Para encerrar a revisão da situação das instalações esportivas dos Jogos Olímpicos, mostraremos a Região Deodoro. É a única região fincada fora do centro econômico-turístico da cidade, em pleno subúrbio. A Região ganhou ares caóticos por seu extremo atraso, ocasionado mais uma vez de início pelo governo estadual – que deveria ser o executor das obras.

Após muito tempo perdido e pitos de membros do COI, conforme já expliquei na primeira parte da revisão do ano passado, a Prefeitura começou a executar as obras em junho de 2014 com o financiamento do Governo Federal. Mesmo com toda a rapidez imposta no ritmo das obras, a situação continua, se não mais desesperadora, ainda crítica. É uma Região muito ligada a estruturas militares e são propagandeadas como o maior legado dos Jogos para a juventude da cidade.

Região Deodoro

Se quando escrevi a coluna ano passado, o Centro de Canoagem Slalom era a grande preocupação, hoje, sem dúvidas a grande preocupação dessa área e a única obra que podemos dizer que está sob grandes riscos é o Centro Olímpico de Hipismo.

Essa obra inicialmente parecia ser tranquila, pois o Centro de Hipismo já fora construído para o Pan de 2007 e mesmo antes disso já era o principal centro hípico do Exército Brasileiro.

Porém, ao final de seu projeto executivo, feito em conjunto com a Federação Equestre Internacional, percebeu-se que a quantidade de obras adicionais a serem feitos em seus 1.000.000 de m² seria gigantesca.

Todas as pistas terão que passar por readequações e ampliações, em especial a pista de cross-country. Uma nova clínica de veterinários terá que ser construída também, além de várias novas acomodações para cavalos e tratadores. Só a vila dos tratadores exigirá três prédios de sete andares, e assim percebemos que o prazo da obra, que só começou em julho do ano passado, é apertado.

Mesmo com um cronograma arrojadíssimo, talvez o mais desafiador de todos do projeto da cidade, a previsão de término da obra é em junho de 2016, em cima dos Jogos Olímpicos, lembrando que os cavalos do adestramento deverão desembarcar em terras cariocas já no fim de julho. Ou seja, não há o menor tempo para atrasos.

Centro Olímpico de Hipismo
Localização: Vila Militar (bairro tradicional das Forças Armadas no Rio de Janeiro, contíguo a Deodoro)
Esportes: hipismo
Previsão de término: junho/2016
Valor: R$ 157,1 milhões (execução da Prefeitura com recursos da União)
Capacidade: 14.200 pessoas no adestramento e nos saltos (13.000 temporários) e 21.000 pessoas no circuito de cross-country (1.000 temporários e 20.000 em pé)
Uso pós-olímpico: competições hípicas e principal centro equestre do Exército Brasileiro.

20150225_CO_IOL_complexo_deodoro_AER_MTPor uma dessas coincidências da vida, há cerca de uns três meses atrás, trabalhando, acabei encontrando um dos engenheiros responsáveis por essa obra. Aproveitei para ter uma longa conversa sobre o andamento das obras do Centro Olímpico de Hipismo, os desafios, o trabalho logístico e, claro, sobre o cronograma arrojado da obra e possibilidades de entrega incompleta para o evento.

Nas duas conversas que tivemos ele passou um conhecimento detalhado de todas as intervenções a serem feitas e uma tranquilidade enorme de que todas as obras estariam concluídas com qualidade no prazo assinalado. Terminei a segunda conversa com a certeza que a obra seria entregue a tempo.

Só que, terminando de colher informações sobre essa coluna, fiquei surpreso quando entrei no site da Caixa Econômica, responsável pelo repasse dos recursos e li a informação de que o repasse para esta obra estava “suspenso parcialmente” por “Falta de documentação de projeto ou titularidade ou de licença ambiental”.

