Depois de alguns anos em constante evolução, o Carnaval de São Paulo havia apresentado um ligeiro retrocesso nos desfiles de 2001. Os desfiles como um todo foram mais fracos, especialmente em termos plásticos, e a expectativa era a de que, em 2002, o rumo do crescimento fosse retomado. A Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo anunciou ainda em 2001 que o Carnaval de 2002 seria o último em que duas escolas seriam rebaixadas. Em 2003 e 2004, as três últimas cairiam para que, a partir de 2005, 12 agremiações disputassem a elite do samba paulistano.

No que tange à organização, a Liga/SP resolveu voltar a adotar critérios de desempate para sanar outro problema que já vinha causando alguns incômodos: os empates na primeira colocação. Nos três desfiles anteriores, o título havia sido dividido. O critério de desempate, porém, só valia para as notas válidas e não levava em conta as descartadas. Ou seja: se acontecesse o que aconteceu em 2001, quando Vai-Vai e Nenê somaram todos os 200 pontos possíveis, o empate persistiria.

Uma grande polêmica, no entanto, surgiu a poucos meses dos desfiles de 2002. Como já foi dito por aqui, à época era permitido o merchandising explícito em camisetas de diretoria e até em alegorias. No entanto, a Rede Globo, detentora dos direitos de transmissão, começou a perceber que algumas empresas deixavam de comprar espaços de propaganda na TV para assinar contratos muito mais baratos – e com maior exposição – com as escolas de samba.

Por conta disso, a emissora carioca assinou, já a poucos meses dos desfiles, um novo contrato, válido até 2014, que mudava radicalmente essa questão. Passariam a ser permitidas apenas propagandas das empresas que patrocinavam o Carnaval de São Paulo, sendo o merchandising das outras marcas proibido no regulamento. Além da perda de pontos, poderia haver uma multa de até R$ 20 milhões.

O problema é que a Mocidade Alegre, que havia escolhido o leite como tema, tinha um setor que fazia uma propaganda explícita da Nestlé. Uma ala, por exemplo, viria fantasiada de Leite Ninho, enquanto um carro traria duas latas gigantes de Leite Moça. A agremiação do Bairro do Limão tentou, como se diz, empurrar com a barriga, mas, na semana do desfile, a Globo se mostrou irredutível. De fato, a propaganda da Nestlé seria a mais explícita de toda a história dos desfiles e não era muito justo que a Globo exibisse algo assim de graça.

No entanto, algo deveria ser feito para resolver o impasse. A dois dias do desfile, a hipótese mais provável era de que o desfile da Morada não fosse exibido pela Globo. Para que isso não abrisse um “buraco” no meio da madrugada, ou seja, para que a transmissão não fosse encerrada e depois reiniciada, a Globo chegou a pedir uma troca na ordem dos desfiles para que, assim, a Mocidade fosse a última a desfilar na sexta e a transmissão pudesse ser encerrada após o penúltimo desfile.

Enquanto o imbróglio persistia, a tetracampeã Vai-Vai se preparava para tentar o penta, inédito em toda a história do Carnaval de São Paulo, com um enredo sobre o número 7. O Camisa Verde e Branco, que havia terminado em quinto em 2001, também escolheu um número como enredo: o 4. A outra campeã, Nenê de Vila Matilde, optou por falar da história da divisão – ou da não-divisão – de terras no Brasil.

O Brasil também foi tema do desfile da Gaviões da Fiel. Ao contar a história do jogo de xadrez, a escola pretendia fazer um paralelo com a situação do país e prometia levar uma crítica muito inteligente ao Anhembi. A Rosas de Ouro adotou o pão como tema, enquanto a X-9 Paulistana falaria sobre o papel. Nos 80 anos da Semana de Arte Moderna de 1922, a Águia de Ouro contaria um pouco sobre o modernismo, enquanto a Leandro de Itaquera exaltaria a figura do Governador Mário Covas, que havia falecido em 2000.

A Acadêmicos do Tucuruvi escolheu a cidade mineira de Uberlândia como tema, enquanto Morro da Casa Verde e Unidos de São Lucas tentavam a manutenção na elite com homenagens a personalidades bem diferentes: a Verde e Rosa foi de Zeca Pagodinho, enquanto a mais nova do Especial cantaria os humoristas Manuel da Nóbrega e Carlos Alberto de Nóbrega. Estreando na elite na Era Anhembi, a Unidos de Vila Maria passaria uma mensagem contra a intolerância e a Unidos do Peruche faria um passeio pelo Guarujá em sua volta ao primeiro grupo.

Debaixo de uma forte chuva, a Unidos de Vila Maria abriu os desfiles de sexta-feira com o enredo “Intolerância não! Viva e deixe viver!”. Reforçada do carnavalesco Wagner Santos, a escola do Jardim Japão apresentou um conjunto visual relativamente superior ao que se esperava. O primeiro setor foi todo em vermelho e amarelo, contando a lenda do julgamento de Salomão. Apesar do abre-alas de tamanho reduzido, foi um cartão de visitas de relativo luxo. A Comissão de Frente veio bem coreografada e o setor como um todo garantiu bom efeito.

Wagner Santos mais uma vez se mostrou um profissional extremamente caprichoso. Desenvolveu fantasias de excelente gosto, muitas vezes com material de baixo custo, e caprichou no acabamento. Optou por uma divisão cromática que alternou cores mais claras com cores mais escuras e em um conjunto de fantasias que garantia um bom efeito visto de cima. O enredo foi desenvolvido com correção e apresentou de maneira bastante simpática a mensagem de paz e tolerância que a escola pretendia passar.

