Nesta segunda feira, a coluna “Histórias Brasileiras”, do historiador Luiz Antonio Simas, conta uma história dos tempos em que erra a Loteria Esportiva e não a Megasena a povoadora dos sonhos dos apostadores em loterias brasileiros.

O mais sortudo dos brasileiros

Imaginem os leitores do Ouro de Tolo uma pesquisa de opinião sobre quem terá sido o mais sortudo dos brasileiros. Cada um dos amigos, certamente, terá o seu candidato ao prêmio “virado de bumbum pra lua” da nossa história. O meu, com absoluta convicção, é o Miron da Loteca, personagem que marcou a minha infância e sobre o qual tenho, desde então, verdadeira obsessão.

É preciso lembrar, antes de tudo, que houve um tempo em que ganhar na loteria esportiva era o grande sonho dos brasileiros. A loteca distribuía prêmios gordos, daqueles de fazer o sujeito resolver a vida de três gerações da família.

É aí que começa a história de Miron Vieira de Souza, um matuto goiano da cidade de Ivolândia, que acertou sozinho, em setembro de 1975, o teste 254 da loteria esportiva e ganhou algo equivalente a três milhões de dólares, o maior prêmio já pago pelo jogo da zebrinha em todos os tempos. Encheu a burra.

Analisando hoje as treze partidas que deram a fortuna a Miron, constato que ele ganhou porque não entendia bulhufas de futebol. Fez a aposta mínima, não jogou um mísero duplo e cravou os resultados mais inusitados. Explico.

Esse teste 254 foi um passeio na savana; repleto de zebras. Para início de conversa, o Corinthians empatou com o Rio Negro de Manaus e o Palmeiras empatou com o Nacional, também da capital do Amazonas; um time que à época tinha cinco índios botocudos no elenco. O resultado mais inusitado, porém, e que praticamente deu a Miron o prêmio sozinho, foi o do jogo entre o Vasco, campeão brasileiro do ano anterior, e o América de Natal, em São Januário. O América venceu por 1 a 0. O juiz do jogo – para coroar o absurdo – foi o hoje narrador esportivo Silvio Luiz.

Querem mais? Quando foi entrevistado, já na condição de milionário, sobre o fato de ter sido o único brasileiro a cravar a vitória do América potiguar sobre o bacalhau, a resposta de Miron foi magnífica:

– Ué? Achei que era o América do Rio.

Acontece que o América do Rio enfrentou naquele fim de semana o Fluminense [2 x 0 para o tricolor] e o jogo também fez parte da loteria. A explicação de Miron, com ares de filósofo dos gramados, foi mais incrível ainda:

– Eu bem achei esquisito o América jogar duas vezes. Por isso é que botei o time ganhando uma e perdendo outra.

A imagem do novo milionário, abrindo um monumental sorriso desdentado (foto), ganhou as primeiras páginas de jornais e revistas do mundo todo. Miron, um modesto empregado de mercearia, que ganhava salário mínimo e só sabia assinar o nome, virou fazendeiro – criador de gado de corte – e colocou uma dentadura cheia dos salamaleques, daquelas de garoto propaganda da Corega Tabs. O sorriso banguela, porém, ficou consagrado como uma das imagens marcantes do século XX.

Ao buscar hoje mais informações sobre Miron da Loteca, o brasileiro da minha infância, o homem que fez uma geração de garotos perder a vergonha de ser banguela, descobri algo bem mais recente: No dia 22/2/2010, um único apostador, do interior de Goiás, acertou a quina, fazendo a aposta mínima e ganhando a bagatela de R$ 860.626,00.

Adivinhem quem foi o sortudo…

Abraços.

4 Replies to “Histórias Brasileiras – “O mais sortudo dos brasileiros””

  1. Só uma pequena correção: a aposta mínima da Loteria Esportiva exigia um palpite duplo. Assim não procede a afirmação “não jogou um mísero duplo”. A ilustração que acompanha a matéria é o resultado do teste, indicando que houve apenas um ganhador, e, obviamente, sem duplos.

  2. Muita gente não sabe nem apostar, mas aposta tanto que gasta dinheiro e não percebe que tanto faz saber como não saber. Esse foi o que aconteceu com Miron não entendia absolutamente nada de futebol e acertou todos os prognósticos. Afinal faz parte da vida um praticamente analfabeto ficar rico dessa forma. Foi muito simples para ele se tornar milionário dessa forma. Mas agora oportunamente é bom que diga: só pode acertar quem joga!!!

  3. ele foi um sujeito de muito abençoado mas poderia ter sido eu no mesmo teste eu fis nehum ponto ou seja 000000000000000000000000000000000000000000000000000 fui a loterica na 2ª feira e me dicerão que não tinha premi nenhum :; eu pergunto eu fui muito pé frio ou azarão em não fazer nenhum ponto o que e muito mais dificil não acertar nenhum ponto do que os treze da loteca pois geralmente agente aposta para acertar os 13 fica uma pergunta…e eu não ganhei nada sendo não acertar nenhum n] e muito mais difici tenho certeza que mnunca mais vou conseguir esa proesa…………

    1. SUGESTÃO: Precisamos ressúcitar e reavivar a loteca com urgência ela e mais emociona cria mais expectativa para o futebol incentivando novos atletas e preciso fazer alguma coisa

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