Não há nenhuma informação oficial de paralisação de obras nem houve qualquer indicativo diferente na imprensa, mas fica registrada a informação, mesmo com a obra ainda dentro do cronograma.

Para finalizar a complicação do Centro Olímpico de Hipismo, há o risco dos arredores do Centro Hípico estar passando por infecções de mormo, uma doença bacteriológica que força o sacrifício dos cavalos infectados. Imagina uma situação dessas com os cavalos mais caros do mundo, valendo milhões de dólares, que estarão hospedados aqui?

O Exército aguarda resultados de exames, já que parece que as infecções ocorreram após um cavalo da polícia capixaba ter trazido a doença para a Vila Militar. Inicialmente foi dito que apenas dois outros cavalos podem ter sido infectados. Nesta semana o governo já informou que são 17 cavalos e que alguns deles passaram na Sociedade Hípica da Gávea, local do hipódromo do Rio de Janeiro, que foi interditado para entrada e saída de cavalos na semana passada.

O Exército e o Ministério da Agricultura estão tomando todas as precauções e o centro hípico não recebe nenhum animal desde fevereiro, já em preparação ao evento-teste que ocorrerá neste mês de agosto. Ainda não é motivo para pânico, mas a situação precisa ser monitorada com muita atenção e cuidado.

O Centro Olímpico de Hipismo é ligeiramente afastado de todos as outras instalações de Deodoro, ficando isolado na parte sul, enquanto todas as outras estruturas ficam na parte norte.

O Centro Nacional de Tiro Guilherme Paraense, ou o Centro Olímpico de Tiro como é tratado pelo Rio 2016, também foi construído para o Pan 2007 e está tendo que passar por reformas para os Jogos Olímpicos – além da construção de um stand temporário para as finais da pistola e da carabina.

A previsão de término das obras é em junho de 2016. Apesar do prazo muito próximo aos Jogos Olímpicos, as obras não são tão complicadas quanto a do Centro Olímpico Hípico e a obra está em andamento normal. A luz fica amarela apenas pela falta de espaço para atrasos, mas as obras estão até ligeiramente adiantadas.

20150617_CO_IOL_CDEO_AA-9622-1600x1067Centro Olímpico de Tiro
Localização: Vila Militar
Esporte: tiro esportivo
Previsão de término: junho/2016
Valor: não é possível precisar pois toda a área norte foi licitada em bloco por R$ 643,7 milhões de reais (execução da Prefeitura com recursos da União). Esse valor engloba o Centro Olímpico de Tiro, o Parque Radical, o Estádio de Deodoro, a Arena da Juventude, o Centro Olímpico de Hóquei e o Centro Aquático de Deodoro.
Capacidade: 7.250 pessoas (sendo 2.000 temporários no stand temporário de finais)
Uso pós-olímpico: centro de treinamento de alto-rendimento de tiro esportivo e competições de alto nível sob administração do Exército Brasileiro, que também poderá usá-lo em suas atividades de treinamento.

 

O Centro Olímpico de Hóquei estava fora dos planos olímpicos, já que seriam construídos dois campos temporários do esporte no Parque Olímpico da Barra. Entretanto voltou aos planos na readequação de 2013, quando chegaram à conclusão que seria melhor aproveitar a estrutura existente do Pan em Deodoro e apenas o reformar.

Não é uma obra complexa: trata-se apenas de adaptar os dois campos já existentes e construir vestiários além de uma arquibancada de 10 mil lugares no campo principal e de 5 mil no campo secundário, muitos temporários. A previsão de término é em dezembro deste ano e não preocupa. Além de não englobarem intervenções complexas, há um bom prazo de folga para os Jogos Olímpicos.

