Nesta quarta feira, a coluna “Saúde e Batom”, da jornalista Raphaele Ambrosio, aproveita a celeuma pela recente decisão da atriz Angelina Jolie de retirar os seios para explicar a mastectomia.

Mastectomia – Um mal necessário

O mundo não comentou outra coisa a não ser a decisão da atriz Angelina Jolie em fazer a retirada dos seios, como prevenção para um futuro aparecimento de um câncer de mama. Uma atitude corajosa aos olhos de muitos e precipitada aos olhos de outros.

Mas o que é Mastectomia? Em que caso o uso dela pode ser de total ajuda a quem não tem a doença ainda? Entenda um pouco sobre esse universo que acomete 31,5% das mulheres.

Mastectomia é a remoção completa da mama. Existe a radical, total simples, a subcutânea e a preventiva. Todas consistem na retirada da mama, porém, cada uma com seu grau de dificuldade, recuperação e resultado, de acordo com o estado e necessidade da paciente.

  • Mastectomia Radical – é feita a retirada da glândula mamária, associada à retirada dos músculos peitorais e a linfadenectomia axilar completa. Atualmente é um procedimento incomum, devido à alta morbidade a ela associada e a resultados bastante satisfatórios de técnicas mais conservadoras.
  • Mastectomia Total Simples – é realizada a retirada da glândula mamaria, incluindo o complexo areolar e aponeurose do músculo peitoral. Os linfonodos axilares são preservados. É indicada nos casos de: carcinoma ductal in situ; recidiva após cirurgia conservadora; lesões ulcerativas em pacientes com metástases a distância onde o controle local promove melhor qualidade de vida; pacientes idosas com risco cirúrgico elevado ou que não possuem adenopatias axilares palpáveis ou evidência de doença à distância; e em pacientes selecionadas para tratamento profilático.
  • Mastectomia Subcutânea – Consiste na retirada da glândula mamária, conservando os músculos peitorais e suas aponeuroses, pele e complexo aréolo-papilar. Por deixar tecido mamário residual com possibilidade de alterações hiperplásicas e degeneração maligna, seu uso é bastante questionado (Franco, 1997). Segundo Marchant (1997) uma série de complicações é associada a este procedimento, incluindo hematoma e subsequente fibrose, não devendo ser empregado no tratamento do câncer de mama. Como tratamento profilático, seus resultados são inferiores ao da Mastectomia simples.
  • Mastectomia Preventiva – também conhecida como mastectomia bilateral profiláctica, é um procedimento cada vez mais comum, mas que é usado apenas para pacientes que já tem predisposição a ter câncer de mama, tendo casos de óbito na família por conta da doença, históricos… Estima-se que a transmissão hereditária de tumores da mama possa representar cerca de 10% dos casos totais.

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No entanto, existem mulheres que tem o chamado “cancerofobia“ que é quando o medo de adquirir a doença é tanta que ela procura o médico para realizar a mastectomia, sem ao menos ter a necessidade.

É ai que o Ministério da Saúde faz um alerta. “É um assunto que tem que ser analisado com muito cuidado e cautela na relação médico-paciente, pois existem alguns tratamentos mais radicais e outros, apoiados em estudos, que apontam que talvez seja melhor acompanhar a paciente”, explicou o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em entrevista ao site Terra. Ainda, segundo Padilha, “uma Mastectomia não é uma cirurgia qualquer, já que prevê riscos, pode gerar uma infecção e a mulher que retira os seios pode sofrer um trauma psicológico”.

Para aquelas que passaram pelo processo da retirada da mama, ela pode, caso não apresente risco algum e por indicação do seu médico, fazer a reconstrução da mama, com implantes de silicone. Em alguns casos, porém raros, é feito na própria mastectomia, o que não é recomendado. Após a liberação da alta cirurgia, período de repouso feito após o procedimento, é necessário que a mulher faça uma fisioterapia, para ajudar na recuperação dos movimentos dos braços, já que ficam um tempo imóveis por conta da cicatriz provocada pela cirurgia.

Segundo um estudo realizado em 2011 pelo Annals of Surgical Oncology, nos EUA o numero de mulheres que optaram pela remoção do lado mamário não afetado cresceu consideravelmente entre os anos de 1998 e 2007. Já o Journal of Clinical Oncology, divulgou um estudo no qual houve um avanço desde 2006, onde a procura por essa cirurgia cresceu entre as mulheres mais novas, onde 15% das pacientes com a doença optaram pela remoção total da mama, estando na faixa dos 18 aos 39 anos.

O autoexame é simples: basta à mulher tocar seus seios, como se fizesse massagem em forma circular, por toda a mama, com os braços levantados ou atrás da cabeça. Ao sentir uma massa dura ou irregular, fique atenta. Mas fique atenta também caso note mudança no tamanho ou forma da mama, alterações de sensibilidade, textura e cor, corrimento. Aparecendo um ou mais desses sintomas, procure um médico. Lá, ele fará todo o procedimento necessário e a encaminhará ao exame de Mamografia. Não causa dor: em alguns casos, um leve desconforto.

Mas atenção: a Mastectomia preventiva só é válida quando:

  • A mulher apresenta elevado risco de desenvolver câncer de mama
  • Como forma de prevenção para o câncer de mama na outra mama quando a mulher já teve câncer numa das mamas
  • A mulher apresentar carcinoma in situ descoberto precocemente para evitar a progressão da doença
  • Se a mulher apresentar histórico familiar de câncer de mama
  • Como forma complementar do tratamento radioterápico e quimioterápico para o câncer de mama

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