Nesta quarta o advogado Rafael Rafic nos traz mais uma parcial da disputa de samba portelense para 2014. Os vídeos com as apresentações podem ser vistos aqui.

Disputa da Portela – Semana 4

Nesta quarta semana de disputa para definir o samba-enredo de 2014 da Portela, ocorreu a junção das duas chaves. É a partir deste momento que as definições ficam mais claras, assim como o nível de exigência aumenta.

Como sempre, começamos a noite com a apresentação do casal de mestre-sala e porta-bandeira ao som da mesma trinca de músicas: Hino da Portela (duas passadas) e os sambas de 2013 e 2012 (quatro passadas cada). Logo após começaram os sambas concorrentes, que não tiveram uma noite propriamente feliz, com direito a uma passada sem bateria e três com.

A disputa já começou quente com Máximo e Toninho já sendo os primeiros a se apresentarem. Mais uma vez com forte apoio da Guerreiros da Águia, o samba passou forte e pela quarta vez em quatro semanas foi a melhor apresentação da semana. Ainda sim, tal qual na semana passada, ainda não pode ser considerado um “sacode”.

É perceptível o aumento gradual dos apoios espontâneos que este samba recebe na quadra, especialmente de grupos representativos da Portela. Parece-me que a Portela terá sua escolha de samba mais tranquila dos últimos anos.

A segunda parceria a se apresentar foi a de Madalena. Trouxe grande torcida, mas não há torcida que camufle um samba ruim. Não foi diferente aqui com este samba que só chegou até aqui graças ao vácuo da disparidade existente entre as chaves.

Logo depois passou a parceria de Fernando Bom Cabelo e Karlinhos Madureira. A parceria possui um samba interessante, mas que ninguém canta, muito por conta da extrema preocupação da torcida com a ocupação do espaço. Apresentação mediana.

Jorge do Batuke e Cia foram os próximos a se apresentarem. Não é um samba ruim, mas longe de ser bom. A apresentação foi no mesmo nível do samba, fazendo o suficiente para escapar do corte. Admito que este samba está melhorando aos poucos na quadra e, apesar de contar com a “ajuda” de ter ficado na chave branca, não chegou até aqui sem merecimento. Mas não deverá demorar a cair.

A quinta parceria a foi a de Celso Lopes, que não pode contar com Wander Pires no palco em virtude da final na Caprichosos de Pilares. Com o apoio de integrantes da Amigos da Águia, dá para dizer que ela se recuperou das duas péssimas apresentações anteriores. Após uma primeira passada forte, o samba caiu um pouco com a entrada da bateria e caiu ainda mais nas duas passadas finais.

Ao final as reclamações no ‘boca-a-boca’ da quadra de que o samba era cansativo não foram poucas. Também me chamou atenção a torcida diminuta que o samba levou nessa semana, bem inferior às apresentações anteriores quando o normal seria exatamente o contrário; não sei se a culpa também foi da final na Caprichosos.

O samba seguinte, de Celsinho de Andrade e Cia, destoava demais da qualidade dos outros concorrentes da noite, em uma apresentação arrastada. O sétimo samba, da parceria de Gerson PM e Glorioso mais uma vez não contou com Nino no palco e não fez boa passagem, mas parecia ser suficiente para sobreviver ao corte graças à junção.

Na sequência, Davi Correa e Cia entrou com torcida numerosa, totalmente uniformizada e bastante paramentada com estandartes coloridos.

O samba, que vem sendo o único possível contraponto a Máximo e Toninho, não teve sua melhor apresentação nesta disputa, perdendo terreno em relação à semana passada. Os refrões explodiam, mas as estrofes de meio morriam, criando uma apresentação altamente irregular.

Ainda sim, devido à qualidade da melodia e a noite sem grandes destaques, foi a segunda melhor apresentação da semana mais uma vez.

Com a quadra já bastante vazia, a parceira de Waldir 59 fez uma apresentação interessante, para mim a terceira melhor da noite, apesar do palco sempre deficiente. Não consigo precisar porquê, mas ao ouvir este samba fico com a impressão que ele tem uma certa cara de Portela e soa bem aos meus ouvidos apesar do massacre recebido no microfone. Após duas passagens complicadas, o samba melhorou um pouco nas duas últimas e ele aos poucos começa a ganhar terreno para conquistar a terceira vaga na final.

Finalizando a noite, a parceria de Noca da Portela e Alexandre Fernandes fez mais do mesmo que vem fazendo desde o início da disputa: desperdiçar Gilsinho. O samba não empolga, ninguém reage e a torcida só levanta bracinho e mexe os balões de encher. Uma apresentação correta do palco com recepção gélida da quadra e nada mais.

Ao final, os dois sambas cortados foram as parcerias de Madalena e de Celsinho de Andrade. Eram os cortes óbvios, seja pela qualidade dos sambas (bastante inferiores ao conjunto restante), seja pela qualidade das passagens na quadra, tanto é que cantei a pedra no Twitter antes de começarem as apresentações.

Fatos rápidos:

– Semana que vêm já entraremos nas oitavas de final. Como sempre, será na próxima sexta-feira, dia 27/09, as 23h no Portelão

– Playlist do palco oficial no encerramento da noite: Contos de Areia (Portela 84), Das Maravilhas do Mar Fez-se o Esplendor de uma Noite (Portela 1981), Portela na Avenida, Gosto que me Enrosco (Portela 1995, surpreendentemente não na voz de Rixxa, mas na de Klebinho), Tributo a Vaidade (Portela 1991), Ilu Ayê (Portela 1972), Foi um Rio que Passou em minha Vida e O Povo na Rua Cantando… É Feito uma Reza, um Ritual (Portela 2012).

[N.do.E.: estive na apresentação de protótipos de fantasias na última segunda feira. Teremos fantasias predominantemente azuis e brancas e luxuosas – do jeito que o portelense gosta. Quanto ao barracão, já há trabalho de madeiramento em dois carros e de ferragem em outros. Além disso, a preparação das esculturas está adiantada.]

(Foto: Blog Compositores da Portela)

3 Replies to “Made in USA: “Disputa da Portela, Semana 4””

  1. Rafael, você tem razão quando diz que o samba do Valdir 59 irá à final. Ele soa bem aos seus ouvidos pq é muito superior aos outros em termos de letra e melodia. Mas na minha opinião, os outros dois devem ser Davi Correa e Noca. A parceria da “Era Nilo” não conseguiu manter a mesma qualidade depois da saída de Wanderley Monteiro. O samba é muito pobre em todos os sentidos.

    1. Carlos,

      Quanto a sua opinião em relação aos sambas, respeito apesar de discordar.
      Quanto a acusação feita da parceira ser da “Era Nilo”, apenas lembro que Máximo e Toninho foram os primeiros compositores a apoiarem publicamente a Portela Verdade.

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