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Nesta sexta feira, a coluna “Sabinadas”, do jornalista Fred Sabino, a partir da repercussão sobre sua coluna anterior discorre sobre a intolerância na internet. Este Ouro de Tolo desde que aboliu os comentários anônimos não teve mais manifestações fascistas como as que ocorriam em cada post sobre política e economia, aliás.

Não está fácil pra ninguém…

Por tratar-se de um assunto polêmico, imaginei que a coluna da semana passada, sobre a morte do jovem Kevin Espada durante jogo do Corinthians pela Copa Libertadores, geraria reações distintas. Umas concordando, outras discordando, como é a democracia. Aliás, falando em democracia (ou a falta dela), que lamentáveis algumas chamadas de capa de veículos brasileiros sobre a morte de Hugo Chávez, mas isso é papo pra outra coluna.

Só que infelizmente nas redes sociais houve ironias, ofensas e acusações de gente que não me conhece. Não uma discordância normal, o que aceitaria com naturalidade. Mas questionamentos sobre meu caráter e comportamento profissional, o que me decepcionou bastante.

Em resumo: a internet, uma ferramenta maravilhosa que revolucionou a sociedade, proporciona também esse tipo de coisa. Hoje muitas pessoas não respeitam mais a opinião alheia. Leem o que querem ler, interpretam da maneira que desejam, ou em alguns casos, da forma como é de interesse pessoal ou até mesmo financeiro, e aproveitam-se de que estão por trás de uma tela para ofenderem, já que não teriam coragem de fazê-lo pessoalmente.

Cito exemplos. Na época em que eu tinha um blog de automobilismo no LANCENET!, em 2008, critiquei Lewis Hamilton por uma manobra onde ele cortou uma chicane e tirou proveito para ultrapassar Kimi Raikkonen. Fui chamado de vagabundo, racista e vendido, para dizer o mais leve e publicável.

Na corrida seguinte, Hamilton guiou de forma espetacular sob chuva e o elogiei. Recebi, então a alcunha de imperialista e antibrasileiro, já que Felipe Massa disputava o título mundial com o inglês; também fui chamado de vendido, por “defender” o interesse dos patrocinadores da McLaren.

A interatividade em diversos casos não vem sendo usada da maneira correta, portanto. Para esses cidadãos, não importa ter uma opinião contrária embasada, o que é extremamente saudável e elogiável numa democracia em que vivemos (será…?), mas simplesmente ofender, acusar e ironizar é suficiente.

Para piorar, em diversos casos é utilizado um perfil “fake”, o que dá ainda mais força aos que querem utilizar de forma incorreta a ferramenta dos comentários em sites e blogs. Na constituição, a falsidade ideológica é um crime, mas como coibir esse tipo de coisa? Difícil…

A reboque disso, vem outra discussão, sobre a moderação de comentários em blogs. Apesar dos pesares citados, sou frontalmente contra a censura, a não ser nos casos em que forem escritas palavras de baixo calão, já que outros internautas não precisam ler esse tipo de coisa.

Isto posto, sinceramente, mesmo depois de muita reflexão, ainda não consegui encontrar um mecanismo de que sejam coibidos de uma vez por todas os comentários ofensivos nas redes sociais. No caso de um simples corte, seria algo antidemocrático. Mas ser ofendido de graça também vai contra os princípios democráticos.

Como dizem por aí: não tá fácil pra ninguém…