Não. A coluna não vai especular se o Campeonato Brasileiro foi, é ou será melhor (ou mais justo) de acordo com a fórmula de disputa. No que se refere ao futebol, assim como acontece com tudo na vida, há prós e contras nos dois modelos. A questão é: qual se aplica melhor às necessidades dos clubes e do mercado que os cerca? Esse debate pode ficar para uma próxima…

A analogia com o Brasileirão é para discutir o que de mais quente tem se discutido no samba nas últimas semanas: a disputa para a escolha do hino salgueirense no Carnaval 2016. E aí? E no samba? Pontos (Sambas) corridos ou mata-mata? O Salgueiro resolveu testar a segunda opção. Vanguardista e inovadora como sempre foi, a Academia decidiu que a escolha do samba enredo se daria num formato diferente. Emparelhou composições em chaves e as foi eliminando até que chegaram as semifinais. Ah! as semifinais.

Até lá caminhava tudo, mais ou menos, dentro dos conformes. Todo samba que cai causa tristeza, revolta, reclamação por parte dos autores. Normal. Sempre foi assim. Mas até as semifinais tudo parecia nos trilhos pelos lados da Silva Telles. Até que o mata-mata confrontou duas obras que, para muitos, deveriam estar na decisão.

Aqui peço desculpas aos demais compositores mas os próprios sites especializados já se encarregaram de resumir as parcerias ao nome de um ou dois compositores dessa parceria. Talvez não seja o mais correto mas poupa espaço na hora de diagramar as páginas. Quase a contragosto vou imitá-los.

Aposto feito, sigo. Uma semifinal opôs Marcelo Motta a Xandy de Pilares/Dudu Botelho. Um luxo, já que se tratam de dois belos sambas, superiores a muitos que passarão pela avenida defendendo outras cores. Bem, a regra do jogo era clara. E os compositores já sabiam que seria assim. Um desses sambas não teria a chance de se apresentar na grande decisão. Não poderia ser defendido na quadra na noite da escolha final. Sobrou a frustração para o atual bicampeão, Xandy.

Do outro lado, mais uma disputa de peso. O garoto prodígio Antônio Gonzaga, não mais sozinho, enfrentando a turma liderada pelo veterano e campeoníssimo David Corrêa. Venceu a parceria do Gonzaga e perdeu-se a compostura. A semana foi marcada por um tal de “você viu (ou ouviu) o que está rolando no Salgueiro?” Criou-se um clima bélico pré-final. Acusações, insinuações e uma expectativa de final em alta voltagem. Como num segundo turno eleitoral candidatos derrotados declararam apoio a quem ainda está no pleito. Com direito a divulgação de carta aberta e tudo.

Falando de fora, de quem não tem nem vontade nem interesse de mergulhar nas profundezas dos bastidores da peleja, torço para que essa agressividade no ar se dissipe logo após o anúncio do vencedor. Tudo bem, logo após vai ser difícil. Na semana seguinte que seja. No calor da escolha, cada lado defendendo seu ponto de vista, talvez a vista fique embaçada. Mas, vai clarear, Salgueiro. No fim, o samba vencerá. Porque não faltará samba à escola nessa busca pelo título que tem, insistentemente, escapado. Pra ser campeão, olho vivo, Malandro, não dá para ir para a avenida dividido.

E, no fim das contas, com tanta polêmica, a gente fica sem saber se o mata-mata, que tanto empolgou a disputa, foi mesmo um bom negócio. Feridas cicatrizadas, o tempo dirá. Só acho que, se o objetivo final é apontar o melhor samba entre os que se inscreveram para representar o GRES Acadêmicos do Salgueiro, o melhor, na opinião da comissão julgadora, não mudaria de acordo com o formato. No máximo, o público teria uma terceira ou quarta opção de escolha na madrugada da decisão. Sem que isso alterasse a decisão da escola.

4 Replies to “Pontos Corridos ou Mata-Mata?”

  1. Discordo do autor do texto. O melhor seria levar os 4 sambas semifinalistas para final.
    Tanto que o próprio texto informa “tudo corria bem até a semifinal”.
    Desse modo seria mais justo…

  2. “Pq eu sou malandro Batuqueiro
    Cria lá do Morro do Salgueiro
    Se não acredita, bate de frente pra ver
    O cor vai comer”

    Refrão mais impactante que esse não há.
    Variações melódicas idem.
    Dentro do enredo ao extremo.
    Letra rica, rimas perfeitas.

    Talvez essa tenha sido a semifinal mais difícil dos últimos muitos anos.
    O samba do Xande é lindíssimo tb.
    A diferença foi que a quadra inteira cantou o samba à capela no samba do Marcelo e do Fred Camacho.
    O samba do Gonzaga tb é muito bom.
    E concordo: não wuer se complicar, leva os quatro sambas pra final, escolhe um e pronto.
    Choradeira sempre vai haver, não tem jeito.
    Respeito os 4 sambas, estive na escola e foi avassaladora a apresentação do Malandro Batuqueiro.
    Sambão que vai ficar pra história.

  3. Ricardo, peço desculpas pelo atraso ao responder. Estava em breves férias. Na verdade, eu não defendi uma final frente a frente, um contra o outro. Nem disse que não deveria haver uma final com os quatro semifinalistas. Exatamente por isso escrevi que tudo seguia sem grandes contestações até as semifinais, não é verdade?Apenas achei interessante a mudança no formato de disputa. Foi diferente, trouxe emoção, polêmica. Se foi a melhor opção? Não sei. Os segmentos do Salgueiro vão analisar e decidir se repetem ou não a fórmula no ano que vem. No fim, acho que venceu o que merecia mesmo. Abraços.

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