Neste sábado, temos mais uma edição da coluna “A Médica e a Jornalista”, assinada pela colunista Anna Barros.
Hoje ela fala da histórica volta do basquete masculino aos Jogos Olímpicos após uma longa ausência – causada principalmente pela aposentadoria da geração de Oscar e por gestões catastróficas da Confederação Brasileira de Basquete. Mas estamos de volta ao nosso lugar, graças ao trabalho do técnico Ruben Magnano, argentino Campeão Olímpico em 2004 com direito a uma vitória insofismável sobre o “Dream Team” norte americano.
Não pude ver a partida, pois estava em Praia Seca e lá não tenho tv a cabo. Foi um desespero acompanhar o jogo pela internet do celular e em especial pelo Twitter. No vídeo acima, apesar do erro do título – o jogo foi 83 a 76 – pode-se ver os momentos finais e toda a emoção da conquista.
Complementando, ao contrário das opiniões generalizadas e mesmo do expressado pela colunista no texto penso que Nenê, Leandrinho e Varejão, com comprometimento, podem ser muito úteis em Londres ano que vem. Temos de levar os melhores, desde que estejam a fim.
Vamos ao texto:
A conquista épica do basquete brasileiro
Foi um dos jogos mais extraordinários que assisti. O Brasil conseguiu vencer a República Dominicana por 83 a 76 e, depois de dezesseis anos, volta a disputar uma edição dos Jogos Olímpicos.
Mas o jogo épico foi contra a Argentina, campeã olímpica de 2004, com Ginóbili, Scola, Prigioni, Oberto e Delfino. Vencemos por 73 a 71, no dia da Independência do Brasil. Essa vitória pode até ser comparada àquela de 1987, em Indianapólis, num Pan-Americano com a geração de Oscar e Marcel e sobre a todo-poderosa seleção americana. 
Graças a Rubén Magnano, o mago, se assim pudermos chamá-lo, conseguimos a nossa vaga e sem Nenê, Leandrinho e Anderson Varejão, astros da NBA, a Liga Americana de Basquete. No jogo que valia a vaga, Marcelinho Machado, de 36 anos, brilhou não só com as bolas de três, mas com as de dois também. Um jogador tão contestado em tentativas frustradas anteriores e que teve o seu reconhecimento no momento certo, em que o basquete brasileiro tanto precisava. 
Basquete sempre foi meu esporte favorito. Devo confessar que queria ser jogadora de basquete, mas a altura não me sorriu. Eu sempre fui armadora e conseguia fazer as minhas cestas, mesmo com 1.62m. Meu primeiro amor jogava basquete maravilhosamente bem e ainda me ensinava a mecânica dos arremessos. Começamos a namorar após uma partida de basquete na Olimpíada da escola em que estudávamos: logo o basquete é visceral, é tudo para mim. 
Saber que ele esteve nas rodas de conversa, nos debates, recuperando, mesmo que momentaneamente, um espaço que hoje é destinado merecidamente ao vôlei me deixou imensamente feliz e realizada. E a bela cena da conquista da vaga foi ver Mestre Wlamir Marques, bicampeão mundial e medalhista de bronze em duas oportunidades, hoje comentarista da Espn, emocionadíssimo; citando como se fosse um poema pós-transmissão que sempre estaria com aquele grupo ganhando ou perdendo, em qualquer situação. 
Foi um momento especial. De valorização do esporte. De ressurgimento. De esperança de que crianças peguem essa conquista como exemplo e entrem nas escolinhas de basquete, como acontece com o voleibol. Eu vi naquele dia 7 de Setembro, uma fênix, a fênix do basquete. 
Deixemos a escolha de levar Leandrinho e Nenê para o treinador argentino Magnano. Eu não os levaria, à exceção de Anderson Varejão, que mostrou atestado médico e estava realmente machucado. 
Mas não podemos crucificar Magnano. Essa decisão cabe a ele e aos jogadores. Quero saborear nossa ida à Londres mais um pouco. Sim, porque eu me senti em quadra com eles, e se meu coração resistiu, ele está forte para mais emoções na terra da Rainha. Me senti com a alma lavada depois de tantos dissabores e de tantos insucessos. Foi uma quarta de feira de feriado para se guardar na memória e no coração. 
A manchete do Caderno de Esportes do Jornal O Globo no domingo foi perfeita: Estamos em Londres. Para alívio geral da nação.
Até a próxima!