Educar uma criança nesse mundo cada vez mais lelé da cuca não é mole. É exatamente por isso que me empenho em cuidar com carinho da formação do Benjamin, o meu pequeno. Sigo a ordem de pedagogos, terapeutas, educadores e procuro ser um pai presente. Ontem mesmo, por exemplo, assistimos juntos a dois filmes que me pareceram pertinentes para o petiz: Lúcio Flávio, o passageiro da agonia e Aluga-se moças, a película que marcou a estréia da cantora Gretchen como atriz.
Me preocupo também em botar o moleque para dormir contando histórias educativas. Relatei, noite dessas, o incêndio do edifício Joelma em detalhes. Criança que conhece a história do Joelma aprende desde cedo que não se deve brincar com o fogo.
Quero também que o meu pequeno saiba que não se deve julgar ninguém pelas aparências. Elas enganam e acabam sendo fontes de preconceitos. Pensei ensinar isso com a fábula do patinho feio que era cisne. Achei melhor, porém, contar as aventuras de Átila, o Huno, mais conhecido como o flagelo de Deus e descrito pelo historiador Prisco como cruél, sanguinário, conquistador, tarado, amante de batalhas e pilhagens. Átila, o homem que assombrou a Europa em memoráveis batalhas, media 1.06 cm. É isso mesmo: o assombroso guerreiro media um metro e seis de altura.
Contei também ao Benjamin  a história  de Wilsinho Chaparral, meliante que aterrorizou Nova Iguaçu no final da década de 1970. Chaparral era um anão de um metro e vinte, tinha a voz de uma Poliana Moça, pintava os cabelos de louro e tinha uma tatuagem com a expressão amor de mãe. Não obstante a aparência, chefiou um bando de fascínoras e ficou conhecido pela alcunha de Di Menor. Achei um exemplo mais instigante do que o do patinho do Hans Cristian Andersen.
Toda criança deve aprender também a controlar a curiosidade, não chegar perto de lugares muito altos e obedecer aos mais velhos. Um bom exemplo para a meninada é o da morte de Silva Jardim, o político brasileiro que, pouco depois da proclamação da República, foi tragado por uma erupção do Vesúvio durante uma visita às ruínas de Pompéia e Herculano. Mesmo desaconselhado pelos guias locais, Silva Jardim insistiu em fazer uma caminhada até a boca do vulcão. O Vesúvio deu uma roncada e o nosso bom republicano despencou na cratera. Benjamin adormeceu como um anjo exatamente no desfecho da história. 
No mais, o negócio é mesmo educar a criança para não ter que punir o adulto. Benjamin já sabe que deve evitar de todas as formas o  bicho papão (toda vez que Luciano Huck aparece, faço uma voz terrível e digo: – Meu filho, esse aí é o bicho papão…Nunca escute o que ele está dizendo e nem compre o que ele está mandando).  Deve também ter horror ao homem do saco, que captura crianças, é feio e bobo, se apresenta sempre de terno, gravata, barba bem feita, cabelo penteado, pasta de executivo de multinacional e anda na nave do mal, um carro importado que custa 70.000 dólares. Deve, por fim, ter pânico dos seres das trevas abissais – criaturas horrendas que ameaçam toda a humanidade, só falam o que não presta e costumam ser identificados pela palavra mágica de sete letras que gritam para evocar as forças malignas do planeta: – Aleluia.
Abraços

5 Replies to “MANUAL PARA A BOA EDUCAÇÃO DA CRIANÇA”

  1. Perfeito.

    Também ando de saco cheio do tal multiculturalismo e do politicamente correto.
    Não há coisa mais idiota e idiotizante.

    Li um texto seu no Heitor de Paola, sobre a música Atirei o Pau no Gato.
    Vou reproduzí-lo no Laudaamassada,blogspot (incorreto).
    Pode ser?
    Aguardo
    Gutenberg J.

  2. Olá!
    Parabéns pelo seu blog! Muito bom.
    Gostaria de aproveitar a visita para divulgar o meu blog. Trata-se do contra-afronta.blogspot.com, onde temas como política, cultura, comportamento e cotidiano são abordados, tendo como foco principal os problemas da cidade de Salvador.
    Estou aguardando a sua visita.
    Abraço!

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