É possível o maior nome da história de um clube ser um treinador?
Parece impensável. Todos nós temos nossos clubes do coração e nossos ídolos, aqueles grandes jogadores que fizeram nossa paixão fermentar. Temos admiração por técnicos, evidente, mas alçar à condição de um ídolo é muito difícil, ao maior ídolo impensável.
Mas mesmo não sendo corintiano me meto na seara deles e sinceramente não vejo, pelo menos desde quando comecei a ver futebol, alguém no clube do tamanho de Tite. A revolta e a dor que os corintianos estão sentindo agora e demonstram só referenda o que eu disse.
Ano passado escrevi uma coluna para a “Jogando nas Onze” chamada “O bom Tite” que exaltava sua volta ao Corinthians e o fato que sua volta fazia do time o melhor do pais. A princípio a coluna não deu certo porque pouco tempo depois o time foi eliminado do Paulista e da Libertadores. Mas a longo prazo tive razão porque foi campeão brasileiro com sobras após o desmanche – com um time bom, mas nada demais.
Esse ano o elenco sofreu novo desmanche e tem um grupo apenas razoável, nada de outro mundo e Tite já dava padrão a esse elenco, já lhe fazia ser forte e almejar pelo menos Libertadores. Uma façanha.
Tudo caminhava assim até que a seleção brasileira lhe chamou.
Tite é um gênio? É a reencarnação de Telê Santana? É o Pep Guardiola brasileiro? Não acho. Ninguém acha e nem ele mesmo. Mas Tite é talentoso, estrategista, sabe formar times, dar padrão a eles e tem duas características que me chamam muita atenção. É gente boa “pra cacete” e mostra ter um excelente caráter. No país do 7×1 e onde dirigente não pode ir ao exterior para não ser preso isso não é qualidade, é ser extra classe.
Por tudo isso Tite virou unanimidade. Depois de mais um grande vexame da seleção brasileira e o pedido uníssono pela saída de Dunga o clamor foi por sua contratação. A CBF não teve escolha e lhe procurou. A chegada de Tite a seleção brasileira é um fio de esperança para a entidade e para aquela que um dia foi o maior amor do povo brasileiro e hoje sofre com seu desprezo e escárnio. Tite pode ser como um Papa Francisco para o catolicismo, o líder midiático que trouxe seu rebanho de volta. Tite pode unir o povo brasileiro de novo em volta da seleção. Fazer com que o povo volte a torcer pelo Brasil e não se referir mais ao escrete canarinho apenas para gozações ou tripudiar. Eu mesmo já vejo a seleção com outros olhos e torço para que com Tite dê certo.
Adenor Bacchi é um multi campeão. Foi campeão da Libertadores e mundial com o Corinthians com o elenco que sem dúvidas era o mais fraco brasileiro a conseguir tal façanha. Um grupo de renegados como Alessandro, Chicão, Paulo André, Danilo, Ralf e Fabio Santos se transformou sob seu comando e ganhou tudo. Sobrou no brasileiro de 2015 com Renato Augusto e Jadson. Jogadores que nunca foram extra séries tornando-se craques sob seu comando. Em 2016 deixou o time de Marquinhos Gabriel, Luciano, André, Yago, Balbuena e outros menos cotados na zona da Libertadores.
Tudo bem que não temos os super craques de outros tempos, mas se com esses jogadores medianos ele fez o que fez o que ele pode fazer com Neymar, Douglas Costa, Philipe Coutinho, Gabigol, Gabriel Jesus, Marcelo, Daniel Alves, Thiago Silva e outros? Não digo que será campeão do mundo, mas de 7×1 não vamos tomar e nem teremos mais vergonha. Isso eu tenho certeza.
E vou dizer? Que prazer poder finalmente torcer para um time do Adenor. O inimigo mais gente boa que já tive no futebol. Perde o Corinthians, ganha o Brasil.
Nas mãos de Adenor o futuro de uma seleção. E a volta do amor por ela.
Facebook – Aloisio Villar
Twitter – @aloisiovillar
[N.do.E.: a contratação de Tite ainda corrige um outro erro, que seria afastar Rogério Micale do comando da seleção olímpica para a Rio 2016. PM.]
Imagens: Uol e Lance
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Inimigo?…
Ele fará um excelente trabalho. Mas não custa lembrar que ele precisa de tempo, muito tempo pra ajustar um time. Na seleção, mesmo tendo as melhores matérias primas em mãos e disponíveis, não terá tanto tempo pra treino. E que até treinar o melhor time do país, ele era um Cristóvão com grife.