E nessa última terça feira a torcida do Flamengo fez uma festa linda. Quase cinquenta mil pessoas apoiando o time no Maracanã com bandeiras, cantos, gritos, camisas rubro negras e muito incentivo. Nada mais natural já que a maior torcida do Brasil cansou de fazer isso.

Se não fosse por um detalhe: Era um treino.

Sim, o Flamengo botou 50 mil em um treino e no jogo ninguém porque estava punido, o futebol também foi punido já que não apareceu. Mas não é primazia da torcida do Flamengo esse acontecimento. Recentemente as torcidas de Corinthians e Palmeiras também fizeram isso, a torcida do primeiro fez ano passado e a do São Paulo também o que provoca um espetáculo lindo e triste.

Sim, triste pelos rostos que ali estavam.

Rosto de pessoas pobres, sofridas, cara de povo, um povo que sempre frequentou o estádio, mas anda afastado. Rosto como do menino Marquinhos que virou manchete de site aos 13 anos de idade por seu choro ao pisar pela primeira vez no Maracanã. Rostos como de senhoras da Ilha do Governador animadas porque fazia 20 anos que não iam ao estádio.

Rostos anônimos de pessoas que foram excluídas do Maracanã e de outros estádios porque o futebol encareceu.

Eu sou da tese que a copa do mundo fez mais mal que bem ao Brasil. Não tivemos um grande legado urbanístico, esportivamente temos um 7×1 cravado na alma pelo resto de nossas existências, muita gente enriqueceu com obras como a do próprio Maracanã, vide o ex governador que está preso, e surgiram essas caras arenas com despesas altas.

Uma manutenção com gastos elevados junto com a ambição de nossos dirigentes fez um programa rotineiro como ir ao futebol se tornar algo caro e excludente. Para você hoje ir à um jogo ou tem que ter um bom dinheiro para os ingressos e demais gastos ou um plano de sócio torcedor o que também é excludente pensar em um país em crise com tantos desempregados e sub empregos alguém pagando mensalidade para o futebol.

As arquibancadas e gerais viraram cadeiras, a pele do torcedor de estádio embranqueceu e o radinho de pilhas no ouvido virou celular para selfies. Tudo higienizado, gourmet, limpinho criando um Apartheid esportivo.

Resta ao mais pobre fazer festas em treinos e aeroportos. Resta ao mais pobre ver seu time pela TV e assim criar distanciamento até que sua ligação com seu time seja a mesma que tem com Barcelona, Real Madrid, PSG, Bayern e Manchester City.

Aí ele vai perceber a diferença colossal dos jogos de seu time em relação aos demais e quando se der conta seu filho, que não criou laços nem tem proximidade com seu clube do coração, torcerá por um europeu.

A exclusão que leva ao suicídio. Estão matando o futebol brasileiro, sua essência e essas pessoas que só se preocupam com o bolso só perceberão quando doer nele.

E aí o excluído será o nosso futebol.

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