Bom, como escrevi ontem, sofri um acidente de trânsito que deixou prejuízo material e muita aporrinhação.
Por volta de oito e meia da manhã, eu vinha pela Linha Vermelha, altura da Maré, quando… buuuuum ! Só senti a pancada na minha traseira e meu carro, desgovernado, acertando o carro da frente.
Saio do carro e vejo que foram quatro os veículos envolvidos. O causador do acidente era um garoto que não tinha mais do que 18 ou 19 anos e saiu do carro com o celular na mão. Como o trânsito, embora lento, estava andando, tenho a impressão de que o garoto se distraiu ao telefone e simplesmente atropelou os três carros à frente.
Chegou o carro da Coordenadoria de Vias Especiais (CVE) da prefeitura e solicitou que levássemos os carros para o batalhão da Maré por motivos de segurança.
Começava aí a nossa via crucis. O batalhão da Maré se negou a fazer a ocorrência, alegando que a responsabilidade da ocorrência era do BPVE (Batalhão de Policiamento de Vias Especiais). Além disso, proibiu que aguardássemos dentro do batalhão, tendo que ficar em pé, embaixo de um sol escaldante e arriscando-nos a serem assaltados.
A situação era kafkiana: nós estávamos na porta do batalhão e esperando a Polícia chegar ! A cada ligação para o 190 a informação era de “que haviam outras ocorrências mais prioritárias” e que teríamos de esperar.
Neste meio tempo, chegou o pai do rapaz que causara o acidente. Chegou cheio de marra, dizendo que “não iria pagar nada e que os prejudicados que corressem atrás na Justiça”. Depois recuou, mas começou a criar dificuldades.
Vendo que iria me aborrecer, optei por acionar o meu seguro, preferindo pagar a franquia do conserto a me deparar com um problema maior posteriormente.
Depois de quase três horas, finalmente chegou a Patamo que iria fazer a ocorrência. Fomos para São Cristóvão (eu em cima do reboque da Prefeitura), porque o reboque da seguradora não pode ir à Linha Vermelha.
O BRAT foi feito na rua, em frente ao Corpo de Bombeiros. Eu vi o pai do rapaz o orientando a dizer que a culpa havia sido da Palio em quem ele bateu (que me acertaria), de maneira a impedir o pagamento por parte do seguro dele. Assim eles fizeram, e evadiram-se sorrateiramente do local.
Prestei depoimento, e aí a surpresa: só poderei pegar minha cópia do documento daqui a dez dias úteis, no batalhão – que fica entre Niterói e Maricá. Somente às terças e quintas à tarde. Ou seja, terei de perder mais uma tarde de trabalho para pegar este documento – não posso enviar alguém em meu lugar.
Isso já era uma da tarde. Aí que pude solicitar o reboque que levaria o carro para a concessionária. Mais uma hora de espera e volta à Ilha. Deixei o carro na concessionária – onde sequer fui atendido – e aguardei mais uma hora pelo carro da seguradora que me levaria ao trabalho – sim, não fui dispensado do expediente.
Cheguei ao trabalho por volta de quatro da tarde, em jejum e com sede. Ainda trouxe trabalho para casa.
Pelo menos, ao que parece, pelo menos aporrinhação e prejuízos materiais foram os resultados, sem danos à saúde. Agora é pressionar a autorizada a adiantar o conserto do carro, que ficou bastante danificado.
Lamento a falta de caráter do causador do acidente e de seu pai (foto), e agradeço ao trabalho dos meus corretores de seguros e aos cabos que fizeram a ocorrência policial. Por outro lado, a burocracia da PM é inacreditável.

8 Replies to “Polícia Militar, burocracia e aporrinhação”

  1. Talvez eles dificultam o registro de ocorrências para constranger o cidadão, fazer com que ele desista e assim melhorar as estatísticas.

    É triste este problema crônico no Brasil do servidor público encarar o cidadão como um estorvo ao invés de cliente. E pior que em um Estado crescententemente agigantado este problema só piora com o tempo.

  2. Mas Henrin, o registro seria apenas para efeito de seguro, porque não houve vítimas. não sei o interesse de melhorar as estatísticas neste caso.

    Só discordo quando você diz que é o servidor público. são os gênios que não entendem porra nenhuma mas comandam os sistemas que parem estes monstrengos burocráticos.

  3. E o controle sempre é bastante dispendioso…Muito dinheiro e energia gasta com atividades para lá de inúteis. E imagine quantas florestas são derrubadas para servirem de material-base da burocracia de carimbo na mão…

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