Corram que a Polícia vem aí

É, rapaz… O FBI complicou a vida da Fifa e a da CBF. O que era pra ser mais uma semana de luxo e requinte nesses rega-bofes promovidos pela entidade máxima do nosso futebol, dessa vez para aclamar mais uma vez Joseph Blatter como presidente, acabou virando um barata-voa danado… Foi Marin preso daqui, Del Nero voltando rapidinho pro Brasil dali… Uma confusão só.

Quase que alheios a toda essa confusão, os times brasileiros voltaram a campo para mais uma rodada do Brasileirão e cada vez entendo menos quem diz que esse é o pior Brasileirão dos últimos anos. Tudo bem, tem jogo ruim à beça, mas eu, com os meus 16 anos e acompanhando o Brasileirão com certo interesse há uns 10 ou 12, não me lembro de um ano com tantos bons times na disputa. Essa foi mais uma rodada de jogos bem interessantes.

Coritiba 1 x 2 Avaí

Uma das gratas surpresas desse início de Brasileirão é o Avaí, que até agora não fez nenhuma partida ruim. Em Curitiba, contra o pra lá de limitado Coxa, os avaianos mais uma vez mostraram um futebol interessante, de boa marcação e jogadas bem trabalhadas. Bastou um minuto para que a zaga adversária paçocasse e o caminho dos catarinenses fosse facilitado, é bem verdade, mas ainda durante o primeiro tempo o time do Avaí criou boas chances.

O Coritiba viveu de espasmos na primeira etapa. Usando muito o lado direito, até criou alguma coisa e chegou ao empate. O segundo tempo foi bastante fraco e modorrento, com o Avaí ligeiramente melhor. Tanto que, embora com um gol irregular, conseguiu mais uma vitória. Aos poucos o Coritiba vai se colocando em sua realidade, que vai ser brigar para não ser rebaixado.

Ponte Preta 3 x 1 Chapecoense

Vou falar mais uma vez, agora com mais convicção ainda: a Ponte Preta é, com sobras, o melhor time do Brasileirão até aqui. O que está jogando o time treinado pelo Guto Ferreira é um absurdo. É certo que a Chapecoense fez um jogo muito inferior ao que está acostumada, errando muitos passes e, consequentemente, sem conseguir sair com muita velocidade para o ataque. Ainda assim, a marcação avançada da Macaca mais uma vez funcionou e o ataque vive grande fase.

Renato Cajá é o craque das quatro primeiras rodadas do Brasileirão. No sábado, ele foi o comandante do setor de criação dos campineiros mais uma vez e o placar de 1 a 0 ficou até barato para a Chapecoense, já que o próprio Cajá perdeu duas chances incríveis. Na segunda etapa, Biro-Biro ampliou com um belo gol de falta e só aí a Chapecoense conseguiu se soltar. Hyoran perdeu um gol inacreditável e Gil conseguiu descontar. Só que aí o mesmo Cajá fez um gol ainda mais bonito que aquele da primeira rodada e matou o jogo. Belíssima vitória da Ponte Preta.

Joinville 1 x 2 Atlético Paranaense

Eu estou quase desistindo de entender o que acontece com esse time do Joinville. É complicado explicar como um bom time, que tanto esperou essa estreia na Série A, esteja tão apático e jogando tão abaixo do seu nível normal. O Atlético Paranaense, grande surpresa do Brasileirão até aqui, fez um primeiro tempo muito bom, é verdade, mas só conseguiu abrir 2 a 0 porque a zaga do Joinville falhou de maneira bisonha nos dois gols. A falta de criatividade do time catarinense foi comovente.

Com o jogo um pouco controlado, o Furacão relaxou no segundo tempo e ofereceu um pouquinho de campo ao Joinville. O time da casa se soltou, tentou, mas definitivamente não está em um bom momento. Ainda parece um pouco travado, como se não estivesse no clima da Série A. Para piorar, tem perdido muitos gols nas raras oportunidades que tem criado. Menos mal que Jael, cerca de 335 minutos depois da estreia do JEC na Série A, marcou o primeiro tento da equipe no Campeonato.

Santos 2 x 2 Sport

Talvez o melhor jogo da rodada. O confronto, que já se desenhava interessantíssimo na Copa do Brasil, mais uma vez foi muito bacana de se acompanhar. São dois times rápidos, de bom toque de bola e com bom potencial individual. O Santos começou muito bem, fez 15 minutos de pressão, mas logo os pernambucanos equilibraram o jogo e, quando começavam a tomar conta da partida, veio o gol irregular do Peixe. O Sport logo empatou e o jogo para o intervalo com o empate no placar.