Praticamente uma estreante na elite, a escola claramente tinha suas limitações financeiras, o que acabou se refletindo principalmente no conjunto alegórico, mas foi uma abertura bastante decente para o Grupo Especial e que praticamente acabava com qualquer risco de rebaixamento.

Na sequência, embalada pela estreia surpreendente em 2001, a Unidos de São Lucas prometia manter o clima de leveza dos desfiles com o enredo “Humor, Humoral, Humorizado – Nóbrega e os filhos do riso”. O clima até ajudou, a chuva já não caía mais, mas a escola nem de longe foi sombra daquela que havia chamado a atenção no desfile anterior.

O enredo era um dos mais bacanas daquele Carnaval. A homenagem a família de Manuel da Nóbrega era um bom ponto de partida para o desfile, mas, na Avenida, as coisas não aconteceram. Primeiro por conta do samba, que, além de não ser dos melhores, não foi muito bem cantado pela intérprete Vânia Cordeiro. A comissão de frente, representando o Carnaval de Veneza, foi de difícil entendimento e tinha uma coreografia exageradamente simples.

O carro abre-alas também pecou pelo excesso de simplicidade. Basicamente, havia uma escultura gigante de Manuel da Nóbrega sentado em um banco de praça rodeado por algumas passistas. O boneco até que não era um desastre, mas a alegoria como um todo foi bastante fraca.

O carnavalesco Tito Arantes optou por um desfile de fantasias leves, coloridas, mas não conseguiu disfarçar as deficiências financeiras da escola. As alas tinham uma leitura simples, mas um acabamento ainda mais simples e, assim, não conseguiram bom efeito. A escola conseguiu conquistar o público por conta dos personagens de forte apelo popular, que estavam no ar toda semana no programa “A Praça é Nossa”, do SBT. O filho do homenageado, aliás, veio no último carro cantando com bastante empolgação o samba da escola.

Por outro lado, creio que o enredo se tornou um pouco confuso em alguns momentos e não teve uma cronologia bem definida. Personagens da “Praça da Alegria” se juntaram a outros de “A Praça é Nossa” sem conexão aparente e o desfile acabou sendo um amontoado de personagens da família Nóbrega. O conjunto alegórico foi um dos mais fracos de todo o Carnaval, com alegorias pouco adereçadas, mal acabadas e excessivamente simples. Depois de uma estreia tão boa, o risco de rebaixamento não só existia como era bem alto.

Terceira escola da noite, a Acadêmicos do Tucuruvi surpreendeu a todos na apresentação do enredo “História, Cultura, Progressos Mil – Uberlândia faz pulsar o coração do Brasil”. A escola da Cantareira, que havia decepcionado em 2001, fez um desfile de altíssimo nível técnico. Em uma época em que os enredos CEP começavam a despontar com força, a azul-e-branco fez uma defesa muito competente do enredo em homenagem à cidade mineira.

A comissão de frente trouxe integrantes trajados como macacos, simbolizando a Uberlândia pré-colonização. Essa Uberlândia tomou conta dos três primeiros setores do desfile, onde foram apresentadas a fauna e a flora naturais do município. O conjunto alegórico surpreendeu pelo grande impacto causado. O excelente acabamento fez do abre-alas, todo em verde claro, um dos mais bonitos daquele Carnaval. A fantasia do casal de mestre-sala e porta-bandeira, toda em branco, também chamou a atenção pelo luxo.

O carnavalesco Marco Aurélio Ruffim pecou um pouco nas fantasias, que eram muito grandes e foram se desmanchando ao longo da Avenida, mas foi, insisto, muito competente nos carros alegóricos. O carro da colonização foi o mais bonito da Tucuruvi, com um enorme espantalho cercado pelos tais colonizadores. Além do problema com as fantasias, o Zaca teve uma evolução extremamente confusa e um samba que, apesar de animado, era truncado em alguns momentos. Ainda assim, uma vaga no desfile das campeãs não estava descartada.

Na sequência, a X-9 Paulistana abriu o desfile “Aceito tudo, quem sou eu?… O papel”. Depois do salto de qualidade observado entre os desfiles da São Lucas e a da Tucuruvi, a agremiação da Parada Inglesa fez uma exibição ainda mais impactante do ponto de vista visual. Contando com um bom samba, a X impressionou pelo abre-alas extremamente luxuoso e bem acabado. Passeando pela China, de onde surgiu o papel, o carro teve uma concepção ligeiramente confusa, mas foi muito bem realizado, contando até com um belo jogo de luzes.

A escola apostou em carros grandiosos e em fantasias luxuosas para conquistar os jurados. Foi, sem dúvida, o melhor desfile da história da escola nesse sentido. O enredo foi desenvolvido com correção pelo sempre competente Carnavalesco Lucas Pinto e apresentou uma cronologia bem estabelecida. Também gostei muito do carro da Bíblia de Gutemberg e achei apenas que a última alegoria deixou a desejar. Ainda assim, era inegável que a X-9 estava se colocando como favorita ao título.

Embora as três escolas anteriores não fossem as maiores da cidade, a agremiação da Parada Inglesa foi muito superior a tudo o que havia desfilado até então e assustava sim as mais cotadas para levar a taça. Só que a escola acabou tropeçando na própria grandeza. Os carros estavam muito grandes, a escola também e aí o relógio começou a jogar contra. A X-9 correu, correu, mas não deu. Acabou estourando em um minuto o tempo e, por isso, foi punida com a perda de seis pontos. Isso não só tirava a X-9 da briga pelo título, como também trazia algum risco de rebaixamento.

gavioes2002aMas ainda que a X-9 tivesse terminado no tempo correto de desfile, a esperança de título duraria pouco. É que na sequência veio aquele que, talvez, seja o maior desfile da história do Sambódromo do Anhembi. Luxo, excelente comunicação com o público, enredo impecável, crítica social, grande samba e o que mais você considerar que pode haver em um grande desfile. Assim foi a Gaviões da Fiel do inteligente enredo “Xeque-Mate”, que falou sobre o jogo de xadrez.