 

Centro Olímpico de Hóquei
Localização: Vila Militar
Esporte: hóquei sobre a grama
Previsão de término: dezembro/2015
Valor: não é possível precisar pois toda a área norte foi licitada em bloco por R$ 643,7 milhões de reais (execução da Prefeitura com recursos da União). Esse valor engloba o Centro Olímpico de Tiro, o Parque Radical, o Estádio de Deodoro, a Arena da Juventude, o Centro Olímpico de Hóquei e o Centro Aquático de Deodoro.
Capacidade: 10mil pessoas no campo principal (7.500 temporários) e 5mil pessoas no campo secundário (todos temporários)
Uso pós-olímpico: centro de treinamentos e competições nacionais sob administração do Exército Brasileiro.

20150617_CO_IOL_CDEO_AA-0070-1599x900Logo atrás do Centro de Hóquei ficará a Arena da Juventude. Essa Arena teve uma história curiosa de “vai-e-vem” dentro do projeto olímpico. Quando o Rio apresentou seu livro de candidatura ao COI (Bid Book), ainda em 2009, estava planejada a construção de uma arena multiesportiva em Deodoro com capacidade para 5.000 pessoas. A então Arena Deodoro abrigaria as competições de esgrima, além da parte de esgrima do pentatlo moderno.

Até que em 2012, atendendo a pedidos da Federação Internacional de Esgrima, o esporte foi deslocado para a Arena Carioca 3, no Parque Olímpico na Barra da Tijuca – e o projeto de se construir uma Arena na Região Deodoro fora abandonado no meio do tormento que havia se tornado a tentativa de se iniciar efetivamente as obras nesta região.

Só que no fim de 2012, em uma reunião com a Federação Internacional de Basquete, chegou-se à conclusão que não daria para se colocar 6 jogos com sessões distintas no mesmo dia, como o Rio 2016 planejava inicialmente. A solução achada foi justamente reabilitar a arena multiesportiva de Deodoro, que, dentro do conceito de legado para a juventude da área, foi rebatizada de Arena da Juventude.

Dessa forma a Arena da Juventude irá receber algumas partidas da primeira fase do basquete feminino (curiosamente, com algumas sessões englobando dois jogos) e, já que será mesmo construída, também abrigará as disputas de esgrima do pentatlo moderno, que ficara sem local quando da retirada da Arena Deodoro dos planos.

Não é uma arena grande: terá apenas 5.000 lugares nos Jogos Olímpicos, só 2.000 permanentes, e também teve suas obras iniciadas em julho de 2014. A previsão de termino é em março de 2016, com seus dois eventos teste sendo realizados entre março e abril. Não é uma obra de alta complexidade e ela está apenas começando a tomar forma.

A obra parece estar dentro do cronograma, ou apenas ligeiramente atrás. Como o previsão de término é 4 meses antes dos Jogos Olímpicos, ainda há um pequeno espaço para eventuais atrasos e também não é uma obra que preocupe.

20150617_CO_IOL_CDEO_AA-98511-1600x1067Arena da Juventude
Localização: Vila Militar
Esportes: basquete (apenas jogos da 1ª fase do torneio feminino) e pentatlo moderno (esgrima)
Previsão de término: março/2016
Valor: não é possível precisar pois toda a área norte foi licitada em bloco por R$ 643,7 milhões de reais (execução da Prefeitura com recursos da União). Esse valor engloba o Centro Olímpico de Tiro, o Parque Radical, o Estádio de Deodoro, a Arena da Juventude, o Centro Olímpico de Hóquei e o Centro Aquático de Deodoro.
Capacidade: 5.000 pessoas (3.000 temporários)
Uso pós-olímpico: quadra multiesportiva que ficará sob a administração do Exército Brasileiro.

 

Apenas para abrigar a natação do pentatlo moderno, será reformada uma piscina do Exército, que o Rio 2016 chama de Centro Aquático de Deodoro. Por ser uma competição com menos apelo de público e duas provas únicas (uma masculina e outra feminina), a obra apenas reformará a piscina e construirá uma pequena arquibancada para 2000 pessoas. Qualquer obra que mexa com hidráulica, especialmente piscinas de competição, exige algum cuidado.