Na segunda etapa, o jogo seguiu equilibrado, mas o Santos me pareceu um pouco superior. A entrada de Diego Souza até deu mais técnica ao meio campo do Sport, mas fez, como sempre faz, o time perder um pouco de velocidade, e isso fez com que o Santos crescesse. O sempre bom Lucas Lima arranjou um bom cruzamento e o Santos, na bola parada, chegou ao segundo gol. Quando parecia que a vitória estava encaminhada, Rithely puxou ótima jogada e, já nos acréscimos, o Leão pernambucano empatou. Foi o resultado mais justo possível para um jogão.

Goiás 1 x 1 Grêmio

Já foram 360 minutos de Campeonato Brasileiro e o Goiás simplesmente não consegue mostrar qualquer coisa minimamente próxima do que se possa considerar um bom futebol. O mais impressionante é que, mesmo assim, o Esmeraldino ainda está invicto, com oito pontos em quatro partidas. Domingo, mais uma vez foi muito inferior ao adversário e conseguiu somar mais um ponto.

O Grêmio, na estreia efetiva de seu novo treinador, fez um primeiro tempo muito interessante. A forte marcação do Goiás deixou espaços e o Imortal, que atuou em um esquema diferente, um pouco mais ofensivo, criou bastante. O time ainda está inseguro, nervoso e isso acaba atrapalhando – o número de erros no chamado “último passe” evidencia isso. Ainda assim, a superioridade na primeira etapa levou os gaúchos a abrirem o placar com Giuliano, após uma jogada bem interessante pelo lado direito.

Só que quando a fase é ruim, as coisas não andam. Logo no início do segundo tempo, em uma das raras chegadas dos donos da casa ao ataque, o Grêmio cedeu o empate e não conseguiu mais controlar o jogo como fez no primeiro tempo. O nível da partida desabou, muito pouco se criou e o empate acabou decretado.

Corinthians 0 x 2 Palmeiras

Rapaz, que sapatada levou o Corinthians… Ao contrário do que eu imaginava, o Derby até que começou animado, com os dois times jogando bem. O Palmeiras nem de longe parecia aquele time do início do Campeonato e lembrou seus poucos momentos de brilho na temporada. Ligado no 220, marcou forte, correu, pressionou e estava muito mais solto do que a crise que rondava a Barra Funda poderia supor. O Corinthians também começou bem. Voltou a apostar em toques rápidos e, embora estivesse visivelmente mais tenso que o rival, estava jogando de igual para igual.

Só que aí o Palmeiras marcou o primeiro gol. Uma ótima jogada que começou com Valdívia e terminou com Rafael Marques. É bem verdade que Edu Dracena, Gil e Cássio colaboraram, mas foi um belo gol. Daí para frente o Corinthians simplesmente morreu e o Palmeiras mandou no jogo. Adiantou a marcação, sufocou o rival e, contando com a tarde inspiradíssima de nomes como Valdívia, Kelvin, Rafael Marques e Zé Roberto, chegou ao segundo gol com o próprio Zé Roberto, que fez festa na grande área alvinegra e ampliou.

A entrada de Mendoza no segundo tempo, somada a uma postura mais contida do Palmeiras, fizeram o Corinthians crescer. Só que faltou qualidade, calma e paciência. O desespero tomou conta do time e praticamente nada foi criado. Como o colombiano entrou no lugar de Ralf, ainda sobrou muito espaço para o contra-ataque e os corinthianos devem agradecer pelo resultado ter sido só um 2 a 0. O Palmeiras, se continuar assim e entrar nos eixos, tem tudo para fazer um bom Campeonato. O Corinthians, se não perder mais nenhum jogador, tem time para jogar muito mais do que isso. Precisa reagir.

Atlético Mineiro 3 x 0 Vasco

Em uma rodada onde eu errei praticamente tudo o que eu palpitei, pelo menos esse jogo eu cravei. Que surra do Galo para cima do Vasco… O time que mais gosto de ver jogar no Brasil fez um primeiro tempo praticamente perfeito. Intenso, rápido, ofensivo, que sufocou o pra lá de limitado time do Vasco. A exceção dos primeiros minutos da partida, o pobre cruzmaltino não teve tempo nem de respirar.

O Atlético marcou três gols na também limitada zaga vascaína com uma naturalidade impressionante. O jogo do Atlético flui com facilidade, o time recuperou o entrosamento apresentado no fim do ano passado e, para melhorar, não me lembro de ter visto um time sofrer tão pouco com uma queda na Libertadores. Apesar da derrota na semana passada em Curitiba, quase não se fala mais nisso, não existem fantasmas. O time levantou a cabeça e está dando muito certo. O Vasco é outro que pode agradecer por ter levado só de três. Pelo que o Galo produziu no segundo tempo, podia ter sido muito mais.

