Antes de relembrarmos especificamente do desfile de 1994,  é preciso voltar ao meio de 1993. Isso porque 14 banqueiros do jogo do bicho foram condenados à prisão pela juíza Denise Frossard, por supostas ligações entre seus negócios de contravenção com o narcotráfico.

bichoEntre os condenados, os principais dirigentes das escolas de samba que terminaram nas quatro primeiras posições no desfile do Grupo Especial em 1993: o presidente do Salgueiro, Waldomiro Paes Garcia (o Miro), e os patronos de Imperatriz Leopoldinense, Luiz Pacheco Drumond (o Luizinho), Beija-Flor, Aniz Abrahão David (o Anísio), e Mocidade Independente de Padre Miguel, Castor de Andrade.

Outro preso foi Aílton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães, presidente da Liga das Escolas de Samba. Paulo de Almeida assumiu o cargo.

Com isso, ficou a expectativa de que a preparação dessas escolas fosse abalada. No excelente disco – ou CD ou fita, como queiram – de sambas-enredo, houve diversas citações aos patronos nas faixas por intermédio dos puxadores.

Campeoníssimo de 1993, o Salgueiro tentaria o bi com o enredo “Rio de lá para cá”, sobre a Cidade Maravilhosa. O samba também era vibrante e prometia um novo sacode na voz do novo intérprete Quinzinho, que substituiu Quinho, este de volta à União da Ilha depois de quatro anos.

Já a Imperatriz desfilaria com o enredo “Catarina de Médicis na Corte dos Tupinambôs e Tabajeres”. Para entender: no século XVI, cerca de 50 índios brasileiros foram levados para a França pelo rei Henrique II e Catarina de Médicis para mostrarem seus rituais festivos aos locais, em confraternizações às margens do Rio Sena na cidade de Ruão (ou Rouen, no francês).

O curioso é que o Império Serrano tinha um enredo praticamente igual ao da Imperatriz. Havia, portanto, a expectativa de como as duas escolas, com as mesmas cores e a mesma temática, se apresentariam.

Terceira em 1993, a Beija-Flor entraria na passarela de uma forma ecologicamente correta, numa homenagem a Margaret Mee, pesquisadora inglesa que catalogava espécies de plantas brasileiras. O carnavalesco seria Milton Cunha, que venceu um concurso realizado pela escola – ele substituiria Maria Augusta.

Por outro lado, causou surpresa a escolha do enredo da Mocidade. Renato Lage levaria para a Sapucaí a Avenida Brasil e seus aspectos do dia a dia, numa temática muito diferente do que a escola e o público haviam se acostumado. A voz da escola também seria uma novidade: o então jovem Wander Pires foi promovido ao posto de cantor principal no lugar de Paulinho Mocidade.

Mas, das primeiras colocadas de 93, nenhuma causava tanta expectativa quanto a Mangueira, que, num estilo de enredo muito característico de sua história, homenagearia personalidades da música brasileira. No caso, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Maria Bethânia, os Doces Bárbaros. O samba de David Corrêa, numa surpreendente incursão na Verde e Rosa, era extremamente popular e as rádios o executavam sem parar na fase pré-carnavalesca.

Samba-enredo forte, como de costume, também teria a Portela. Na estreia do carnavalesco José Félix, a Azul e Branco escolheu o enredo “Quando samba era samba”, que contaria as origens do gênero na África e o desenvolvimento no Brasil.

Mas o melhor samba do ano, pelo segundo ano consecutivo, era da Unidos de Vila Isabel. O enredo contaria a história do bairro de Noel e a obra dos compositores André Diniz, Evandro Bocão e Bombril era espetacular, unindo “pegada” e inquestionável riqueza melódica.

Quem também tinha um belo samba era a Viradouro, que contaria a história da líder quilombola Teresa de Benguela. Mas a grande notícia era a contratação de Joãosinho Trinta, que prometia um desfile de muito luxo, como na época em que reinou como o carnavalesco mais badalado do Carnaval – o cantor Rico Medeiros, ex-Salgueiro, era outra novidade.

Falando em samba, a safra de 1994 foi uma das mais interessantes do período. Além das já citadas escolas, outra que escolheu uma obra bastante melódica e bonita foi a Grande Rio, cujo enredo seria sobre a umbanda brasileira tendo como principal personagem Zé Pilintra.

As demais escolas apresentaram sambas mais leves e populares, como União da Ilha (principalmente), Tradição, Caprichosos, Unidos da Ponte, Unidos da Tijuca e Estácio de Sá, mas praticamente todas as obras eram agradáveis.

OS DESFILES

A Unidos da Ponte abriu os desfiles com uma homenagem à cantora Alcione. O enredo “Marrom da cor do samba” relembrou os sucessos da artista, fez um passeio pelo folclore do Maranhão, estado natal de Alcione, e ainda exaltou o trabalho dela na Mangueira do Amanhã.

Sem grandes recursos que possibilitassem alegorias ou fantasias supertrabalhadas, o desfile foi simpático, graças ao bom samba e à espetacular cadência da bateria. Os ritmistas, diga-se, foram atrapalhados em seus movimentos pelos adereços nas fantasias.

Mas as alegorias infelizmente eram de nível de Acesso, até porque a Ponte só não tinha sido rebaixada em 1993 depois de um acerto nos bastidores.

O desfile do Império Serrano infelizmente foi um caos do começo ao fim. Três carros quebraram, o que provavelmente faria a escola perder pontos por se apresentar com menos alegorias do que o permitido pelo regulamento (oito). Tais problemas também comprometeram seriamente três quesitos, além de Alegorias e Adereços, claro: Evolução, Harmonia e Conjunto.