Para início de conversa, devo dizer que considero esse o maior samba da história da escola. Assim que Ernesto Teixeira começou a soltar a voz e a entoar o samba, as arquibancadas se levantaram e não sentaram mais. A Gaviões entrou pisando forte e surpreendendo o Anhembi. Se o desfile de 2001 já foi, disparado, o melhor do ano em termos plásticos, em 2002 essa vantagem aumentou. O abre-alas, que representou o surgimento do xadrez na Índia, impressionou pelo bom gosto. Em laranja e vermelho, era grandioso, de grande impacto e impecavelmente acabado.
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O enredo contou muito bem a história do jogo de xadrez, com um conteúdo histórico respeitável e, na medida do possível, fantasias de fácil leitura. A escola fez um desfile muito colorido, com fantasias luxuosas e que permitiam ao componente evoluir com facilidade. A chegada do xadrez à Europa ganhou um setor muito interessante, enquanto o setor que, de certa forma explicava como funcionava o xadrez, foi o menos empolgante. Ainda assim, o luxo se manteve sempre presente.

Só que a partir do quarto setor, a crítica social entrou em cena e, aí, não teve para ninguém. Já sob uma chuva torrencial que desabava sobre o Anhembi, a Fiel Torcida resolveu fazer um paralelo entre o jogo do xadrez e o Mundo daquele fevereiro de 2002. O quarto setor, por exemplo, caracterizava os países mais poderosos do Mundo como algumas peças que manuseavam a peça mais frágil do jogo: o peão, que simbolizava o trabalhador.

gavioes2002cÉ daí que vem os versos “tem peão lutando pra sobreviver / contra o FMI / que em seu cavalo alado / sempre mal intencionado / é a Rainha do Poder”. Vale lembrar que, à época, o Brasil ainda estava devendo até as cuecas para o Fundo Monetário Internacional. O carro que simbolizou esse setor veio todo em preto e chamou a atenção pela grandiosidade, causando um grande impacto.

A crítica conquistou o público, que não parou de pular mesmo com a tempestade e acompanhou a sequência do desfile. Pensa que a crítica se resumiu aos poderosos? Não, o Brasil também foi muito criticado. O quinto setor, por exemplo, era uma crítica contundente ao que a escola considerava o maior mal do Brasil: a corrupção. O carnavalesco Jorge Freitas usou a figura do Rei para criticar o Governo, o que ficou evidente no sexto carro: o Rei observava e permitia a verdadeira farra que já ocorria por aqui.

Esse setor inspirou outros versos inspiradíssimos do samba: “quero o meu Brasil jogando limpo / o povo dando um xeque na corrupção / um xeque na impunidade / e a bateria sacudindo a multidão”. Para dar o xeque-mate, a escola tinha a receita: a educação, que vinha no último carro, que trazia um Rei Momo rodeado por lápis. Carro mais modesto do desfile, ele também cumpriu o seu papel e sintetizou o trecho do desfile que era representado, no samba, pelos versos: “é hora da virada / vem, amor / tenho fé e esperança no coração (que lega) / meu país menino vai mudar / e a felicidade há de brilhar”.

A superioridade da Gaviões era muito grande. Era difícil imaginar, ainda que outras nove escolas fossem se apresentar, que algo melhor que aquilo fosse passar pelo Anhembi. Isso complicou consideravelmente a vida da escola seguinte, a Mocidade Alegre, que apresentou o enredo “Do néctar dos deuses ao alimento dos homens e feras, ‘Deleite-se ao sabor do leite’”. A proposta de inversão na ordem dos desfiles com a Nenê de Vila Matilde não foi aceita e a Morada do Samba acabou tendo o seu desfile exibido mesmo pela Globo.

Foi uma apresentação bastante regular da agremiação do Limão, que alternou bons e maus momentos. O enredo foi desenvolvido de maneira um pouco confusa, chegando a mesclar a via láctea e a Índia no mesmo setor. A Índia, claro, apareceu por conta das vacas, que dão origem ao leite e são sagradas em terras indianas. Os carros apresentaram um acabamento razoável, mas estavam bastante compactos, superiores apenas aos da São Lucas e em pé de igualdade com os da Vila Maria.

A divisão cromática foi bastante correta, com muitas tonalidades diferentes sendo usadas e o padrão das fantasias também foi bastante interessante. O conjunto alegórico oscilou bastante e chegou ao seu ponto mais baixo justamente no carro da Nestlé. Ele trazia, pasmem, dois pudins gigantes cercados por algumas latas de Leite Moça e nada, ou quase nada, mais. Apesar da evolução correta, foi uma apresentação para a parte baixa da tabela.

nene2002A crítica social voltou com tudo no encerramento da primeira noite, quando a Nenê de Vila Matilde apresentou o enredo “Em Não Se Plantando, Tudo Nos Dão? Não”. Detentora do título, a Águia da Zona Leste fez uma boa apresentação na defesa dos ideais da Reforma Agrária. O desfile foi, na verdade, um tratado histórico sobre a questão da divisão de terras no Brasil. Gostei do abre-alas, bastante grandioso, que trazia a águia espalhando sementes pela Passarela.

