Excepcionalmente nesta quinta feira, a coluna “Made in USA”, do advogado Rafael Rafic, nos traz uma parcial dos quatro principais esportes americanos e sua situação de resultados atual.
Aproveitando, há uns quinze dias vi na ESPN HD uma partida da MLS – a liga americana do nosso futebol – entre o Los Angeles Galaxie e o New York Red Bull. Me espantei com o estádio lotado e ver como David Beckham ainda consegue jogar em alto nível, apesar da vitória do time nova iorquino por um a zero.
Esportes Americanos: Uma Parcial dos Resultados
Quando me candidatei à colunista deste blog, minha idéia inicial era fazer uma coluna que comentasse os últimos resultados dos esportes americanos. Depois percebi que o Ouro de Tolo pedia um outro perfil de coluna e mudei o piloto inicial.
Porém, após dois meses de coluna, com o hóquei e o basquete entrando nos playoffs decisivos enquanto o baseball está de pernas para ar, chegou a hora de “voltar às origens”.
No hóquei, a única pergunta que todos se fazem é: quem irá conseguir parar o Los Angeles Kings? O Kings teve uma temporada regular mediana e só se classificou para os playoffs sendo o oitavo colocado (e último classificado) da conferência oeste da NHL, aproveitando-se das vagas generosas da NHL para os playoffs (são 16 times classificados em 30 existentes). Sendo o último classificado, ele teve o ingrato emparceiramento com o Vancouver Canucks, 1° colocado da conferência e campeão da Presidents Cup, troféu dado pela NHL ao time de melhor campanha na temporada regular. O Canucks, apesar de ser o “time” de Vancouver, nunca ganhou um título e estava bastante confiante que esse seria o ano.
O que o Kings fez então? Assombrou o mundo do hóquei e inesperadamente ganhou as duas primeiras partidas da melhor de sete em Vancouver. Após perder uma partida em Los Angeles, o Kings voltou a Vancouver só para derrotar o Canucks em casa pela terceira vez seguida na série e fechá-la em 4 a 1.
Passando para a segunda fase, o Kings, sendo o cabeça-de-chave 8, teve o dissabor de, após derrotar o cabeça número 1, enfrentar o número 2 St. Louis Blues. O Kings nem tomou conhecimento e simplesmente varreu o Blues, fazendo 4-0 e se classificando para a final da Conferência Oeste (semi-final da liga) contra o Phoenix Coyotes (número 3). No momento em que escrevo [N.do.E.: a coluna foi escrita no último sábado] a série ainda não começou.
O outro cabeça de chave número 1 (que vem da outra conferência, a leste) da NHL, o New York Rangers, também não está tendo vida fácil. Na primeira rodada, contra o n°8 Ottawa Senators, o Rangers se viu ‘contra a parede’ perdendo por 2-3, tendo que ganhar o jogo 6 em Ottawa (sempre difícil) só para forçar uma “negra” em New York.  Finalmente nesses dois jogos finais o Rangers voltou a jogar como um time (e não um ajuntamento de jogadores) e saiu do buraco.
Na rodada seguinte a NHL viu uma das melhores séries de sua história moderna. Rangers (na foto) e Washington Capitals (n°7) fizeram sete jogos eletrizantes, todos eles de uma eficiência defensiva como há muito não se via em dois times de hóquei (bem à moda antiga, como eu gosto). Essa eficiência não significa falta de ataque: os dois times também atacaram bem, mas com inteligência. Destaque para o jogo 3, que só terminou na terceira prorrogação – não há empate.
No final, em um jogo sete em New York extremamente badalado, que atraiu a atenção até de quem não acompanha hóquei, o NY Rangers ganhou de 2 a 1 e se classificou para a final da conferência leste contra o New Jersey Devils (n°6). Essa série deverá ter uma alta octanagem devido à rivalidade entre os dois times. Apesar de estarem em estados diferentes, Newark, sede dos Devils, fica dentro da metrópole de New York, a menos de 20 quilômetros de Manhattan.
Os vencedores de cada conferência se enfrentarão na disputa da Stanley Cup (troféu do campeão da NHL). Enquanto isso, no basquete…
Não estou vendo os jogos, mas as informações que recebo estão me dando nojo (e menos vontade ainda de assisti-los). Os problemas de arbitragem na NBA estão se proliferando em todas as partidas, especialmente nas séries envolvendo o Miami Heat  -que derrotou o New York Knicks com a ajuda fortíssima dos juízes – e o Oklahoma City Thunders.
Aliás, a NBA tem a pior arbitragem das ligas americanas atualmente, o que não é pouco se comparado aos frouxos do hóquei, alguns patetas do baseball e o futebol americano e seu caderno de regras de 200 páginas indecorável.