“Mal comparando, é como um time de futebol jogar sem a zaga”, comentou com propriedade o jornalista Sérgio Garcia, do Jornal do Brasil.

A evolução, aliás, foi absolutamente despropositada. A entrada da bateria no primeiro box já foi complicada, pois os estimados 400 ritmistas tiveram dificuldades e o carro de som ficou no meio da pista, segurando as alegorias que vinham atrás. E, enquanto isso, as alas na frente seguiam… A saída do recuo também foi malfeita, tanto que o casal de mestre-sala e porta-bandeira foi atrapalhado nas suas evoluções.

As alegorias que passaram tinham boa concepção – acabamento nem tanto – e as fantasias, boa leitura. Uma pena os percalços, pois o desfile era promissor. No desastre imperiano, salvaram-se o samba, que, além de muito bom, foi conduzido corretamente por Roger da Fazenda e Carlinhos da Paz, e a sempre brilhante bateria.

A terceira escola a desfilar foi a Unidos da Tijuca, com um enredo sobre o verão carioca e suas características. O samba era divertido e perfeito para o intérprete Carlinhos de Pilares, que faria sua única apresentação pela escola.

A comissão de frente era coreografada por ninguém menos do que Carlinhos de Jesus. Mas as alegorias e fantasias não eram nada exuberantes, e alguns elementos despencaram na pista.

Para mostrar o que o verão carioca tinha de melhor, o carnavalesco Silvio Cunha chegou a colocar duas pistas de skate numa das alegorias. Com o movimento do carro, claro, os skatistas levaram vários tombos…

viradouro1994Já a Unidos do Viradouro fez uma ótima apresentação e se credenciou com força a ficar na parte de cima da tabela. O luxo de alegorias e fantasias proporcionou ao carnavalesco Joãosinho Trinta a contar a história de Teresa de Benguela, rainha africana que virou escrava no Pantanal do Mato Grosso, e fundou e presidiu um Quilombo no século XVIII.

Na fase pré-carnavalesca, um incêndio destruiu as fantasias dos passistas, mas tudo foi refeito a tempo e a Vermelho e Branco de Niterói desfilou com todos os seus integrantes.

Agradou muito o segundo carro do cortejo, que contava o sonho de Teresa de formar uma raça síntese por intermédio da miscigenação de outras raças. Outro elemento muito bem realizado era o que mostrava a Arca de Noé no Pantanal. Também deixou ótima impressão o luxuoso figurino da ala das baianas, que representou a presença negra no Pantanal.

O longo samba era poético e contava muito bem o enredo. O intérprete Rico Medeiros, depois de muitos anos como cantor principal ou apoio no Salgueiro, estreou com o pé direito na escola e conduziu o samba com garra.

Diga-se de passagem, garra foi preciso para a escola superar os seguidos problemas de som que teve em sua apresentação. Entre tantos acertos no desfile da Viradouro, o único pecado foi em evolução, e a Vermelho e Branco teve de apertar o passo nos minutos finais para não estourar os 80 minutos regulamentares. Conseguiu!

Em seguida, a Estação Primeira de Mangueira fez uma apresentação quente como se esperava na homenagem a Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia e Gal Costa, mas bastante aquém do que se imaginava no conjunto.

O samba empolgou o público e contou na sua condução com um Dream Team de intérpretes: além de Jamelão, a escola teve um apoio de luxo com Sobrinho, Rixxa, Eraldo Caê e David Corrêa (um dos autores).

Mas em termos plásticos, a escola decepcionou. As alegorias tinham formas simples e as fantasias, idem. Além disso, a divisão cromática fugiu em muitos momentos do verde e rosa, o que nunca agrada aos mangueirenses.

A escola também sofreu com a quebra de uma alegoria, justamente a que levaria Gilberto Gil, que teve de desfilar em outro elemento. Isso também matou uma evolução já confusa devido aos estimados 6 mil componentes. Para piorar, como no ano anterior e em outras oportunidades, a escola teve alegorias que emperraram na torre de TV e atrapalharam a progressão dos desfilantes.

Falando neles, como relatou “O Globo”, “havia argentinos, ingleses, paulistas, gaúchos, amigos e curiosos; ficou fora aquela gente bronzeada, que, com léguas de samba, faz a harmonia mangueirense funcionar no automático”.

A sexta a passar no desfile de domingo foi a Vila Isabel. O enredo “Muito prazer! Isabel de Bragança e Drummond Rosa da Silva, mas pode me chamar de Vila” foi bem desenvolvido pelo saudoso carnavalesco Oswaldo Jardim, e a escola se apresentou com muita criatividade nos quesitos plásticos, com uma bela junção de cores ao azul e branco.

Agradou muito da comissão de frente, formada por sete casais de bailarinos que dançavam passos de gafieira e jazz e estavam muito bem vestidos, com ternos azuis e chapéus de malandro, e figurinos de melindrosas e toucas com pérolas.

O samba rendeu bem como se esperava, e a escola revisitou com categoria o passado de um dos bairros mais queridos – e boêmios, claro – do Rio de Janeiro, além de homenagear Noel Rosa e os grandes nomes da escola, como o fundador Paulo Brazão, que morreria naquele ano de 1994, e, claro, o primeiro e único Martinho da Vila.

Foi uma apresentação muito simpática, agradável de se ver, e, imagino, divertida para o componente, que sambou do começo ao fim do desfile e cantou a plenos pulmões – o Migão já escreveu sobre esse desfile no blog.

