A 16ª coluna da série Sambódromo em Trinta Atos, do jornalista esportivo Fred Sabino, relembra o desfile de 1999, vencido de uma forma bastante polêmica pela Imperatriz Leopoldinense, mesmo com apresentações superiores de Beija-Flor, Viradouro e Mocidade, entre outras.

1999: A campeã que apenas os jurados viram

A fase pré-carnavalesca foi marcada por uma mudança na presidência da Liga Independente das Escolas de Samba, a Liesa, ainda no fim de 1998. Com o falecimento de Djalma Arruda, o cargo ficou com Luiz Pacheco Drummond, o Luizinho, patrono da Imperatriz Leopoldinense.

Depois do título dividido entre Mangueira e Beija-Flor, o critério de julgamento pela enésima vez foi mudado. O número de julgadores por quesito passou de cinco para três, e nenhuma nota seria mais descartada. O objetivo era reduzir o risco de empates.

As duas campeãs, como sempre acontece, viraram o centro das atenções na preparação para 1999. E uma novidade para tentar alavancar as vendas dos CD de sambas-enredo, se ajudou a aumentar ainda mais a popularidade das agremiações naquele período, também rendeu críticas.

Os cantores Alexandre Pires e Belo, que viviam o auge da fama com seus grupos de pagode Só Pra Contrariar e Soweto, foram convidados para cantar ao lado de Jamelão e Neguinho nas faixas de Mangueira e Beija-Flor. Nada contra os cantores, evidentemente competentes, mas nesse caso deveria valer a frase “cada macaco no seu galho”. Na avenida, Belo também cantou com Neguinho, mas na Mangueira Alexandre não foi convidado para subir ao carro de som.

De qualquer forma, as duas escolas tinham os dois melhores sambas do ano (ao lado da Mocidade). A Mangueira teria como enredo “O Século do Samba”, numa homenagem ao gênero musical mais popular do Brasil e aos seus grandes nomes. Já a Beija-Flor faria uma viagem à cidade mineira de Araxá.

Quem também falaria sobre Minas Gerais seria a Portela, enquanto a Imperatriz Leopoldinense voltaria a adotar uma temática histórica, ao lembrar o trabalho de pintores holandeses no Brasil do século XVII. Já a Viradouro prestaria uma homenagem a Anita Garibaldi e a Mocidade, a Villa Lobos, também com um grande samba e a volta de Mestre Jorjão.

Vila Isabel e Salgueiro fariam enredos sobre cidades nordestinas: João Pessoa e Natal. Grande Rio e União da Ilha homenageariam duas personalidades da comunicação brasileira: Assis Chateaubriand e Barbosa Lima Sobrinho. O enredo da Caprichosos seria sobre o cirurgião plástico Ivo Pitanguy e a busca do ser humano pela beleza.

Completavam o Grupo Especial de 1999 a Tradição, com enredo sobre o bairro carioca de Jacarepaguá, e as duas escolas que subiram do Acesso: Império Serrano, que contaria a história dos brasileiros que tentavam ganhar a vida em Nova York, e a São Clemente, com homenagem a Rui Barbosa.

OS DESFILES

A escola da Zona Sul não fez uma boa apresentação ao contar a vida do advogado, jornalista e político. Além de o samba não ser lá essas coisas, o que não proporcionou boa harmonia, houve sérias falhas de evolução.

Sem grandes recursos, a escola não pôde ousar nas alegorias, que também apresentaram problemas de acabamento. De cara, surgiu uma candidata forte ao descenso.

União da Ilha 1999 - comissão de frenteSem o intérprete Rixxa, que foi desligado da escola depois da gravação do CD, a União da Ilha enfrentou outras dificuldades para colocar na avenida o enredo sobre Barbosa Lima Sobrinho. A um mês do desfile, a escola enfrentou um incêndio e depois uma enchente que prejudicaram o barracão, que precisou ser refeito às pressas em regime de mutirão.

Além dessa questão operacional, que já comprometeria o conjunto visual da escola, não gostei da comissão de frente (foto), formada por drag queens “grávidas”. Explicou o carnavalesco Milton Cunha: “É o Brasil moderno, grávido de Justiça. São drags politizadas, que leem jornal, produto do século vivido por Barbosa”.

O samba, defendido pelo compositor Maurício 100 e pelo cantor Roger Linhares, era agradável e empolgou o público, além de ter sido muito bem cantado pelos componentes. O jornalista, mesmo lúcido aos 101 anos de idade, preferiu não participar e viu emocionado o desfile pela TV. Representaram Barbosa numa alegoria uma neta e um bisneto. Pena que a evolução da escola ainda foi prejudicada pelo desmaio de uma baiana, o que abriu um buraco na pista.

Depois do quarto lugar de 1998, havia boas expectativas para o desfile da Portela, que escolheu o enredo “De volta aos caminhos de Minas Gerais”. Mas a Azul e Branco desta vez decepcionou e não fez uma apresentação à altura das suas tradições.

Para começar, o samba, embora tivesse letra e melodia corretas, não estava entre os melhores do ano, o que é sempre surpreendente em se tratando de Portela.

Além disso, na sua volta à escola, o carnavalesco José Félix não conseguiu surpreender nas alegorias, embora algumas tivessem bom efeito, como o abre-alas com a águia e o carro da Maria Fumaça. As fantasias estiveram superiores, gostei muito das que representavam a culinária mineira.

