Chegamos ao mês de maio. Com muitos problemas dentro de campo, o Flamengo iniciava o quinto mês do ano com a necessidade de render rapidamente. Com os duelos na Copa do Brasil e o início do Brasileiro, o mês foi marcado pelo ocorrido que abreviou a passagem de Muricy Ramalho no clube e o início da era Zé Ricardo no comando técnico. A partir de agora você relembra esse período.

Maio

Após a eliminação no Estadual, o foco no Flamengo passava a ser a Copa do Brasil e a preparação visando ao Campeonato Brasileiro. A torcida chiava e a diretoria tentava buscar reforços, voltando a sua mira para a zaga. Após a eliminação contra o Vasco, César Martins, que tinha mais dois meses de contrato, foi colocado para treinar em separado, fazendo com que o elenco ficasse com apenas três zagueiros: Juan, Wallace e Léo Duarte.

Enquanto se planejava para o restante do ano, o Flamengo foi a Fortaleza enfrentar o time da casa pela segunda fase da Copa do Brasil. A atuação foi difícil de aceitar. Um time apático e completamente perdido viu um baile dos adversários. A derrota por 2-1 foi pouco pelo que foi o jogo. O segundo gol do tricolor cearense saiu numa pintura de Felipe. O resultado explodiu definitivamente a crise no Flamengo.

O planejamento, considerado correto pelo presidente do clube, era posto em xeque, assim como a continuidade dos trabalhos do técnico Muricy Ramalho e do diretor-executivo Rodrigo Caetano. No turbilhão de emoções que era o CT do Ninho do Urubu, uma notícia na véspera da estreia do Flamengo na principal competição da temporada caiu com uma bomba.

O zagueiro Wallace, talvez o mais criticado do elenco, pediu para deixar o Flamengo em caráter irrevogável. Veja só, o rubro-negro iniciava a trajetória no torneio com apenas dois zagueiros no elenco: Juan e Léo Duarte. Diante da notícia, Rafael Dumas foi chamado às pressas para compor o banco do Fla na estreia.

Tentando superar a crise e os problemas, o Flamengo, então, estreou no Campeonato Brasileiro. Jogando em Volta Redonda e com a missão de fazer uma boa campanha, o Flamengo começou com o pé direito. Ou melhor, com o pé esquerdo de Éverton. Com menos de 2 minutos, o meia do Flamengo abriu o marcador contra o Sport e o placar se manteve assim por todo o tempo. O jogo não foi brilhante e o Flamengo atuou de maneira burocrática, mas ao menos os primeiros três pontos da campanha vieram e, com eles, uma expectativa de paz para a semana, só que a paz esperada não veio.

Na terça-feira seguinte, outra bomba no ambiente do Ninho do Urubu, o técnico Muricy Ramalho passou mal e teria que se afastar para exames mais detalhados que definiriam a sua condição para seguir ou não o trabalho. Pronto. Não faltava mais nada para atrapalhar o Flamengo. Quer dizer, faltava, mas chegou. No dia seguinte ao acontecido com o treinador do time, o Flamengo entrava em campo contra o Fortaleza para tentar mais uma virada em busca da permanência na Copa do Brasil. Sem o peruano Guerrero, o time se viu em situação calamitosa no confronto com menos de cinco minutos.

flamengofortalezacopabr2016O gol de Pio para o Fortaleza complicava a vida do Rubro-Negro, que necessitava de dois gols para levar a decisão da vaga para os pênaltis. O tempo passava e os gols que não surgiram no lado rubro-negro saíram, de novo, para o Fortaleza. Pio, novamente, ampliou para o Fortaleza. Com o placar praticamente definido para o adversário, as vaias para o Flamengo aumentaram e tacaram gasolina no ambiente já bem quente do clube. Nem mesmo o golaço de Alan Patrick, nos acréscimos, descontando o placar, salvou o clube das críticas.

Com derrotas e eliminações se acumulando, além dos problemas internos com o ex-capitão e os de saúde do técnico, o Flamengo se via numa situação de crise total ainda no quinto mês do ano e com praticamente um campeonato inteiro para jogar. Sem tempo para raciocinar, o elenco, agora comandado por Jayme de Almeida de forma interina, foi enfrentar o Grêmio em Porto Alegre.

Na tentativa de buscar o empate, Jayme mexeu bem no time e reforçou a marcação, tirando Arão e Mancuello e colocando Márcio Araújo e Gabriel no time. Com um time fechado, o Flamengo começou o jogo em busca do empate. No primeiro tempo funcionou de maneira razoável e o jogo terminou 0-0. Mas no segundo tempo, de novo, em bola parada cabeceada pelo zagueiro Fred, o Fla sofreu o gol da derrota que mantinha a crise no Ninho do Urubu.

