Vou ser sincero, tem horas que cansa…

…Mesma ladainha, mesmo papo, eu já perdi a conta de quantas vezes esse ano escrevi sobre ódio, intolerância..Sinceramente, desanima que tantas vezes o principal assunto da semana para ser debatido aqui seja esse. Semana passada ainda falei que havia esperanças, será que tem mesmo?

Vivemos mais uma semana no Brasil e no mundo na qual o ódio prevaleceu. Triste esse tempo em que o ódio prevalece e quem nos faz rir morre e nos deixa ainda mais sozinhos nesse mundo babaca em que vivemos. Malandro foi Paulo Silvino, que agora fica na portaria do céu só no “cara, crachá”. Enquanto a nós resta esse mundo sem graça, sem cor e sem vida.

Poderia falar de vários assuntos sobre ódio essa semana. Poderia destacar a nova editoria do Extra, a editoria de guerra. Que vivemos uma guerra isso parece notório, a questão é: Contra quem? Quem é nosso verdadeiro inimigo?

Não entra na minha cabeça que o moleque negro de 16 anos que anda sem camisa, com cueca aparecendo sobre o short,que nunca estudou e mal sai do morro é o barão do tráfico no Rio de Janeiro. Antes que algum reaça diga que estou defendendo bandidos e me mandando levar para casa, já que tem gente que parece computador só entendendo sistema binário, eles são bandidos também, tem que ser punidos também, mas ir atrás só desses é enxugar gelo.

Mata-se um negrinho na favela e outro vai lá e pega o fuzil dele, mas e o branquinho filho de desembargadora? E o senador com avião cheio de pó? E os branquinhos da Barra e da Zona Sul? Quem traz o pó e o fuzil pra cá?

Poderia falar do surto neonazista no mundo como o ataque ocorrido nos EUA domingo passado. Poderia falar que a ameaça nazista está mais viva do que nunca, crescendo e, enquanto isso, nos masturbamos debatendo se o nazismo é de esquerda ou direita.

Estou vendo a hora em que estaremos escondidos em porões de casas para fugir de nazistas e, como Anne Frank, escreveremos essa dúvida em diários. Na boa? Tô de saco cheio da esquerda e da direita, por mim todos tomavam no centro.

O comunismo matou milhões com suas ditaduras, a direita matou milhões com seu capitalismo selvagem tornando miseráveis países como os africanos. O nazismo não mudaria o caráter de nenhum deles, só seria um camisa 10 em seus times de horror.

Poderia falar da imbecilidade da injúria racial no futebol, dos novos atentados em Barcelona, mas falar adianta? Provavelmente farei ainda várias colunas sobre esse assunto em 2017 e nós ingenuamente em dezembro pediremos para o ano acabar logo colocando toda a culpa em um calendário. Não adianta, 2018 será a mesma porcaria enquanto a mentalidade for essa.

Mas talvez as coisas mudem nas eleições. Dependendo de quem vencer, o ovo será proibido e taxado de instrumento de tortura. Vão liberar a população armada, mas vão trancar o c… das galinhas.

Quer saber? Caguei para odiadores, intolerantes e falsos mitos. Prefiro lembrar Paulo Silvino. O sujeito com cara de maluco, cara engraçada, que fazia rir só de olhar para ele e donos de alguns dos melhores bordões já feitos nesse país que um dia foi legal. De um cara que nos manteve rindo e esquecendo dos problemas mesmo com um filho à beira da morte e nunca mais voltando a ser o que era.

Prefiro lembrar dele cantando a lenda da “piroga de cristal” ou gritando “Ai como era grande”. Como esse país que um dia sonhou em ser grande e está cada vez mais achatado num mundo vazio e idiota.

Sacanagem essa hein, Silvino? Essa sua última piada foi sem graça.

Isso aqui não está nada engraçado.

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