Mas as grandes falhas da Portela ocorreram justamente em dois pontos em que normalmente a escola é forte: harmonia e evolução. Em dois momentos distintos, houve uma ala que praticamente ficou dividida em duas e, em outro, alas se embolaram. Foi um desfile confuso e com cara de meio de tabela.

salgueiro99A quarta escola a desfilar foi o Salgueiro. No esquenta, o intérprete Quinho cantou por sugestão dos filhos o sucesso “Erguei as mãos” do Padre Marcelo Rossi, mesmo com informações de que um pedido de liminar impetrado pela Igreja poderia impedir a iniciativa. De qualquer forma, o esquenta ajudou a levantar o público, que pelo menos no começo do desfile cantou com a escola o samba-enredo.

Com o tema “O Salgueiro é sol e sal nos 400 anos de Natal”, a escola fez uma boa apresentação na homenagem à capital do Rio Grande do Norte. As fantasias eram de ótimo gosto e contavam bem o enredo. Gostei muito da ala de baianas, com roupas brancas simbolizando a espuma do mar de Natal.

O carnavalesco Mauro Quintaes, estreante na escola, também caprichou nas alegorias, a maioria muito criativas. Um princípio de incêndio num dos carros assustou (foto acima), mas não rendeu grandes problemas. Mas o Salgueiro, como de costume, desfilou inchado e o excesso de “componentes” com camisas de diretoria, apoio, etc, atrapalhou a evolução.  No fim, as últimas alas tiveram de correr e o público estava mais frio do que no começo do desfile.

A Unidos de Vila Isabel também fez o que hoje se chama de ‘enredo CEP’ e homenageou João Pessoa. Mas a simpática escola do bairro de Noel não tinha os mesmos recursos do Salgueiro e precisou recorrer a materiais mais baratos nas alegorias e fantasias. Com isso, o conjunto visual foi irregular e teve como destaque o abre-alas, com duas grandes e bem acabadas esculturas de índios.

O samba, embora correto e muito bem cantado pelos componentes, não empolgou a arquibancada. De qualquer forma, foi uma apresentação digna, com destaque para a bateria de Mestre Mug, que imprimiu bom andamento ao samba.

Em seguida, lamentavelmente o Império Serrano decepcionou na volta ao Grupo Especial. No enredo “Uma rua chamada Brasil”, sobre os brasileiros que viviam em Nova York, aspectos como a Rua 46 e o sucesso de Carmen Miranda nos Estados Unidos foram abordados.

Mas a escola não tinha grandes recursos e passou mal, principalmente nos quesitos plásticos, com fantasias nada luxuosas e alegorias que despencavam. Para piorar, houve sérios problemas em harmonia e evolução e o samba não rendeu.

viradouro1999A Unidos do Viradouro de Joãozinho Trinta foi a última agremiação a se exibir no domingo. E foi, sem dúvida, a melhor apresentação da noite. O enredo “Anita Garibaldi, a heroína das sete magias” rendeu polêmica antes do desfile, pois habitantes da cidade natal de Anita (Laguna-SC) protestaram pela forma como o carnavalesco prometia conduzir o enredo, usando a personagem como fio condutor para abordar os aspectos da natureza e lendas da cidade.

Se de fato o foco do enredo acabou um tanto diferente do que poderia, João 30 caprichou no acabamento e visual da escola, principalmente na divisão cromática, adotando, além do vermelho, cores próximas como lilás, roxo e laranja. Nas alegorias, os destaque foram os carros “Em busca do Oriente” e “A magia dos índios Carijós”, de concepção e acabamento belíssimos. João também colocou nas alas diversas alegorias de mão.

As fantasias também estavam muito luxuosas e bem acabadas, sobretudo a da ala das baianas, representando pétalas. Por outro lado, outros figurinos, sobretudo o da porta-bandeira Patrícia, se mostraram um tanto pesados, dificultando a evolução de algumas alas.

Já o samba era vibrante e foi muito bem cantado por Dominguinhos, que reencontrou um velho parceiro dos tempos de Estácio: Mestre Ciça, que assumiu a bateria da Vermelho e Branco de Niterói e de cara imprimiu seu estilo, com um andamento rápido, mas muito firme, e paradinhas criativas e bem executadas. Além disso, os ritmistas em determinados momentos levantaram os surdos e taróis como grupos baianos, tendo à frente a rainha de bateria Luma de Oliveira.

Sem sobressaltos de evolução e com um desfile quente do começo ao fim (embora não tão vibrante como em 1997 e 1998), a Viradouro se credenciou a, na pior das hipóteses, voltar no Desfile das Campeãs.

A Tradição iniciou os desfiles de segunda-feira com “Nos braços da história, Jacarepaguá – Quatro séculos de glórias”. Foi uma apresentação chocha, pois o samba, a despeito de ter sido cantado pelo ótimo Wantuir, não era dos melhores e a escola claramente tinha poucos recursos, com um conjunto visual muito simples.

Para piorar, a presença da modelo Susana Alves, a Tiazinha, como uma das rainhas da bateria, causou alvoroço na pista e uma briga entre seguranças, cinegrafistas e fotógrafos. A evolução, claro, foi comprometida e, pelo conjunto da obra, a escola corria risco de rebaixamento.

Já a Acadêmicos do Grande Rio fez uma exibição de muita qualidade para defender o enredo sobre Assis Chateaubriand. O carnavalesco Max Lopes voltou a mostrar toda a sua categoria na concepção de alegorias e fantasias, mas foi um desfile marcado por dois sustos.

O abre-alas, chamado “Nascimento do Jagunço” desacoplou pouco antes da entrada e as correntes precisaram ser substituídas por cordas de sisal. Na alegoria “A Era Cibernética”, fogos de artifício acabaram resvalando em pedaços de papel na pista e causaram princípio de incêndio numa escultura – o fogo foi logo debelado.

Isso não atrapalhou o conjunto da escola, que passeou pela vida do comunicador, político e embaixador. As tradições e aspectos típicos nordestinos que o homenageado tanto amava não faltaram no desfile. Os destaques foram uma ala muito criativa representando Lampião e Maria Bonita com grandes adereços de mão, e as alegorias “Festa Junina”, que também tinha fogos de artifício, e “Maracatu”.

