Monarco tem um samba (acima, no vídeo) onde ele canta a amizade dos sambistas da Portela e da Mangueira nos tempos idos. A letra também ressalta o pioneirismo das duas escolas na tradição das escolas de samba cariocas.
Faço esta introdução para afirmar que as escolhas de enredos para 2011 das duas escolas podem resgatar este pioneirismo e este peso das tradicionalíssimas instituições no espetáculo escolas de samba, cada vez mais desvirtuado de sua porção cultural para um produto mais pasteurizado e artístico no sentido “business” do termo.

A azul e branca de Oswaldo Cruz trará para a avenida em 2011 um enredo sobre sua história e suas tradições. Intitulado provisoriamente “Portela dos Grandes Carnavais”, a escola, guiada por Paulo da Portela, irá contar a sua história e homenagear seus baluartes. Um bonito resgate e o enredo que eu, como portelense apaixonado, sempre sonhei.
A sinopse deverá ser divulgada durante as eleições, no próximo dia dezesseis de maio. Após vários anos com enredos politicamente corretos a águia se reencontra com a sua característica de enredos. Eu já sei que quando pisar na passarela vestindo a minha fantasia estarei profundamente emocionado por poder cantar a minha paixão em verso e samba.
A Estação Primeira não ficou atrás. Em 2011 a escola se redime de ter esnobado o centenário de Cartola e prestará homenagem ao centenário de nascimento do grande compositor e baluarte da escola Nelson Cavaquinho. Com o título de “O filho fiel, sempre Mangueira”, a verde e rosa irá revisitar a vida e a obra do brilhante artista.
Para quem não conhece, Nelson Cavaquinho é um dos autores de “A flor e o espinho”, música que traz um dos versos mais bonitos que já vi na língua portuguesa: “tire o seu sorriso do caminho / que eu quero passar com a minha dor.”
No vídeo abaixo podemos ver o homenageado mangueirense ao lado da grande (e portelense) Elizeth Cardoso, interpretando a música citada. Cavaquinho faleceu em 1986.

A importância das duas grandes e tradicionais escolas resgatarem suas raízes neste próximo carnaval pode sinalizar um retorno do desfile das escolas de samba ao seu cerne, o canto e a dança. Os temas devem permitir belos sambas e revalorizar a importância dos fundamentos nesta grande paixão chamada escolas de samba.
Desde já torço para que as velhas companheiras possam ter absoluto sucesso em seus desfiles e assim empreender uma nova tendência de enredos e sambas para os carnavais seguintes.
No plano das possibilidades, fala-se em mais um enredo autoral de Renato Lage no Salgueiro e ventila-se a reedição de “Só Dá Lalá” na Imperatriz Leopoldinese, seu inesquecível samba de 1981. Outra possibilidade seria um velho e batido tema: a Amazônia.
A União da Ilha trará um enredo calcado na teoria de Darwin – inclusive com sinopse já divulgada – e especula-se que a Acadêmicos do Grande Rio negocia com as cidades de Dallas (EUA) e Dubai (EAU) para que uma destas seja seu tema. Por seu turno, a Beija Flor faz mais um leilão entre possíveis patrocinadores e provavelmente aquele que oferecer o maior valor monetário será o enredo da escola.

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