Como se não bastassem os seguidos vexames do Flamengo dentro de campo, o que se viu fora dele nos últimos dias foi muito mais deplorável e lamentável. Dá até vontade de vomitar. A que ponto chegamos? Que vontade dá de acompanhar esse esporte? Vale mesmo a pena?

Quando eu era criança, é claro que a violência já existia, embora numa escala muito menor. As gozações eram saudáveis e havia um respeito maior entre os torcedores de todos os times. Podia se conversar numa boa, dava para trocar ideia sem ser agressivo.

Aos poucos a educação foi ficando pelo caminho, a agressividade aumentando, a violência urbana também, as redes “antissociais” atropelando, a economia sufocando… Até que chegamos a esse ar irrespirável. Sinceramente, ir a um jogo de futebol ou mesmo vestir a camisa do clube do coração é praticamente impossível.

Pra começo de conversa, uma imbecil cruzada de torcedores (torcedores sim, mas na prática autênticos imbecis) para fazerem tumulto no hotel do Independiente. Eles acham mesmo que isso iria ajudar o Flamengo a vencer a final? Não perceberam que isso só motivaria o adversário? Não sabiam que traria antipatia ao Flamengo? E, na boa, acham mesmo isso bacana? Racismo e hostilidade se respondem com mais violência? Que vergonha!

E a invasão ao Maracanã? Era evidente que aconteceria. Já tinha acontecido na final da Copa do Brasil. Foi cantada em verso e prosa na internet que iria acontecer de novo. Todo mundo sabia que os que não tinham ingresso tentariam invadir. E absolutamente nada foi feito para evitar. Mais uma vez a velha sensação de impunidade foi bastante convidativa aos bandidos, que aprontaram cenas de barbárie no estádio.

Mas e a polícia? Pois bem, além da já conhecida péssima remuneração de todos, houve também o absurdo despreparo de alguns, que agrediram covardemente aqueles que nada faziam enquanto os vagabundos que saqueavam os bares do Maracanã saíam livres, leves e soltos para cometerem mais crimes.

Enquanto Polícia e Flamengo ficam um jogando a culpa no outro, nada se faz. Pra um clube que hoje arrota que tem dinheiro, é bastante simples comprar pistolas de identificação de códigos de barras e, em conjunto com a PM, organizar barreiras a quarteirões do Maracanã para permitir apenas a entrada de torcedores com ingresso e cartões de sócio torcedor, além moradores da região. É tão difícil fazer isso nos jogos grandes? Ou falta vontade mesmo? Pelo visto, é mais fácil ficar quieto e depois tentar jogar a culpa em alguém.

A cereja no (podre) bolo rubro-negro servido na última semana foi o ataque vil, criminoso e cretino de animais vestidos com a camisa do Flamengo ao jogador Calazans, do Fluminense, que, foi recentemente operado no joelho e foi covardemente agredido no local da lesão. É tão repugnante que fica difícil comentar mais alguma coisa.

Esse tipo de coisa, evidentemente, cria mais ódio, mais intolerância, mais violência. Isso gera ainda comentários maldosos de quem, por paixão (ou seria cegueira?) clubística querem colocar toda a torcida do Flamengo no mesmo balaio dos vagabundos. E tome retaliação, com mais ataques verbais e físicos… 

Esse esporte de hoje é um retrato fiel dessa nossa sociedade doente, sem educação, sem respeito, intolerante, e que está sufocada pelos ladrões, os do asfalto e os de terno e gravata. A competitividade exagerada que o mundo moderno impõe só piora as coisas.

Não dá nenhuma vontade de acompanhar o esporte do jeito que está.

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