Retomando a programação normal deste Ouro de Tolo, o colunista Nicholas Bittencourt nos alerta para o uso do milho transgênico na cerveja e faz algumas considerações sobre o assunto. Este artigo foi primeiro publicado no blog Goronah, de autoria do colunista, e reproduzido aqui com autorização.

O problema é o milho ou o transgênico?

Nesta última semana, a revista Carta Capital publicou em seu site uma matéria sobre o uso de transgênicos na produção de cerveja no Brasil. Como quase 90% de nossa produção de milho é transgênico, é natural que cervejarias usem esse insumo barato para reduzir custos da produção, classificando como cereal não maltado.

A matéria, é claro, explodiu no meio cervejeiro! Através das redes sociais, cervejeiros, bebedores, blogueiros e todo mundo que conhece um pouco mais sobre o assunto compartilhava o artigo, como querendo dizer que cervejarias orquestravam uma morte lenta e dolorosa através da mutação genética.

Mas será que a alavanca que impulsionou esse compartilhamento é realmente associada aos transgênicos?

Os cervejeiros brasileiros sofrem de um mal chamado “milhofobia”, reduzindo, em uma escala de qualidade, toda e qualquer cerveja que use milho em sua formulação. Ao mesmo tempo, nenhuma cervejaria artesanal se propõe a fazer uma cerveja do mesmo estilo com uma qualidade técnica superior às Brahmas, Skols e afins…

Se você não bebe cerveja com milho, você é tido como um esclarecido nesse meio. Beber cerveja de milho é motivo de chacotas ou ainda uma mostra que você está sem dinheiro para compras cervejas artesanais. A segregação social chegou ao rótulo da cerveja que está na sua mesa do bar.

O importante é beber cerveja puro malte ou com qualquer outro adjunto, desde que não seja milho, seja qual for sua função na cerveja.

Outra observação que esse compartilhamento todo se deve unicamente ao uso do milho na cerveja: quantas pessoas anunciaram que deixariam de comer pipoca, angu, pamonha ou qualquer outro alimento artesanal feito com milho? Como disse acima, 90% do milho brasileiro é modificado geneticamente e certamente vai chegar a esses produtos. Então porque você não está atacando o Cheetos e o Fandangos?

O problema é que faltava um argumento para atacar as grandes cervejarias, que dominam 99.999% do mercado brasileiro. Já que não havia argumentos para convencer um brahmeiro a mudar de rótulo (como se fosse obrigação mudar seu gosto pessoal), o uso de transgênicos veio bem a calhar.

Agora podemos dizer que as grandes cervejarias querem sua morte dolorosa pelo crescimento de diversos tumores pelo corpo, como no rato alimentado com milho transgênico.

Crédito da imagem: Revista Carta Capital

One Reply to “Cerveja, Prazer! – “O problema é o milho ou o transgênico?””

  1. Pois é, Nicholas, pode-se usar o péssimo “artigo” que saiu na Carta Capital sobre a cerveja feita com milho transgênico, para tentar mudar o rótulo do bebedor. Mas isto está errado. Primeiro, porque a notícia é antiga: o estudo é de meados de 2012 e neste meio tempo bilhões de litros de cerveja feita com milho GM foram consumidos. Algum problema, fora a embriaguez e uma futura cirrose hepática? Nenhum caso de câncer, tumores pelo corpo e coisas assim. Os dois autores do “artigo” citam o trabalho do Séralini, já retirado de circulação pela própria revista, A retirada foi devida à péssima qualidade do trabalho, que nunca deveria ser aceito, e nada tem a ver com a Monsanto. A história deste medonho trabalho está em http://genpeace.blogspot.com.br/2013/11/sepultando-um-zumbi-o-artigo-cientifico.html. Para um aprofundamento do tema da cerveja e desmascaramento do “artigo” da Carta Capital, leiam o post http://genpeace.blogspot.com.br/2012/10/cerveja-transgenica-mais-um-produto.html, publicado por nós há um ano e meio atrás, exatamente sobre a mesma pesquisa da USP. mas sem o viées catastrofista que os autores deram ao tema.

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