Nesta sexta feira curitibana, temos mais uma edição da coluna “Os Nerds na Vida Real”, assinada pelo analista de sistemas Rodrigo Felga. O tema de hoje é o desenvolvimento de jogos para diversas plataformas.

Desenvolvimento de Jogos

Olá amigos!

A coluna desse mês falará sobre o desenvolvimento de jogos eletrônicos.

Os jogos eletrônicos (ou games) são um capítulo à parte na área de desenvolvimento, pois não se enquadram nos processos tradicionais de desenvolvimento de software por terem características bem distintas. A criação de jogos é tida como uma arte e como tal seu processo de criação é quase artesanal. Minha área de atuação é no desenvolvimento de softwares para computadores e dispositivos móveis (PDA’s) voltados para a área de geoprocessamento e para escrever essa coluna contei com a ajuda de um colega de trabalho que está iniciando o curso superior de jogos digitais.

Os games são aplicações digitais voltadas ao entretenimento e seu processo de criação varia muito dependendo do tipo de game que se deseja produzir. Jogos simples, como um jogo de ‘Sudoku’, tem um processo de desenvolvimento que em quase nada coincide com jogos mais elaborados – que podem possuir animações 2D ou 3D.

Existem no mercado algumas ferramentas que auxiliam no desenvolvimento de jogos simples. Essas ferramentas permitem que nós, meros mortais, possamos criar alguns jogos de baixa complexidade simplesmente arrastando personagens, cenários e outros elementos para uma “linha do tempo”. Com isso cria-se sobre uma base já existente um jogo totalmente personalizado que, embora simples, não deixa de ser divertido.

Uma etapa pela qual todos os jogos deverão passar em seu processo de criação é a etapa da concepção. Nesta etapa que nascem (e muitas vezes morrem) os jogos.

Trata-se da idéia inicial por trás de um jogo, um esboço do mesmo; depois de feito tal esboço a ideia passará por uma análise que incluirá pesquisas de mercado e definição do público alvo. Com a análise pronta será então definido se o jogo será produzido ou se o projeto será abandonado nesse ponto. Esse abandono pode não ser um definitivo e a pesquisa pode apenas apontar que ainda não é a hora de lançar aquele jogo.

A produção de alguns jogos se assemelha a produção de um filme. A base para a criação desse tipo de jogo é o storyboard.

No ‘storyboard’ é definida a trama, os personagens, cenários e tudo mais que fará parte do jogo, incluindo efeitos e trilha sonora. No ‘storyboard’ são definidos e detalhados cada personagem do jogo e como o jogador irá interagir (jogar) com estes elementos. O nascimento de um jogo de sucesso passa sempre por um ‘storyboard’ bem feito. O processo de criação de storyboards foi criado por Walt Disney na década de 30; na foto do alto do post podemos ver o storyboard de uma animação do consagrado desenhista americano.

Após definido todo o enredo do jogo é que se parte para a produção propriamente dita. É nessa fase que as coisas ‘acontecem’.

Na produção são elaborados os personagens em 3D, bem como os cenários – que podem atingir níveis de perfeição incríveis. Para se ter ideia do nível de detalhe, estou jogando um jogo de investigação chamado “LA Noire” que se passa em Los Angeles no final da década de 40 – pós segunda guerra mundial. Nesse jogo você pode circular livremente por toda a Los Angeles daquela época com mais de 70% dos prédios retratados fielmente (inclusive o interior). Isto inclui, também, os carros também em um nível de detalhes espetacular – uma verdadeira viagem ao passado.

Vale aqui abrir um parêntese para falar que os jogos também são uma oportunidade ímpar de aprendizado, tanto o aprendizado de história e cultura geral como de uma língua estrangeira.

O jogo citado acima é todo produzido em inglês, o que praticamente inviabiliza a jogatina sem pelo menos um conhecimento básico da língua. Desde os primeiros jogos que joguei fui conseguindo aprender bastante sobre a língua inglesa jogando com um dicionário Inglês-Português ao lado. Por isso, grande parte do meu vocabulário da língua inglesa vem dos jogos digitais – ponto pra eles.

Voltando ao desenvolvimento, na fase de produção de jogo é que acontece grande parte do trabalho, onde os jogos são refinados, testados (seria esse o melhor emprego do mundo?) até que se atinja o nível de qualidade esperado pelos idealizadores do jogo. 

Com o jogo finalizado, resta agora a distribuição do mesmo para o grande público – e isto envolve toda uma negociação com clientes e até mesmo, em certos casos, a cessão de direitos de imagem. Como, por exemplo, os jogos sobre Fórmula 1 ou o Football Manager, que por muito tempo não foi vendido diretamente no Brasil devido a esta questão.

Espero que tenham gostado. Fiquem com um trailer do jogo LA Noire citado nesse post (em inglês):

Até setembro!”