Mas apesar do longo prazo de execução e do pouco tempo disponível para atrasos, é uma obra que inicialmente não deve preocupar, já que os padrões exigidos não são gigantes.

Por que eu fiz questão de escrever o “inicialmente” acima? Lembram do problema do polo aquático que eu expliquei lá na coluna da região Barra, mais precisamente quando passeávamos pelo Maria Lenk? Então, se a decisão final for pelo remanejamento das partidas preliminares do polo aquático para cá, a obra seria um pouco maior e terá que ser acelerada. Nesse caso, até pela mudança de projeto em cima da hora, a luz ficará amarela.

Centro Aquático de Deodoro
Localização: Vila Militar
Esporte: pentatlo moderno (natação) (preliminares do polo aquático?)
Previsão de término: junho/2016
Valor: não é possível precisar pois toda a área norte foi licitada em bloco por R$ 643,7 milhões de reais (execução da Prefeitura com recursos da União). Esse valor engloba o Centro Olímpico de Tiro, o Parque Radical, o Estádio de Deodoro, a Arena da Juventude, o Centro Olímpico de Hóquei e o Centro Aquático de Deodoro.
Capacidade: 2.000 pessoas
Uso pós-olímpico: uso pelo Exército Brasileiro dentro de seu complexo esportivo e treinamento de atletas, especialmente os militares.

 

Outra estrutura que teve sua importância aumentada durante a execução do projeto olímpico foi o Estádio de Deodoro. Inicialmente ele apenas abrigaria o hipismo e o combinado de corrida cross-country e tiro que encerra o pentatlo moderno, mas após o fracasso do Vasco da Gama em apresentar um projeto de modernização do estádio de São Januário, local inicialmente planejado para as disputas do rugby, o esporte, de pouco apelo no país, também foi posto aqui. Curiosamente, o esporte é um dos que teve sessões esgotadas já na primeira fase de venda de ingressos.

O estádio será uma estrutura totalmente temporária e, por ficar a distância caminhável do Centro Aquático e da Arena da Juventude, facilitará bastante a logística do pentatlo moderno. O hipismo do pentatlo utiliza cavalos alugados pela própria organização e tem nível de exigência bastante inferior à modalidade hipismo, então conseguirá se realizar sem percalços nessa estrutura temporária.

Por ser uma estrutura temporária, também não há complexidades desafiadoras de engenharia e a previsão de termino é para março de 2016, em conjunto com o evento teste do pentatlo neste mesmo mês. Não há indicativo de atrasos na obra e também há alguns meses de folga, então também não preocupa.

20150402_CO_IOL_CDEO_AA-30441-1600x900Estádio de Deodoro
Localização: Vila Militar
Esporte: pentatlo moderno (hipismo e combinado de tiro e corrida cross-country) e rugby.
Previsão de término: março/2016
Valor: não é possível precisar pois toda a área norte foi licitada em bloco por R$ 643,7 milhões de reais (execução da Prefeitura com recursos da União). Esse valor engloba o Centro Olímpico de Tiro, o Parque Radical, o Estádio de Deodoro, a Arena da Juventude, o Centro Olímpico de Hóquei e o Centro Aquático de Deodoro.
Capacidade: 15.000 pessoas (todos temporários)
Uso pós-olímpico: não haverá. Estrutura totalmente temporária a ser desfeita logo após o encerramento das Paralimpíadas.

 

Para finalizar esses 4 dias de revisão das instalações esportivas, há o Parque Radical. Esse será um complexo que abrigará as 3 instalações que receberão os esportes mais “radicais” dos Jogos Olímpicos: canoagem slalom, ciclismo BMX e ciclismo cross-country. Ele é a grande aposta da Prefeitura em termos de legado para essa região.

