Nos últimos cinco anos a campeã paulistana desfilou no sábado, portanto é grande a chance de um dos sete enredos descritos e analisados abaixo embalar uma conquista na terça de carnaval.

Os temas abordados são variados: temos homenagens a um nome, a duas capitais brasileiras, a paz mundial, a uma música inesquecível, a uma Iyálorixá e aos banquetes. Vamos a eles!

Mancha Verde

Enredo – Zé do Brasil, um nome e muitas histórias

A 2ª noite será aberta por uma escola disposta a esquecer os dois rebaixamentos consecutivos (o primeiro inexplicável e o segundo bem coerente). Para isso, o carnavalesco Pedro Alexandre, o Magoo, trará uma temática bem brasileira para o Anhembi.

Afinal ele falará do mais brasileiro dos nomes. Veremos ao longo dos setores como o José deu nome a figuras importantes em nossa história; seja na religião, na política, na arte e em toda a nossa população. Certamente veremos nomes como Padre José de Anchieta, José Bonifácio, José de Alencar, Zé Wilker e Zé do Caixão.

Um setor trará irreverência, quando Magoo abordará os apelidos gerados pelo fato desse nome ser tão comum. Veremos o “Zé mané”, o Zé povinho”, o Zé ninguém”, entre tantos…

Análise: Muito bom enredo, é criativo, diferente, bem humorado e de fácil compreensão do público. Só é preciso se ater à construção do desfile, pois não se trata de uma história que começa e termina; então se torna um tema mais difícil de defender.

perucheUnidos do Peruche

Enredo –  A Peruche no maior axé exalta Salvador, cidade da Bahia, caldeirão de raças, cultura, fé e alegria 

Aqui vem aquela boa e velha discussão do enredo bom, mas que já passou várias e várias vezes na nossa frente. E a Peruche vem com a temática tradicional, sem segmentar um enredo na parte histórica, religiosa ou cultural: vai ter de tudo um pouco.

A sinopse começa com a lenda de Moema, que se afoga no mar após nadar em busca do navegador que foi embora com Paraguaçu, que foi apresentada a corte europeia; sem uma transição bem explicada parte para a formação do povo com a chegada dos escravos e dos imigrantes. Conta a história de Salvador a partir daí, enquanto o terceiro setor conta com a exatidão as festas e manifestações religiosas da cidade.

Chegamos então ao quarto setor com as características do baiano – aqui tem a típica baiana do vatapá e acarajé, a capoeira e arte em geral.  O carnavalesco Murilo lobo fecha o desfile com o carnaval de Salvador e homenageia os principais nomes da música baiana.

Análise: É claro que Salvador gera um bom desfile e para uma escola que ainda tem como meta se manter no grupo creio um enredo simples é um ótimo caminho. Mesmo tendo clichês, creio em um desfile bem animado, com muito chão e muitas coreografias, assim como foi em 2016.

imperiocasaverde2006BImpério de Casa Verde

Enredo – Paz. O império da nova era

Já vou logo avisando, aqui você não verá nada de novo. O enredo da atual campeã é completamente batido e não tem criatividade alguma, mas tire seu cavalinho da chuva se você acha que este não pode levar o “Tigre” a rugir mais alto mais uma vez.

O craque Jorge Freitas vai levar ao sambódromo um clamor pela paz, abordando a união dos povos e a luta pela justiça e igualdade, contra a fome e o preconceito.

Olhemos então para a contrapartida; o fato de trazer um tema sem nada de original possibilita uma construção tranquila dos setores, onde as estrelas serão a beleza e o acabamento das alegorias e fantasias, quesito onde, em São Paulo, não tem pra ninguém.

Análise: O Império virá luxuosa e gigante, virá para buscar mais um título e se o desfile for na média da década do Jorge, o que passará aos nossos olhos ocultará o desinteressante enredo.

dragoesdareal2015Dragões da Real

Enredo – Dragões canta Asa Branca

Uma curiosidade que atinge principalmente ao leitores cariocas; o carnavalesco estreante da Viradouro também faz parte da Comissão de Carnaval da Dragões e, assim como na escola de Niterói, Jorge Silveira desenvolverá seu enredo a partir de uma música.

Se a Série A “Todo menino é um rei” aborda o universo infantil, aqui “Asa Branca” será ilustrada e descrita aos paulistanos. A imortal canção de Luiz Gonzaga será levada ao pé da letra, com seu tom melancólico e sua mensagem de esperança.

A sinopse segue fiel à cronologia da letra, é contada em primeira pessoa com o nordestino vendo a seca e o estrago que ela causa, deixa sua terra, seu amor e seu passado para traçar um novo destino, conhece um novo mundo em que ele agrega com sua cultura e por fim promete voltar quando voltar a chover e a florescer no sertão.

