Antes de tudo, peço desculpas pelo longo período sem escrever, mas a rotina tem sido pesada e de muito trabalho. Prometo tentar me organizar para voltar a escrever regularmente!

Lamentavelmente no último fim de semana o grande intérprete Sobrinho, uma das vozes mais bonitas e lembradas do Carnaval carioca, nos deixou após um infarto.  O dono do famoso grito de guerra “vai meu rrrrrrrrrritmooooo!” tinha 67 anos e uma trajetória marcante, iniciada na Mangueira, e que seguiu por Império Serrano, Unidos da Tijuca, Vila Isabel, Imperatriz Leopoldinense e Acadêmicos de Santa Cruz, fora sua belíssima passagem em Manaus.

Mais do que as belas lembranças deixadas por Sobrinho, que chegou a deixar boquiaberto ninguém menos do que o Rei Roberto Carlos no desfile de 1983, queria propor um debate, visto que, a despeito de ele ter sido ajudado em dado momento por Mangueira e Tijuca, sua vida era complicada por causa do diabetes e cegueira.

Para deixar claro: não é  cobrança a absolutamente ninguém, crítica a absolutamente ninguém, ataque a absolutamente ninguém, tampouco reclamação contra absolutamente ninguém. É apenas uma ideia.

Por que a Liesa e as escolas de samba não lançam um projeto no estilo “Lendas do Carnaval” ou “Vozes Eternas” para resgatar e manter em plena atividade antigos intérpretes que hoje em dia já não estão mais no mercado?

Não sei em que situação hoje vivem, por exemplo, um Rico Medeiros, um Quinzinho, um David do Pandeiro, um Preto Joia, entre tantos outros. São nomes extraordinários e carismáticos que poderiam muito bem ainda estar a serviço da promoção do Carnaval e, ao mesmo tempo, ganhando para isso.

Já que o Carnaval hoje mexe com tanto dinheiro, por que não investir no legado da folia e ao mesmo tempo dar dignidade a esses brilhantes cantores? Sobra tempo o ano todo para shows e apresentações. Tenho certeza de que, se apoiados, esses nomes teriam enorme prazer em cantar.

Voltando ao Sobrinho, basta caçar no Youtube uns vídeos nos quais ele canta de forma esplêndida à capela, numa mesa de bar, sambas históricos como “Macobeba” ou “Monteiro Lobato”. Isso não poderia ter acontecido em pequenos shows promovidos pela própria Liesa e pelas escolas, até mesmo com ritmistas? E com ele recebendo para isso?

Fica, portanto, a ideia e, caso seja dispendioso demais abrir as quadras das escolas de samba para esses shows, por que não usar bares temáticos como o Baródromo e o Botequim Carnavalesco? Se todos se unirem, vejo como bastante possível essa ideia vingar.

Que essas vozes que tanto nos deram alegrias continuem ecoando. Não apenas nos vídeos de Youtube.

[N.do.E. – na madrugada de hoje o samba perdeu também Mestre Paulão, de longos e bons serviços prestados na União da Ilha do Governador. Ele tinha 72 anos e não resistiu a um infarto. PM]

[related_posts limit=”3″]

2 Replies to “Vai meu rrrrrrrrrrrrrritmoooooo!”

  1. Sobrinho, excelente intérprete e dono de um dos cacos mais famosos da história das gravações de samba-enredo, Mangueira 89, (“Re-ca-rey)… Que descanse em paz, juntamente com o grande Mestre Paulão…

    Sua idéia é ótima Fred, acho que essas grandes vozes deveriam sim ser mais valorizadas. Hoje, as escolas de samba têm uns 548 cantores acompanhando a voz principal, acho que seria um ótimo gesto que pelo menos uma dessas vozes fosse de um grande cantor do passado (caso tenha saúde para isso, claro). Rico Medeiros no Salgueiro, Preto Jóia na Imperatriz, Paulinho Mocidade na Mocidade, Quinzinho no Império Serrano, e por aí vai. Muitos certamente não conseguiriam dar sustentação ao longo de todo desfile, mas sinceramente, faria alguma diferença, no meio de tantas vozes? Tenho certeza que quando sentissem um certo cansaço, se poupariam e não prejudicariam suas escolas… Seria muito legal cantores que tanto nos encantaram e emocionaram sentirem-se novamente parte do espetáculo, aplaudidos por público e componentes…

Comments are closed.