A ideia é que o Parque Radical fique ao mesmo tempo um Parque de Diversões, a exemplo do Parque Madureira, para a população de classe média baixa da região, mas sem descuidar do treinamento de alto rendimento das modalidades ciclísticas. A aposta é que essa mistura de diversão e alto rendimento também propicie a criação de um celeiro de descoberta de talentos das modalidades.

20150115_CO_IOL_CDEO_MT-1890-1600x1067Parque Radical
Localização: Vila Militar
Instalações: Estádio de Canoagem Slalom, Centro Olímpico de BMX e Centro de Mountain Bike
A obra mais adiantada do Parque Radical é a do Centro Olímpico de BMX. Já é possível ver a pista com clareza e as obras avançam sem problemas para sua conclusão prevista no final deste ano, lembrando que a pista de BMX é feita de terra com apenas alguns pontos específicos asfaltados. A obra está no prazo e tem muita folga, sendo que as arquibancadas serão todas temporárias, e não há qualquer preocupação.
Centro Olímpico de BMX
Esporte: ciclismo (BMX)
Previsão de término: dezembro/2015
Valor: não é possível precisar pois toda a área norte foi licitada em bloco por R$ 643,7 milhões de reais (execução da Prefeitura com recursos da União). Esse valor engloba o Centro Olímpico de Tiro, o Parque Radical, o Estádio de Deodoro, a Arena da Juventude, o Centro Olímpico de Hóquei e o Centro Aquático de Deodoro.
Capacidade: 7.500 pessoas (todos temporários)
Uso pós-olímpico: 1ª pista de BMX permanente do Brasil, servindo para treinamento de alto-rendimento e diversão da população local.
O Centro de Mountain Bike também já tem o desenho da pista claramente delimitado nas fotos áreas, mas a modalidade exige um tratamento maior da pista se comparado ao BMX. Por isso a previsão de término dela também é um pouco mais dilatado, só em março de 2016. Após a conclusão da pista não restará muito a se fazer, já que a arquibancada de 2.500, além de pequena, será temporária. A construção da pista caminha bem e é uma obra que se necessário pode ser acelerada sem maiores dores. Também não preocupa.
Centro de Mountain Bike
Esporte: ciclismo (mountain bike)
Previsão de término: março/2016
Valor: não é possível precisar pois toda a área norte foi licitada em bloco por R$ 643,7 milhões de reais (execução da Prefeitura com recursos da União). Esse valor engloba o Centro Olímpico de Tiro, o Parque Radical, o Estádio de Deodoro, a Arena da Juventude, o Centro Olímpico de Hóquei e o Centro Aquático de Deodoro.
Capacidade: 27.500 pessoas (2.500 temporários e 25.000 em pé)
Uso pós-olímpico: pequena parte da pista será mantida para a prática de Mountain Bike enquanto o resto da área fará parte da área comum de recreação do Parque Radical, com churrasqueira e trilhas.

20150225_CO_IOL_CDEO_AER_AA-0008-1600x1067Já o Centro de Canoagem Slalom é altamente complexo e exige uma grande engenharia hidráulica. Inclusive, ele era a minha maior preocupação na revisão do ano passado. Pelo menos aqui as notícias são boas: desde que escrevi a revisão passada a obra andou bastante em ritmo acelerado.

Parece que o Rio aprendeu bastante com a experiência de Londres e evitou o “bate cabeça” que ocorreu na construção do slalom londrino. A confecção do modelo hidráulico em miniatura antes da construção do centro parece que surtiu efeito e o projeto foi bem concebido.

Dessa forma hoje, mesmo com um tempo bem apertado por causa do grande atraso para o início, a obra está até adiantada em relação ao cronograma previsto. A previsão de término inicial era em julho de 2016, mas o otimismo com o ritmo de obras é tanto que na semana passada a Prefeitura já afirmou que a previsão de entrega da instalação foi adiantada para março de 2016. Isso mostra como as obras estão indo bem, porém por sua complexidade e boa possibilidade de imprevistos, é outra obra que precisa ser olhada com atenção.