O enredo foi desenvolvido com correção. Tratou da chegada dos colonizadores, do início da agricultura, dos “colonizadores forçados” que vieram substituir a mão de obra escrava com o fim da escravidão e apresentou fantasias e alegorias de fácil leitura. Não foi um desfile muito luxuoso – o conjunto alegórico foi bem inferior ao de X-9 e Gaviões -, mas o acabamento foi impecável e os carros causavam sim o seu impacto. Assim como a comissão de frente, talvez a primeira do Carnaval de São Paulo a usar um elemento alegórico: no caso, uma oca indígena.

O setor que pedia por uma melhor distribuição de terras no Brasil foi bastante interessante, exibindo a luta dos trabalhadores rurais de maneira que não soasse um enredo “panfletário”. Não foi uma apresentação que credenciasse a Nenê a sequer ameaçar a conquista da Gaviões, mas foi um bom encerramento para a primeira parte dos desfiles e que deixava a azul-e-branco na expectativa por uma boa colocação.

Voltando ao Grupo Especial e contando novamente com Eliana de Lima no comando do carro de som, a Unidos do Peruche abriu a segunda noite de desfiles com o enredo “Guarujá, a Pérola do Atlântico”. O enredo, que exaltava os 500 anos de fundação da cidade do litoral paulista, não foi bem desenvolvido e a Filial do Samba, mais uma vez, fez uma apresentação decepcionante.

O enredo misturou passado, presente e futuro de maneira um pouco desconexa. Gostei bastante da comissão de frente, que trazia os guardiões dos mares da cidade, mas achei o abre-alas uma tristeza só. O acabamento deu a impressão de ter sido feito em cima da hora, de qualquer jeito, e acabou não conseguindo um bom efeito. Ainda assim, foi, de longe, o melhor carro da escola perucheana.

O enredo começou falando dos indígenas que ocupavam a cidade, passou para mergulhadores do futuro foi até a Mata Atlântica e terminou nas pérolas. Foi uma confusão só. O conjunto de fantasias foi até razoável, mas as alegorias, insisto, estavam péssimas. O último carro era fortíssimo candidato a pior carro do ano. A Peruche não conseguiu retomar sua grandeza em seu retorno à elite e o risco de voltar para o segundo grupo era alto.

A esperança da Peruche de continuar no Especial cresceu consideravelmente assim que a segunda escola da noite, o Morro da Casa Verde entrou na Avenida. A escola já entrou um pouco decepcionada porque o homenageado do enredo “O Morro canta Zeca Pagodinho, o poeta de Xerém” não compareceu ao Anhembi. De todo modo, esse não foi nem de longe o maior problema da escola.

O samba em muitos momentos não parecia nem um pouco um samba-enredo, mas tinha os seus bons trechos e até que rendeu bem. O abre-alas, por outro lado, ficou em nível ainda inferior ao da Peruche. Retratando a inspiração divina recebida por Zeca Pagodinho, ele era pouquíssimo adereçado e estava visivelmente inacabado. A escola apostou em um conjunto de fantasias simples, porém bastante colorido, que até rendeu um bom efeito.

O nível regular das fantasias, porém, ficou escondido no, agora sim, pior conjunto alegórico de 2002. Salvaram-se um pouco as alegorias do Cacique de Ramos e a que trouxe alguns amigos do cantor, como Almir Guineto, mas as outras, como a do “Camarão que dorme a onda leva” e a que trazia uma espécie de lira cercada por dois violões, foram uma tristeza só. À frente da última, aliás, veio a mais bela fantasia do desfile: a da Ala das Baianas, toda em rosa.

O trabalho da experiente carnavalesca Valéria Nejanschi foi por água abaixo de vez quando o último carro, “O paraíso de Zeca Pagodinho” empacou no meio da Passarela e teve de ser retirado na marra. A verde-e-rosa se juntava à Unidos de São Lucas dentre as prováveis rebaixadas para o segundo grupo.

camisa2002A terceira escola da noite foi o tradicionalíssimo Camisa Verde e Branco, que apresentou o enredo “4, vamos pensar… Isso vai dar o que falar”. O curioso enredo sobre o número 4 evidentemente não obedeceu uma cronologia bem estabelecida, até porque era praticamente atemporal. A Comissão de Frente, por exemplo, trazia a metamorfose que deu origem ao trevo de quatro folhas, símbolo da escola. A Comissão de Frente, falava da Grécia. O setor seguinte, das pirâmides do Egito.

O samba do crioulo doido até teve boa comunicação com o público. Foi um desfile de temática leve, as vezes até despretensioso, e que ficou marcado por um conjunto visual que esteve mais para Tucuruvi e Nenê de Vila Matilde que para Gaviões e X-9. A escola trouxe, de maneira geral, carros grandiosos, mas que apresentaram algumas falhas de acabamento. O mais fraco de todos foi o que representou as quatro fases da Lua. Além dos erros no acabamento, estava bastante pobre e foi infeliz na concepção.
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Gostei do carro das quatro estações do ano e dos quatro elementos, mas, ainda assim, achei a escola um degrau abaixo das principais concorrentes. O ponto alto acabou, no fim das contas, sendo o enredo, que ainda teve setores interessantes como o da Copa do Mundo – até então o Brasil tinha “apenas” quatro títulos – e o do Carnaval, que, como se sabe, dura apenas quatro dias. Foi uma apresentação regular, para a parte superior da tabela, que poderia sim render uma vaga no desfile das campeãs.

rosasdeouro2002bNa sequência, a Rosas de Ouro entrou na Avenida para apresentar o enredo “O pão nosso de cada dia”. Ali foi enfim apresentada uma agremiação que poderia tirar o título da Gaviões da Fiel. A comissão de frente foi, de longe, a mais impactante do ano. Trazendo Jesus Cristo ao lado dos 12 apóstolos, com representações da Santa Ceia, ela tinha explosões de pólvora a medida que Jesus andava. A coreografia foi toda muito bem ensaiada, colocando assim a Roseira como detentora da melhor comissão de frente do ano.

