Continuando, os Jogos de 1984 marcaram a profissionalização do torneio olímpico. Porém, com a ressalva de que só poderiam participar da disputa atletas que não tivessem jogado a Copa do Mundo. A mudança, combinada ao boicote do mundo oriental aos Jogos de Los Angeles, fortaleceu os países mais tradicionais e ajudou o Brasil a conquistar sua primeira medalha.

Contando com nomes como Mauro Galvão e Dunga, o escrete de Jair Picerni venceu os três jogos da fase de grupos e passou por Canadá (nos pênaltis) e Itália (na prorrogação) até perder para a França na grande decisão. Sem aderir ao boicote, a Iugoslávia faturou o bronze.

Mais dolorida ainda foi a derrota brasileira em Seul. Com todos os países de volta à disputa, o Brasil de Carlos Alberto Silva se colocou como favorito graças à promissora geração de Taffarel, Bebeto e Romário. Em campo, isso se confirmou: o Brasil venceu seus quatro primeiros jogos marcando 10 gols e sofrendo apenas um até chegar à semifinal contra outro timaço.

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O duelo contra a Alemanha Ocidental de Häßler e Klinsmann ganhou ares de “final antecipada” e o Brasil levou a melhor. Taffarel apareceu para o mundo defendendo três pênaltis (um no tempo normal e dois na disputa na marca da cal), mas não impediu a derrota para a União Soviética – com uma arbitragem lamentada até hoje por jogadores como Romário.

Nos Jogos de 1992, em que o Brasil conseguiu não participar após ser eliminado no Pré-Olímpico com um melancólico empate ante a Venezuela, a final também marcou época. Jogando em casa, a Espanha montou um bom time, base uma geração que prometeu (e não cumpriu) muitas alegrias para o futebol espanhol nos anos seguintes. O time de Guardiola, Luis Henrique, Cañizares e Ferrer chegou à final sem sofrer gols – e marcando 11. A Polônia também tinha suas credenciais: quatro vitórias e um empate com 15 gols marcados e três sofridos.

Os poloneses abriram o placar no fim do primeiro tempo, calando um Camp Nou lotado. A Espanha virou, mas cedeu o empate. O sufoco persistiu até os 45 do segundo tempo, quando Kiko, na marra, estufou as redes de Adamczuk e fez o gol do título. Os Jogos de 1992 foram históricos também pela primeira medalha de um país africano: os ganeses faturaram o bronze após vencerem a Austrália.

O sucesso africano condiz com uma mudança importante na regra daqueles Jogos: o torneio passou a ser Sub-23, com tolerância de três jogadores acima da idade permitida. Historicamente forte nas categorias de base, a África começou a chamar a atenção. Em 1996, o Brasil, já incomodado com a ausência da medalha e inspirado pela conquista do tetra nos mesmos Estados Unidos que organizaram os Jogos de Atlanta, montou um timaço: Dida, Roberto Carlos, Bebeto, Rivaldo, Sávio, Luizão e Ronaldo eram alguns dos nomes do elenco.

Mesmo sem brilhar, o Brasil chegou à semifinal já de olho na Argentina, que bateu Portugal na semi. A alegria e a irreverência nigeriana, no entanto, impediram o Brasil de chegar à decisão. Em um jogo histórico, o Brasil vencia por 3 a 1 até os 31 minutos do segundo tempo. Ikpeba diminuiu e Nwankwo Kanu empatou já aos 45 do 2º tempo. Na época do “gol de ouro”, a prorrogação durou apenas quatro minutos e o próprio Kanu enterrou as esperanças brasileiras com direito a uma dancinha.

Os nigerianos ainda superaram a Argentina de Ayala, Crespo e López em outro grande jogo. Os argentinos estiveram duas vezes à frente do placar, mas levaram o gol decisivo no último minuto e perderam por 3 a 2.

O ano de 1996 foi histórico não só pela primeira medalha de ouro africana como também pelo início da disputa do futebol feminino, cinco anos depois do início do Mundial Feminino. Sem restrição para as seleções principais jogarem e com apenas oito times na disputa, o torneio foi de alto nível.

