Nossa já tradicional coluna de final de semana, hoje antecipada, traz uma canção que acabou ficando atualíssima após o anúncio do enredo pela minha querida Portela: “Ê Baiana”.
Conforme já haviam me alertado, a sinopse divulgada na última terça feira traz como fio condutor do enredo sobre as festas religiosas da Bahia as canções da grande Clara Nunes, ícone portelense e que faleceu prematuramente em 1983. Não deixa de ser uma grande homenagem à cantora, que se viva fosse completaria 70 anos em 2012.
Então, nada melhor que “Ê Baiana”, em gravação com as baianas da escola, para abrilhantar este final de semana:
“Ê Baiana”

(Composição: Fabricio da Silva/Baianinho/Enio Santos Ribeiro/Miguel Pancracio)

Ê baiana
Ê ê ê baiana, baianinha
Ê baiana
Ê ê ê baiana

Baiana boa
Gosta do samba
Gosta da roda
E diz que é bamba
Baiana boa
Gosta do samba
Gosta da roda
E diz que é bamba

Olha, toca a viola
Que ela quer sambar
Ela gosta de samba
Ela quer rebolar
Toca a viola 
Que ela quer sambar
Ela gosta de samba
Ela quer rebolar

Ê baiana
Ê baiana
Ê ê ê baiana, baianinha
Ê baiana
Ê ê ê baiana”
A Portela será a segunda escola a desfilar no domingo de carnaval, ou seja, a pior posição daquelas que foram para o sorteio. O enredo é bom e Paulo Menezes é um carnavalesco muito talentoso.
Vamos aguardar o desenrolar de duas questões que nos últimos anos vem sendo críticas à escola- a disponibilidade de recursos financeiros e a disputa de samba – para tentar prever suas possibilidades. A nova direção de carnaval parece empenhada em assegurar os recursos necessários e vamos ver se teremos uma disputa de samba digna do nome, algo que não ocorreu nos últimos anos.
Sendo “à vera”, a chance de sair o melhor samba portelense desde 1998 é bastante grande. Já podemos afirmar, entretanto, que será bastante curioso ver a águia com um enredo de temática “afro-light” (embora não se resuma a isso), algo bastante diferente da característica tradicional da escola. 
Por outro lado nós portelenses estaremos bem vestidos e isso é a nossa cara. E que o Senhor do Bomfim (acima) nos proteja!
Vamos à sinopse, retirada do site “PortelaWeb”:
SINOPSE DO ENREDO:
GRES PORTELA – Carnaval 2012
Presidente: Nilo Mendes Figueiredo
Coordenadores de Carnaval: Alex Fab e Junior Escafura
Carnavalesco: Paulo Menezes
Diretor de Harmonia: Marcelo Jacob
Enredo: “. . .E o povo na rua cantando é feito uma reza, um ritual…”
Pequena Prece ao Senhor do Bonfim:
Salve, meu Pai Oxalá, Meu Senhor do Bonfim!
Senhor do branco, pai da luz.
Força divina do amor…
Epa Babá!
Meu pai, “… sou filha de Angola, de Ketu e Nagô
Não sou de brincadeira
Canto pelos sete cantos
Não temo quebrantos
Porque eu sou guerreira
Dentro do samba eu nasci,
Me criei, me converti
E ninguém vai tombar a minha bandeira.”
E venho a ti pedir sua benção e proteção, e pedir, também, licença aos meus padroeiros, para conduzir a minha águia altaneira, o meu altar do samba, até a sua presença.
Sabe, meu senhor, sempre fomos muito festeiros, muito devotos, e gostaria muito que o meu povo conhecesse o seu povo e a sua maneira de festejar, de reverenciar a sua crença, a sua fé.
Por muitas vezes cantei a Bahia, agora chegou a hora de mostrá-la.
“… essa Bahia gostosa
Cheia de encanto e feitiço
Que deixa a gente dengosa
E a gente nem dá por isso”
Bahia que tem o dom de encantar.
Terra em que o branco e o negro, o sagrado e o profano, o afro e o barroco se misturam e se tornam uma coisa só. No mar da Bahia, tudo e todos se misturam.
Bahia de vários corações… sagrados corações.
Terra de cores, cheiros e temperos.
Terra de festas e de fé, de santos e orixás.
Terra de samba.
Terra de amor e devoção.
A Bahia é festa o ano todo e o povo vai pra rua manifestar a sua fé.
“… E esse canto bonito que vem da alvorada.”
Alvoradas, missas, procissões, afinal “quem tem fé vai a pé”.
Novenas, flores, fitas, águas e perfumes.
Cortejos, fiéis e cânticos.
Velas, orações e adoração.
Gente que dança!
Tambores e atabaques, samba de roda, batucadas.
Comidas, pois festa sem comida não é na Bahia.
Gente que canta!
Canta pro santo, canta pro orixá. Canta para os dois ao mesmo tempo. É o sincretismo se fazendo presente.
Louva a alegria, a liberdade, a esperança.
Gente que pula!
Pula como pipoca, como cordeiro, em blocos e trios. Transforma as ruas em um mar branco, de paz.
Mar branco, mar vermelho, mar azul. Bahia é feita de mar, é feita de água.
Gente que louva!
Beatos, filhos-de-santo, padres, mães-de-santo, fiéis e iaôs, todos juntos num mesmo ideal. Deuses e mortais, passado e presente.
Altares e terreiros, tudo é mistério. As divindades tão próximas e tão íntimas. O milagre da cumplicidade com o sagrado.
A luz dos orixás refletida nos olhares.
“… Tem um mistério que bate no coração
Força de uma canção que tem o dom de encantar.”
É dia de festa na Bahia. Não importa como começou. Não importa se um dia tudo vai terminar, pois o riso e o gesto já estão gravados na eternidade, no céu e no mar.
Bem aventurados todos aqueles que puderem ver a Bahia em festa.
E neste momento, meu Senhor, vejo que tudo aquilo que move o baiano: a fé, a alegria, a esperança, a crença e a devoção, move também o meu povo, o portelense.
Um povo que nunca desiste, vive a sorrir e a festejar.
E que essa Bahia que é de Todos os Santos, seja a partir de então dos santos da Portela também, que eles passem a fazer parte do seu panteão, estendendo sobre eles o seu divino manto e nos conduza a um desfile triunfal sobre o altar do carnaval.
Bem aventurados aqueles que puderem ver a Portela em festa.
Afinal,
Sou Clara,
Sou Portela,
Sou Guerreiros,
Sou Amor!
Salve o manto azul e branco.
Amém!
(Paulo Menezes)
(Enredo: Paulo Menezes e Marquinhos de Oswaldo Cruz)”

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