Talvez o assunto esteja um pouco “passado”, mas queria comentar a ação da Polícia na última sexta feira que resultou na morte do marginal que mantinha uma comerciante como refém.
Sobre o desfecho em si do caso, nada a reparar. Uma medida extrema para um caso extremo. Lamento a morte e não a prisão do bandido, entretanto não havia outra coisa a ser feita. Ponto.
O que me preocupa, entretanto, é o apoio que o desfecho do caso recebeu da imprensa e de parte da população. Vi várias manifestações tanto de populares quanto de jornalistas defendendo esta extrema saída como regra a ser adotada em todos os casos.
É bandido ou se desconfia de que seja ? Passa fogo e joga no valão. Ou seja, é a velha prática das “polícias mineiras” ou grupos de extermínio levada como regra popular e oficial.
Este clima de “mata e esfola”, penso, é muito perigoso para uma boa convivência em sociedade. Primeiro porque legitima abusos de forças policiais – e as estatísticas indicam que dois terços dos mortos pela Polícia Militar são pessoas sem qualquer envolvimento com o crime. Em última análise, acabam morrendo para satisfazer a sede da sociedade do asfalto por sangue. Uma pseudo-justiça.
Segundo porque gera um clima de insegurança na população. Corre-se o risco de haver um festival de denúncias motivadas por rixas pessoais.
Terceiro: um dos elementos básicos de um estado democrático é o Poder Judiciário. Todos possuem direito a defesa e de ter um julgamento justo. Todos aqueles que incorrem no caminho do erro têm direito a pagar seus crimes e voltar, teoricamente, a ter uma vida normal. A barbárie e a execução sumária não combinam com uma vida civilizada.
E, finalmente, o caminho para quem descumpre a lei é enfrentar as sanções previstas, não ser “julgado” pelo PM mais próximo e aparecer jogado em uma esquina qualquer. Até porque é grande a chance de que seja alguém sem qualquer tipo de envolvimento com o crime, mas que estava no local e na hora erradas.
Cada manifestação que eu vejo desta postura, eu me lembro do caso do menino João Roberto, fuzilado por policiais despreparados em uma rua da Tijuca. Estes avaliaram que era um carro suspeito e dispararam os fuzis, matando covardemente o menino.
Sinceramente, este clima de barbárie me preocupa. O problema de violência precisa de soluções muito mais complexas que este simples “mata e esfola”.
(Foto: Extra)

9 Replies to “Preocupante”

  1. Fala Migão,
    muito do que voce disse é a pura verdade … a maioria da nossa policia não está preparada para lidar com situações de extremo … por isso não sou a favor de soluções extremas …mas neste caso citado por voce era impossivel não saber que se tratava de um marginal, pois o elemento já estava fugindo da policia devido a um assalto frustado … isso sem falar na granada que ele estava levando … as vezes penso que a sociedade brasileira num todo deveriam parar de investir em construções de presidios quando deveriam investir em escolas e educação … não sou a favor de acabar com a vida de ninguem, inclusive destes bandidos mas nossos presidios viraram escritorios de marginais e penso o quanto a sociedade economizaria se fulizasse todos os presos atualmente em presidios e usasse os recursos destinados para mante-los vivos em carceres em pró das escolas e da boa educação pois tenho certeza que o custo de um preso é infinitamente maior do que tirar uma criança da rua e da marginalidade.

    Vovô xaruto

  2. Xaruto, no início do texto eu escrevi que, neste caso, o desfecho era inevitável.

    Só acho, como escrevi em outros textos daqui do blog, que fuzilar é enxugar gelo. Nós temos é que começar a trabalhar hoje para garantir a diminuição da criminalidade daqui a 20 anos.

    p.s. – outra coisa que ajuda são as penas alternativas

  3. Pedro,

    Eu defendo a solução “mata e esfola”.
    Contra aqueles que já foram julgados e comandam o crime da cadeia.
    Contra aqueles que subjulgam uma área da cidade, sejam milicianos ou traficantes.
    Contra aqueles que cometeram crimes bárbaros como estupros ou assassinatos hediondos.
    Contra corruptos (de qualquer partido, PMDB, PT, DEM, PSDB, PP, PTB, PR ou P qualquer merda), porque são estes os piores, pois nos dão exemplos diários de como ser honeto é coisa de otário e que o bom é mamar nas tetas do dinheiro público, “que não tem dono”, como se não fosse produto de impostos escorchantes muitas vezes oculto da população de baixa renda.
    Para mim, faltam Carandirus, só que matam os presos errados. Nunca são os grandes barões do crime. São sempre o “boi de piranha” a morrer. Queria ver invadir Catanduvas, metralhar o Beira-Mar e cortar a cabeça dele e exibi-la como prêmio.

    Você tem razão quando colocou no seu post que nossos representantes são retrato de uma sociedade incapaz de devolver R$ 0,50 que sabiam ter dono. Sinal de uma sociedade sem solução.

    Eu não tenho mais esperança. Só me resta viver numa concha e manter algum contato com aqueles que me são amigos com quem sei que posso contar. Você é um deles, Pedro. Eu estou num período em que não posso contar nem mesmo com minha família. Tentei ajudar meu irmão a obter algum conforto na vida e o tranformei em um sanguessuga incapaz de me ajudar ou de tomar atitudes firmes quando necessário, por si só. Eu fracassei.

