Nesta sexta feira onde muitos “enforcaram” o feriado – este blogueiro não – a coluna “Bissexta”, do advogado Walter Monteiro, volta a falar das eleições presidenciais do Flamengo.
Eleições no Flamengo – quando ter convicções vira pecado
Outro dia trocava e-mails com um advogado amigo, radicado em SP, mas sócio proprietário do clube e perguntei em quem ele votaria se fosse ao Rio. A firmeza da resposta me surpreendeu:
– “Voto no Ronaldo,  um sujeito sério e trabalhador.”
Ronaldo Gomlevski foi uma candidatura que envelheceu rapidamente no universo rubro-negro. Ele se lançou logo no início do ano e, creio, em março – ainda bem longe do calendário eleitoral oficial – fez o evento de inauguração da campanha.
Ao seu lado, uma das figuras mais bacanas e lúcidas da Gávea, José Maria Sobrinho, com muitos projetos em ebulição.
Ronaldo foi o primeiro a perceber a importância de fazer uma campanha para a Nação, não para o público interno. Escalou como coordenadores o blogueiro mais famoso da torcida e outras pessoas com inserção nas redes sociais. Que logo erraram a mão e se imbuíram de um fanatismo fervoroso na defesa do Planeta Fla, o nome que Ronaldo escolheu para si.
Quando a gente ainda estava construindo o sonho da Revolução Rubro-Negra, foram esses pitbulls virtuais que nos atacaram com ódio mortal. É natural que isso gerasse um estranhamento entre nós e a campanha do Ronaldo. Eu passei a detestá-lo, sem nunca ter trocado uma palavra com ele.
Depois, teve o esforço de união das “oposições”. Várias pessoas que participavam das tentativas de unificação me garantiam que Ronaldo era um homem teimoso, que não cederia.
Uma pessoa muito importante no cenário atual me aconselhou a não me preocupar com Ronaldo porque ele seria “cristianizado”. Para quem não sabe, a origem do termo é uma homenagem a um político do velho PSD, Cristiano Machado, que foi abandonado por seus aliados quando disputou a Presidência contra Getúlio Vargas.
E não é que o amigo estava certo? Ronaldo foi mesmo cristianizado à luz do dia.
Todos aqueles fanáticos que cuspiam fogo a seu favor seguem fanatizados e cuspindo ainda mais fogo, mas agora para outro candidato. Gente que gravou vídeo de apoio, que colocou seu nome e seu prestígio (óbvio que me refiro aos que tem algum prestígio, que não é o caso de todos) a serviço do Planeta Fla, agora frequenta outras festas do Grand Monde – e nem se preocupou em tornar público o porquê de ter mudado de time.
Foi nessa fase de low frequency que eu e Ronaldo nos conhecemos pessoalmente, apresentados por outro amigo em comum. E eu vi o quanto estava errado no pré-julgamento que fiz sobre ele. Ele é um cara simples, direto, muito franco, muito decidido e, principalmente, muito firme nas suas convicções, embora disposto a ouvir (o que tem sido raro na Gávea).
Eu desconfio que tenha sido justamente essa firmeza que fez Ronaldo cair em desgraça nos círculos que antes o idolatravam.
No imbróglio da ilegibilidade ou não do candidato Wallim Vasconcelos ele acabou pagando o pato sozinho. Não porque tivesse mobilizado o Conselho de Administração (nem tem força para isso) ou porque tivesse feito campanha pública pelo impedimento. Tudo o que ele fez foi ter declarado, com semanas de antecedência, que apoiava um membro de seu movimento que apresentara a impugnação – que sequer foi a única a pessoa a fazê-lo.
[N.do.E.: a candidatura de Wallin Vasconcelos foi impugnada, como o leitor viu aqui mesmo segunda feira passada.]
Essa singela posição pública foi a senha para o desembarque do Planeta Fla da troupe que se acha descolada e vanguardista.
Direito deles. Mas vergonhoso mesmo foi vê-los vociferar contra o Ronaldo, como se fosse dele a culpa de ter apresentado como candidatos sob as quais pairavam dúvidas estatutárias. Ronaldo, que antes tinha uma turma raivosa a seu lado para jogar pedra nos outros, viu o mesmo pessoal lhe retribuir as pedras em dobro.
O que me parece mais curioso é que enquanto todos se engalfinham na política interna à base de alfinetadas ou baixarias, Ronaldo é o único que segue fazendo uma campanha propositiva.
Faz seminários para discutir ideias, apresenta propostas diferenciadas, como antecipar o calendário eleitoral (excelente proposta) ou criar um crowdfunding para liquidar a dívida – o que eu discordo, mas reconheço o valor de se trazer para o centro do debate o tema da dívida fiscal.
Que pena que essa linha propositiva não deva bastar. Ronaldo só não está sozinho na campanha porque tem ao seu lado os amigos de sempre, gente que, como o advogado parceiro que citei, vota nele de olhos fechados por reconhecer valor em ter boa índole, trabalhar duro e ser inflexível nas convicções. Eu nem concordo com algumas delas, mas invejo a capacidade do Ronaldo de ser assim, duro na queda.
Talvez o preço a se pagar por ter convicções tão fortes em um ambiente que exige um mínimo de traquejo e concessões seja justamente a cristianização, o abandono pelos oportunistas de primeira hora.
Eu não sei se Ronaldo vencerá ou não – os gatos-mestre insistem que não vai. Mas ao menos segue até o final com dignidade, rodeado pelos amigos e eleitores de sempre. Pode ser melhor perder sendo fiel a si mesmo do que vencer fazendo manobras que cobram um alto preço no futuro.
Boa sorte, Ronaldo!