As americanas confirmaram o favoritismo e levaram a medalha de ouro ao baterem a China. O Brasil surpreendeu ao eliminar o forte time da Alemanha na primeira fase, mas acabou perdendo o bronze para a Noruega, que um ano antes havia sido campeã mundial em casa.

Em 2000, a preparação brasileira foi marcada pela polêmica decisão de Vanderlei Luxemburgo de não levar os três jogadores acima de 23 anos. Foi talvez um dos torneios olímpicos de mais alto nível. O favoritismo era, mais uma vez, brasileiro, com vários nomes que já atuavam no futebol europeu e craques que atuavam no Brasil como Ronaldinho Gaúcho e Alex. No entanto, a Espanha de Xavi, Capdevilla, Tamudo e Angulo, a Itália de Pirlo e Ambrosini e o Chile de Zamorano, Navia, Tapia e Contreras também montaram bons times.

Quando a bola rolou, o favoritismo das quatro seleções se confirmou. A Itália passou em primeiro no Grupo A, Chile e Espanha se classificaram no Grupo B e o Brasil, apesar do péssimo futebol jogado, foi o primeiro no Grupo D. A Espanha eliminou a Itália em um jogo tenso nas quartas de final, enquanto o Chile goleou a Nigéria. Já o Brasil, viveu seu maior vexame na história Olímpica. O time de Camarões tinha nomes promissores como o goleiro Kameni e, principalmente, Samuel Eto’o, mas fazia uma campanha modesta – havia se classificado em segundo, superado pelos Estados Unidos.

Apesar do favoritismo brasileiro, o time africano saiu na frente no início e segurava muito bem o Brasil até os 30 do segundo tempo quando Nijtap foi expulso. O time camaronês ainda perdeu Nguimbat no último lance do jogo. A expulsão foi seguida do gol de empate de Ronaldinho, já nos acréscimos. Com o empate e a superioridade numérica de dois jogadores, tudo levava a crer que o Brasil sairia vencedor. O gol de ouro, contudo, não saiu, e Mbami, a sete minutos do fim da prorrogação, marcou o tento da histórica vitória camaronesa. Foi essa a primeira vez que uma derrota olímpica foi decisiva para a demissão de um treinador brasileiro.

Os camaroneses seguiram sua epopeia em terras australianas. Contra o Chile, na semifinal, sofreram um gol aos 33 do 2º tempo. O placar seguiu em vantagem para os chilenos até os 39, quando Mboma empatou. Lauren, aos 44, marcou o gol da vitória e enterrou o sonho chileno, que se contentou com o bronze contra os Estados Unidos. Ainda uma zebra, o time camaronês saiu perdendo por 2 a 0 para a Espanha na final, mas empatou no segundo tempo e conseguiu uma vitória histórica nos pênaltis. Jamais, até o momento, um time europeu chegou à final do torneio masculino. No feminino, a Noruega faturou o ouro após vencer os Estados Unidos. O Brasil de novo ficou no quase, perdendo a semi para as americanas e a disputa do bronze para a Alemanha.

Amanhã, o capítulo final.

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4 Replies to “Futebol nos Jogos Olímpicos: a História (Parte II)”

  1. Segundo os que acompanharam a final de 88 (eu era muito pequeno) pesou muito a ausência do Geovani, meia do Vasco, por ter levado o segundo cartão amarelo na semifinal. Apesar da presença de nomes como Bebeto e Romário, era considerado o cérebro daquele time. Já em relação a derrota de 96, nunca fiquei tão p… com uma derrota da seleção brasileira!

    1. Arbitragem daquela final foi horrorosa também, bom lembrar. É uma das poucas que o Romário reclama até hoje.

  2. Migão fui comprar ingressos para o encerramento e quando exclui algumas vezes don carrinho me dava a opçao do bloco 204 – 205- 206 – 216 Qual o melhor? Na sua opiniao

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