    Minha namorada está me apoiando mas tem medo, porque eu não consigo esconder minha revolta com o desrespeito dos outros. Porque não sou um banana. Realmente, Honduras pode ser a República das Bananas. O Brasil é a República dos Bananas.

    Não vou te tirar a razão porque em uma sociedade justa não deveria ser isto a ocorrer. Mas em uma onde do Executivo da nação ao Legislativo municipal estamos com os corruptos em maioria e mais de 75% da população diz que faria a mesma coisa, só me resta ficar em casa e sair só para trabalhar e sobreviver esperando que a morte me receba rapidamente.

    Mas do jeito que a vida me é cruel ainda vou viver como minha avó: 100 anos e ainda contando…

  4. Migão,
    repito que acho um disperdicio manter presos irrecuperáveis na prisão … é um dinheiro jogado literalmente fora … quando poderia estar sendo investido exatamente na educação e preparo das crianças que tem tudo para ser tornar uns marginais irrecuperaveis como estes que estão presos …
    Presidio aqui no Brasil não recupera ninguem …
    Pena alternativa só é valida para crimes pequenos mas mesmo assim da não forma como estão sendo empregadas hoje em dia pois sem fiscalização, avaliação e prestação de contas corretas não sabemos se ela realmente está trazendo beneficios a sociedade e se o criminoso realmente foi recuperado …

    Vovô xaruto

  5. Eu acho que tem que passar o fuzil mesmo nessa bandidagem e parar com discurso de direitos humanos. Não se esta falando que qualquer ladrão de galinha será fuzilado, mas esses Fernandinhos Beira-Mar, Celsinho Vila Vintem, Comando Vermelho, Terceiro Comando, ADA etc etc etc, que benefícios trarão pra sociedade continuando vivos?

    Manda pro valão, será menos uma grande parcela de meliantes perigosos.

    Justamente para evitar absurdos como o de deixar um bandido como Polegar (Chefe do Trafico da Mangueira) sair com salvo-conduto e não voltar mais pra prisão (pq algum juiz babaca acreditou piamente que o mané ia retornar pra prisão no fim do dia). Fala sério, ne?

    E o Elias Maluco? Ta soltinho, soltinho..

  6. E mais: se a população aplaude e faz festa é pq é resultado de uma demanda reprimida: justamente porque a policia tem a imagem de corrupta e incompetente, quando se vê ações como essa, corretas e eficientes, a população aplaude.

  7. Respondendo aos amigos de uma vez só:

    1) Beira Mares e Celsinhos da vida não passam de médios na estrutura. Os chefes estão mais em cima;
    2) Hoje você fuzila um bandido, amanhã é um cidadão comum;
    3) Fabrício, urge uma reforma no Judiciário, para evitar casos como este;
    4) Bruno, meu amigo, é por isso que me empenho em saber mais e tentar mudar isto que está aí.

  8. Migão, assino embaixo do seu texto de hoje.

    Mas sabe de um detalhe que me impressionou muito (mal) e que passou desapercebido da imprensa e, pelo jeito, de você?

    O atirador de “elite”, no caso, era o Mj. Busnello. Aquele mesmo que era o comandante do GEPE e, há poucos meses, foi preso no Maracanã por prevaricação e agressão a um funcionário da Suderj de 75 anos. Quer dizer, o camarada pode atirar para cacete, ser um cão-de-guarda muito bem treinado etc., mas será que tem preparo psicológico e moral para ter uma arma letal na mão e decidir quem deve morrer ou viver?

    Será que um corrupto capaz de perder a cabeça e agredir um idoso pode estar nesta posição? Neste caso, ele acertou. Mas não é uma função na qual se pode colocar alguém que acerta, por exemplo, “na maioria das vezes”. esta posição, de atirador de elite, não admite erro. Será que esta é a “elite” da PM do Rio? Se for, estamos fodidos.

    Estão fazendo de herói um corrupto, um bandido, um agressor. Pode atirar bem, mas é só mais um canalha do comando azul.

    Affonso Romero

  9. Vamos lá:

    1) … “Hoje se fuzila um bandido, amanha um cidadão comum”

    (Bem, se o bandido for fuzilado, ótimo. Já dizer que um cidadão comum será fuzilado, é aumentar a coisa. O mané com a granada na mão, que ameaçou explodir a farmácia e fez uma refém, definitivamente não era um cidadão comum: ja tinha duas passagens pela polícia e estava solto. Se fosse preso pela terceira vez, certamente em 3, 4 meses sairia da prisão (relaxamento prisional) ou fugiria.

    2) … “Beira Mares e Celsinhos da vida não passam de médios na estrutura. Os chefes estão mais em cima”

    (Sinceramente, se eu tivesse uma família, não deixaria perto do Beira-Mar. hehe. Na boa: eles nao criaram o tráfico, mas são facínoras que merecem a eliminação. Senão vão ficar dentro de presídio, comendo às nossas custas e comandando o crime organizado).

    3)… Reforma no Judiciário…

    (Eu estou plenamente de acordo. Mas uma das reformas é colocar a pena de morte para casos específicos. O que um Beira-Mar tem a contribuir mais com a sociedade? O que o mané da granada tem a contribuir? E o restante da bandidagem, bota essa canalhada toda pra fazer trabalhos forçados na Amazônia, erguer madeira, com uma bola de chumbo amarrada nos pés.)

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