Análise – Semelhante ao da Gaviões, mas é mais lúdico, mais bem feito e tem ao seu lado uma música que toca o coração. Minha curiosidade é para a parte plástica, habituada aos enredos fictícios, mas a chegada do Márcio Gonçalves promete muito movimento nas alegorias – que na Dragões sempre foram lindas, mas faltava um “algo a mais”.

Vai Vai

Enredo – No Xirê do Anhembi, a Oxum mais bonita surgiu… Menininha, mãe da Bahia, Ialorixá do Brasil

Chegamos no, a meu ver, melhor enredo da noite. Aqui nesse caso não se aplica o fato de esse tema já ter sido levado pela Mocidade no Rio em 76; poxa, foi há 40 anos atrás! Creio que é muito plausível trazer de volta ao carnaval, para a geração de hoje conhecer quem foi “Mãe Menininha do Gantóis”, uma história não só dela, mas que se confunde com o surgimento e as lutas do Candomblé no Brasil.

Gosto muito das sinopses do Louzada; elas não setorizam o desfile, mas sempre vem uma poesia que nos faz pensar no que ele vai fazer. O que ele geralmente faz é segmentar o enredo e ser fiel a esse direcionamento, como ele fez no título com a Elis Regina.

Ao que me parece ele vai contar das raízes africanas e o nascimento dos primeiros terreiros, e pelo que eu entendi, “Mãe Menininha” será pano de fundo para contar a importância e os poderes de cada orixá. A ideia é transformar o Anhembi em um grande terreiro para a grande celebração do Candomblé passar

Análise: Olha, para mim tem tudo para ser um baita carnaval da “Escola do povo”; em termos de chão eu tenho certeza, minha curiosidade é se o Louzada trará novidades e muita vida às alegorias como fez esse ano pela Vila Maria. Não tem campeão antes da Vai Vai desfilar…

nene de vila matildeNenê de Vila Matilde

Enredo – Core Etuba – A ópera de todos os povos, terra de todas as gentes, Curitiba de todos os sonhos”

Perigosa. Assim vejo a situação da Nenê que, ao desfilar depois da Vai Vai, que tem potencial de inflamar o Anhembi, virá com um enredo “CEP”; Claro que tudo é uma suposição, mas geralmente enredos assim costumam ser mais frios na avenida e como frequentador do Sambódomo digo que nesse horário na manhã de domingo o público não hesita em ir embora.

Tudo bem que é bem melhor do que a suposta homenagem a Anitta que correu nas redes sociais em abril, mas lá vem eu de novo com a história do clichê… É o tipo de enredo que tem todo ano por aqui; e o engraçado é que o carnavalesco Alex Fão diz que espera surpreender – é meio contraditório.

A história começa com a exaltação às belezas de Curitiba (o que deve gerar um abre alas bonito), depois fala da luta dos índios e da vinda do negro, passa pela imigração e fecha dizendo que Curitiba é um modelo para o Brasil.

Análise: Se eu fosse da escola me preocuparia em caprichar no acabamento e não cometer erros, pois é muito difícil que este desfile empolgue lá para as 5 da manhã. Aposto aqui em um desfile para jurado ver.

rosas2014bRosas de Ouro

Enredo – Convivium – sente-se à mesa e saboreie

Com o dia claro teremos o último desfile do ano. E não é qualquer escola, trata-se de uma das potências dessa década; a Azul e Rosa tenta se recuperar da saída do Jorge Freitas e buscou o carnavalesco André Machado para curar o trágico 11º lugar desse ano.

O enredo é criativo e interessante: nos mostrará os banquetes mais relevantes da humanidade e seu contexto histórico, contando que estes grandes jantares sempre tinham um objetivo, seja de conquista e poder ou de celebração cultural.

A longuíssima sinopse é dividida em períodos da humanidade. Começa em Egito, Grécia e Roma, avança para a era moderna na Europa e chega a era contemporânea passeando pelo mundo e chagando ao Brasil, onde termina com a era dos fast foods e um alerta contra a fome.

Análise: Dá para fazer um belo desfile aqui, banquetes e alimentos dão margens para boas fantasias e alegorias. O Rosas precisa teatralizar as alegorias aqui e deixa-las diferentes uma da outra, mas tem tudo para ser muito agradável de se ver.

Imagens: Arquivo Ouro de Tolo

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4 Replies to “Análise dos Enredos do Carnaval de São Paulo (2017) – Parte 2”

    1. Não acho, achei as alegorias muito pequenas e baixinhas ( pro padrão de sp), e aquele carro da arena eu achei muito pobre, a mancha tem q fazer um desfile nível 22010,menor que isso, a queda será certa

  1. Pra mim fica entre Vai-Vai, Mocidade Alegre e Império de Casa Verde.

    Se alguma outra levar o caneco (Dragões, Tatuapé e Gaviões) será zebra – e daquelas!

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