O enredo sobre o pão foi desenvolvido com correção. Depois de Jesus Cristo, veio o surgimento da agricultura, que ganhou uma gigantesca alegoria. Pouco colorida, ela poderia ter melhor concepção, mas estava impecavelmente acabada. O ponto alto do desfile foi o segundo carro, que lembrava a histórica frase que derrubou Maria Antonieta: “se o povo não pode comer pão, que coma brioches”. Também gostei do carro que mostrava a necessidade de se repartir o pão.
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Foi uma apresentação relativamente fria, que não empolgou o sambódromo, mas que foi muito correta se analisarmos os 10 quesitos. A Gaviões parecia superior em um conjunto, mas a Roseira pelo menos se colocou na briga. Depois de muitos anos, a escola da Freguesia do Ó voltou a estar entre as mais luxuosas da cidade e o título não estava descartado.

Cercada de expectativa, a tetracampeã Vai-Vai foi a quinta a entrar na Avenida nos desfiles de sábado para apresentar o enredo “Guardado a sete chaves”. Por se tratar de uma tetracampeã, a Saracura fez uma apresentação decepcionante. O enredo, igual o do Camisa, mas se tratando do número 7, abordou temas interessantes, teve uma boa divisão em setores, mas não foi aquilo que se esperava da Vai-Vai.

Para começar, a Escola do Povo apresentou um conjunto alegórico bem mais modesto do que de costume. Os carros vieram com poucas esculturas e foram forrados de destaques. Particularmente, gostei apenas do abre-alas, “O infinito grego”, que tinha um jogo de luzes bastante interessante. As fantasias não foram bem desenvolvidas por Ilvamar Magalhães e as alas pareciam, em dado momento, se repetir. O setor que mais me chamou a atenção foi o da religião, que apresentou interessantes ligações do número sete nas mais diferentes religiões.

Não foi um desfile ruim, longe disso, mas foi um desfile que não honrou o grau de expectativa que naturalmente se tem de uma tetracampeã. A Vai-Vai deixou a Avenida não só com poucas chances de título, mas também com a possibilidade de não desfilar entre as campeãs. De todo modo, parecia estar chegando ao fim a era de domínio completo e absoluto da agremiação da Bela Vista.

Penúltima escola do Carnaval de 2002, a Águia de Ouro voltou à Era Modernista ao homenagear Mário de Andrade no enredo “Vou à Luta Sem Pedir Licença… Tupi or not tupy? Samba é a resposta!”. O carnavalesco Paulo Führo optou por uma abordagem que não ficasse presa a uma sequência cronológica e lançou vários fatos sobre o tema do enredo ao longo do desfile.

O começo da apresentação da escola da Pompéia foi, digamos, desesperador. Depois da bela e muito bem ensaiada comissão de frente, entrou no Anhembi o pior abre-alas do Carnaval de 2002. Uma cabeça de águia era acompanhada pela cabeça de Mário de Andrade dividida no meio e separada por personagens de “Macunaíma”. Tanto em concepção, quanto em acabamento, a pior alegoria inicial a passar pelo Sambódromo em muitos anos.

Depois, no entanto, o desfile melhorou bem. A escola trouxe carros relativamente modestos, mas bastante caprichados, com boas esculturas e um bom acabamento. Os componentes evoluíram bem, cantaram bem o razoável samba e a azul-e-branca fez uma apresentação sem sobressaltos. O desfile voltou a cair um pouco de qualidade no último setor, cuja alegoria comparava a noite paulistana ao Pantheon deixava clara a deficiência econômica da Águia, não foi dos mais brilhantes.

Na tentativa de fazer um desfile diferente, Paulo Führo acabou desenvolvendo um enredo um pouco confuso. A mitologia grega apareceu apenas no começo e no fim, sem qualquer conexão aparente e a ideia de trazer para a Avenida um tema atemporal acabou deixando tudo muito “jogado”, desconexo. As fantasias estavam boas, não havia risco de rebaixamento, mas também não parecia ser dessa vez que a Águia voaria mais alto.

Para fechar, a Leandro de Itaquera prometia mexer com o orgulho dos presentes no Anhembi ao exaltar o ex-Governador Mário Covas, falecido em 2000, com o enredo “Mário Covas – São Paulo – Brasil Meu Orgulho, Meu Amor”. Voltando aos seus melhores dias, Vaguinho reestreou no Grupo Especial com uma atuação irrepreensível na interpretação do samba da Vermelho e Branco da Zona Leste. O samba, tal qual o enredo, era um resumão da vida de um dos maiores nomes da política paulista.

Estreando no Grupo Especial, o carnavalesco Anderson Paulino optou por desenvolver um enredo simples, que procurou falar quase que exclusivamente da vida política de Covas. O conjunto visual do Leão Guerreiro de Itaquera teve uma melhora considerável em relação ao desfile de 2001. Gostei da ideia da comissão de frente de retratar trabalhadores das mais diversas áreas prestando um tributo ao político, mostrando assim que ele não era um político de uma ou outra classe social.