O desfile ainda lembrou a participação de Chatô na consolidação de meios de comunicação como jornal, rádio e televisão no Brasil, também com alegorias interessantes, e ainda a entrada dele na Associação Brasileira de Letras (a beca dos imortais da ABL era representada nas fantasias da bateria).

O samba, que não era dos mais cotados na fase pré-carnavalesca, rendeu bem no desfile e a bateria de Mestre Odilon voltou a brilhar. A Grande Rio encerrou sua apresentação sob aplausos, mostrando que continuava melhorando a cada ano.

Outra surpresa positiva foi o desfile da Caprichosos de Pilares. Curiosamente nem tanto pelos quesitos plásticos num enredo que falava da preocupação com a beleza, mas pela incrível empolgação de seus componentes e a atuação do saudoso intérprete Jackson Martins, que levantou um samba apenas razoável e embalou o público.

O homenageado Ivo Pitanguy também recebeu a ovação do público, mas a evolução da Caprichosos foi descompassada. Muitos buracos foram abertos e a escola apertou o passo desnecessariamente, tanto que teve de parar por alguns minutos para não encerrar o desfile antes do tempo mínimo exigido. De qualquer forma, foi uma apresentação simpática.

mangueira99

Aguardada com grande expectativa, a campeã Estação Primeira de Mangueira fez um desfile emocionante, mas pecados acabaram comprometendo irremediavelmente a disputa pelo bicampeonato. Por outro lado, a comissão de frente que apresentou o enredo “O Século do Samba” foi simplesmente histórica e inesquecível (acima).

Depois de muito mistério nos meses anteriores ao desfile, o coreógrafo Carlinhos de Jesus revelou na avenida a grande surpresa: os integrantes eram nada mais nada menos do que Cartola, Candeia, Clementina de Jesus, Mestre Fuleiro, Clara Nunes, Noel Rosa, Pixinguinha, Donga, Sinhô, Nelson Cavaquinho, Ismael Silva, Natal, Tia Ciata e Carmen Miranda.

Mangueira - comissão de frente - 1999De que forma? Para começar, Carlinhos encomendou ao artista Vavá Torres a produção de máscaras de látex fieis às feições dos artistas. Depois, treinou com os componentes as coreografias de forma que os personagens tivessem seus maneirismos reproduzidos à perfeição. Por fim, os figurinos típicos dos artistas foram recriados por Luiz de Freitas. O requinte era tão grande, que o integrante fantasiado de Cartola usou emprestados de Dona Zica os óculos originais do grande compositor.

O resultado foi espetacular e quem estava na Sapucaí viu os saudosos sambistas “baixarem” na pista. Uma abertura de desfile emocionante, até porque o samba era dolente e de letra impecável, o que ajudou a contagiar a escola e o público no início. O carro abre-alas também causou grande emoção, pois reunia grandes nomes vivos do samba, como Zé Kéti (que morreria naquele mesmo ano), Dona Ivone Lara, Zeca Pagodinho, Moreira da Silva e Martinho da Vila.

Mas o sacode de 1998 acabou não se repetindo, pois a escola, inchada como de costume, e talvez pela grandeza da apresentação da comissão de frente, evoluiu com lentidão no começo e precisou correr no fim do desfile. Houve grandes buracos, o que certamente causaria perda de pontos.

As alegorias, embora contassem bem o enredo e preservassem as cores da escola, tiveram alguns problemas de acabamento. Já as fantasias, embora leves e mais bem acabadas, eram um tanto mais genéricas. A escola continuou cantando o samba até o fim, embalada pela excelente bateria, mas, pelos problemas apresentados, ficou um gosto de quero mais.

mocidade99Em seguida, a Mocidade Independente de Padre Miguel se recuperou do desempenho abaixo do esperado de 1998, e fez uma apresentação arrebatadora do começo ao fim. O enredo “Villa-Lobos e a apoteose brasileira”, do carnavalesco Renato Lage, contou com brilhantismo a trajetória do homenageado, com alegorias de belíssimo gosto e fantasias excelentes.

Se em anos anteriores, o grande carnavalesco se mostrou o rei do high tech, em 1999 ele concebeu os carros de uma forma clássica como o enredo pedia, com excelentes (e elegantes) efeitos de iluminação e uma divisão cromática perfeita, tanto nas alegorias como nas fantasias, valorizando as cores das belezas naturais tão presentes na vida e obra de Villa Lobos e adotando tons mais classudos em outros quadros do enredo.

mocidade99cLogo de cara, a comissão de frente surpreendeu, com seus integrantes fantasiados com um verde muito forte representando os sapos cururus na beira do rio. Era um prenúncio da adoção de cores bem fortes nos figurinos, sem, entretanto, que o visual ficasse pesado.

mocidade 1999 aMeu carro alegórico preferido do desfile foi o que representava uma orquestra, com o ator Marcos Palmeira fazendo o papel de Villa Lobos (foto abaixo). Havia ainda um trem caipira dando voltas e um painel com o rosto do homenageado. A ala que mais me agradou foi a de bonecões que retratavam o bloco “Sôdade do Cordão”, idealizado pelo compositor para resgatar as tradições dos antigos Carnavais.

O samba-enredo, que rivalizava com os de Beija-Flor e Mangueira como os melhores do ano, teve desempenho fabuloso na avenida, graças à sua rica melodia, letra fiel ao enredo e às excepcionais atuações do intérprete Wander Pires e da bateria, que tinha a volta de Mestre Jorjão. Aliás, a cadência foi simplesmente extraordinária, remetendo aos desfiles dos anos 80, na época em que o andamento de samba era fielmente respeitado.