Agora, o grande entrave do Centro de Canoagem Slalom é o seu uso pós-olímpico. É uma estrutura gigantesca e de conversão em legado bastante difícil. Alias, o COI, aproveitando o novo ensejo da redução de custos dos Jogos Olímpicos com a nova Agenda 2020, poderia rever a presença da canoagem slalom nos jogos. É uma obra caríssima, complicada e sem muitas opções de transformação em legado a não ser a própria canoagem slalom ou uma piscina pública.

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, já afirmou diversas vezes que pretende fazer do centro um grande parque aquático de diversão para a população, dentro do espírito de legado do Parque Radical. Segundo ele, é a única forma possível da estrutura se sustentar a longo prazo.

Já a Confederação Brasileira de Canoagem entrou na briga e quer que o Centro seja mantido para fazer treinamento de alto rendimento e ser sede de competições de nível mundial. Para forçar a manutenção do centro para o esporte, a Confederação conseguiu ganhar a sede do Campeonato Mundial de Canoagem Estilo Livre de 2017 e o Campeonato Mundial de Canoagem Slalom 2018 exatamente para esse Centro de Canoagem Slalom dos Jogos Olímpicos de 2016 – contra a vontade de Paes.

No Projeto de Legado apresentado na semana passada, a Prefeitura reforçou que “os obstáculos que dificultarão a performance dos canoístas profissionais nos Jogos sairão e permitirão a criação de um lago recreativo e um canal com correnteza leve, apara diversão dos usuários, que poderão descê-lo a nado ou em bóias“. Ou seja, se os obstáculos serão retirados, a Prefeitura reafirmou sua decisão de inutilizar a área para competições futuras.

Que fim levará essa queda de braço não há como saber. Haverá duas opções: ou a Prefeitura do Rio cede e mantém o Centro de Canoagem Slalom para as competições ou a Confederação Brasileira de Canoagem estará em maus lençóis, tendo que se virar com a Federação Internacional de Canoagem para mudar o local para a pista existente em Foz do Iguaçu, com uma tecnologia inferior, ou poderá ter que pagar fortes multas.

O que se sabe é que a decisão final não será de Eduardo Paes. Seu mandato terminará logo após os Jogos Olímpicos e por já estar em seu segundo mandato consecutivo, não poderá se reeleger. Caberá ao próximo prefeito tomar tal decisão e a eleição ainda está muito distante para traçar panoramas de possíveis eleitos.

 

Centro de Canoagem Slalom
Esporte: canoagem (slalom)
Previsão de término: março/2016
Valor: não é possível precisar pois toda a área norte foi licitada em bloco por R$ 643,7 milhões de reais (execução da Prefeitura com recursos da União). Esse valor engloba o Centro Olímpico de Tiro, o Parque Radical, o Estádio de Deodoro, a Arena da Juventude, o Centro Olímpico de Hóquei e o Centro Aquático de Deodoro.
Capacidade: 8.000 pessoas (todos temporários)
Uso pós-olímpico: a ser decidido entre centro de treinamento de alto-rendimento e sede de competições de nível mundial ou um parque aquático de diversão.

Após esses quatro dias, terminamos aqui nossa revisão da parte esportiva do Projeto Olímpico Rio 2016. Amanhã o Ouro de Tolo pincelará a situação das obras da cidade do Rio de Janeiro na parte de transportes para encerrar essa série.

Imagens: Cidade Olímpica (nem todas as imagens são atuais)

4 Replies to “Semana Olímpica: Situação das Obras Olímpicas – Parte 4”

  1. Mais um grande trabalho praticamente inédito e bem detalhado no Ouro de Tolo. Bem esclarecedor. Valeu, Rafic!

  2. Obrigado, Cassius. É bom mostrar que contra todos os prognósticos, o que estou defendendo desde 2009 está se realizando com o Rio conseguindo coordenar bem várias obras em conjunto.

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