Lembro como se fosse hoje do dia no qual meu pai descobriu que tinha diabetes. Deitado numa rede na cozinha, chorava e era consolado por minha mãe e uma tia. Eu era criança e posso dizer que desde lá ele vem sabendo controlar a doença. No início, ficou muito abalado devido ao fato de só ter um rim; mas depois continuou bebendo, fumando e comendo quase de tudo, somente de uns tempos para cá que resolveu se cuidar melhor.

Já meu tio convive desde mais jovem com a diabetes. Nunca bebeu nem fumou, era um homem forte, saudável, que trabalhava como motorista de ônibus. Há uns anos, começou a sentir um pouco a visão, depois notou a urina diferente. Meu tio já sofreu muito com diabetes, já passou por várias internações, perdeu quase toda a visão, perdeu os dois rins e hoje faz hemodiálise.

Por que uma só doença é capaz de ter conseqüências tão diferentes em uma só pessoa?

Primeiramente, a Diabetes pode ser do tipo Melitus e insipidus. A primeira, muito mais comum, é caracterizada pelo aumento dos níveis de glicose no sangue, que pode ser causado devido à falta do hormônio insulina – que transporta a glicose do sangue até nossas células – ou por algum defeito na produção desse hormônio.

insulina-e-o-hormonio-da-saude-1-518Já a diabetes insipidus está relacionada a um distúrbio de controle de água no organismo, no qual os rins não conseguem filtrar água de maneira correta e isso acaba aumentando o volume de urina.

A diabetes melitus ainda pode ser dividida em dois subtipos: 1 e 2. O tipo 1 é um pouco mais raro, resulta da destruição de células beta pancreáticas por um processo imunológico, ou seja, produção de anticorpos do nosso próprio corpo contra as células beta, resultando na não produção ou produção defeituosa de insulina. Esse tipo geralmente acomete crianças e adultos jovens e é mais raro. Nesse tipo, a perda de peso, diurese, sede, fome excessiva e outros sintomas característicos acontecem de forma rápida, geralmente em alguns meses.

A  grande maioria dos casos de diabetes engloba a do tipo 2. Neste caso, a insulina é produzida pelas células beta do pâncreas, mas há uma certa dificuldade na ação desse hormônio, levando a uma resistência. Esse tipo geralmente acomete adultos acima dos 40 anos, pois está fortemente associado a fatores ambientais como obesidade e sedentarismo.

Há ainda a diabetes gestacional, cujo diagnóstico ocorre por volta do 3° trimestre de gravidez. Ela pode ser transitória ou não, e a mãe deve ser acompanhada durante e após a gravidez.

hemodialise-destaque-hospital-novo-atibaiaOs vários tipos de diabetes trazem conseqüências muito graves. Meu tio tem a do tipo 1 e meu pai a do tipo 2, o que não significa que meu pai não possa apresentar um quadro de insuficiência renal ou perda de visão caso se descuide. Meu tio já entrou em coma devido essa doença, tem que se cuidar para não se cortar ou pode perder um membro, devido à dificuldade de cicatrização.

Como vocês podem perceber, essa doença traz conseqüências muito severas para o paciente e o tratamento é ministrado geralmente com doses diárias de insulina e outros remédios. Pessoas obesas ou com parentes que têm a doença devem fazer regularmente, de seis em seis meses, o exame de sangue. É importante também que pessoas com esta doença façam acompanhamento nutricional, não basta apenas cortar os doces, até porque muitos alimentos que nem imaginamos contém um índice glicêmico muito alto.

O curioso é que muita gente negligencia esta doença, não imaginando que ela pode trazer várias complicações. O exame de sangue é relativamente barato e o diagnóstico bem simples de ser feito. Nada relacionado a nossa saúde deve ser negligenciado.

Imagens: Reprodução

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