Mas um pecado acabou prejudicando a escola. Houve dificuldade para a colocação dos destaques nos carros alegóricos e um deles demorou demais a entrar na pista, o que causou um grande buraco na evolução no começo da avenida. Depois, já na dispersão, a alegoria “Regozijo de uma raça” imprensou três componentes – um deles teve fratura exposta no antebraço.

Apesar do contratempo, a Mocidade deixou a avenida ovacionada pelo público, que gritou “é campeã”. De fato, a Verde e Branco fez a melhor apresentação até aquele momento, com tudo o que se exige para um bom desfile: requinte visual, vibração e correção na abordagem do enredo. Mas, com os problemas de evolução, a vitória estava em xeque, até porque restavam os desfiles de duas escolas fortíssimas.

Beija-flor 1999 - comisão de frentePenúltima escola a desfilar, a Beija-Flor de Nilópolis fez uma apresentação melhor do que a que deu o campeonato de 1998 e se credenciou como grande favorita ao título ao cantar Araxá. Isso porque, não apenas esteve visualmente e conceitualmente brilhante, como não cometeu as falhas de suas principais rivais e ainda conquistou o público.

A comissão de frente tinha sete casais que representavam o passeio da corte portuguesa na chegada em 1808. Os figurinos estavam impecáveis (foto ao lado) e as coreografias, baseadas no minueto, eram bastante elegantes, com as mulheres segurando sombrinhas.

As alegorias foram maravilhosas. Um dos destaques foi abre-alas, representando o significado da palavra Araxá (lugar de onde primeiro se avista o sol), que dava nome a uma tribo de índios cataguases que chegou ao local onde é hoje a cidade. O carro era gigantesco e de cores bem fortes, além de ter esqueletos dos animais que habitavam a região.

Gostei muito também do carro “Aguas Milagrosas” que simbolizava uma cachoeira, com uma queda d’água, e tinha ótimo acabamento, com representação fiel de rochas, plantas e flores, além de belíssimas mulheres. A alegoria “Colonizadores”, com carruagens e construções históricas, também era lindíssima.

Beija-flor 1999 - baianasAs fantasias, classudas quando o enredo falava sobre o século XVIII e multicoloridas quando se referiam à natureza de Araxá, também eram perfeitamente adequadas ao enredo, com uma excelente divisão cromática.

O samba, que já era considerado um dos melhores do ano (ganhou o Estandarte de Ouro), rendeu de forma impressionante, com um inspirado Neguinho com seus filhos Ângela e J.R. e Belo o auxiliando. A bateria comandada por Mestre Paulinho também esteve muito firme e tudo isso levantou os componentes.

A comissão de Carnaval liderada pelo experiente Laíla aderiu à tecnologia e os diretores de harmonia tinham rádios para se comunicarem ao longo da pista. Como resultado, a evolução da escola foi coesa e sem descompassos. Com justiça, a  Beija-Flor foi recebida na Apoteose com gritos de “bicampeã”.

imperatriz99A Imperatriz Leopoldinense encerrou o desfile com um enredo interessante, mas de nome complicado: “Brasil mostra a sua cara em… Theatrum Rerum Naturalium Brasiliae”. O tema remetia ao século XVII, quando pintores holandeses fizeram uma missão ao Brasil durante o governo de Maurício de Nassau em Pernambuco para retratar a natureza do país.

imperatriz99bEm termos de concepção e divisão cromática, a carnavalesca Rosa Magalhães voltou a mostrar a capacidade de sempre, com uma bela reprodução dos quadros pintados e das riquezas retratadas pelos pintores. Mas desta vez houve problemas de acabamento em alegorias. Por exemplo, no carro abre-alas, que representava o barroco da época, havia partes de madeira expostas. Em outros carros, alguns materiais se soltaram.

Por outro lado, a comissão de frente liderada por Fábio de Mello (foto), mais uma vez esteve perfeita, representando a nobreza holandesa. Além de estarem impecavelmente trajados, os componentes fizeram lindas coreografias, uma delas formando o mapa do Brasil. No trecho do samba que falava “Brasil, mostra tua cara”, os integrantes lançavam tecidos em tons de verde e amarelo, o que também rendeu ótimo efeito.

Já as fantasias, embora estivessem muito luxuosas e contassem bem o enredo, eram grandes e pesadas. Foi possível ver diversos componentes evoluindo com dificuldade, pois tinham de segurar chapéus e esplendores. A ala de baianas, por sinal, estava lindíssima, representando borboletas, mas as senhoras fizeram evoluções mais tímidas com receio de alguma parte da fantasia cair – o que ocorreria do meio para o final do desfile com as costas da roupa.

Falando em baianas, numa das diversas falhas da direção de harmonia da escola, a ala ficou muito separada do sempre impecável casal de mestre-sala e porta-bandeira formado por Chiquinho e Maria Helena. Quando a bateria entrou no recuo (de lado, algo inusitado), outro buraco se formou. E, com a evolução apressada da escola durante todo o desfile, as últimas alas foram obrigadas a parar para que a Imperatriz não passasse abaixo do tempo mínimo.

Outros dois problemas foram em samba-enredo e em bateria. Mesmo com Preto Jóia e Rixxa fazendo ótima condução, o samba não pegou e a parte do público deixou o sambódromo ainda no meio do desfile. Para piorar, a bateria (que tinha à frente a grávida Luiza Brunet) surpreendentemente não esteve no seu melhor dia, pois, além de ter imposto um andamento muito rápido, se embolou em algumas paradinhas e em pelo menos uma vez atravessou a ponto de os puxadores hesitarem – foi possível ouvir Rixxa recuperando a harmonia.