É claro que aqueles menos empolgados com a vida pública de Mário Covas não gostaram do desenvolvimento do enredo, mas não faria sentido algum fazer uma homenagem dessas sem dar a entender que ele foi o melhor político da história do Universo. A Leandro soube usar bem a questão do “orgulho de ser paulista” e isso se refletiu em boas fantasias, como a da ala das baianas.

A escola tinha um potencial econômico reduzido, mas trouxe para a avenida alegorias bem acabadas e de simples leitura. As fantasias também eram compreendidas com facilidade e o único ponto mais prejudicial foi o andamento do samba que, excessivamente cadenciado, foi se arrastando, especialmente na segunda parte, ao longo do Anhembi. Nos raros momentos em que abandonou o Covas político, a Leandro lembrou a paixão do Governador pelo Santos Futebol Clube e seu casamento de décadas com Dona Lila.

Foi, sobretudo, uma apresentação bastante simpática, de bom visual, e que dava à Leandro a esperança de voltar ao desfile das campeãs. Ao final da maratona de desfiles, a Gaviões da Fiel despontou como a grande favorita ao título, com a Rosas de Ouro correndo muito por fora. A briga prometia ser intensa pelas outras vagas entre as cinco primeiras colocadas, com Vai-Vai, Camisa, Nenê, Leandro e Tucuruvi firmes na briga.

A apuração começou com a confirmação da perda de seis pontos por parte da X-9. Ao final da leitura do primeiro quesito, enredo, Tucuruvi, Gaviões, Nenê, Rosas, Vai-Vai e Águia de Ouro somaram 20 pontos. O segundo, alegorias, derrubou a Vai-Vai, enquanto o terceiro, fantasias, tirou o primeiro meio ponto de Tucuruvi e Nenê, além de arrancar um ponto da Águia de Ouro. Já no quarto quesito, a Gaviões da Fiel assumiu a liderança isolada com as duas notas 9,5 tiradas pela Rosas de Ouro em Comissão de Frente e de lá não saiu mais.

A Fiel Torcida conquistou o seu terceiro título somando todos os 200 pontos possíveis. Das 30 notas que recebeu, apenas uma, um 9,5 em alegorias, não foi 10. O Camisa Verde e Branco havia perdido meio ponto no primeiro quesito e não perdeu mais nada até o fim, abocanhando o vice-campeonato com a mesma pontuação da Rosas de Ouro, que ficou em terceiro. Nenê de Vila Matilde e Vai-Vai fecharam o grupo das cinco primeiras colocadas.

A Leandro de Itaquera terminou em sexto, com apenas meio ponto a menos que a Saracura, seguida por Águia de Ouro, Mocidade Alegre e Tucuruvi, que terminou em um inexplicável nono lugar. Com 194 pontos, a X-9 terminou em décimo. Se não tivesse estourado o tempo, a agremiação da Parada Inglesa teria sido campeã ao lado da Gaviões da Fiel.

Vindas do segundo grupo, Unidos de Vila Maria e Unidos do Peruche conseguiram se manter no Grupo Especial. O Morro da Casa Verde e a Unidos de São Lucas terminaram nas duas últimas posições e foram rebaixadas para o Grupo de Acesso. A Barroca Zona Sul faturou o segundo grupo e conseguiu o acesso para o Especial ao lado da Império de Casa Verde. Com apenas oito anos de vida, a azul-e-branco garantiu o passaporte para, a partir de 2003, trilhar uma trajetória vitoriosa entre as grandes.

Curiosidades

– Brito Júnior ganhou a companhia de Mariana Godoy na apresentação dos desfiles pela TV Globo. Maurício Kubrusly mais uma vez ficou responsável pelos comentários.

– O desfile da Vila Maria sobre a intolerância não fez nenhuma citação sobre os atentados de 11 de setembro, ocorridos cinco meses antes, porque, quando as Torres Gêmeas foram atacadas, as alegorias e fantasias já estavam todas em processo de confecção.

– Foi o primeiro desfile da escola no Especial como Unidos de Vila Maria. Na última passagem entre as grandes, lá na década de 1970, a verde, azul e branca ainda se chamava Unidos do Morro de Vila Maria.

– A escultura de Manuel da Nóbrega no abre-alas da São Lucas faria sucesso, muitos anos depois, como o Manecão, o personagem da página Anhembi Depressivo, que faz montagens sobre assuntos em torno do Carnaval Paulistano, no Facebook.

– A São Lucas, aliás, nunca mais voltou para o Grupo Especial. Atualmente, a escola se encontra no Grupo 1, a terceira divisão do Carnaval Paulistano.

– O samba da Gaviões da Fiel foi usado no horário eleitoral gratuito durante a campanha eleitoral de 2002.

– Os componentes da Mocidade Alegre correram como o tempo para trocar as inscrições “Leite Ninho” por “Leite em pó” e “Leite Moça” por “Leite Condensado”, evitando assim a punição da Globo. No entanto, como a fonte era a mesma dos produtos da Nestlé e o design da lata também, a emissora carioca optou por não exibir essa parte do desfile na TV.

– Última passagem do Morro de Casa Verde pelo Grupo Especial. A escola chegou a estar no terceiro grupo e, atualmente, está no Grupo de Acesso.

– A Águia de Ouro, depois da Virgem Maria que teve que virar índia em 2000, voltou a ter que mexer em uma alegoria. A Comunidade Judaica de São Paulo pediu para a escola não usar o símbolo do nazismo nos olhos de Getúlio Vargas em um de seus carros.