Por outro lado, a Vila foi outra escola que sofreu com uma falha no sistema de som, quando a tomada que ligava o carro de som às caixas acústicas se desprendeu. Por sorte, logo o problema foi detectado, e não chegou a haver atravessamento. Brigar pelo título era difícil, mas a Vila deixou a Sapucaí com boas expectativas para a apuração.

Sem o patrono Castor de Andrade, a Mocidade tentou retomar o caminho da vitória com o enredo “Avenida Brasil. Tudo passa. Quem não viu?” O carnavalesco Renato Lage voltou a acertar a mão com seu estilo considerado pela crítica como high tech.

As soluções estéticas foram bastante criativas, como visto na comissão de frente, que era formada por motociclistas batedores – pela primeira vez num desfile uma comissão usou um elemento alegórico, no caso um tripé que continha motocicletas.

Tradicionalíssima desfilante, Beth Andrade não esteve no abre-alas, em protesto contra a prisão do marido Paulinho de Andrade, então presidente da Mocidade. Quem a substituiu foi Fátima Tenório, mulher do novo presidente Roberto Tenório, que, segundo “O Globo”, teria ajudado a pagar o salário de Renato Lage.

Um carro interessante era formado pela Linha Vermelha, que tinha um avião passando por cima rumo ao Galeão e diversos veículos abaixo. Outra alegoria marcante foi a que representou o caos das enchentes. As alas também eram criativas, com os contrastes da via, carros de luxo e carroças como dizia o samba, e muambas que passam por ela.

Um dos carros, chamado “Cenas do Cotidiano”, acabou não passando, o que poderia render perda de pontos. Outro elemento, “Uma avenida que alimenta”, fazia um “merchan” discreto das lanchonetes Bob’s e McDonald’s, e o personagem Ronald McDonald aparecia em cima do carro.

Se nos quesitos plásticos, a Verde e Branco foi bem, houve falhas nos quesitos de pista, como Harmonia e Evolução. O samba, que teve boa condução do jovem Wander Pires (22 anos), não era mesmo dos mais poéticos, e o público acabou não se empolgando muito.

imperatriz942A última a entrar na passarela no desfile de domingo (já era madrugada de segunda-feira) acabou fazendo a melhor exibição do dia. A Imperatriz Leopoldinense de Rosa Magalhães tinha o mesmo enredo do Império Serrano mas foi infinitamente superior em tudo.

A começar pela extraordinária atuação da comissão de frente (foto), cujos componentes estavam maravilhosamente trajados e ainda faziam uma evolução abrindo seus leques em verde e dourado, o que dava um efeito incrível.

Além disso, o desenvolvimento do enredo sobre os indígenas brasileiros que foram convidados a se confraternizarem com os franceses, por intermédio do rei Henrique II e de Catarina de Médicis, foi impecável, já que a divisão das alas fazia a apresentação ter início, meio e fim.

É chover no molhado comentar a qualidade e requinte de alegorias e fantasias, que mesclavam com perfeição diversas cores com as da escola, no caso o verde, o branco e o dourado. Desde os setores dedicados à nobreza da França ou aos indígenas, tudo tinha extrema beleza.

imperatriz943imperatriz944Algumas alegorias chamaram muito a atenção como a do “Carrossel francês com onças selvagens”, que tinha excelente acabamento, bem como o carro “A cor que aplaude a dança dos índios”, que tinha diversas (e belas) índias com os seios de fora.

O samba era dos melhores da safra e foi conduzido brilhantemente (e com garra) por Preto Jóia, que estava no melhor de sua forma. A sustentação do banjo, como já vinha virando tradição na escola, e a atuação da bateria do Mestre Beto coroaram a ótima exibição da Rainha de Ramos.

O desfile de segunda-feira começou com chuva, mas isso não impediu uma apresentação muito divertida da Caprichosos de Pilares com o enredo sobre os 90 anos da Avenida Rio Branco, bem desenvolvido por Luiz Fernando Reis.

Com um samba irreverente, bem cantado por Luizito, a escola lembrou diversas coisas características do local, como a Galeria Cruzeiro e o Cordão da Bola Preta – aliás, integrantes do tradicional bloco desfilaram e valorizaram a exibição da escola.

Como sempre fez nos enredos que desenvolveu para a Caprichosos, Luiz Fernando Reis reservou espaço para a crítica política, e lembrou os importantes protestos realizados na Rio Branco. A recente revolta do povo contra PC Farias, Fernando Collor de Mello e João Alves foi resumida com os três trancafiados na cadeia, cercados por caras-pintadas.

Foi uma bela reação da Caprichosos após o fiasco de 1993, com um desfile que respeitou suas características de leveza, criatividade, bom-humor e crítica que sempre marcaram a simpática agremiação.

Em seguida, depois da chamada feita pela locutora Íris Lettieri, do Aeroporto Internacional do Galeão, a Tradição embarcou no desfile sobre a paixão do homem por voar. E foi uma viagem inesquecível, em velocidade de cruzeiro.

A carnavalesca Lícia Lacerda foi muito feliz na apresentação do enredo, que passeou pelos céus nas asas de cêra de Ícaro, no 14-Bis de Santos Dumont, nos voos dos pássaros, na carruagem de Apolo, nos balões, nos paraquedas e até nas espaçonaves interplanetárias.

As alegorias não eram grandes, já que a Tradição não tinha os mesmos recursos das grandes escolas, mas passavam com muita clareza e coerência a proposta do enredo. As fantasias eram simples, mas bastante leves e permitiam uma evolução tranquila aos componentes.

O samba foi bem cantado pelo saudoso intérprete Edmilton de Bem e era vibrante, principalmente no refrão principal “Vou voar de asa delta/O céu do meu Rio de Janeiro/ Vou voar/Delirar com a natureza/ Refletir no espelho o azul do mar”.