Falando em harmonia, talvez pelo excesso de peso das fantasias e pelo samba pouco vibrante, os componentes não cantaram como se deve e, principalmente, do meio para o fim do desfile, alguns evoluíram sem muito ânimo. Por essas e outras, a Imperatriz fechou seu menos brilhante desfile em anos sem passar a impressão de que brigaria pelo campeonato, já que foi uma apresentação muito irregular e os pontos altos (que existiram) ficaram em segundo plano devido às surpreendentes falhas.

REPERCUSSÃO E APURAÇÃO

Após os desfiles, o favoritismo do público e da crítica ficou dividido entre três escolas: Beija-Flor, Viradouro e Mocidade. Pro meu gosto, a Mocidade fez o desfile mais agradável do ano mas a vitória sem dúvida seria difícil devido aos problemas já citados. Diante disso, analisando também os quesitos, a Beija-Flor deveria ter conquistado com tranquilidade o título de 1999. Mas na apuração a história foi outra.

No primeiro quesito (Mestre-Sala e Porta-Bandeira), a Mocidade já perdeu 0,5 ponto em relação às adversárias. Já o quesito Fantasia pode ser considerado estranho: a Viradouro perdeu meio ponto porque, segundo o jurado, os figurinos dificultavam a dança dos componentes, o que de fato aconteceu, mas a Imperatriz, cujos componentes claramente tiveram fantasias ainda mais pesadas e evoluíram sem a mesma fluidez, levou três notas dez – e ainda houve o caso das roupas das baianas se desmanchando.

Em Alegorias e Adereços, apenas as três favoritas mais a Grande Rio levaram três notas dez. Mas surpreendeu que a Imperatriz, depois dos visíveis problemas que teve, foi punida por apenas um jurado em meio ponto.

Em Evolução, a Mocidade, que ainda não estava tão descolada das três primeiras apesar de já ter perdido pontos, acabou levando um 7,5 que acabaria irremediavelmente com as poucas esperanças de título. No quesito Harmonia, mais três dez para a Imperatriz, cujos componentes passaram de forma mais tímida ao cantarem o samba, enquanto Viradouro e Beija-Flor foram canetadas. Também em Samba-Enredo, a Imperatriz, mesmo tendo uma obra inferior à de várias adversárias, levou mais três notas dez.

O último quesito foi Bateria, e, mesmo com Beija-Flor e Viradouro tendo levado notas máximas, a vitória da Imperatriz foi consolidada porque a escola levou três dez, mesmo tendo atravessado. A Verde e Branco de Ramos somou 269,5 pontos, 0,5 ponto à frente da vice Beija-Flor, que foi seguida por Viradouro (267,5) e Mocidade (266,5).  O Salgueiro ficou em quinto e a Grande Rio superou a Mangueira para ficar em sexto, seu melhor resultado até então. Foram rebaixadas as duas escolas que haviam subido: Império Serrano e São Clemente.

O resultado gerou bastante polêmica e foi o título mais injusto de uma escola desde que a Mangueira foi campeã em 1987 mesmo sem ter feito um desfile para ficar sequer entre as cinco primeiras. A Imperatriz, a despeito de alguns bons momentos, cometeu vários erros que não eram normais e teve uma apresentação aquém na comparação com várias outras escolas, e nem mesmo empolgou o público.

RESULTADO FINAL

POS. ESCOLA PONTOS
Imperatriz Leopoldinense 269,5
Beija-Flor de Nilópolis 269
Unidos do Viradouro 267,5
Mocidade Independente de Padre Miguel 266,5
Acadêmicos do Salgueiro 265
Acadêmicos do Grande Rio 265
Estação Primeira de Mangueira 264
Portela 256
Caprichosos de Pilares 253,5
10º União da Ilha do Governador 253
11º Unidos de Vila Isabel 251,5
12º Tradição 250
13º Império Serrano 248,5 (rebaixada)
14º São Clemente 233,5 (rebaixada)

tijuca99Já o Grupo de Acesso foi marcado por um extraordinário desfile da campeoníssima Unidos da Tijuca, um ano após o injusto rebaixamento do Grupo Especial. Com o enredo “O Dono da Terra”, a agremiação do Borel levou para a Sapucaí os índios e suas tradições, além da relação deles com a natureza desde antes do Descobrimento.

O carnavalesco Oswaldo Jardim fez um brilhante trabalho na concepção de alegorias e fantasias, melhores do que muitas escolas do Grupo Especial daquele ano. A comissão de frente com curumins e suas danças, é inesquecível.

Inesquecível também é o samba de Vicente das Neves, Carlinhos Melodia, Haroldo Pereira, Rono Maia e Alexandre, defendido por David do Pandeiro. Foi o melhor samba-enredo daquele Carnaval em todas as divisões, e um dos melhores da década no Rio de Janeiro.

A superioridade da Tijuca foi tão grande, que a escola atingiu 180 pontos contra 172 da vice-campeã Unidos do Porto da Pedra. Unidos da Ponte e Unidos de Villa Rica desceram para o Acesso B, enquanto subiram a Acadêmicos da Rocinha, a Inocentes de Belford Roxo (que depois mudaria o nome para Inocentes da Baixada em 2002 e mais tarde voltaria ao nome original) e a Paraíso do Tuiuti.

O Desfile das Campeãs foi marcado por protestos dos componentes e torcedores das escolas derrotadas, principalmente da Beija-Flor. Simpatizantes da escola não pouparam o jurado de Evolução que tirou o 0,5 fatal para a Azul e Branco: “De quanto foi o cachê, sr. Carlos Pousa?” eram os dizeres de uma faixa. O mesmo julgador foi o que deu o 7,5 para a Mocidade e o carnavalesco Renato Lage também chiou: “Foi uma nota muito rigorosa”.