– Foi a estreia do cantor carioca Serginho do Porto no Carnaval de São Paulo e na Águia de Ouro. Até 2005, ele formaria dupla com Douglinhas Aguiar. Em 2007, assumiria de maneira solo o carro de som da escola da Pompéia.

– O carro de som da Leandro de Itaquera, comandado por Vaguinho, tinha o auxílio de um dos maiores nomes da história da escola, o cantor e compositor Xixa. Futuros cantores principais da vermelho-e-branco, Beto Muniz e Juninho Branco também cantaram o samba da escola.

– Pela primeira vez, o segundo grupo passou a ser chamado de Grupo de Acesso, abandonando a denominação Grupo 1.

– Primeira vez no Século XXI – e, consequentemente, na era dos desfiles em duas noites – que o Carnaval de São Paulo teve apenas uma campeã, o que havia acontecido pela última vez em 1998. Felizmente, essa seria a regra nos anos seguintes.

– Marta Suplicy compareceu aos desfiles de sexta-feira e, ao contrário do que aconteceu em 2001, foi bastante vaiada. No sábado, o Governador Geraldo Alckmin apareceu no meio da madrugada para acompanhar o desfile da Leandro de Itaquera em homenagem a Mário Covas. O substituto do Governador foi discretamente anunciado pelo locutor oficial e não recebeu qualquer tipo de reação da plateia.

– Covas, aliás, voltaria a ser homenageado pela Leandro em 2006, quando a escola novamente falou sobre o Rio Tietê. No último carro alegórico, na ocasião, um boneco de Mário Covas dividia espaços com representações de Geraldo Alckmin e José Serra.

– Pela primeira vez um desfile do Grupo Especial de São Paulo terminou antes do amanhecer. Na sexta-feira, a Nenê de Vila Matilde viu o dia clarear antes da metade de seu desfile. Já a Leandro de Itaquera, no sábado, desfilou antes do sol raiar.

Vídeos

A boa estreia da Vila Maria
https://www.youtube.com/watch?v=9hqIAtIki7U

O surpreendente desfile da Tucuruvi
https://www.youtube.com/watch?v=gHJFUvt_GR8

O grande desfile da X-9
https://www.youtube.com/watch?v=BxMuzPUWe8A

Gaviões dando o xeque-mate
https://www.youtube.com/watch?v=DMb36Zyw1tE

Largada do desfile
https://www.youtube.com/watch?v=xyHLXuqK648

Nenê e a reforma agrária
https://www.youtube.com/watch?v=cUfhsVxOyZY

O Camisa vice-campeão
https://www.youtube.com/watch?v=g19itVBRXZg

Rosas de Ouro
https://www.youtube.com/watch?v=QNH9SoEWaMs

Leandro e Mário Covas
https://www.youtube.com/watch?v=FI9jBfngzDs

14 Replies to “Bodas de Prata – 2002: Gaviões dá xeque-mate e Carnaval de SP volta a ter só uma campeã”

  1. Concordo com mtas coisas ditas! Gaviões, sem comentário, talvez o melhor desfile da história de SP msm, o enredo é GENIAL! Faltou malandragem na X-9, o problema da escola na vdd foi no início, em que iniciaram o cronômetro mais cedo e a Escola pediu pra voltar pq tinha problemas no carro de som. Não foi atendida, e começou atrasada seu desfile e “bolada” rs… Mesmo assim um belíssima apresentação, o melhor da Escola em minha opinião tb! Não concordo com o vice do Camisa, foi legal o desfile, mas não pra vice, que era pra ser da Rosas com sua CF espetacular (pra mim a melhor da história de SP), mas foi justamente lá que a Escola perdeu o título (essa CF gera polêmicas pq há quem ache que foi muito pesada…). Vai-Vai decepcionou, aquele Abre-Alas da Águia era medonha msm, Tucuruvi foi legal, na base da raça a escola fez um grande desfile! O início da Leandro foi maravilhoso, prometia, com um CF mto bonita, mas depois virou carreata eleitoral… rs
    O furo do Zeca foi imperdoável, ele esteve no Anhembi no sábado de manhã e não disse que nãos sabia se viria ou não… Nunca o perdoei por isso… A escola teve que colocar um rapaz franzino pra lhe substituir… São Lucas beirando o trash… Vila Maria dando um belo cartão de visitas, surpreendendo msm abrindo debaixo de uma chuva torrencial e se a Peruche caísse não seria absurdo, estava mto fraca (mas eu gostei da Alegoria do Acquamundo)… Vendo os desfiles de 2003 (e futuros tb) não dá pra acreditar que a Barroca foi melhor que a Império de Casa Verde no acesso rs (mas como não vi não posso julgar haha)

  2. Tenho 3 correções a fazer: sobre a CF da Nenê ser talvez a primeira de SP a trazer tripés, a Leandro já havia trazido em 2000 naquela belíssima CF!
    A Gaviões tb levou um 9.5 em enredo :o
    E Serginho do Porto estava na Águia já em 2001, mas não como intérprete oficial… Dá pra ver ele na arrancada…

    E uma curiosidade que nunca me esqueço: Havia uma briga intensa na época entre a Globo e o SBT por causa dos então recém sucessos reality shows (a Casa dos Artistas havia estreado em outubro de 2001, a Globo não gostou, pq acusou o SS de copiar sua ideia, que seria lançado em janeiro de 2002 um tal de BBB)… O primeiro eliminado do BBB se chamava Caetano, desfilou na Gaviões (eu acho) e o Britto Junior me solta “Aí está Caetano, primeiro eliminado da Casa dos Artistas”…. silêncio por alguns segundos na transmissão rsrsrs… Não é de se estranhar que ele tenha saído da Globo logo depois do episódio rsrsrs

  3. Covas não morreu em 2000, mas em 4 ou 5 de março de 2001. A título de curiosidade, o sósia do governador, que desfilou pela Leandro representando-o, faleceria no dia seguinte ao desfile, vítima de um infarte.