O público cantou junto desde o começo, e isso impulsionou a escola. Não só a meta de fugir das últimas colocações foi atingida, como voos mais altos (com o perdão do trocadilho) eram possíveis.

ilha94Se a exibição da Tradição já havia sido mágica, a União da Ilha literalmente teve ainda mais magia em sua apresentação. O enredo “Abrakadabra, o despertar dos Mágicos”, do carnavalesco Chico Spinoza, falava de tudo que poderia ser considerado “mágico” e rendeu à agremiação seu melhor desfile desde 1989 com sobras.

O conjunto visual da escola estava muito bonito e com uma divisão de cores muito coerente. Em alguns setores, a coloração era mais densa e escura, principalmente na parte mais mística do enredo. Em outros, os tons eram mais leves. Mas tudo descrevia com muita clareza o enredo.

A alegoria dedicada à Era de Aquarius foi o grande destaque do desfile graças a uma criativa (e mais barata) solução do carnavalesco: milhares de garrafas pet com líquido azul simulavam o movimentos das águas marítimas.

Outra alegoria muito criativa era a da Alquimia (foto acima), que não só era bem concebida, como soltava uma fumaça ora branca, ora vermelha, que dava excelente efeito. O escritor Paulo Coelho (“O Alquimista”, 1988) desfilou em cima daquele carro.

De volta à Tricolor insulana, o cantor Quinho deitou e rolou nos cacos e cantou muito bem o samba animado do inesquecível compositor Franco e de Almir da Ilha. E, como sempre, a bateria de Mestre Paulão deu show, com paradinhas e bossas criativas.

A Ilha não foi tão luxuosa e técnica como a Imperatriz, mas foi a primeira a receber gritos de “é campeã” na Praça da Apoteose. Se o título finalmente viria era outro papo, mas a briga pelas primeiras colocações era uma certeza.

Quarta a passar no desfile de segunda-feira, a Acadêmicos de Grande Rio prometia com o enredo “Os Santos que a África não viu”, mas acabou não conseguindo conquistar o público, que, ao contrário do desfile da Ilha, esteve frio.

Apesar do bom samba-enredo conduzido com firmeza por Nêgo (vencedor do Estandarte de Ouro), a escola não teve uma boa evolução. A comissão de frente veio com Zé Pilintra, fio condutor do enredo, e a escola passeou pela cultura africana e exaltou a negritude do continente.

O conjunto visual, apesar de contar com carros grandes e fantasias luxuosas, mas pesadas, não era dos mais criativos daquele Carnaval. Foi um desfile arrastado, inferior ao que a escola havia exibido em 1993.

beijaflor1994A Beija-Flor de Nilópolis buscou na natureza a inspiração para desfilar bem. O visual da escola estava inegavelmente bem acabado, com a divisão cromática até tendo um excesso de cores, embora pertinentes a uma boa parte do enredo sobre Margaret Mee, que teve bom desenvolvimento por parte do carnavalesco Milton Cunha.

Mas ainda na concentração, infelizmente houve a quebra da alegoria “Flor do Cactus da Lua”, o que poderia render perda de pontos nos quesitos Alegorias e Adereços, Enredo e Conjunto.

Pela primeira vez, a tradicional comissão de frente formada por negros desde a época de Joãosinho Trinta foi substituída por sete casais que tiveram boa participação na representação do namoro entre os beija-flores e as bromélias da Amazônia.

O grande Neguinho da Beija-Flor teve ótima atuação, e o samba-enredo, que não era dos mais cotados na fase pré-carnavalesca, cresceu bastante no desfile, rendendo uma ótima harmonia e puxando o público para cantar com a escola. A bateria esteve muito firme e empolgou, com diversas paradinhas.

Mas no fim do desfile houve um incêndio no belo último carro alegórico, chamado “Carrossel Beija-Flor e a Rainha da Primavera Brasileira”, entre os antigos setores 3 e 5.

O fogo atingiu o topo do carro e chamuscou a fantasia da atriz Joyce de Oliveira, que representava a reencarnação indígena de Margaret Mee. A destaque Rosana Cristina, de 16 anos, ficou assustada com o fogo e pulou do carro, mas não se machucou. Já o componente Mário André Eugênio teve queimaduras de segundo grau na mão esquerda.

Como o incêndio não foi de grandes proporções como o que se viu no desfile da Viradouro em 1992, a Beija-Flor arriscou e não parou a alegoria no meio da pista para que os bombeiros pudessem controlar as chamas de uma vez, pois tinha receio de perder pontos em cronometragem.

Quatro dos 28 componentes permaneceram no carro até a dispersão, e só lá os bombeiros agiram para valer – o fogo não demorou a ser controlado. Na dispersão, outra alegoria (“Lendas e Mitos da Amazônia) teve um curto-circuito no sistema elétrico, e a atriz Betty Faria teve de ser retirada às pressas.

Mas, apesar de não ter deixado a impressão de título, foi uma agradável apresentação da Beija-Flor, que provavelmente ficaria entre as primeiras colocadas.

salgueiro94Campeão de 1993, o Salgueiro começou seu desfile ao som de uma incrível e demorada queima de fogos, mas como o tempo no Rio ainda estava muito fechado apesar de a chuva ter parado, a fumaça não se dissipou, e a pista ficou encoberta por uma espessa nuvem (foto).

O samba era dos mesmos compositores do fenômeno “Explode Coração” de 1993, e o público cantou com a escola desde o começo do desfile, demonstrando que o Salgueiro era mesmo um dos favoritos a mais um campeonato.

salgueiro942O enredo sobre o Rio de Janeiro era de facílima leitura, mas, como já havia acontecido no ano anterior, o conjunto alegórico estava inferior ao de outras escolas, como Imperatriz (principalmente), União da Ilha, Viradouro, Mocidade e Beija-Flor.

