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Excepcionalmente nesta segunda, a coluna “A Médica e a Jornalista”, da Anna Barros, fala sobre a escolha do novo Papa sob a ótica de uma católica praticante.

O Papa é Argentino

Habemus papam! Nunca li tanto isso nas redes sociais ou ouvi com tanta intensidade.

Por volta das 15 horas do dia 13 de março de 2013, saiu a tão esperada fumaça branca do Vaticano, pois já tínhamos um novo Papa: o cardeal Jorge Mario Bergoglio. Um Papa argentino que surpreendeu a todos. Escolheu o nome Francisco em homenagem a Francisco de Assis e também a Francisco Xavier, que era colaborador próximo de Inácio de Loyola – já que é da ordem dos jesuítas. É o primeiro papa latino-americano, primeiro papa jesuíta e primeiro de nome Francisco.

Sempre foi marcado por sua humildade. Andava de transporte público enquanto foi arcebispo de Buenos Aires, fazia a sua própria comida. Já como papa voltou ao hotel em que ficou hospedado por uma semana para o conclave para pagá-lo e preferiu usar a cruz de prata, ao invés da dourada, própria dos papas. Em seu primeiro ato como papa, falou em italiano e pediu que os fiéis que estavam na Praça de São Pedro orassem por ele, inclinando-se para receber a bênção. Quebrou, nesses momentos, o rigoroso protocolo.

Tem 76 anos, é farmacêutico, sofreu uma cirurgia de lobectomia superior direita (retirada do lobo superior direito do pulmão) no passado e algumas posições marcantes. Brigou com o casal Kirchner e é contra o aborto (mesmo em casos de estupro), o casamento gay e a adoção de crianças por parte desse segmento da população. Foi acusado por um jornalista de ter entregue dois jesuítas que eram contra a Ditadura argentina, uma das mais sanguinárias do continente. Isso não foi provado.

Então várias polêmicas ainda vão acontecer em seu pontificado, visto que é um conservador moderado.

A princípio, me pareceu simples e humilde. E veio para reformar a Igreja e administrar o Banco do Vaticano. Jesuítas são conhecidos por terem boas relações com as finanças e também por se preocuparem com a Educação.

Seu primeiro gesto foi pessoal. Na manhã da última quinta-feira, dia 14, foi até a Basílica de Santa Maria Maggiore, do outro lado de Roma, distante do Vaticano,  agradecer a Nossa Senhora. Os jesuítas criaram as congregações marianas, daí a ligação com Maria, a mãe de Deus. À tarde deste mesmo dia, no horário de Brasília, celebrou a missa que pôs fim ao conclave. E um dos temas de sua homilia foi que devemos caminhar, edificar e confessar.

No sábado, dia 16, teve uma audiência com os jornalistas; ontem, dia 17, a reza do Angelus, da janela da basílica de São Pedro, e na amanhã, 19, terá a inauguração oficial de seu pontificado com a presença de vários chefes de Estado. Dentre eles, Cristina Kirchner e Dilma Rousseff, presidentas, respectivamente, de Argentina e Brasil.

Sua missão como papa é resgatar os católicos, tornar a religião mais popular e contornar os últimos escândalos. Quanto às mudanças, não vejo que terão muitas porque  estamos tratando da Igreja Católica: sua posição conservadora é conhecida. A escolha por um papa latino-americano sinaliza essa intenção de resgate de uma parte do globo onde há muitos católicos e que vê seu número cair com a ascensão das igrejas neopentecostais.

Minhas primeiras impressões, como católica praticante, foram boas do Papa Francisco.

E não me importava, antes da escolha no conclave, com a nacionalidade do Papa e sim com os rumos que ele daria à Igreja. Só peço  que não o julguem de antemão sem ao menos conhecê-lo, ouvir suas exposições e observar as suas ações. Ele merece um voto de confiança. O Vaticano não escolheria alguém que estivesse preso a qualquer tipo de escândalo ou de má conduta. Ainda mais em um momento tão delicado. Em Buenos Aires, parecia final de Copa do Mundo, pois as pessoas comemoravam bastante, porque além de terem Maradona, eles têm atualmente também o Papa do futebol, Lionel Messi. Parece que os hermanos estão, definitivamente, na crista da onda.

Forte abraço!

Até a próxima!

Anna Barros