Internacional 0 x 0 São Paulo

Um pouco mais focado no Brasileirão já que a Libertadores só volta depois da Copa América, o Internacional não fez um bom jogo contra o São Paulo. Aliás, o jogo em si ficou abaixo do que eu esperava. O primeiro tempo mesmo demorou para pegar no tranco, embora, quando tenha pego, tenha sido bem interessante. Não são times tão ofensivos quanto o Atlético Mineiro e, logo, não é tão legal de ver jogar, mas, tecnicamente, estão no mesmo nível. Nos momentos em que os times estiveram ligados, o jogo foi muito bom, com muitas boas jogadas e tanto Inter, quanto São Paulo poderiam ter aberto o placar.

O São Paulo não voltou bem para a etapa final e o Internacional foi melhor. Nada muito espetacular, é verdade, mas foi. O grande destaque foi Rogério Ceni, que fez sua segunda melhor partida na temporada (perde só para o clássico contra o Santos na primeira fase do Campeonato Paulista) e garantiu o zero a zero. Um bom resultado para o São Paulo, que vai somando pontos de acordo com o que se espera de um time que brigue pelo título. O Inter precisa aproveitar a pausa na Libertadores para se colocar entre os líderes e evitar que a temporada vire um “tudo ou nada”, como já aconteceu com outros times ao longo dos anos.

Figueirense 2 x 1 Cruzeiro

Finalmente o Figueirense acordou para a vida nesse Brasileirão! Que grande partida os catarinenses fizeram contra o Cruzeiro… O time que não vinha bem de repente se encontrou e fez a partida que se espera do elenco que tem a qualidade que tem. O Figueira foi melhor durante todo o primeiro tempo, inclusive abrindo o placar, mas cedeu o empate a um Cruzeiro que, embora não tenha jogado mal, ficou mais uma vez abaixo do esperado.

No segundo tempo, a Raposa se soltou um pouco mais, mas o Figueirense esteve, durante todo o tempo, mais sólido em campo. Mais criativo, criou mais, jogou mais e chegou ao gol da vitória com Carlos Alberto, aquele mesmo, que estreava pelo clube do Orlando Scarpelli. Foi uma vitória importante, que pode e deve fazer o time engrenar no Campeonato. O resultado, pensando no Cruzeiro, foi até normal. Outros grandes times perderão em Florianópolis. O problema é que os mineiros precisam, urgentemente, recuperar os pontos perdidos enquanto ainda estavam pensando na Libertadores.

Flamengo 2 x 3 Fluminense

Embora ruim tecnicamente, foi um belo Fla-Flu de se assistir. O Fluminense esteve surpreendentemente bem contra um Flamengo cada vez mais inexplicável. Assim como me parece cada vez mais inexplicável a visão quase que unânime dos homens da CBF de que Sandro Meira Ricci é o melhor árbitro do país. Ontem, ele, antes de expulsar inacreditavelmente o Giovanni do Fluminense (vermelho direto em um lance que nem falta foi), deu um dos pênaltis mais bizarros que eu já vi nos últimos tempos para o Tricolor. O Fred não tem nada a ver com isso (mas fiquei esperando ele dizer que o Brasileirão tem que acabar – fiquei decepcionado com o herói da moralidade do nosso futebol) e abriu o placar.

O Flamengo simplesmente não cria nada. É uma correria desenfreada sem nenhum padrão tático que me irrita. Iirrita não só porque é ruim de ver, mas também porque o time tem qualidade, mas é pessimamente mal treinado. Para piorar, Pará foi tentar cortar um cruzamento e fez gol contra, 2 a 0. Só aí o Flamengo foi criar uma boa jogada e, olha só, descontou com Alecssandro.

Só que, definitivamente, o Flamengo não está em boa fase. Logo no início do segundo tempo, cinco marcadores do Fla deixaram dois atacantes do Flu com liberdade impressionante. Um era o garoto Gérson, que não é de desperdiçar esse tipo de oportunidade, e fez bela jogada, deixando Fred na cara do gol para ampliar. Ali o jogo acabou. Mesmo com um a mais, o Flamengo nada conseguiu criar e ainda conseguiu descontar no fim.

Classificação

Agora a classificação do Brasileirão está assim. Olha esse G-4 que coisa impressionante.

Público e gols

– Contando o jogo com portões fechados, até que o Brasileirão teve boa presença de público nessa rodada: pouco mais de 14 mil torcedores por jogo. Agora, a média do Campeonato chegou a 13.073 torcedores por partida. De 2006 para cá, contando apenas as quatro primeiras rodadas, é inferior a 2006 (14.130), 2007 (13.438), 2009 (17.569) e 2014 (15.140) e superior a 2008 (11.380), 2010 (10.178), 2011 (12.486), 2012 (10.191) e 2013 (9.955).

