Neste domingo, Dia do Trabalhador, mais uma edição da coluna “Orun Ayé”, de autoria do publicitário e compositor Aloísio Villar. Se semana passada o tema foi o amor de mãe, desta vez o amor entre homem e mulher é o tema do texto. Mais uma vez, Chico Buarque embala estas linhas…
Trocando em Miúdos
“Trocando em miúdos, pode guardar
As sobras de tudo que chamam lar
As sombras de tudo que fomos nós
As marcas de amor nos nossos lençóis
As nossas melhores lembranças” 
Esses versos acima são da música “trocando em miúdos” de Francis Hime & Chico Buarque. A canção trata exatamente do assunto de hoje, o amor e a dor de amor.
Todo mundo já se apaixonou alguma vez na vida e certamente já sofreu por amor. Há várias formas de sofrer por amor, o amor platônico não correspondido, o amor correspondido mas envolto do ciúme e a separação, quando um deixa de amar e o outro não.
Dizem que a pior dor que existe é que sentimos no momento, mas acredito que a pior dor é a dor do amor, essa dor não tem remédio que cure, não tem quimioterapia, ninguém pode te ajudar, apenas o tempo. A dor de amor é o câncer da alma e não existe dor mais sublime, mais pura, mais humana que essa, porque é a dor da rejeição, você querer alguém e ela não te querer mais. 
“ Mas devo dizer que não vou lhe dar
O enorme prazer de me ver chorar
Nem vou lhe cobrar pelo seu estrago
Meu peito tão dilacerado”
O amor tem dessas coisas, a gente conhece alguém, se apaixona, aquela sensação maravilhosa de início de relação, o cineminha com a pessoa que ama, os dois abraçadinhos, deixar de sair e ficar na cama debaixo das cobertas comendo pipoca e vendo dvd, aquela música que o casal decide que é dela, a sensação de euforia, a paixão avassaladora… 
Com o tempo isso vai se transformando, fica uma coisa mais serena, vira amor, não perde intensidade, não diminui, apenas se modifica, nasce a cumplicidade, o companheirismo. O casal vira uma pessoa só, muitas vezes se isolando no seu mundinho. 
Mas todo carnaval tem seu fim, as vezes porque a rotina transformou numa relação desgastada, outras porque aconteceu uma traição, quem ama perdoa? 
Às vezes sim, mas perdoar é a mesma coisa que esquecer? Nem sempre. 
O amor tem que ser puro, amor com mágoas é como leite com água: perde a qualidade. Muitas vezes a separação é uma libertação, a relação entre os dois melhora, se saem melhor como amigos que como amantes. 
Como muitas vezes existe o inconformismo, muitas vezes vemos em televisões e jornais notícias de crimes passionais. Amor e ódio são sentimentos que caminham juntos, como muitas vezes o sentimento de posse se confunde com o amor, o amor já acabou faz tempo e nem percebemos. 
Chorar faz bem, alivia a alma, chore tudo que tem que chorar, com sorte aquela música que era de vocês não irá mais tocar e com o tempo quem sabe você não note o quanto ela era ridícula… 
Notará que aquela pessoa que você colocava num pedestal é humana como você e capaz de ser decepcionante e a vida caminha. O bom da vida é isso: ela sempre está em transformação e daqui a pouco outro amor aparece e de amor vamos vivendo. 
“ Eu bato o portão sem fazer alarde
Eu levo a carteira de identidade
Uma saideira, muita saudade
E a leve impressão de que já vou tarde.” 

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