A Mocidade foi a escola mais aplaudida da noite, enquanto a Imperatriz foi muito hostilizada antes mesmo do desfile. Na concentração, ouviram-se gritos de “É marmelada” e, para piorar, o sistema de som parou de funcionar durante a passagem da escola, o que fez o público que restava irromper em vaias. O patrono da Imperatriz e presidente da Liesa, Luizinho Drummond, não ligou: “Não é o povo que julga e, sim, os jurados”.

Pois é, com todo o respeito à agremiação e seus torcedores, pelo menos em 1999 só os jurados viram a Imperatriz como a melhor escola do ano.

CURIOSIDADES

– A TV Bandeirantes transmitiu os desfiles do Grupo Especial pela primeira vez desde 1985, com narração de Luciano do Valle e Astrid Fontenelle. A vinheta de Carnaval da emissora tinha como estrela Susana Alves, a Tiazinha, que vivia o auge da popularidade pela sensual personagem que vestia cinta-liga e usava chicote no Programa H, apresentado por Luciano Huck. Quem fez as entrevistas nos camarotes foi Silvia Poppovic.

– Na Globo, Renata Capucci dividiu a narração com Fernando Vanucci. Aliás, seria o último desfile narrado por ele na emissora, pois meses depois o profissional seria demitido após o famoso episódio do biscoito.

– Anos depois, Wander Pires declarou que o desfile da Mocidade em 1999 foi o mais marcante da sua carreira. De fato, além de o desfile ter sido muito bom, pela sua atuação Wander merecia mais um Estandarte de Ouro. Quem levou o prêmio foi Nêgo, que, de fato, também teve ótima condução no samba da Grande Rio.

– O intérprete Gera, que estava na Vila Isabel desde 1984, fez seu último desfile pela agremiação – no ano seguinte ele seria contratado pela Portela. Já Preto Joia, que era o cantor principal da Imperatriz desde 1991, também se despediu da escola – ele voltaria nos desfiles de 2007 e 2008.

– A Mangueira não conseguiu sequer chegar ao Desfile das Campeãs, mas a histórica comissão de frente voltou a marcar presença no sábado e fez uma exibição na área de concentração, novamente arrancando aplausos do público.

– A produção do CD de sambas enredo aboliu a chamada “gravação ao vivo”, que de fato era mais dispendiosa por ser realizada no Teatro de Lona da Barra da Tijuca, e preparou as 14 faixas em estúdio. Para o meu gosto foi um retrocesso, pois tirou um pouco do clima quente das gravações.

– Depois do imbróglio (não gosto dessa palavra, mas vida que segue) do Salgueiro com a Gravasamba em 1998, a Academia do Samba voltou a participar das gravações com a BMG.

CANTINHO DO EDITOR – por Pedro Migão

Sobre o desfile da Portela, pouco a acrescentar ao texto. A Direção de Harmonia teve uma atuação bastante aquém do que seria ideal.

Alexandre Pires deu declarações bastante desagradáveis quando da gravação do CD, na linha: “eu sou o verdadeiro samba e vim aqui emprestar um pouco do meu prestígio para levantar o moral de vocês.” Declarou também que não conhecia Jamelão, com quem dividiu a faixa…

Segundo o livro recém lançado sobre a história da escola, Renato Lage não gosta de fazer enredos homenageando pessoas, mas foi convencido pela esposa e parceira Márcia Lage, fã incondicional de Villa Lobos.

Este foi o último ano no qual as campeãs do Grupo de Acesso A participaram do Desfile das Campeãs. Um dos autores de “O Dono da Terra” entrou na Justiça requerendo os direitos de arena da execução do samba, e, como resposta, a Liesa cortou estas escolas a partir de 2000. Houve tentativas por parte da Riotur de retornar ao menos com a campeã em 2004 e 2012, mas sem sucesso.

Aliás, a apresentação da Tijuca teria facilmente chegado ao Desfile das Campeãs caso a escola tivesse desfilado no Especial. O mesmo ocorreria em 2003 com Paraíso do Tuiuti e União da Ilha, e incrivelmente nenhuma das duas subiu naquela oportunidade – mas esta é outra história…

O samba da Mangueira é na verdade de autoria de um outro famoso compositor, ligado a outra escola de samba – e que, obviamente, não assinou na Verde e Rosa. Era o início da história dos “escritórios” de samba enredo.

Vale destacar a antológica apresentação de Jackson Martins pela Caprichosos de Pilares. A escola também trazia um carro alegórico retratando vítimas de queimaduras, de gosto um tanto quanto duvidoso.

Curiosamente o Império Serrano não abriu o desfile de segunda feira, embora tivesse sido o campeão do Grupo de Acesso do ano anterior. Tal posição foi ocupada pela Tradição, que faria um de seus muitos desfiles merecedores de rebaixamento até finalmente encontrar o descenso em 2005.

O meio ponto perdido em Alegorias pela Imperatriz seria a única nota diferente de 10 que a escola teria tanto em seu tricampeonato como na passagem de Luizinho Drummond pela Presidência da Liesa. Pelo menos aos olhos dos jurados, o estado da arte em desfile. Vale lembrar que a quadra da escola estava fechada na apuração de 1999.

Como já escrevi em uma “Nota do Editor” à coluna do compositor Aloisio Villar, o samba da União da Ilha tem versos no mínimo inusitados tendo em vista a idade provecta do homenageado: “Mente Sã, Corpo são, entregou a paixão/Ao amor de uma mulher/Deixa, Deixa eu te amar/Me assanha com seus beijos/Me faz sonhar”.