As fantasias estavam melhores e passavam a mensagem de cada ala com bastante coerência, até porque o carnavalesco Roberto Szaniecki acertou na escola de cores, preservando o Vermelho e Branco do Salgueiro sem ser repetitivo.

A bateria de Mestre Louro brilhou como de costume, e a harmonia da escola esteve perfeita, já que os componentes cantaram com força o samba do começo ao fim, sem oscilações.

Apesar do incrível contingente de 6 mil pessoas, a evolução não apresentou graves problemas, o que credenciava a Vermelho e Branco a, de fato, brigar na parte de cima já que fez o desfile mais vibrante do ano.

Contando a história do comércio no S.A.A.R.A., a Estácio de Sá passou muito longe de reeditar em 1994 seus melhores momentos. O enredo falava sobre os diferentes tipos de comerciantes e produtos vendidos naquela região do Centro do Rio, mas poderia ter sido melhor desenvolvido.

O samba, que era bastante coloquial, não rendeu apesar da competência de Dominguinhos na condução. Para piorar, a escola estava inchada e a evolução foi confusa graças a problemas com alegorias.

No fim, uma ala passou correndo pela pista e o som ainda por cima foi desligado antes do estouro do cronômetro, para dar a impressão de que a escola já havia terminado seu desfile. Um ano para os estacianos esquecerem.

A Portela encerrou os desfiles de 1994 com bastante categoria ao contar as origens do samba na África e a solidificação do gênero como tipicamente brasileiro depois que os escravos trouxeram o ritmo para o nosso país.

Curiosamente, num desfile sobre as raízes do samba, pela primeira vez a comissão de frente da Portela não teve a presença da Velha Guarda. Coisas do julgamento, já que a escola era a última a resistir à tendência das supercomissões de frente coreografadas…

A Águia veio representando um malandro do Rio e usava chapéu. Tanto em alegorias como em fantasias, o carnavalesco José Félix acertou no desenvolvimento do enredo, cuja mensagem era a de que Oswaldo Cruz e Madureira haviam se tornado a casa do melhor samba.

O samba-enredo, como já mencionado no texto, era um dos melhores do ano, e o andamento da bateria foi simplesmente espetacular, o que valorizou a fortíssima melodia.

O enredo tinha um quê de protesto, que ficava evidente em alguns versos do samba, como “Esse batuque gostoso não pode parar” e “Resistência que a força não calou”. A se lamentar, apenas, a quebra de uma das alegorias.

No fim, naquela cena que sempre marcou os desfiles das escolas de samba, o povão desceu da arquibancada e seguiu a escola no chamado arrastão da alegria.

REPERCUSSÃO E APURAÇÃO

Terminado o desfile, a sensação era a de incerteza sobre a escola vencedora, já que não houve nenhuma apresentação que tivesse conquistado de forma contundente o público e crítica, como nos anos anteriores.

Os melhores desfiles foram da Imperatriz (pela qualidade estética e equilíbrio de sua apresentação nos quesitos), do Salgueiro (pela vibração durante toda a passagem), da Ilha (também pela empolgação, além do conjunto da obra), além de Portela e Mocidade, mas outras escolas se exibiram muito bem como Beija-Flor, Viradouro e Tradição.

lilianramosPorém, antes que se pensasse na apuração, uma bomba foi deflagrada nos sempre agitados camarotes da Sapucaí. Isso porque o presidente da República, Itamar Franco, foi flagrado ao lado da modelo Lílian Ramos, que estava sem calcinha e dançava de forma beeeeeem desinibida, para deleite dos fotógrafos… Itamar jurou de pés juntos que não sabia da falta da peça íntima da moça, mas o assunto foi manchete por vários dias em jornais e revistas de fofoca.

A apuração foi dominada pela Imperatriz Leopoldinense, que não recebeu nota 10 de apenas quatro dos 30 jurados, um em Enredo, outro em Evolução, outro em Samba-Enredo, e, por fim, em Mestre-Sala e Porta-Bandeira. Se a vitória em si foi justíssima, pela grandeza da apresentação da escola, surpreendeu a grande vantagem de 3,5 pontos para o vice-campeão Salgueiro.

A Viradouro terminou num inédito terceiro lugar, seguida pela União da Ilha, enquanto Beija-Flor e Tradição (outra grata surpresa) terminaram com a mesma pontuação, com a escola de Nilópolis levando vantagem no desempate (Alegorias e Adereços).

Num desfile muito equilibrado, surpreenderam o sétimo lugar da Portela (principalmente), o nono da Vila Isabel e o 11º da Mangueira. Houve ainda o lamentável 16º e último lugar para o Império Serrano, que perdeu cinco pontos por desfilar com um número de alegorias inferior ao mínimo exigido (oito) mas ficaria apenas em penúltimo caso não tivesse sido punido.

Presidente do Salgueiro, Paulo Cesar Mangano ficou revoltado com a derrota para a Imperatriz e jogou a taça de campeã do Carnaval no chão da Apoteose, além de fazer o famoso sinal de roubo com as mãos.

“Paulo de Almeida transformou a Liga num circo político. Com o Capitão Guimarães, havia a certeza da honestidade. Estou me demitindo da Liga”, reclamou Mangano.

Já os patronos de Imperatriz e Salgueiro, Luizinho Drumond e Miro Garcia, segundo “O Globo”, assistiram à apuração no Instituto Penal Vieira Ferreira Netto em clima de paz e se abraçaram após a confirmação do título gresilense, enquanto Anísio Abraão David ficou isolado.

