E finalmente acabou o ano e posso escrever sobre ele. Em um ano tão louco como de 2015, a prudência mandou que se escrevesse apenas após seu fim.

Apesar que… Escrevo ainda em 2015, espero que tenha ocorrido nada demais…

Morreu gente que nunca tinha morrido antes, gente que foi presa e nunca tinha sido (ok, algumas vão sempre) tragédias, brigas, intolerância. Um daqueles anos que o povo dá graças a Deus que acabou não percebendo que o ano apenas faz parte de um calendário. Nós que fazemos nossas vidas e nosso tempo.

Ano que duas expressões entraram na moda: petralhas e coxinhas. Petralha é todo aquele que não concorda com o coxinha e Vasco versa. Para os dois grupos não existe meio termo. Sem perceberem que nunca foram tão parecidos.

protesto-dilmaA ideologia voltou à moda. Nunca se falou tanto em direita e esquerda. A direita perdeu a vergonha de ser assim. Pautada por ídolos como Lobão, Raquel Sherazade, Danilo Gentili, Eduardo Cunha, Silas Malafaia e outros menos cotados, a direita foi as ruas, reclamou de corrupção, xingou Chico Buarque e pediu intervenção militar democrática.

O ano acaba e eu ainda tento entender o que é intervenção militar democrática.

Nunca a esquerda esteve tão em xeque. Cresci ouvindo que a esquerda só se unia na prisão e 2015 deu a impressão que o PT levou isso a sério. Vários petistas presos ou acusados de corrupção. Até senador da sigla preso. O outrora partido do povo caiu em desgraça em meio de um péssimo início de segundo governo de Dilma Rousseff. Governo que só não é pior que aqueles que lhe cerca.

O famigerado PMDB, que um dia foi o bravo MDB. Partido que já foi de Ulisses e Tancredo e hoje é de Temer das cartinhas e Eduardo Cunha. O Darth Vader brasileiro.

Eduardo Cunha foi um dos nomes de 2015. Com jeito típico de vilão de novela das 21 horas virou o inimigo público número 1 do Brasil. Menos entre aqueles que dizem que são “milhões de Cunhas” e pedem intervenção militar democrática

Mas que raios afinal é isso?

Eduardo Cunha falou em nome da família cristã, ganhou poder, fez chantagem, foi pego com contas no exterior, se vingou com pedido de impeachment, fez um fuzuê. Só faltou ganhar a dança dos famosos e posar para a Playboy.

Aliás, Playboy que quase acabou. Que ano…

Ano que as pessoas brigaram até para ver qual tragédia era mais importante. Paris ou Mariana. Inventaram a tragédia ideológica. Meu morto é mais importante que o seu. Ano que muitos morreram pela violência cada vez maior ou por picada de mosquito. Ano que finalmente surgiu o legado da copa. Hospitais falidos.

E ainda vem Olimpíadas.

20150217_004550O futebol brasileiro continuou uma porcaria, mas não tomou de 7×1. O MSN voltou à moda e não foi por causa do bloqueio do WhatsApp – e sim devido ao Barcelona. A Globo decidiu que não transmitiria mais as duas primeiras escolas do grupo especial do Rio e voltou atrás graças à gritaria dos sambistas. Gritaria que deu certo com a Beija Flor que reclamou de seu resultado de 2014 e foi campeã cantando Guiné Equatorial.

Ano com seu dezembro quente demais e fez Eurico Miranda entrar em uma gelada. Partiu Sibéria? Com o calor que está fazendo não seria má ideia. Vasco rebaixado pela terceira vez em oito anos e o respeito ficou para 2016.

Ano que perdemos Waldyr 59, Luizito, Leonel, Marília Pera, Miele, Yoná Magalhães, Selma Reis, mas recebemos de volta Luke Skywalker e Darth Vader, o verdadeiro. Ano ruim, ano bom. Depende de sua visão.

Muitas coisas ocorreram, boas e ruins como em todos os anos, mas assim  como em todas as viradas não perdemos a capacidade de ter esperança. Isso que nos move a acreditar em um futuro melhor.

Feliz 2016 e que façamos para que ele seja feliz.

Enquanto continuo tentando descobrir o que é intervenção militar democrática.

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