Tenho alguns amores na vida. Futebol, preferência pelo Flamengo, samba, mulheres… Ah, as mulheres, quantas eu amei!! Amores que vêm e vão, que ficam. Amores que acabam em sua somatória dizendo quem nós somos.

maracana1987Alguns desses amores acabam tendo uma coisa em comum. Um cenário. Seja no Maracanã, na Sapucaí, em um doce balanço a caminho do mar, o cenário sempre é lindo, aconchegante e dá orgulho. Que orgulho que dá!!

Orgulho é um pecado capital? Acho que não, mas não sou especialista em religião apesar de ter certeza que esse cenário foi feito por uma força maior.

Talvez Estácio de Sá não tivesse a mínima ideia do que estava fazendo mas às vezes é melhor assim. A história ser contada sem ter dimensão que está sendo feita. Tudo soa mais bonito, mais natural como a cidade que ele ajudou a fazer. Esse balneário que erradamente um dia chamaram de rio tem a naturalidade de quem luta, sua, sofre, passa por diversos problemas, mas mesmo assim sem tirar o sorriso do rosto.

Os descendentes de Estácio, os filhos de Sebastião são assim. Reclamam muito. Reclamam do transporte público, do prefeito, do governador, do mosquito da dengue, da bala perdida, do calor… Mas ouse você de fora reclamar pra ver? O morador do balneário se inflama e defende o seu lugar das flechadas. Só ele pode falar mal, mais ninguém.rioantigo

É um povo bairrista e hospitaleiro. Acha que mora no lugar mais bonito do mundo, mesmo reclamando dele, e recebe bem aqueles que se deixam seduzir. E não é difícil ser seduzido por esse lugar. Se o balneário fosse um ser vivo seria uma sereia que cantaria uma doce canção e levaria para o fundo da baía o seu encantado.

sapucaiE qual seria a canção a ecoar? São tantas. Poucos lugares foram tão homenageados quanto o balneário. Pode escolher o ritmo. Pode ser um chorinho vindo do velho centro, um banquinho e um violão da Zona Sul, um surdo e um tamborim de uma escola de samba, o funk da favela ou todos os ritmos misturados da Lapa. Aqui é assim. Uma mistura de ritmos e cores.

Aqui a melodia tem um “tom” suave que casa em qualquer voz. A poesia se serve de uísque e uma dose de amor perdido, mas que pra sempre vai lhe amar. O jogador de futebol provoca risadas entortando adversário e lhe chamando de “João”. A dramaticidade de um Maracanã em silêncio ao perder uma Copa do Mundo é quebrada pelo barulho de um cordão sem cordas, separações e que coloca um milhão de pessoas sem distinção de raças e credos.

Seu nativo é malandro, maneiro e gozador. Sacaneia o prefeito que previu chuva que não aconteceu, mas é o primeiro a ser solidário com o vizinho que perdeu tudo na enchente. Aplaude o por do Sol na praia famosa, pega “jacaré” na praia do subúrbio. Solta sua pipa, pega sua onda e batalha embaixo de Sol mesmo com o resto do país lhe chamando de vagabundo.

É inveja porque até o sofrimento aqui é mais bonito.

Tem floresta pra respirar ar puro, montanhas que dão vista que os olhos nunca mais esquecem, um Arpoador de emoções pra estabelecer e recordar amores. De janeiro a janeiro, chorando e sorrido. Seu povo antes de tudo é um forte. Antes de tudo tem esperança.

E como não ter esperança? Como não ter fé na vida e que as coisas no fim darão certo se ao acordar damos de cara com o filho do homem de braços abertos dando bom dia?

Eu sou desse balneário, nascido e criado nesse lugar e posso dizer que sou completamente apaixonado por ele.

Parabéns, meu Rio de Janeiro querido.

De braços abertos sobre a Guanabara, me mostra o que é amor.

Coração do meu Brasil.