Como os leitores sabem, logo após o carnaval de 2014 criamos um movimento chamado “Reage Boi” para tentar resgatar o Boi da Ilha, tradicional agremiação da Ilha do Governador.
A escola foi rebaixada em 2013 e, faltando dois dias para o carnaval de 2014, anunciou que não desfilaria. Após uma grande mobilização a mesma passou com o que tinha e podia, sendo rebaixada novamente. Daí surgiu a necessidade de se fazer algo.
Nos juntamos com a direção do Boi; a mesma não cumpriu sua palavra, nos afastamos e a escola caiu pela terceira vez seguida, chegando ao fundo do poço.
Lançamos candidatura à presidência da escola. Uma chapa com mais de 60 pessoas históricas da agremiação, que se juntaram para tentar fazer algo.
Mas um presidente frouxo e covarde, apoiado em um estatuto viciado e feito para sempre privilegiar o poder nos impediu de participar. Impediu pessoas com anos e anos de doação à agremiação de terem voz em sua casa dando vazão a outras que caíram de paraquedas e ganharam esse direito só porque eram amigas do ‘sistema’.
Mas isso tudo é passado.
É passado desde que as pessoas na agremiação foram divididas entre “sócias” e “não sócias”, desde que percebemos que não nos deixariam concorrer, um direito legítimo.
Sonhos não morrem. Se transformam como uma fênix.
Entre a eleição mal sucedida que nos barraram na porta e a farsa montada posteriormente no clube do Cocotá, percebemos que era uma briga perdida e começamos a cogitar a ideia de uma nova escola. Na semana da eleição remarcada percebemos judicialmente que não teria como impedir a mesma; apenas arrastar na justiça uma decisão final.
Nesse período surgiu a possibilidade de trazer uma escola de Cabo Frio pra cá, a Unidos do Aquarius. Escola que, junto com o compositor e intérprete Cadinho da Ilha eu já tinha vencido sete concursos de samba-enredo. Escola presidida pelo meu amigo Jorginho Katespero.
Fomos para a eleição apenas por ir, porque mantemos dentro de nós o espírito de crianças e gostamos de circo. Fomos lá já com a ideia de trazer a Unidos do Aquarius para cá e os meios de colocá-la pra desfilar. Fomos apenas para rir de quem queria rir de nós.
Risada que finalmente foi dada ontem.
Evidente que nada contra o Boi da Ilha. Somos filhos de agremiação e temos muito orgulho disso. Torço para o Boi sempre, para seu sucesso e sou eternamente grato por todas as oportunidades que a agremiação me deu e tudo que fez por mim.
O meu problema e do grupo que faço parte é com a filosofia impetrada pelas pessoas que comandam a agremiação desde 2012 e continuarão comandando enquanto quiserem, graças ao Estatuto. Apenas mudam os nomes de comando. O grupo segue o mesmo e isso não aceitamos.
Por isso surgiu a Nação.
A Nação Insulana não é dissidência. É filha. Filha do Boi, do Dendê e da nossa madrinha União da Ilha. Não veio para tomar espaços, por vingança, nem picuinha. É um projeto sério, moderno de fazer carnaval, com um dos estatutos mais transparentes, democráticos e profissionais feitos por uma escola de samba. Temos o dono do blog, Pedro Migão, como fundador e membro do Conselho Fiscal e sei que ele não entraria em um projeto de aventureiros.
A alma do Reage Boi permanece conosco. A paixão por um pavilhão, por uma causa, somada a um jeito democrático e moderno de fazer carnaval. Não queremos depender de nomes, nem ficar a mercê de aventureiros. Queremos fazer bons carnavais e crescer como estrutura, além de ser um agente de cidadania e cultura da Ilha do Governador.
Temos grandes nomes com a gente. Gente como Anderson Baltar na comunicação, Cadu Zugliani como um dos comandantes do carnaval e Luiz Antonio Simas como um dos realizadores de nossa sinopse – afro – que em breve será dada aos compositores. Sou o vice presidente da escola e Jorginho Katespero o presidente.
Não vamos brincar de fazer carnaval, mas vamos brincar carnaval na pista porque lá é lugar de diversão e alegria.
E em fevereiro chegaremos à Intendente Magalhães nas cores da bandeira do Brasil. Porque somos todos um só. Somos uma Nação.
E não importa a bandeira. Juntos somos mais fortes.
E a nossa força sempre virá da humildade.
Facebook – Aloisio Villar
Twitter – Aloisio Villar
Parabéns, Aloisio Villar!
Parabéns pela conquista e pelo texto tão bacana e transparente!
Parabéns ao grupo!
Parabéns, NAÇÃO!
Isso é apenas o começo!
Fico triste pela maneira como as coisas ocorreram. É sempre melhor resgatar uma escola de um bairro, do que fundar mais uma. Todavia, sei o quanto isso foi tentado, por todas as formas legais e legítimas. Você e seus parceiros são verdadeiros guerreiros e prova viva de amor ao samba, a um pavilhão, a um bairro. Não tinha jeito mesmo nesse caso, infelizmente. Desejo todo o sucesso do mundo, que embora com uma bandeira diferente, manterá o mesmo sentimento que uniu a melhor parte do Boi.
Um abraço !
Que a iniciativa se torne próspera e frutífera. Desejos vôos altos e seguros para a mais nova Escola de Samba. Estarei de volta ao Rio em dezembro e espero ter a oportunidade de ver vcs desfilarem na Intendente e, quem sabe, participar desse promissor projeto! Toda a felicidade a vcs!
Isso que é energia. Um grupo que não se deixou levar por barreiras, pessimismos e egoísmo. Sempre houve entendimento e isso é prova de que a Nação já terá um grande início. Uma unidade que já formam uma família!