Bom, quarta feira, resultados divulgados, alguns pitacos sobre o que vi nas quatro noites de desfiles na Sapucaí:
1) Não dá para dizer que tenha sido injusto o título da Beija Flor, mas 269.9 pontos deixa claro que a escola não foi julgada.
2) Não discordo a princípio do julgamento da Portela, mas discordo da posição. Quinto lugar meio exagerado.
3) Exagerado porque, mais um ano, a Grande Rio teve uma colocação superfaturada. Era para ter sido nona, parou sabe Deus como em terceiro. Incrível, fantástico, extraordinário.
4) Como incrível foi a avaliação do limitadíssimo samba do Salgueiro. 30 pontos foi algo parecido com o “Caso Marina Montini” em 1987 – sugiro a leitura do artigo da serie “Trinta Atos” sobre este ano.
5) A subida da Estácio está naquela categoria que classificaria como “no limite da tolerância”. O problema é que desde março do ano passado se dizia no meio que a agremiação subiria, o que a meu ver tisna o bom trabalho feito pela Lierj.
6) O desfile deste grupo deixou claro que a verba de aproximadamente R$800 mil para cada escola é insuficiente. Tivemos escolas passando com problemas de fantasias porque não tiveram dinheiro para pagar o ateliê – as rebaixadas Unidos de Bangu e Em Cima da Hora são os casos mais visíveis, mas outras escolas tiveram os mesmos problemas.
7) O desfile da Série A não tem a menor condição de se iniciar às 21 horas, especialmente na sexta feira que coincide com a saída dos cariocas para o feriadão. Com apenas sete escolas desfilando a primeira noite se encerrou antes das quatro da manhã, o que deixa claro que se pode iniciar mais tarde este grupo.
8) Também há que se criticar o lastimável estado dos banheiros nas quatro noites de desfiles, especialmente no Setor 3, onde estava. Na sexta feira, inclusive, estavam interditados os sanitários masculinos.
9) Outro ponto que precisa de ajustes é o som da avenida. Não pode haver as falhas que aconteceram. O Império Serrano e a Mangueira foram muito prejudicados por conta disso.
10) Apesar de caro, o sistema de táxis especiais funcionou a contento este ano.
11) A chuva atrapalhou, é verdade, mas a passagem de Cláudia Leitte como rainha de bateria da Mocidade foi bastante apagada. Minha filha mais velha, que viu pela tv, disse que ela parecia um Pokemón…
12) Bela sacada a da União da Ilha em colocar uma Branca de Neve negra e gorda em sua comissão de frente.
13) Por falar na escola insulana, chama a atenção a perda de característica da bateria da escola. Com Mestre Ciça, parecia bateria da Estácio – bem mais acelerada que o habitual.
14) A Liesa precisa pensar em que público quer em seu desfile. Não sei até que ponto vale a pena apostar em turistas exógenos à festa.
15) Mesmo com este fenômeno, chamava a atenção o mar de camisas da Portela no entorno da Sapucaí na segunda feira de carnaval. Apesar do resultado aquém do esperado, o orgulho de ser portelense voltou.
16) Não sei o porquê, mas foi um ano tímido em esquentas. Destaque à Em Cima da Hora, a Portela e a Imperatriz.
17) A escola da Leopoldina, aliás, precisa de um novo mestre de bateria. Foi a pior dos quatro dias – e as notas foram até condescendentes.
18) A chuva atrapalhou bastante Viradouro e Mangueira.
19) o cronômetro da Sapucaí estava visivelmente descalibrado: a cada momento mostrava um número diferente – o que levou à loucura público, imprensa e diretores de Harmonia. Ainda assim, nenhuma agremiação estourou o tempo de desfile.
20) Harmonia do Império Serrano, aliás, muito melhor que outros anos. Boa parte dela importada da Portela.
21) Aliás, desfilei na Harmonia da Serrinha substituindo um presidente de ala que estava doente – e que infelizmente veio a falecer nesta Quarta Feira de Cinzas.
22) A Porto da Pedra trouxe o personagem Manda Chuva representando os “gatos” de luz. Boa sacada.
23) Eu, branco azedo, desfilando de rei africano na Renascer de Jacarepaguá. Coisas que só o carnaval permite – e para homenagear Candeia vale tudo.
24) O carro do carnaval foi a Águia Redentora. Quando ela subiu no Setor 1 foi um momento de grande emoção – que a tv não mostrou…
25) Roberto Szaniecki está de volta à Grande Rio, em furo deste Ouro de Tolo – incrível como ele nunca acaba carnaval e sempre tem mercado…
26) E a conexão de internet foi uma lástima durante o desfile do Grupo Especial: ao contrário de 2014, nem o 4G funcionou – e wifi era peça de ficção…
27) A segurança no acesso aos setores ímpares precisa melhorar. Muitos relatos de assaltos na região da Central do Brasil.
28) Bateria da Inocentes deu show emulando a “Surdo 1” da Mangueira na sua homenagem a Nelson Sargento.
29) Este escriba teve que puxar o prefeito Eduardo Paes pelo pescoço de dentro de uma ala da Portela. Estava a ponto de criar um buraco em frente ao jurado…
30) E a cobertura do carnaval 2016 deste Ouro de Tolo começa já na semana que vem.
Belíssima opinião, Pedro. Bem por aí mesmo.
E sobre o Acesso, pela TV realmente não dá pra ter muita noção. Achei o desfile da Estácio muito bom, mas também suspeitava, desde o ano passado, que a escola ia subir!
Aliás, posso te convidar pra ler a minha análise? Por pior que esteja, me diz o que achou? http://www.blogdoroli.com.br/2015/02/titulos-bem-guardados.html
Lendo a matéria, acabei sabendo que você substituiu o meu amigo José Carlos no Império.
Sim, que infelizmente faleceu na Quarta feira de cinzas. Abraço
Estava na Sapucaí nos dois dias de Série A e achei a Estácio de Sá a melhor escola. Não sei como foi a impressão que tiveram na TV. Li em muitos lugares pessoas apontando Império da Tijuca e Unidos de Padre Miguel. O Império da Tijuca fez um desfile muito bonito mas deixou o samba cair da metade pro final e teve erros visíveis nas alegorias. A Unidos de Padre Miguel veio muito bem mas achei ela pequenina, faltou grandesa, pressão. Talvez se o grupo especial tivesse mais escolas como antigamente ela já estivesse pronta pra ir. Quanto a Estácio, achei o desfile emocionante, lindo, alegorias lindas, fácil entendimento. O samba foi gritado pela escola e a bateria foi na pressão. Sem dúvidas tinha que ganhar. Não acho que a liga fica manchada com esse resultado.