Começaram as eliminatórias para a Copa do Mundo e depois de duas rodadas podemos dizer que elas prometem. Prometem muito sofrimento.

O Brasil até tem histórico de um pouco mais de dificuldades em eliminatórias. Em 1993 só se classificou no último jogo contra o Uruguai no Maracanã. Uma partida antológica de Romário, naquela que foi uma das maiores atuações individuais da história do futebol. A curiosidade para os mais novos é que Parreira não queria Romário no time.

A outra foi em 2001. Na primeira vez que o Brasil disputou eliminatórias em pontos corridos o nosso escrete se complicou. Teve três técnicos durante a trajetória e só se classificou vencendo a Venezuela por 3×0 no último jogo.

A boa coincidência é que o Brasil venceu as duas Copas, mas eram outros tempos. Como eram outros os tempos em que “passávamos o rodo” em todo mundo. Em Maracanã super lotado, com 100, 150 mil pessoas era normal Brasil meter 6, 7 até 9×0 como já meteu na Colômbia.

Hoje não cabe mais tanta gente no Maracanã e nem a Venezuela goleamos mais.

Alguns foram os fatores. Jogadores sul americanos que foram jogar na Europa, o nosso futebol que parou no tempo. A verdade é que tirando Venezuela, Bolívia e talvez Peru todos tem chances de ir à Copa. Sete equipes para quatro vagas e meia. Contando que o quinto colocado enfrenta uma repescagem.

Não acredito sinceramente que o Brasil fique de fora, mas a distância diminuiu drasticamente. Argentina é aquela força de sempre, Uruguai se revitalizou, Colômbia e Chile vivem ótimos momentos e Paraguai e Equador não podem ser desprezados. Vimos essa semana como as coisas serão difíceis e constatamos que sem Neymar viramos um time comum.

Fomos amplamente dominamos no Chile perdendo de 2×0 – e ainda tendo que sair satisfeitos. Contra a Venezuela veio a vitória, mas se não vencer a Venezuela em casa também não vence ninguém.

Dunga fez um bom trabalho em sua primeira passagem e até defendi sua volta, mas esse retorno não está legal. Nem podemos falar nada dos convocados: a fase ruim de nosso futebol não nos dá muitas opções. Mas o defensivismo, a falta de mudanças e a forma que não enxerga o jogo e suas variáveis assustam.

Escolheu o goleiro Jefferson como culpado da derrota contra o Chile, lhe sacando do segundo jogo. Não achei legal, não preservou o jogador, no jargão do futebol praticou a famosa “trairagem”. [1]

A seleção acaba seus primeiros jogos nas eliminatórias em quinto lugar e agora terá que enfrentar a Argentina em Buenos Aires, Argentina que conseguiu começar pior ainda e só somou um ponto em dois jogos.

Virão com tudo para cima do Brasil. Eles precisam vencer e nós não podemos perder para não nos afastarmos dos líderes. As eliminatórias só estão começando, muita coisa para ocorrer, mas o clássico já ganha contornos de dramaticidade.

É fundamental para o sucesso da equipe voltar a se relacionar com seu povo. A seleção se afastou de sua gente que ainda guarda a mágoa dos 7×1. Esse jogo contra a Argentina pode ser o começo da virada. Precisa ser.

O sofrimento só está começando.

Twitter – @aloisiovillar

Facebook – Aloisio Villar

[N.do.E.: escolheu como bode expiatório porque é goleiro e é negro? Cartas à redação. PM]

2 Replies to “O sofrimento em verde e amarelo”

  1. Pedro Migão leu exatamente o que eu sempre insinuei: técnico e preparador de goleiros são gaúchos, terra mais preconceituosa do Brasil. Na reserva, um goleiro do Internacional, clube que ambos amam de paixão.

    Só estavam esperando a chance para transformar Jefferson em um novo Barbosa.

    Pelamordedeus; Messi, DiMaria, Agüero e companhia, ATROPELEM o Brasil!!! Sem piedade!!

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