Na Mangueira, a revolta também foi grande. Presidente da escola, Roberto Firmino tentou invadir a mesa da apuração e acusou a Liesa de prejudicar as escolas que não tinham bicheiros como patronos.

Além do Império, a Unidos da Ponte terminou a apuração na zona de rebaixamento, mas, a exemplo do que ocorrera em 1993, o descenso acabou deixado de lado.

RESULTADO FINAL

POS. ESCOLA PONTOS
Imperatriz Leopoldinense 298
Acadêmicos do Salgueiro 295
Unidos do Viradouro 294,5
União da Ilha do Governador 292,5
Beija-Flor de Nilópolis 291,5
Tradição 291,5
Portela 290,5
Mocidade Independente de Padre Miguel 290
Unidos de Vila Isabel 289
10º Caprichosos de Pilares 287,5
11º Estação Primeira de Mangueira 287
12º Acadêmicos do Grande Rio 274
13º Estácio de Sá 274
14º Unidos da Tijuca 270,5
15º Unidos da Ponte 259
16º Império Serrano 258,5

As divisões inferiores foram marcadas, para ser educado, por um descalabro total nos resultados. Subiram para o Grupo Especial a vice-campeã São Clemente, após três carnavais no Acesso, e a campeã Unidos de Villa Rica, também da Zona Sul (Copacabana), em um resultado muito contestado, já que ambas tiveram VINTE pontos de vantagem sobre a terceira colocada Acadêmicos da Rocinha.

Ainda na Praça da Apoteose, Unidos do Cabuçu, Leão de Nova Iguaçu, Império da Tijuca, Unidos de Lucas e Acadêmicos de Santa Cruz denunciaram fraude na apuração. Presidente da Cabuçu, Therezinha Monte afirmou que o carnavalesco da Portela, José Félix, a havia alertado sobre armação na quinta-feira anterior ao desfile:

“Ele me disse que a Villa Rica seria primeira e São Clemente, segunda. Liguei na hora para a Associação das Escolas de Samba. Não adiantou”, reclamou Therezinha ao jornal “O Globo”.

Já o diretor da Unidos de Lucas, Luiz Carlos Aguiar, disse que havia avisado o prefeito César Maia sobre a armação, e afirmou que pediria a instalação de uma CPI, já que ele era vereador.

Na matéria de “O Globo” sobre a polêmica apuração, houve outra denúncia gravíssima:

“Outra confusão foi protagonizada por Eugênio Onça, diretor da Santa Cruz. Ele deu um soco no nariz do tesoureiro da associação, Valmir da Costa Neto – responsável juntamente com outro diretor, Gérson San Martinho, pela escolha do primeiro corpo de jurados – para que devolvesse os Cr$ 10 milhões que a Santa Cruz havia pago para acertar os resultados do Grupo 1. Pelo acerto, o título ficaria entre Santa Cruz, Acadêmicos da Rocinha e Unidos de Villa Rica. Só que os jurados escolhidos inicialmente foram substituídos”.

Toda essa confusão sedimentou o terreno para a criação de uma nova entidade para organizar os desfiles do Acesso: a Liesga (Liga Independente das Escolas de Samba do Grupo de Acesso). Para compor o novo Acesso A, não houve rebaixamento para o Grupo B. Do Grupo B para o A, ascenderam as três primeiras colocadas: Difícil é o Nome, Vizinha Faladeira e Em Cima da Hora, o que totalizaria 19 agremiações.

Mas o mais inacreditável aconteceu no Grupo C. Isso porque subiram para o B, além da campeã Acadêmicos do Dendê e da vice Mocidade Unida de Santa Marta, a quarta colocada Acadêmicos da Abolição, a oitava Foliões de Botafogo, e as três últimas colocadas Unidos de Vila Kennedy, Império do Marangá e Unidos da Vila Santa Tereza. Com que critério? Só Paulo de Almeida, que presidia a Liesa e criou a Liesga, pode explicar…

CURIOSIDADES

– Foi o último ano de Dedé da Portela como cantor principal da Portela. O também compositor morreria nove anos mais tarde, de infarto, quando tinha 65 anos.

– A Manchete voltou a transmitir os desfiles do Rio em 1994, com sua tradicional equipe formada por Paulo Stein, Haroldo Costa e os saudosos Fernando Pamplona, José Carlos Rêgo e Roberto Barreira.

– Na Globo, a grande novidade era a estreia de Fátima Bernardes na condução das transmissões ao lado do já experiente Fernando Vannucci.

– O 13º lugar foi o pior resultado da Estácio de Sá desde que a escola passou a ter esse nome (antes era Unidos de São Carlos). Em 1997, a escola repetiria a 13ª posição e seria rebaixada para o Acesso; dez anos mais tarde, a Vermelho e Branco fez breve retorno ao Grupo Especial, repetiu a 13ª colocação e caiu. Em 2016, nova participação na elite e outro rebaixamento, em 12º lugar.

– Por outro lado, com o terceiro lugar, a Viradouro obteve a melhor posição de sua história até então. Em 1997, a escola se consagraria campeã pela primeira vez, fato que repetiria em 2020 – em 1999, 2000 e 2006, a agremiação de Niterói também ficou na terceira posição no Grupo Especial.

– Foi a última vez que Quinzinho participou do Carnaval como cantor principal de uma agremiação. Em 1995 e 2002, ele foi apoio no Império Serrano, escola que o projetou.