Links

O desfile que deu o título à Imperatriz Leopoldinense

https://www.youtube.com/watch?v=51gUBwN6ykg

A ótima apresentação da Beija-Flor em 1999

A melhor exibição do ano, da Mocidade

A Mangueira e sua inesquecível comissão de frente

O excepcional desfile da Unidos da Tijuca no Acesso

http://www.youtube.com/watch?v=g9B76CFLnXs

Fotos: O Globo, Jornal do Brasil, Extra e reprodução de TV

41 Replies to “Sambódromo em 30 Atos – “1999: A campeã que apenas os jurados viram””

  1. Para mim, nenhum dos três titulos (99,00,01) da GRES IMPERATRIZ foi merecido… Mas parabéns a escola e sua comunidade que foram tri campeões….

    1. Douglas, mesmo sem ser brilhante, 2000 achei justo, mais porque outras escolas erraram e/ou decepcionaram.

  2. Beija-Flor merecia mesmo o bicampeonato devido ao erro da Mocidade. Não gosto muito deste carnaval, achei fraquíssimo… como foi citado no texto, apenas 3 escolas fizeram bons desfiles (Beija-Flor, Mocidade e Viradouro)… algumas outras com pontos interessantes, mas a maioria fez desfiles chatos e abaixo da média. Mesmo escolas que sempre são favoritas e esperadas pela massa, como Portela, Salgueiro, Mangueira e Imperatriz, fizeram desfiles abaixo do esperado. O domingo foi triste (o que se repetiria no ano 2000). E para terminar ganha a Imperatriz… enfim, plagiando Teresa Cristina, um ano para se esquecer rsrs…

  3. E mesmo 15 anos depois destes julgamentos crassos, o sr. Carlos Pousa continua sendo jurado do carnaval carioca – e um dos piores do quadro, diga-se de passagem. De fato, o cachê foi grande…

  4. Fred, vou dizer uma coisa: Como torcedora da Beija Flor nunca me senti tão roubada como em 1999 e 2001, quando fizemos um desfile simplesmente perfeito contando a vida de Agotime. Eram 2 desfiles que valeriam o título. Um absurdo os resultados. A Imperatriz só venceu aqueles 3 anos seguidos porque o Luizinho tava na presidência da LIESA. Tanto que depois que ele saiu nunca mais a escola de Ramos viu o 1º lugar. E depois disso nós vencemos nada menos que 6 vezes. Para mim o desfile de 99 ao lado do s de 89, 2001, 2004 e 2007 foram inesquecíveis !!

        1. Não vou tão longe como o Pedro, mas sem dúvida o desfile de 2001 da Beija-Flor foi muito superior ao de 2002, sobretudo em alegorias. Aliás, pra mim Agotime foi o mais injustiçado desfile da escola nessa fase de vices, em 2001 a Beija-Flor era para ter ganho tranquilamente. O curioso é que pra mim a Beija-Flor desfilou melhor em 1999 e 2001 do que quando foi tricampeã no começo da década. Mas isso é papo pra outras colunas.

          1. 2002: Mangueira campeã
            Depois Mocidade, Imperatriz e Portela emboladas
            Depois, fechando campeãs, Grande Rio e Império.
            Aí sim Beija Flor e Salgueiro

  5. Se fosse nos anos 80, a Mocidade ganharia o título mesmo com o buraco. Como diria a Alcione, em uma canção homenageando a Mocidade, “foi campeã moral de muito Carnaval…”.

    E, realmente, vejam como são as coisas: a Imperatriz fez três PÉSSIMOS desfiles (2001 foi o mais vergonhoso, com um samba de grupo C de São Paulo) e ganhou por causa do Luizinho. Os torcedores da BF se revoltavam. Agora, é o inverso: a BF faz desfiles bem duvidosos, com sambas HORRÍVEIS (exceção de 2004, 2005, 2011 e 2012), se aproveita da situação política (e da influência do Anisio) e os gresilenses (que mereciam o pódio em 2004 e 2005) é que chiam.

    Pau que bate em Chico bate em Francisco. Vale para ambas!!

    Mocidade Independente, a campeã do povo em 1999!!

    1. Pode até ser, Rodrigo. Mesmo com aquele buraco, achei o 7,5 exagerado. Mesmo com o problema que houve, a escola deveria ter sido vice. Bater a Beija-Flor acho difícil, mas, como você falou, nos anos 80 as coisas eram menos rigorosas. Mas é o bom e velho “se” de novo… Abraços e valeu pela leitura.

  6. A Imperatriz não mereceu nenhum dos três títulos (99 a 2001), mas o de 1999 foi o pior! Mocidade é a grande campeã de 1999 ao meu ver, posso até comparar com Tupinicópolis de 1987, quando também acho ela a campeã, ao invés da Mangueira. Lembro em 1999 da empolgação da Caprichosos, o público berrando o refrão “Amor me leva, me leva que eu vou caprichar…”, de arrepiar! A Grande Rio também fez um desfile magnífico, alegorias lindas… e foi uma das poucas a arrancar gritos de “é campeã” na dispersão. O desfile de domingo foi morno, com exceção da Viradouro. A Império foi decepcionante, o público dormiu. Meu Salgueiro só empolgou no início – coisa que acontecia com frequência depois do Ita: sambas de empolgação que só levantavam o setor 1. As cinco primeiras deveriam ter sido, pela ordem: Mocidade, Beija Flor, Viradouro, Grande Rio e Mangueira. A Imperatriz pelo menos em sexto… a Tradição deveria ter sido rebaixada esse ano, ou em 2003, que foi uma das maiores vergonhas…

    1. Antecipando um pouco o texto de 2003, Thiago, a Tradição não ter caído foi uma das coisas mais inacreditáveis que vi na história do Carnaval. Até trio elétrico no lugar de alegoria teve. Além disso, o samba foi pavoroso. Migão até hoje canta, né, Pedro?