10 Replies to “Bissexta: "Eleições no Flamengo – quando ter convicções vira pecado"”

  1. Gosto do Ronaldo e, sinceramente, seria minha opção entre os que pregam o modelo amador. Ou seja, votaria nele se não houvesse candidato defendendo a profissionalização, que para mim, é inescusável na atual realidade do clube. Contudo, o Flamengo precisa, mais do que nunca (haja vista, por exemplo, as declarações escatológicas e criminosas do Sr. José Carlos Peruano – partidário fervoroso da atual gestão), de pessoas de boa índole lá dentro. Voto na Chapa Azul, mas o Ronaldo poderia ser convidado a integrar a gestão de alguma forma.

    1. Eu ia até comentar na introdução do post mas acabei me esquecendo: os mesmos que diziam que “o Planeta Fla é o único movimento sério de oposição no Flamengo” agora tacam pedras no candidato. Incoerência pouca é bobagem.

      Não quero a continuidade de Patrícia Amorim, mas não tenho a menor ilusão de que a Chapa Azul irá produzir as mudanças necessárias. Mais do mesmo, talvez com a diferença de se dar mais atenção ao futebol.

  2. Ainda bem que o Migão, ao que parece, parou de escrever neste blog e só publica textos de terceiros. Ele escreve muito mal, com ideias radicais e péssimo português. Os leitores agradecem.

  3. Realmente Ronaldo é tão bom quanto esse autor equivocadamente diz que pede cargo pra apoiar tal candidato. Ouvi isso com meus ouvidos que Deus me deu. Sem comentários p esse texto parcial

    1. Apesar do comentário não ser assinado, o comentário só reforça o post da última segunda sobre a patrulha ideológica dos seguidores messiânicos da Chapa Azul.

    2. hahahahahahahaha. o senhor é mesmo um chorão, estereótipo de botafoguense. AONDE eu falei de chapa azul ou alguma coisa do tipo,sr perseguido? texto lamentável

    3. Só lembrando ao leitor – que infelizmente não assina o nome – que eu não sou autor do texto. Posteriormente pretendo publicar post com meu posicionamento, mais para dar uma satisfação aos leitores respeitosos.

  4. e o sr perseguido continua a distorcer tudo. AONDE eu disse que foi vc que escreveu o texto?? aonde?? tá meio neurótico, meu amiguinho

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