Hoje se encerram os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro e, como já disse várias vezes, escrevo essa coluna antes. Nesse momento é madrugada de quinta para sexta e se algo der errado depois disso, espero que não dê, a culpa não é minha.

Até agora, tudo está dentro do esperado. Não fizemos a maior Olimpíada da história. Algumas coisas deram errado, foram improvisadas e ficaram bem longe de quando ocorre na Europa, por exemplo. Mas não foi a catástrofe que muitos pensaram. Nem “Vira-latas” nem “Pachecos” acertaram em suas previsões.

O Brasil não virou uma potência olímpica como alguns pachecos apregoam, mas, como ainda tem alguns resultados para ocorrerem, prefiro esperar para analisar nosso desempenho. A coluna de hoje vai especialmente para o “complexo de vira-latas”. Um complexo que agora tem até nosso representante oficial que se chama Marcos Uchôa.

O simpático e excelente repórter da TV Globo pediu desculpas “em nome do povo brasileiro” quando eu não me lembro, e acredito que você também não, de ter lhe dado uma procuração para falar em meu nome. Pediu desculpas para o francês que não aceitou sua derrota e falou uma série de besteiras no fim como comparar nosso país e torcedores a Alemanha nazista.

Ele foi vaiado na hora da prova como qualquer oponente de brasileiro é em qualquer competição aqui. A vaia é uma coisa normal aqui. Brasileiro vaia até minuto de silêncio. Ah, mas o estrangeiro não está acostumado com isso e se assusta. Azar o dele. Meu país meus costumes, quando vamos a outros países temos que acatar e respeitar o modo de ser deles então a recíproca é verdadeira. Se a vaia o desestabilizou isso só mostra que é um campeão com pouco preparo psicológico.

A vaia no dia seguinte pode ter sido pesada, inapropriada, mas é compreensível depois de tantas besteiras ditas, como a ofensa da comparação a Alemanha nazista e o técnico que teria dito (depois desmentido) que a medalha de Thiago Braz teria vindo por intermédio do candomblé. Não tem que pedir desculpas nada, nem porque ele pediu. Não há obrigatoriedade em aceitar desculpas depois de uma ofensa, uma agressão. Ele que aprenda a se comportar e o Marcos Uchôa que aprenda que não fala pela gente. Até porque nunca vi um repórter europeu pedir desculpas a um jogador nosso depois desse sofrer ataques racistas em um estádio do “civilizado” velho continente.

Curiosa essa nossa síndrome de vira-latas. Nós nos preocupamos tanto em como seria a Olimpíada, em tratar bem os estrangeiros e as maiores agressões ocorridas nesses jogos foram deles conosco. Além desse caso do atleta francês teve o dos nadadores americanos envolvendo até campeões olímpicos como Ryan Lochte. Beberam, fizeram arruaça, quebra-quebra, inventaram que foram assaltados e o mundo bateu em nossa cidade. O Rio, que é sim muito violento, foi manchado ainda mais em sua imagem e no fim se descobriu que era tudo uma farsa irresponsável.

O USA Today, jornal americano, teve a ousadia de dizer que a farsa não era importante e o importante é que o Rio é violento. Alguns americanos disseram que confiavam na justiça americana e não na brasileira, então eu acho que a justiça brasileira tem que ir até o fim. Não tem que ser vira-lata, tem que processar até porque essa mancha ninguém vai tirar.

Está na hora de revermos conceitos. Estrangeiro não é melhor que nós, nem nós melhores do que eles. O ufanismo atrapalha, assim como abaixar cabeça e ser subserviente. Mesmo voltando a dizer que não foi a melhor Olimpíada da história, aqui não teve Setembro Negro. Se a maior queixa nossa forem as vaias, poderemos dizer que deu certo. Muito certo.

Mas sobre competição só falo semana que vem.

A única certeza de agora é que a Olimpíada já deixa saudades.

E até um certo orgulho.

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