Eu já tinha planejado escrever essa coluna no sábado anterior à última rodada do Brasileiro e teria outro título: “O campeonato do cheirinho”. Apesar de o Palmeiras ter sido campeão, é inegável que o maior protagonista dele foi a torcida do Flamengo, que inventou a maior ação de marketing do mesmo, o cheirinho.

Podem falar bem, falar mal, mas essa do “cheirinho” pegou. Todo mundo começou a utilizar seja para apoiar o Flamengo ou zoar. A maior prova que ele pegou foi a direção do Palmeiras fazer camisas “acusando o golpe” com os dizeres “não deu nem pro cheiro”. Normal isso. A torcida do Flamengo muito brincou com essa história e tem que aceitar agora a volta da brincadeira. Ela movimentou a competição apoiando a equipe em aeroportos nas inúmeras viagens do clube, acreditou, lançou ações de marketing, enfim, foi protagonista.

Mas o que ocorreu com a Chapecoense na segunda passada muda a temática da coluna. Fica difícil pensar em futebol, vibrar com futebol depois do ocorrido. Acho que todas as pessoas de bem, não aquelas que querem se aproveitar da tragédia alheia, acham que o campeonato acabou na queda do avião e não veem clima para a rodada desse fim de semana. Um campeonato bacana, com tantas histórias interessantes como a do “cheirinho” acaba num anti-clímax, quase como um fardo.

É evidente que o título do Palmeiras foi justo, não existe injustiça em uma conquista nos pontos corridos. A equipe de Cuca foi a que mais tempo ficou na liderança e mostrou o tempo todo que era a candidata mais forte. Uma equipe com elenco homogêneo, sem os astros que Atlético e Flamengo têm (é agora que Gabriel Jesus desponta) teve nessa força de elenco sua principal virtude.

Flamengo e Santos têm o que comemorar e lamentar também. Conseguiram boas posições, mesmo com dificuldades apresentadas neste ano. O Flamengo tendo montado time no meio do campeonato e com as viagens que cansaram o elenco, o Santos tendo uma equipe mais enxuta e inúmeras convocações para a Seleção. Mesmo com tudo isso, fizeram campeonatos honrosos e por esses problemas podem lamentar, também já que se não fossem eles poderiam ter ido mais longe.

O Botafogo pode ser considerado a grande surpresa positiva da competição, já que todos apontavam como um possível rebaixado, o Atlético Mineiro decepcionou mesmo acabando em quarto. Um elenco estrelar como esse não pode garantir vaga na fase de grupos da Libertadores apenas porque os mexicanos desistiram da competição. O Corinthians foi dizimado numa liquidação maluca do patrão e São Paulo, Cruzeiro e Fluminense foram apenas coadjuvantes, figurantes de luxo.

O Grêmio de altos e baixos termina o campeonato em alta graças ao seu técnico que fez cursos de reciclagem na praia de Ipanema e o grande fiasco do ano seja futebolístico quanto moral é o Internacional. Por causa de alguns dirigentes, hoje o Inter é menos respeitado do que era e do que merece. Que o grande Colorado se erga. No campo é mole, o problema é o erguimento moral onde Chapecoense e Nacional são campeões mundiais.

Aliás. Belo campeonato da Chape. Grande clube!

Pra mim esse campeonato acabou e provavelmente acabou mesmo, já que acho que não teremos alterações em Libertadores e rebaixamento, assim como não tivemos na vantagem conseguida pelo Grêmio na Copa do Brasil. Acho que Atlético Paranaense e Botafogo irão para a Libertadores e Inter vai cair. O máximo que deve ocorrer é uma mudança de posições entre Flamengo e Santos, que nem vão fazer presidente de senado cair no STF. Aliás, nada faz que isso ocorra…

Agora é juntar os cacos, fechar oficialmente esse campeonato e partir para 2017. Evidentemente que nunca esquecendo do que fica de mais importante no ano.

Força, Chape.

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