Julio Cesar, Maicon, Dante, David Luiz, Marcelo, Luiz Gustavo, Fernandinho, William, Bernard, Hulk, Oscar, Fred, Felipão… Esses e tanto outros, seus companheiros, sonhavam entrar à história do futebol brasileiro. Entraram, mas não exatamente como queriam…

Quarta-feira passada foi o primeiro aniversário de uma data histórica para o futebol brasileiro, do maior vexame protagonizado por ele. Um tipo de vexame que acho que nunca será superado. Até porque perder de oito em uma nova copa jogada no país é uma coisa impensável – esperamos.

Mas esses caras entraram para a história. Nunca serão esquecidos. Para sempre serão lembrados pelo 8 de julho de 2014.

Muito se falou da data histórica, brincou e até hoje não há uma definição. Não há a certeza do porquê ocorreu aquilo. Só sabemos que era uma tragédia anunciada e que nada foi feito depois.

20140623_165337Tragédia anunciada porque a Copa não foi boa. O Brasil não jogou bem nenhuma partida, já era para ter sido eliminado contra o Chile – e hoje pensamos se não teria sido melhor, menos vexaminoso cair ali. Anunciado pelo estado de nervos em frangalhos e mostrado a todos como no choro compulsivo do capitão Thiago Silva na mesma partida com os chilenos. Anunciada pela entressafra em que vivemos no futebol brasileiro de jogadores e treinadores, como citei semana passada. Pela péssima forma que o futebol brasileiro é conduzido.

Mas na boa. Com tudo isso e mesmo com tudo isso 7×1 não dá.

Não bastou tomar de 7×1 numa copa jogada em casa, numa copa jogada em casa e ansiada por 64 anos. Seria a copa da nossa redenção, da revanche de 1950. Foi um 7×1 vergonhoso, humilhante em que tomamos 5×0 no primeiro tempo e só não tomamos mais de 10 porque os alemães foram piedosos.

Placar que ao mesmo tempo mostra o tamanho da diferença do futebol brasileiro entre o que imaginamos e ele é de fato, mas que também mostra exagero.

O 7×1 não mostra exatamente a diferença entre o futebol europeu e brasileiro. Aconteceu um apagão ali, os nervos saíram do controle. A Argélia não é melhor que o Brasil e perdeu de 2×1, ninguém tomou de 7 da Alemanha e não somos os piores do mundo. Ainda.

O normal seria perder de 2, de 3 pela diferença entre jogadores, treinadores e organização. Nossos treinadores estão defasados, com os da base recebendo pressão pela obrigação de ganhar títulos e podando o talento dando privilégio à parte física e esquemas táticos. Estão fora da realidade, fora de órbita. Agora mesmo estou vendo Wanderley Luxemburgo dando uma entrevista e parece que os treinadores brasileiros vivem em uma realidade paralela.

Migao2E pensar que o Guardiola já tinha time pronto para o Brasil e projeto todo estabelecido para sermos campeões do mundo e a CBF não quis…

A lei Pelé prejudicou demais o futebol brasileiro. Tirou o moleque dos clubes e entregou aos empresários. Meninos de 15, 16 anos deixam o futebol brasileiro atrás do sonho da independência financeira, dar uma vida melhor a seus familiares, O empresário lucra e o clube para de criar novos jogadores, para de criar ídolos.

A seleção não joga no Brasil, não cria identidade. Jogadores daqui não são convocados. Ok, isso já ocorre faz tempo. Mas agora temos jogadores desconhecidos sendo convocados. Não entrando no mérito de suas qualidades, mas não cria identificação.

Antes um ídolo do meu time jogava na seleção e o do rival também. O do meu time fazia um gol, do rival ia mal e eu zoava ou vice versa. Aplaudia do meu time, vaiava o que um dia passou no rival. Hoje não tem mais isso. Não conheço nenhum torcedor do Shaktar para cornetar se um dos seus 75.565 convocados for mal. Jogadores desconhecidos, dirigentes presos ou foragidos. Não tem como ir bem.

Nada foi feito antes do 7×1, nada foi feito depois. Era a chance de refletir e repensar o futebol brasileiro, mas poucos dias depois foi divulgado o nosso novo futebol, seu novo comando e tivemos o mais do mesmo. Nada mudou e a Copa América mostrou isso.

Se temos uma entressafra pelo menos temos que ter um comando de qualidade, com diferencial. Estamos tecnicamente abaixo de Alemanha, Argentina, Espanha, Holanda e outras, mas não podemos ficar abaixo de Colômbia, Peru, Chile e Uruguai. Corremos riscos nas eliminatórias para a copa sem necessidade.

É… Pensando bem o vexame pode ser maior sim. Nunca podemos duvidar do poder de vexames da CBF e em 2017 chegarmos à conclusão que realmente 7×1 foi pouco. A “novidade” agora é anunciar uma comissão de notáveis para estudar o futebol brasileiro composto por pessoas que fracassaram nela. Um ano depois a Alemanha continua metendo gols na gente. Viram agora?

Gol da Alemanha.

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