– Antes de armar um fuzuê na apuração, o presidente da Mangueira, Roberto Firmino, já havia se envolvido em outra confusão, ainda durante os desfiles. Cabo da PM, Firmino e um sargento da corporação que o acompanhava discutiram com um casal. O sargento sacou uma arma e a confusão só acabou quando integrantes da Riotur acalmaram os ânimos.

– Antes de ter subido ao camarote do presidente Itamar Franco, Lílian Ramos havia desfilado pela Viradouro. Depois da polêmica, o presidente José Carlos Monassa barrou a modelo no Desfile das Campeãs. Ninguém da segurança ou cerimonial da Presidência assumiu a responsabilidade por ter permitido que Lílian fosse fotografada ao lado de Itamar. Já a modelo garantiu aos jornais que nos dias seguintes trocou telefonemas com Itamar, que, como um bom mineiro “come-quieto”, não comentou o caso.

CANTINHO DO EDITOR – por Pedro Migão

Gilberto Gil, homenageado da Mangueira, chorou no camarote da escola ao ver a sua Portela passar…

Por falar em Mangueira, após o fiasco da escola no desfile surgiram duas versões jocosas do samba:

“Me leva que eu vou
Sonho meu
O Salgueiro já é bi
E a Mangueira se fodeu…”

A segunda era:

“Me leva que eu vou
Sonho meu
Atrás da verde e rosa
Só fica quem já desceu…”

Muitos imperianos até hoje juram que houve sabotagem nas alegorias da escola. Por outro lado, o rebaixamento também foi anulado devido ao fato de a Unidos da Ponte, escola do então presidente da Liesa, Paulo de Almeida, ter sido rebaixada…

Mesmo presos, bicheiros como Carlinhos Maracanã, Anísio Abraão David e Luizinho Drumond, entre outros, eram consultados pelos diretores de suas respectivas agremiações a cada passo que davam. Milton Cunha inclusive revelou que submeteu a Anísio a aprovação do enredo sobre Margaret Mee na cadeia.

O enredo da Acadêmicos do Grande Rio sobre a Umbanda é o único na história do carnaval a abordar a centenária instituição.

O resultado do Grupo de Acesso despertou muita polêmica. Villa Rica e São Clemente subiram com nada menos que 20 pontos de diferença para a terceira colocada. Em especial a escola de Botafogo, que, segundo os analistas, fez um desfile que a credenciaria às últimas posições. O imbróglio resultaria na criação da Liesga (Liga Independente das Escolas do Grupo de Acesso), que teria vida curta.

Foi a primeira vez que a Tradição ficaria à frente da Portela. O curioso é que a escola de Campinho reeditaria este samba em 2007 com exatamente as mesmas fantasias – e um carro em o 14 Bis era maior que a Torre Eiffel… Obviamente, foi rebaixada.

O Salgueiro sofreu com um problema que se tornaria uma constante nos trabalhos do carnavalesco Roberto Szaniecki: alegorias inacabadas.

Acabei não escrevendo na coluna anterior, mas 1993 e 94 marcam o início da carreira de um dos grandes compositores do carnaval carioca: Cláudio Russo assinou os dois sambas da Portela naquelas oportunidades. 94 marca a estreia de André Diniz no Grupo Especial.

A Difícil é o Nome foi a campeã do Grupo de Acesso B, na terça feira de Carnaval. Também subiram a Vizinha Faladeira e a Em Cima da Hora para o Grupo de Acesso A. Este ano foi marcado por uma série de acessos inusitados nos grupos inferiores, como explicado acima.

Abaixo, a capa do Jornal do Brasil da quarta feira de Cinzas daquele ano. Falando em impeachment para Itamar por causa das partes pudendas de Lílian Ramos…

JB 1994

Links

O desfile campeão da Imperatriz Leopoldinense em 1994

A apresentação empolgante do Salgueiro

A passagem da União da Ilha

A surpreendente exibição da Tradição

Fotos: O Globo, Extra e reprodução de TV

27 Replies to “1994: De alma pintada, Imperatriz vence desfile equilibrado e surpreendente”

  1. O CD/LP de 94 é a melhor gravação não só da era Teatro de Lona mas da história!

    Fred, vou ter que discordar: o samba da Tijuca, apesar de popular, era ruim de dar dó

    A apuração foi uma bagunça sem fim: começou com 1 hora de atraso (estava anunciado para as 14h30) devido a uma reunião pra decidir por qual quesito começaria a apurar, teve confusão com direito a mesa apuradora invadida, a Maria Helena desmaiando, bate boca de torcedora com fotógrafo, empurra empurra entre os dirigentes, enfim…

    Aliás, foi um dos únicos anos que Jorge Perlingeiro não foi o locutor oficial da apuração, foi um barbudo que não lembro o nome.

    Esqueceram de mencionar que o Ivo Meirelles, então vice-presidente da Mangueira, ao ouvir um 8,5 simplesmente rasgou o mapa de apuração e disse “eu não mereço ouvir isso”

    O samba da Ponte era maravilhoso, aliás, foi o segundo e último ano em que meu pai desfilou na bateria da Ponte, eu seguiria a tradição da família 21 anos depois, desfilando pela Viradouro – aliás, desfilarei de novo, melhor dizendo, serei “adversário” do Migão este ano, rs

    O título da Villa Rica foi uma aberração sem fim, até na vinheta das escolas no ano seguinte percebeu-se que o desfile da São Clemente foi muito mais luxuoso do que da azul e amarelo – e coloca muito nisso!

    Até hoje ninguém sabe o que é “Saber para crescer/Saber para amenizar/Saber para orientar” que consta na letra do samba da Ilha no encarte do CD.

