No dia 11 de dezembro de 2016, o Botafogo venceu o Grêmio por 1 a 0 fora de casa pela última rodada do Campeonato Brasileiro, terminou em 5º e garantiu a classificação para a Libertadores do ano seguinte. Ou melhor, a Libertadores (quase) do mês seguinte, pois o alvinegro carioca já entrou em campo pela competição sul-americana no dia 1º de fevereiro.

A classificação para a Libertadores poderia ter vindo de maneira antecipada, mas a equipe do técnico Jair Ventura ficou cinco jogos sem vencer na reta final do Brasileiro e só reencontrou o caminho das vitórias justamente na última rodada, na Arena do Grêmio.

A rodada final do campeonato nacional também ocorreu depois do planejado. Por conta do acidente envolvendo o avião da Chapecoense, o Brasileiro que se encerraria no dia 4 de dezembro foi postergado em uma semana.

Dessa forma, o planejamento dos principais clubes do país para 2017 também precisou sofrer alterações para respeitar o direito às férias integrais dos jogadores.

No caso do Botafogo, por exemplo, os jogadores se reapresentaram no dia 11 de janeiro e seis dias depois, embarcaram para a pré-temporada em Domingos Martins, no Espírito Santo, onde ficaram até o dia 26. No planejamento inicial, a pré-temporada em solo capixaba seria maior, entre os dias 9 e 21.

Apesar do pouco tempo de preparação, os primeiros jogos oficiais do Botafogo na temporada vieram ainda em janeiro e pelo Estadual: duas partidas contra Madureira (dia 25) e Nova Iguaçu (dia 28). No duelo contra o time da zona norte, o Botafogo escalou força máxima, mas não pode contar com Camilo, que disputou amistoso pela Seleção Brasileira contra a Colômbia.

Já contra o Nova Iguaçu, Jair Ventura optou por um time todo reserva, já de olho na estreia na Libertadores contra o Colo-Colo, três dias depois.

Com um calendário apertado no início de ano, o Botafogo entrou em campo nove vezes em pouco menos de um mês, contando aí quatro jogos importantes e eliminatórios pela Libertadores, onde decidiu fora de casa sua classificação duas vezes (contra Olimpia e Colo-Colo).

As outras partidas foram válidas pelo Carioca e, salvo na estreia contra o Madureira, o alvinegro entrou em todas elas com a equipe reserva para poupar seus titulares. Mas mesmo assim, a conta da curta pré-temporada chegou. Doze jogadores já sentiram algum tipo de lesão esse ano, como você pode ver na lista abaixo.

Helton Leite: lesão na coxa direita. Substituído no jogo de volta contra o Olimpia, voltou aos treinos, mas ainda não está 100%.

Gatito Fernández: Lesão no adutor da coxa direita. Não pode atuar no jogo de ida contra o Olimpia.

Carli: contratura na panturrilha esquerda na pré-temporada. Só fez a primeira partida no ano na última rodada da Taça Guanabara.

Marcelo: lesão de grau 2 na coxa direita em um treino. Só deve voltar contra o Barcelona de Guaiquil, no dia 20 de abril.

Jonas: lesão no menisco do joelho esquerdo com rompimento do ligamento cruzado no jogo contra o Volta Redonda. Pelo menos seis meses parado.

Airton: lesão no cotovelo no jogo de ida contra a o Colo-Colo. Voltou no jogo seguinte.

Matheus Fernandes: estiramento grau 1 na coxa direita contra o Volta Redonda. Ainda não voltou.

Bruno Silva: substituído no intervalo do primeiro jogo contra o Olimpia com dores na coxa direita. Voltou no jogo seguinte.

Bochecha: ruptura no ligamento cruzado do joelho direito no jogo contra o Macaé. Outro que vai ficar seis meses parado.

Montillo: lesão na coxa direita no jogo de volta contra o Colo-Colo. Não atuou na ida contra o Olimpia.

Camilo: dores no adutor da coxa direita. Não atuou no jogo de ida contra o Colo-Colo

Leandrinho: estiramento no músculo posterior da coxa esquerda no jogo contra o Volta Redonda. Ainda não voltou.

Importante ressaltar que nesse levantamento estão incluídos apenas os jogadores que sentiram algum problema em 2017. Não constam nessa lista os nomes, por exemplo, de Jefferson, que se lesionou ano passado e precisou operar duas vezes o braço esquerdo, nem o lateral Luís Ricardo, que operou o tornozelo esquerdo em 2016 e nesse ano precisou passar por novo procedimento, uma raspagem no osso operado. Os dois sequer foram inscritos na fase de grupos da Libertadores.

O número de lesões impressiona. Em um elenco enxuto e montado com um orçamento financeiro limitado, perder uma peça por um longo período de tempo é preocupante.

Na lateral direita, por exemplo, com as lesões de Luís Ricardo e Jonas, sobrou apenas o jovem Marcinho, que é considerado inexperiente. A contratação de uma nova peça para o setor já foi descartada pela diretoria.

Assim, a solução por duas vezes na Libertadores foi a improvisação: Marcelo assumiu a lateral direita. Só que agora o zagueiro também se lesionou.

Em entrevista coletiva no final de fevereiro, Ednílson Sena, preparador físico do Botafogo, atribuiu o grande número de lesionados ao pequeno tempo de pré-temporada, o que é verdade, como já expliquei aqui. Mas vale lembrar que a preocupação com o número de atletas no departamento médico não é recente. Uma matéria do Globoesporte.com em outubro do ano passado já alertava para esse problema.

A diferença é que no ano passado, apesar das lesões, o Botafogo venceu muitos jogos com gols marcados depois dos 30 minutos do segundo tempo. O time não cansava tanto no segundo tempo.

A esperança do torcedor alvinegro é que esses problemas sejam corrigidos a tempo já que a temporada do futebol brasileiro está apenas começando.

Imagens:   Jeferson Guareze/AGIF, Vítor Silva/SSPress/Botafogo, Satiro Sodré/SSPress/Botafogo e André Durão

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One Reply to “As muitas lesões no Botafogo”

  1. A lembrança do desempenho do time nos finais dos jogos do ano passado (comparando com o desempenho dos jogos desse ano) é também muito bem sacada. O time tinha um fôlego que ainda não demonstrou ter esse ano, e talvez seja esse o motivo que ainda mantém o departamento médico, apesar das críticas, intacto pela diretoria: crédito pelo desempenho do ano passado (apesar das muitas contusões também).

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