Uma vez o treinador multicampeão Carlos Alberto Parreira disse que o gol era um detalhe – e foi bombardeado por isso. Eu entendi o que ele quis dizer. Parreira falou que detalhes levavam a esse gol, não que o gol não fosse importante.

Não há nada mais importante que o gol.

O gol é a euforia, a catarse, o orgasmo. Qual moleque nunca sonhou em fazer um gol, o gol do título de seu time do coração em estádio lotado? É uma daquelas coisas que daríamos pelo menos dez anos de nossas vidas para vivenciar ao menos uma vez.

Nas peladas quando moleques ao falarmos que somos “fulanos” ou “sicranos” geralmente falamos o nome de um atacante ou do camisa 10 habilidoso e ao passar a bola pelas traves ou aquelas duas pedras colocadas no meio da rua saímos correndo e gritando aquela minúscula palavra que aprendemos geralmente, junto com “papai” e “mamãe”.

Gol.

Três letrinhas que fazem toda a diferença em nossas vidas. Todos nós temos em nossas lembranças duas coisas que são capazes de nos emocionar. Uma música e um gol. Eu tenho música, é a “How deep is your love” do Bee Gees e tenho o gol. Dois gols na verdade.

O gol de Petkovic na final do tricampeonato de 2001 mexe com todos os rubro-negros. O gol de Renato contra o Atlético na semifinal de 1987 me emociona – e olha que foi um gol que não vi ao vivo. Estava tão nervoso com o jogo que estava no quarto e ouvi o grito de gol vindo da sala.

Gols importantes, gols bonitos, gols simples, nunca feios. Porque, como diz Dadá Maravilha, não existe gol feio, feio é não fazer o gol. Um dos gols mais importantes da história veio de um pênalti mal batido por Pelé em 1969, que virou seu milésimo.

Por quê falo de gol hoje? Porque mais um gol nasceu. Mais um que entra para a posteridade.

Gol de menino travesso, de moleque. Gol que mostra que o futebol brasileiro agoniza, respira em uma UTI, mas sim, ele ainda existe.

https://www.youtube.com/watch?v=SuQveTQSBd4

Moleque Neymar, menino Ney que diziam só fazer gols em adversários inexpressivos de campeonato paulista deu um chapéu de costas no zagueiro e fuzilou um goleiro sem deixar a bola cair em pleno Camp Nou. Viu Messi se lesionar, o Barcelona ficar sem seu maior jogador e deu aquela sua risadinha característica dizendo “é tois” tomando o gigante clube espanhol para si.

Sim. Ainda existe beleza nesse futebol de negociatas da FIFA. Futebol quando quer é arte, é cultura, faz esse tipo de pinturas.

E desde domingo mais um gol virou história. Moleques nas ruas dirão que são o “Neymar” na pelada e tentarão repetir seu gesto. O futebol vive. Nossa maior paixão respira.

Obrigado Neymar por dar um chapéu nos dirigentes e mostrar o quanto esses detalhes são importantes.

O gol é um detalhe.

Um golaço é tudo.

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