    Por falar no encarte do CD, o verso da mesma consta que a vice-campeã… é a Mocidade! Além de colocar o saudoso Edimilton di Bem como intérprete… da Imperatriz!

    Que venha 95!

    1. Só uma coisa, Carlos Alberto, não disse que o samba da Tijuca era bom, mas sim DIVERTIDO. Trinca de Reis é uma bosta, mas é divertido rs

  2. na verdade a imperatriz também levou um 9 em samba-enredo.ano equilibradíssimo quase identico a esse ano sem ter uma favoritíssima.apesar de eu preferir o salgueiro.

    a mangueira igualava 1989 como suas piores posições no carnaval do rio de janeiro até aquele momento.11a posição foi dose naquele ano.

    o não rebaixamento naquele ano foi absurdo apesar de salvar o império serrano.

    o samba da imperatriz é top 30 do carnaval carioca.

    apuração bem confusa vendo que a porta bandeira da imperatriz desmaiou,muitas pessoas passaram mal,e houve muita polemica.

    a safra de sambas de 1994 é muito boa com vários sambas marcantes.

  3. Mais um carnaval inesquecível… grandes sambas e enredos… e o Itamar, hein? Que danadinho…

    Todos sabem que eu sou Imperatriz, mas é impossível não gostar de um samba que tem isso aqui ó…

    “Desperta Seu China! Acorda Noel!
    Pra ver a nossa escola desse branco azul do céu
    E o Zé Ferreira (alô Martinho!) vem saudando a multidão
    Pode ma chamar de Vila que orgulho é o meu Brazão!”

  4. Comissão de Frente da Imperatriz inesquecível com aqueles leques. E ouvindo os sambas de 1994, admirado com a voz do Carlinhos de Pilares cantando o samba da Tijuca e não sabia do Vaguinho na São Clemente: “aonde vai a corda, vai a caçamba..”

    E essa apuração e 94 talvez só foi batida em confusão com a fatídica de 2012 em São Paulo?

      1. Verdade Carlos, em 2012 foi ao vivo, o cara rasgando e jogando papel pra todo o lado! Lamentável!

        O samba podia não ser bom, mas eu me referi a levada do Carlinhos, a voz de intérprete tipicamente carioca, que aos meus “ouvidos paulistas” se destaca nitidamente.

        Que venham os “jegues” de 95!!!

      2. Sei que é espírito de porco de minha parte, mas toda vez que vejo estas imagens desta apuração eu rio às gargalhadas

        1. O de SP 2012 ou o do Rio 1994?

          Aliás, saudades de ver aquele monte de diretor com a cara ensebada de óleo de peroba falando de roubo. O mesmo roubo que, em anos posteriores, o beneficia – e ninguém diz nada…

          Hoje em dia todo mundo fica quieto… não tem graça!! =D

        2. Assistindo a apuração, eu soltei um: que porr* é essa…e o silêncio tentando entender e já imaginar as consequências.

          Infelizmente aquele ano acabou estigmatizando mesmo a Mocidade, que tem aqui em Sampa a melhor estrutura e o menor número de “sub-celebridades” da noite paulistana. Mas mesmo assim não consegui ter “raiva” dela, tanto quanto tinha da Vai-Vai na época do Solón Tadeu, que sempre reclamava, protestava, acusava de roubarem a Saracura. Mas hoje a “raiva” passou…rsrsrs

          1. Solon Tadeu, a figura que mais me dá paúra do Carnaval de SP. Típico “ganhei, sou foda; perdi, fui roubado”!

  5. Título indiscutível da Imperatriz! Não tem o que colocar de ruim.

    Só um adendo pro samba da Mocidade: a letra pode ser trash, mas a melodia é uma das mais lindas da história, disparado.

    E quem diria que esse samba da Tradição fosse o último bom da escola…

    “Será verdade (oh, será, será)
    Ícaro marcou bobeira
    Viajando para o sol
    Com um par de asas de cera”

    Como eu disse acima, a safra de 1994 é uma das poucas que você ouve todos os sambas numa boa, até os tenebrosos hinos de Tijuca e Caprichosos!

    Bem melhor que os insossos que poluíram os anos 2000…

  6. Imperatriz teve alguns títulos contestados nesses anos de ouro da escola. Mas este não. A meu ver, foi a melhor e mereceu. Aliás, as primeiras colocações não foram tão discrepantes assim. Portela mais injustiçada que a Mangueira. O samba da Manga fez sucesso mas não considero uma grande obra. Bem abaixo de vários desta safra. Essa “coincidência” de enredos de Imperatriz e Império é bizarra. Um fato tão diferente, tão a cara da Rosa Magalhães que…deixa pra lá. Aliás, deixa pra lá também qualquer comentário a respeito do resultado do Grupo de Acesso…

  7. Como quebrava carro essa época. Hoje os carros são enormes e não temos, felizmente, tantos problemas. Muitos resultados poderiam ser diferentes se houvessem menos carros quebrados. Aliás de 95 em diante esse n° de quebras não acaba de vez mas cai bastante.

    1. Também revi recentemente o desfile da Ilha,aliás completo. Muito empolgante e até hoje acho o o melhor trabalho do Chico Spinoza no Rio. A alegoria da Era de Aquários com as garrafas pet é uma obras-primas.
      Quanto a Lília Ramos, esperava vê-la nos desfiles da Imperatriz sempre deliciosa. Mas janeiros são cruéis, a vi há cerca de 1 ano no Iguatemi de Fortaleza, rosto cheio de botox.
      Pouca gente apostava no título da Imperatriz porque tomava como base os desfiles campeões de anos anteriores que quase botaram Sambódromo abaixo (Mocidade, Estácio e Salgueiro).

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