Com um certo atraso para a publicação desta coluna, falo sobre a transmissão da Globo do carnaval de São Paulo. Considero que esta foi muito boa, apesar de algumas falhas que sempre acontecem; minha maior crítica à transmissão global é o formato, não é a realização. Por incrível que possa parecer para muitos, no que se propõe a Globo é excelente.
“Ah, mas a Globo não passa o esquenta”, “A Globo não mostra os problemas de evolução da escola”, “A Globo fica colocando pessoas que não entendem da folia”, sim, tudo isso é verdade. Porém, à Globo isso não é tão interessante, por isso a crítica não é à realização, e sim ao formato da transmissão.
Entretanto, a TV Globo melhorou e muito em vários pontos do formato no ano de 2015, muito devido a escolhas inteligentes que foram feitas para a transmissão.
http://www.youtube.com/watch?v=4BfzxtUj_Mo
A começar pela principal delas: a manutenção de Chico Pinheiro (de larga experiência no carnaval) e de Monalisa Perrone – outra figurinha carimbada nas transmissões – ajudou e muito a transmissão. Ambos, apesar de estarem ligeiramente “alegres”, foram muito bem na transmissão dando espaço aberto aos comentaristas e pouco espaço para intervenções dos repórteres que muitas vezes confundem os telespectadores.
Apesar disso, a Globo acertou também na escolha de um comentarista. Alemão do Cavaco trouxe um outro nível à transmissão global. Além de demonstrar conhecimento técnico e histórico, por diversas vezes, Alemão chamou atenção de seus colegas para que se pudessem ouvir sem interrupções paradinhas ou o samba em si.
Isso, além de trazer um ganho pra quem gosta da folia, melhorou bastante a transmissão. Seus companheiros Celso Víafra e Paula Lima viveram bons e maus momentos; se Celso até tenta comentários mais técnicos, Paula busca comentários mais históricos e de conhecimento dos desfilantes. Os dois não foram tão mal quanto em 2014, mas não estiveram no nível do estreante.
http://www.youtube.com/watch?v=20wpmEuBeeU
Mas o pior momento da transmissão é de longe o acionamento dos repórteres.
Além deles pouco acrescentarem à mesma, na maioria das vezes eles são chamados para mostrar entrevistas pouco interessantes, além de não conseguirem passar informações de forma sucinta, alongando suas participações e prejudicando a dinâmica da transmissão.
O ponto onde há menor acerto é na dispersão: o repórter Philipe Siani é de longe, mas de muito longe, o pior repórter do carnaval de São Paulo. Além de ser extremamente “pilhado”, ele deixa o telespectador nervoso com a fiscalização do cronômetro. Isso, que já havia se tornado rotineiro com Maurício Kubrusly, piorou e muito com Siani: ele não consegue deixar quem assiste a transmissão tranquilo. Eu particularmente detestei sua participação e isso é algo que a Globo precisa corrigir.
Obs: Siani já participou da concentração e também não foi nada bem no trabalho.
No desfile das campeãs, o G1 mostrou a folia da sexta. Essa, em um tom bem mais informal do que a folia oficial, contou com boas participações de Veruska Donato, Márcio Canuto e Sabina Simonato. Com apenas dois repórteres a transmissão foi dinâmica, alegre e bastante interessante como deve ser nesse tipo de desfile não-oficial, foi um ótimo trabalho da transmissora do carnaval através de seu portal de internet.
O que eu quero deixar claro neste texto é: a Globo não faz um mau trabalho na transmissão, apenas investe no formato errado, ao invés de focar a transmissão em buscar mais fãs do carnaval, elas apenas busca prender o telespectador comum por mais tempo possível. Com isso deixa de lado algumas coisas primordiais para quem gosta da folia e foca em outras bem desinteressantes. E eu tenho uma certeza: seja lá qual fosse a TV que transmitisse o carnaval, dificilmente haveria mudança no formato, para isso acontecer depende muito mais dos sambistas do que de quem transmite.
Imagem: reprodução site “Notícias da TV”, Uol
Perfeito, Bruno!! Talvez por isso há anos eu muto a TV e só ouço a Tupi!
Antes de tudo, obrigado pela leitura e pelo comentário.
Eu neste ano fiquei vendo na Globo e ouvindo a mesma para analisar bem a transmissão, além disso dei uma olhada em todos os desfiles depois pra fechar a coluna e apesar de achar a transmissão bem digna nesse ano, ainda falta muito para melhorar.
No mais, obrigado novamente.
Saudades de Paulo Stein, Haroldo Costa, José Carlos Rêgo e Fernando Pamplona, naquela emissora do M dourado…
Rodrigo, entendo a sua saudade, mas fico me perguntando: Será que hoje o formato da Manchete seria o mesmo? Não sei, hoje os tempos são outros e a procura pelo telespectador é totalmente diferente.
Como disse, a Globo não se preocupa em formar novos fãs do carnaval e sim, em segurar o número de telespectadores vendo o evento.