Só que não havia tempo para se lamentar: na quarta-feira seguinte, o Flamengo receberia a Chapecoense em Volta Redonda. No jogo contra a equipe catarinense, o Fla começou abrindo o placar com Éverton ainda no começo do jogo. Só que a maré de azar do Flamengo não era pouca e, muito menos, bobagem. Juan, em lance no qual o juiz marcou pênalti inexistente, se lesionou de maneira grave e teve que sair ainda antes dos 15 minutos. A Chapecoense empatou o jogo na cobrança e transformou o duelo em drama. À medida que o tempo passava, o Flamengo ficava mais nervoso e, por consequência, errava mais. Éverton aos 25 do segundo tempo cometeu infração boba e foi expulso, complicando de vez a vida rubro-negra. Aos 35, Hyoran virou o duelo em belíssima cobrança de falta. Com menos de 10 minutos para o fim, o Flamengo tinha o placar adverso e ainda jogava com 10. Aí o juiz resolveu colaborar para o rubro-negro. Nos acréscimos, em pênalti discutível, Alan Patrick empatou o jogo e amenizou a situação de total desconforto que vivia o Fla naquele momento.

No dia seguinte, o clube viu definitivamente o afastamento de seu treinador por motivos de saúde. Com esse fato ocorrido, o clube resolveu apostar na promoção interina do treinador do time de juniores do clube. Zé Ricardo, que vinha de trabalho vencedor na Copa São Paulo de Futebol Júnior em janeiro, foi alçado ao cargo de técnico interino do time profissional. Completando as novidades para o jogo contra a Ponte, o clube resolveu reintegrar o zagueiro César Martins. César, como dito acima, estava treinando em separado desde abril e não hesitou em atender o chamado urgente do clube pedindo sua volta. Só que na véspera do jogo, César Martins teve seu carro – que tinha mulher e filho dentro – atacado no estacionamento de um supermercado no Rio por torcedores incomodados com a má-fase do clube. Mesmo com os boatos de que o jogador não jogaria mais pelo clube que surgiram diante daquele fato, César resolveu embarcar para a Campinas para usar uma vez a camisa do Flamengo.

pontepretaflamengobrasileiro2016bNo embarque, também soubemos que o Flamengo teria mais uma baixa. Paulo Victor, com dores nas costas, foi vetado na hora do embarque. Alex Muralha assumiria o gol rubro-negro na manhã de domingo. O jogo foi complicado para o Flamengo. Wellington Paulista marcou de maneira irregular o gol da Ponte Preta, abrindo o placar em Campinas. Ainda no primeiro tempo, o Flamengo mostrou força e chegou ao empate em gol contra de Felipe Azevedo. Já nos acréscimos, Jorge num dos gols mais bonitos do Flamengo no ano virou o placar para os rubro-negros. Com a virada, o Flamengo recuou excessivamente no segundo tempo e contou com a expulsão de Fernandinho para sofrer, e muito, para manter a vitória fora de casa. Mesmo com a atuação irregular, o time agora comandado por Zé Ricardo conseguiu vencer a primeira fora de casa e a primeira após a saída de Muricy. Era um fim de mês com a sensação de alívio e um início de trabalho promissor.

Resumo dos jogos do mês:

Fortaleza 2-1 Flamengo

Flamengo 1-0 Sport

Flamengo 1-2 Fortaleza

Grêmio 1-0 Flamengo

Flamengo 2-2 Chapecoense

Ponte Preta 1-2 Flamengo

Retrospecto: 2 vitórias, 1 empate e 3 derrotas. 7 gols marcados; 8 gols sofridos.

Artilheiros do mês: Éverton e Alan Patrick 2; Guerrero, Jorge e gol contra 1.

Ao fim do mês, a sensação era mais de alívio que de satisfação. O Fla, após tantos problemas, finalmente terminava uma semana daquele período com o sorriso no rosto. Com o fim abrupto da era Muricy, Zé chegou e conquistou a confiança com a vitória na estreia. Mas sua vida longa dependeria de mais resultados positivos. Na próxima parte da série você relembrará como foi o junho rubro-negro. Até lá!

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2 Replies to “Dissecando o Flamengo-2016 – Parte V”

  1. Confesso que custei a acreditar na primeira derrota para o Fortaleza. No jogo de volta, troquei de canal na metade do segundo tempo de tão apático que o time estava.

    Na saída do clube após a queda na CDB, é claro que a torcida chiou. E neste dia, tivemos talvez o grito de protesto mais criativo dos últimos anos: um rubro-negro esbravejou um “Tá comendo panicat?”

    O anúncio da saída do Wallace foi uma das noites mais felizes do ano.

    Quando o Juan se contundiu contra a Chape soltei um “Putaqueopariu” daqueles…

    Cabe ressaltar que a entrada do Zé Ricardo foi um pedido de parte da torcida presente em protestos na porta da Gávea e do Ninho.

    Que venha a sexta parte!

    1. Os jogos contra o Fortaleza junto da semifinal contra o Vasco foram os piores do Flamengo no ano. Foi impressionante o quão ruim foi o desempenho.

      A saída do Wallace foi, talvez, o principal título da torcida do Flamengo no ano. A comemoração do fato por parte de uma amiga minha foi comovente.

      E sobre o Zé Ricardo. Foi isso aí mesmo.

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