    1. Bem lembrado, Marcelo, fatalidade.

      E quem lembra Jorge Lafond e seu personagem Vera Verão na frente da bateria da São Lucas.

      Esse foi o primeiro carnaval que acompanhei realmente o carnaval de SP e comecei a gostar muito, na época com 14 anos.

      Acho que mesmo com problemas a Peruche teve sobras conseguindo permanecer no Especial. O carro do aquamundo era muito legal.

  4. Eu tenho uma curiosidade: quem foi o coreógrafo da Comissão de Frente da Gaviões?

    Em 2001, tinha sido o Jorge Freitas, mas em 2002, a Globo não se referiu a quem fez.

    Pelo estilo de coreografia, eu penso que era o Fábio de Melo, mas nunca foi confirmado.

    Alguém sabe dizer quem foi?

    Abraço!

  5. A Gaviões fez um baita desfile, um sacode sem igual, um enredo inteligente demais, um desfile pra história, daqueles para sempre, tal como Vai-Vai 00, Rosas 92, Mocidade 09 e 12, um desfile simplesmente estupendo, que ficou marcado para sempre na minha memória, mesmo eu à época com 7 anos.

    Camisa fez um desfilaço, acho justo o vice-campeonato, me amarro no samba, foi bem cantado pelo Carlão, lembro da festa que foi na Barra Funda que foi transmitida pela Band à época, muitos gritavam que era o ressurgimento do Camisa, o que acabou não acontecendo, infelizmente…

    Nenê e Rosas, dois ótimos desfiles, que chamavam atenção pelo visual e pelo bom desenvolvimento do enredo, tal como a X-9, aliás não acho que a X-9 merecesse título, a correria não foi punida.

    Vai-Vai: O salto alto pesou muito, lembro de uma entrevista do Solón à Redetv, em que ele dizia pensar no Hexa já, porque o penta já era da Vai-Vai

    Tucuruvi e Leandro: desfiles corretos, mas que infelizmente falharam em alguns momentos, por isso deixo as um pouco mais abaixo.

    No geral, é isso aí.

  6. Sem igual. Eu também lembro da entrevista do Sólon (que já foi presidente da AD Guarujá), arrogante ao extremo.

    Sobre o desfile, pouco a se dizer. Assim como aconteceu com a Mocidade Alegre em 2007 e com a Vai-Vai em 2011 (na minha opinião, antes que algum mal-amado estressado venha xingar), o desfile da Gaviões é daqueles que a gente sabe que a campeã está desfilando.

    Não teria pra mais ninguém. E ainda teve um engraçado que desdenhou do enredo da alvinegra. Também, pudera, torcedor ferrenho da Rosas de Ouro… até hoje “vive” dos anos 90.

    No mais, dói de ver onde a Camisa Verde e Branco se encontra e o que ela já foi um dia!

    1. Aliás, acho que foi a última vez que o Camisa brigou lá em cima, de 2003 pra cá não lembro de mais nenhum desfile com essa qualidade.

  7. Comentando aqui a poucas horas da publicação sobre o carnaval de 2003, mas não posso deixar passar.

    Como já foi escrito no texto e nos comentários, Gaviões foi um show inesquecível!
    Bem lembrado o problema do cronômetro com a X-9 Paulistana. Teria sido uma concorrente a altura da Gaviões…quem sabe um vice…

    Bem, falarei de algumas curiosidades sobre o período pré-carnavalesco. Muitas delas puxadas do fundo da memória!

    – Havia a idéia de que os sambas-enredo daquele 2002 fossem cantados no CD por grandes nomes da MPB. Uma suposta lista de quem cantaria por qual Escola chegou a ser divulgada, mas, pelo que se viu, apenas parte deste ímpeto se concretizou: nos alusivos, nomes como Salgadinho (Do Grupo Katinguelê), Belo (Ainda no Soweto) e Péricles (Exaltassamba) faziam as vezes na Tucuruvi, Mocidade Alegre e Gaviões respectivamente.

    – Daniel Collête assumia de forma solo o microfone da Morada também na gravação. Em 2001, havia um dueto com Clóvis Pê.

    – Boatos sobre desvio de dinheiro da verba do Vai-Vai pelo seu presidente, Sólon Tadeu, para a Vila Maria, agremiação de extrema tradição no carnaval paulistano, da qual pertenciam muitos membros de sua família. (Pois é…boatos…)

    – A capa do CD em 2002 mostrava bem quem tinha assumido as rédeas do desfile…

    Que venha 2003, o primeiro ano em que peguei a ponte a ponte aérea para conhecer o Anhembi de perto!

    1. Vila Maria teve o grupo Sensação; Rosas de Ouro Netinho do Negritude Junior; Nenê de Vila Matilde a Lecy Brandão.

  8. Aqui começa minha história com o carnaval de SP.

    Ano que eu, ainda um menino, já apaixonado pelo carnaval do RJ, resolve assistir pela primeira vez o carnaval de Sp e escolhe sua escola em Sp – Camisa Verde e Branco.

    Boas lembranças guardo, ainda que remotas.
    O Bom samba e desfile do Camisa, o sacode da Gaviões, a raça da Vila Maria, simplesmente encantadora.

    Estou gostando muito da coluna e aprendendo bastante sobre a história do carnaval de SP. Parabéns.

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