seis deles titulares) que estiveram na última Copa do Mundo, o que indica um começo de renovação e merece elogios num primeiro momento.
Dos doze nomes digamos “novos”, alguns foram convocados com muita coerência, como os cruzeirenses Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart, destaques do atual campeão e líder do Brasileirão deste ano, o zagueiro corintiano Gil e os estrangeiros Philippe Coutinho e Filipe Luís, que não foram à Copa mas poderiam ter sido chamados por Luiz Felipe Scolari no último Mundial.
Vimos ainda outras surpresas como o goleiro Rafael Cabral, que não vinha sendo lembrado mas vem tendo bom desempenho no Napoli, e o lateral Alex Sandro, que, confesso, não venho acompanhando tanto. O atacante Diego Tardelli, embora já experiente, também não vinha sendo lembrado e é uma aposta interessante de Dunga.
Mas o que mais chamou a atenção nos 22 nomes do novo velho treinador é a ausência de um camisa 9 de ofício. Depois da participação ruim na Copa, Fred não foi convocado mas nenhum outro “centroavante-centroavante” como diria Vanderlei Luxemburgo foi chamado.
Evidentemente isso indica que Dunga escalará a Seleção com um “falso 9” para jogar ao lado dos intocáveis Neymar e Oscar. Willian, que disputou o último Mundial, também inicia esse novo ciclo com força e realmente pode ser bastante útil à Seleção. Já a convocação do irregular Hulk surpreendeu, embora ele tenha voltado bem no Zenit.
A posição na qual vemos o panorama mais parecido com o que tivemos na Copa do Mundo é a de volante. Fernandinho, Luiz Gustavo e Ramires foram chamados e tiveram o acréscimo de Elias, que, se tivesse permanecido em atividade no primeiro semestre poderia ter ido ao Mundial.
Em relação aos zagueiros, Thiago Silva está machucado e não seria chamado mesmo agora, e David Luiz, apesar do péssimo fim de Copa recebeu um voto de confiança. Além do que já escrevi sobre Gil, gostei das convocações de Miranda e Marquinhos, que também tinham condições de estar no grupo de Scolari.
Por outro lado, os laterais Daniel Alves e Marcelo não foram chamados e resta saber se foi apenas circunstancial ou se Dunga quer mesmo, digamos, repavimentar as avenidas, se é que me entendem… Entendo que Marcelo deve ser mantido num longo prazo, mas Daniel esteve muito abaixo do que se esperava e restam dúvidas acerca do seu desempenho nas próximas temporadas.
No fim das contas, dá para dizer que Dunga fez uma convocação correta para um começo de trabalho. Um trabalho que será complicado já que, depois do desastre visto na Copa-14, o mundo olhará para a Seleção Canarinho com total desconfiança e as Eliminatórias prometem ser as mais complicadas da história para o Brasil.
Um bom pontapé inicial, sim, mas, como já cansamos de debater, o problema do futebol brasileiro é infinitamente mais complexo do que a Seleção Brasileira em si. Espero que Marin e Del Nero percebam isso… Ou melhor, desses aí não espero nada.
David Luiz, que tentou resolver tudo sozinho no fatídico 7 x 1, não deveria ser lembrado, mas tem o “salvo conduto” da imprensa. Agora, outros nomes feito os de Maicon e Ramires não dá, né? Outra: se o objetivo é renovação, por que o Dunga não convocou o Roberto Firmino, que fez um sem-fim de gols pelo Hoffenheim da Alemanha? Medo de ser crucificado por escolher um novo Afonso Alves?