– Também foi uma rodada promissora em gols: foram 29, média de 2,9 por partida. Contando as quatro primeiras rodadas, a situação já é um pouco pior: a média de 2,225 gols por jogo só supera os 2,2 de 2012 e 2014 e o 1,975 de 2008. O recorde ainda é de 2007, com média de 3 gols por jogo nas primeiras quatro rodadas, seguido por 2010 (2,875), 2011 (2,725), 2009 (2,7) e 2006 e 2013 (2,55).

Palpites para a 5ª rodada

Atlético Paranaense x Figueirense – Quarta-feira, 3/6, às 19h30, na Arena da Baixada, em Curitiba

Tem tudo para ser um jogo bem interessante. O Atlético com seu início promissor contra o Figueirense querendo enfim embalar no Campeonato… Como ainda não vou com a cara desse time do rubro-negro paranaense, vou fechar com o Figueira. Vitória catarinense por 2 a 0.

Vasco x Ponte Preta – Quarta-feira, 3/6, às 19h30, em São Januário, no Rio de Janeiro

Meu palpite inicial era um zero a zero feio e chato, mas não consigo acreditar que o Vasco vá empatar pela quarta vez em cinco jogos. Por isso, aposto em um tropeço da Ponte que, mesmo sendo bem mais time, vai acabar perdendo. Vasco vence por 1 a 0.

Chapecoense x Joinville – Quarta-feira, 3/6, às 19h30, na Arena Condá, em Chapecó

Um clássico interessante lá em Santa Catarina. A Chapecoense tem mais time e vive um melhor momento, então imagino que ainda não vá ser dessa vez que o Joinville vai espantar a crise. Chape leva a melhor, 3 a 1.

São Paulo x Santos – Quarta-feira, 3/6, às 21h, no Morumbi, em São Paulo

Talvez o jogo mais interessante da rodada. Os dois melhores times de São Paulo no momento devem fazer um jogo interessante no Morumbi. Clássico é sempre difícil de apostar, ainda mais quando os dois times estão bem, mas acho que o Tricolor leva a melhor. São Paulo vence por 2 a 1.

Grêmio x Corinthians – Quarta-feira, 3/6, às 22h, na Arena do Grêmio, em Porto Alegre

Dois bons times em uma crise danada e precisando vencer para terem um pouquinho de paz. Tudo leva a crer que teremos um jogo ruim, mas, como ninguém sabe se enfiar em um buraco melhor do que o Corinthians, acho que quem vai respirar um pouco é o Grêmio. Vitória gaúcha por 2 a 0.

Avaí x Atlético Mineiro – Quarta-feira, 3/6, às 22h, na Ressacada, em Florianópolis

Um jogo bem interessante, um teste forte para o Avaí. Embora o começo de Brasileirão dos catarinenses seja muito bom, acho que ainda não é suficiente para parar o Galo. Atlético vence por 3 a 1.

Cruzeiro x Flamengo – Quarta-feira, 3/6, às 22h, no Mineirão, em Belo Horizonte

O futebol de Minas deve mais uma vez fazer a festa contra um carioca. Dessa vez imagino que será o Cruzeiro o responsável por mostrar que a fase dos cariocas anda difícil. Raposa faz 3 a 1.

Fluminense x Coritiba – Quinta-feira, 4/6, às 16h, no Maracanã, no Rio de Janeiro

Um jogo para reafirmar a boa fase do Fluminense após uma vitória importante no Fla-Flu. Ganhar do Coritiba em casa não é, definitivamente, uma missão exatamente impossível. Tricolor vence bem, 3 a 0.

Palmeiras x Internacional – Quinta-feira, 4/6, às 21h, no Allianz Parque, em São Paulo

O Palmeiras é outro que poderia embalar de vez, mas vai topar com um Internacional já inteiramente ligado no Brasileirão. Aí, o buraco é um pouco mais fundo. Inter vence por 2 a 1.

Sport x Goiás – Quinta-feira, 4/6, às 21h, na Ilha do Retiro

Agora sim a farra do Goiás acaba. Tem que acabar, não é possível. Estou tão confiante que vou parar de ver comentarista colocando o Esmeraldino no mesmo patamar da Ponte Preta e do próprio Sport que vou chutar o balde. Goleada pernambucana por 4 a 1.

Simulador

Pela primeira vez fiz um simulador contando com um Corinthians bem meia boca e também com um Santos bem mais competitivo. Também fui mais otimista com o Palmeiras e menos com o Grêmio. Deu nisso aí.