Neste sábado, a coluna “A Médica e a Jornalista”, da Anna Barros, fala de uma doença bastante comum no inverno – ok, sei que aqui no Rio ainda não tivemos sinal desta estação – e que pode matar se não for cuidada adequadamente: a pneumonia.

Pneumonia, um mal comum do inverno

A pneumonia é uma doença muito freqüente, mais do que se imagina.

A definição básica é que a pneumonia é inflamação dos alvéolos pulmonares, com ou sem infecção. Vírus, fungos, protozoários e bactérias são capazes de provocá-la, sendo mais comuns as pneumonias causadas por pneumococos.

A doença se dá pelo contato com secreções infectadas pelos microorganismos, gotículas contaminadas e bactérias da própria corrente sanguínea.

Os principais sintomas são febre alta, tosse com secreção – a chamada tosse produtiva – dores torácicas, as chamadas dores ao se respirar também chamadas de dores pleuríticas, respiração curta e ofegante. A doença pode ser fatal em idosos. Todo cuidado é pouco.

Para diagnóstico, ausculta dos pulmões e radiografias do tórax são essenciais. Exames de sangue e de catarro podem ser solicitados, a fim de identificar o agente causador da doença e se buscar o tratamento mais adequado. Se a febre alta persistir por 48 horas é necessário realizar com urgência uma radiografia de tórax.

Geralmente, antibióticos são receitados e, em alguns casos – como os de pacientes idosos, manifestação de febre alta e alterações clínicas – internação é necessária. Repouso absoluto se faz necessário. E também medidas de suporte como ingerir bastante água e nebulização apenas com soro fisiológico, pelo menos três vezes ao dia, para facilitar a respiração e liberar as secreções.

Gripes que duram mais de uma semana e febre persistente devem ser motivo de atenção. Não fumar nem beber exageradamente, alimentar-se bem, ter bons hábitos de higiene, sempre fazer a manutenção dos ar-condicionados e evitar a exposição a mudanças bruscas de temperatura são medidas preventivas.

Há vacina contra o pneumococos, o principal causador da pneumonia. Ela é feita em crianças e idosos. A vacina em crianças faz parte do esquema regular de vacinação. Há pneumonias atípicas, como a causada por Mycoplasma e também pela Legionella, a chamada ‘pneumonia dos legionários’. As pneumonias virais também são comuns em nosso meio.

Há algumas doenças sistêmicas que podem se iniciar com quadro de pneumonia, como Lúpus Eritematoso Sistêmico, Artrite Reumatóide e Granulomatose de Wegener, que são doenças autoimunes, e também a pneumonia por Pneumocysti carini, que é um fungo. Este último caso pode ser indício de AIDS, a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida.

O aspecto radiológico é um infiltrado intersticial típico do fungo, que é um germe oportunista que acomete pessoas que tem o sistema imune comprometido, como acontece no caso da AIDS.

Após o tratamento da pneumonia com antibióticos, se ela for causada por bactérias, é necessário se fazer uma radiografia de controle para se ver se o paciente está bem ou se há infiltrado intersticial residual.

As pessoas devem tomar muito cuidado com mudanças bruscas de temperatura: sair de um ambiente muito quente e entrar no ar condicionado, bebidas muito geladas, gripes mal curadas e tosses indefinidas a esclarecer.

A pneumonia é uma doença simples, não é tão grave como era no passado quando ao informar que tinha pneumonia era sinônimo de preocupação e internação imediata. Mas é uma doença mais comum do que se imagina e que inspira cuidados, tanto em crianças pequenas como em idosos. Em crianças até dois anos há o diagnóstico diferencial com bronquiolite e outras doenças respiratórias comuns na infância.

Na época do inverno, é necessário se precaver contra a pneumonia, uma doença muito comum e muitas vezes menosprezada pela mídia e pela opinião pública.

Até a próxima!

Grande abraço,
Anna Barros