[N.do.E.: para mim, torcedor dos Knicks, esta série de play offs deu raiva. As arbitragens dos jogos em Miami foram uma piada. Fecha o parêntese]
É triste dizer isso, mas a impressão que tenho (e não é de agora) é que a NBA quer uma final entre Heat e Thunders e está fazendo de tudo para ela ocorrer, mesmo que tenha que recorrer a uma arbritagem parcial. Em um esporte de contato como o basquete, qualquer pequena ajuda dos árbitros a um time pode fazer diferenças enormes no placar [N.do.E.: LeBron James parecia feito de cristal: se algum jogador dos Knicks chegasse a menos de um metro dele era falta…].
De qualquer forma, nem na NBA a coisa está fácil para os “números 1”. O cabeça-de-chave n° 1 da Conferência Leste, o Chicago Bulls (da lenda Michael Jordan) viu sua estrela maior Derrick Rose torcer o ligamento cruzado na primeira partida dos playoffs, não conseguiu se recuperar do baque e perdeu na primeira rodada para o n°8 Philadelphia 76ers por 4-2.
Os playoffs ainda estão só no início (a NBA também sofre do extremo inchaço dos playoffs, passando 16 dos seus 30 times).e no momento em que escrevo, ainda estão pendentes dois jogos da 1ª rodada, entre eles uma improbabilíssima partida sete entre o todo poderoso Los Angeles Lakers e o Denver Nuggets [N.do.E.: no sufoco os Lakers venceram a série]. Com o decorrer do mesmo poderemos ter um melhor panorama do mesmo e se realmente há a conspiração que acusei acima.
Já o baseball está no meio de seu segundo mês de uma longa temporada de seis meses. Ainda estamos no final da parte inicial da mesma e minha experiência garante que muita coisa mudará até o final de setembro. Porém já temos jogados, em média, uns 35 jogos por time e podemos discutir algumas colocações, que aliás estão loucas.
Para começar, a famosa divisão leste da Liga Americana (LA). Essa é a divisão mais forte dos EUA, com os perenes candidatos ao título New York Yankees e Boston Red Sox, além do melhor time custo-benefício dos esportes americanos, o Tampa Bay Rays. Mas o atual líder da divisão é o café-com-leite Baltimore Orioles, que 10 entre 10 especialistas (e me incluo) apostavam de olhos fechados que seria o lanterna convicto da divisão (como o é desde 2008). De qualquer forma, a divisão está extremamente difícil, com o 4° colocado apenas 3 jogos atrás do líder. Só para se ter uma idéia, o Toronto Blue Jays, quarto lugar, seria segundo colocado em quatro das outras cinco divisões do baseball (a quinta, a LN leste, será abordada abaixo).
O Yankees vem pelejando no terceiro lugar da divisão (após uma semana em quarto) e o lanterna convicto é inacreditavelmente o Boston, com uma péssima campanha de 13 V e 19D.
Na outra divisão leste, a da Liga Nacional (LN), também está tudo ao contrário. Os favoritos Miami Marlins e Philadelphia Phillies (cotado até para o título da liga) estão nas duas últimas posições, enquanto o eterno lanterna Washington Nationals está jogando um baseball soberbo e lidera a divisão. Outra divisão que também está complicadíssima. Também ocorre ao Miami, quarto colocado, o relatado sobre o Blue Jays acima.
O Texas Rangers (atual bi-vice da liga) está quentíssimo e reafirma o que já se dizia dele antes da temporada: é o time a ser batido no baseball. Está com uma campanha de 22V e 12D (65% de aproveitamento), o que para os padrões do baseball é muito alto, e seus rebatedores estão mandando a bolinha na lua toda vez que rebatem. Lidera sua divisão oeste da LA com uma folga de 4,5 jogos e não deve ter problemas para ganhá-la. Resta ver se eles manterão o ritmo quente do início da temporada em outubro, nos playoffs.
Já o Los Angeles Dodgers, tema da coluna passada de sábado aqui no Ouro de Tolo, continua mostrando seu valor com a situação financeira resolvida e, além de ter uma excelente campanha com 21V e 11D, graças a uma divisão extremamente fraca – a oeste da LN – tem vantagem de seis jogos sobre o segundo colocado. Isso representa um mundo no baseball, ainda mais em um estágio tão inicial da temporada.
De resto, apenas a lamentar a segunda colocação do Detroit Tigers na divisão central da LA. Com quatro adversários muito fracos, já era para o Detroit Tigers liderar com tranqüilidade sua divisão, porém ele está com 16V e 16D, dois jogos atrás do ruim Cleveland Indians. Se o Tigers conseguir a proeza de perder essa divisão, teremos uma situação curiosa que comentarei caso ela se concretize em outra coluna. Posso adiantar que tem a ver com a nova regra do “segundo Wild Card”, tema da primeira coluna “Made in USA”.
Por fim, para quem não sabe, a temporada de futebol americano só volta em setembro e os times estão de férias nesse momento, apenas fazendo contratações e trabalhando os novos jogadores recebidos no draft de duas semanas atrás. Quando estivermos mais perto do começo da temporada darei mais atenção às novidades da NFL.


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