      1. Além do trio elétrico onde colocaram um lençol transparente à guisa de “carro alegórico”, alas e alas e alas de short e camiseta. Fora 2000 ou 2002 – não me lembro direito – onde a escola ficou 20 minutos parada no meio do desfile e não caiu.

        Inacreditável

        1. Foi em 2002, com aquele pífio “olêlêlê… tem areia no ganzá… olêlêlê… tem magia esse lugar”.

          Pobre do Celino Dias, que é um baita intérprete e só cantava essas porcarias. Só mesmo o desfile de 2001, do Silvio Santos, é que salvou!!

          1. O do Silvio Santos, a meu ver, foi apenas a presença do homenageado no abre-alas, pois depois da sua passagem, deu uma boa esfriada… mistérios do carnaval a Tradição ter se mantido no especial tanto tempo… A Santa Cruz em 2003 foi infinitamente superior. Até a Vila em 2000, quem deveria ter descido era a Tradição…

        2. Tinham alas representando os times que o Ronaldo jogou que eram simplesmente uma blusa branca com o nome do time, short e tênis… pavoroso!! O campeonato dela no acesso em 1997 já foi meio estranho, e no período entre 1998 e 2005, só se salvou 2004, mais pelo samba do que pelo desfile em si. 2000 que ela ficou parada e teve que correr no final, olha que era 1:25 o tempo regulamentar…

          1. Não concordo em relação à Tradição no ano 2000 plasticamente veio melhor que Portela, Caprichosos, Vila e Porto da Pedra. A Tradição não caiu em 99 porque o Império Serrano foi muito pior mesmo e a escola se garantia em quesitos como casam de MSPB que foi nota 30 e bateria.

  7. – Se o Carlos Pousa tivesse dado nota máxima para a Mocidade a mesma empataria em pontos com a Beija-Flor e no desempate ficaria com o 3º lugar. Ou seja, apesar do choque a nota do julgador por si não faria tanta diferença. O absurdo neste caso foi a cachoeira de DEZ para o desfile da Imperatriz;

    – Mesmo com a ajuda dos bastidores, achei o desfile de 2000 o único merecido para a escola de Ramos;

    – Qual dos autores de “O Dono da Terra” que entrou na justiça na época?

    1. Exato, Carlos. Quando disse que a escola deveria ter sido vice, não pensei aritimeticamente, mas pelo conjunto da obra. Quanto a 2000, concordo. Abraços

    2. A questão, Carlos, é que um problema como o que a Mocidade teve acaba afetando vários outros quesitos.

      Foi a mesma coisa com a Gaviões em 2004, cujo problema no carro afetou outros três quesitos e a escola foi rebaixada.

  8. A meu ver o único título ( merecido ) da agremiação de Ramos desde que vejo desfiles – e isso começou em 1985 – quando eu tinha só 6 anos de idade foi o de 1989. Apesar do desfile arrebatador da Beija e seus mendigos. Fora isso a Imperatriz se notabilizou pelos desfiles secos, apáticos, sem apelo algum em que somente jurados veem graça. Graças a Deus desde 2001 essa escola nunca mais venceu. Seus títulos de 1995, 1999, 2000 e principalmente de 2001 foram um desserviço ao carnaval carioca. A maioria que entende de samba e desfiles saca isso de cara. Lembro bem das imagens do desfile das campeãs em 2001 quando o setor 1 e gente de outros setores jogaram lixo em cima da Imperatriz demonstrando toda a revolta com o resultado. A Beija na ocasião teve da Sapucaí tratamento de campeã com A Saga de Agotime. Desfile mais injustiçado da década.

    1. Não acho que jogar lixo na escola seja correto – pelo contrário, os integrantes não tem nada a ver com isso; era mais fácil ter esvaziado a Sapucaí.

      A questão é que ela se notabilizou em fazer carnaval somente para jurado, sem se importar em ser “fria” ou “sem emoção”. A mesma coisa da Grande Rio e da Mocidade Alegre, em São Paulo.

      Talvez por isso, com a grandiosidade dos desfiles de Beija-Flor (apesar dos sambas horríveis) e do Salgueiro (ainda insistem no efeito Ita) e da genialidade de Paulo Barros, os desfiles “indiferentes” não vencem na Sapucaí desde 2008!

      Um alento para o Carnaval!!

      1. Mas aí é que está: o texto mostra que em 99 nem desfile para jurados foi, dados os inúmeros problemas. Fica difícil dissociar o resultado deste ano ao fato do presidente da escola estar naquele momento acumulando a Presidência da Liesa

    2. Torcedor da Bf tem moral pra contestar alguma coisa?! Rapaz, só rindo. As vaias e a colocação desse ano foram pra lavar a alma

  9. O ano de 99 foi sem dúvida nenhuma de bons sambas. Lembram que tinha propaganda da venda do cd na tv aberta?

    São Clemente e Império mereceram cair. Foi sem dúvidas as piores apresentações, abaixo da Tradição que teve boas notas em MSPB, comissão de Frente e bateria.

    A Ilha veio digna mesmo depois do incêndio. Acho muito bonita aquela abertura, o carro do signo de aquário.

    Grande Rio e Caprichosos surpreenderam e melhoraram de colocações em relação ao ano anterior. Vila Isabel desfilou sem correr risco de rebaixamento.

    A Portela com sua trilogia de 8º lugar (depois veio em 2002,2003,2007) ficou quase 10 pontos abaixo da Mangueira, que foi 7º.

    A Mangueira saberia que não levaria o título com problemas na fantasia do casal. Levou dois 9,5 e um 9.

  10. Isso que eu chamo de pagar a lingua. Hoje a BF é mais odiada e antipatizada do que todas as outras já foram

Comments are closed.